Hans von Manteuffel /Agência O Globo |
Está programada para acontecer no próximo dia 03 de outubro uma parada gay (parada da diversidade) em Serra Talhada. Com expectativa de algo em torno de 5.000 pessoas no evento que conta com o apoio da prefeitura local, até aí para mim ta tudo ok, respeito a opção dessa turma, cada um faz o que quer do seu livre arbítrio.
O que eu não acho legal é o tema dessa parada, que é denominada "CANGAGAY" é essa relação com o cangaço que ta difícil de aceitar, me falaram que confeccionaram um boneco de Lampião (tipo os bonecos de Olinda) todo vestido de rosa com trejeitos afeminados e que terá um bloco que sairá fantasiado de cangaceiros gays.
Quando na realidade isso é um contra-senso, Lampião nunca apoiou nem um movimento homossexual, pelo contrario não tinha a menor tolerância com homem afeminado ou com mulheres metidas a macho, é só buscar na literatura cangaceiristica, tem inúmeros casos.
Eu fico pasmo é das autoridades locais (Deputados, Prefeito, Secretario de cultura...) não saberem disso e apoiarem um evento desses, estão pra frente essa galera! E pensar que estamos no alto sertão nordestino, terra de cabra macho! (acho que depois desse evento esse estigma vai cair).
Foi confirmado a cobertura do evento pelo programa "Pânico na TV" da Rede Tv. O cangaço será ridicularizado por um programa humorístico em rede nacional.
Lampião ta fazendo falta!
Será que eles podem expor a imagem do rei do cangaço a um evento desses? Eu particularmente vou tentar fazer o possível para que eles não relacionem a imagem do cangaço a essa parada! O problema não é a parada da diversidade ou gay (como queiram chamar), mas sim a forma como tem sido feita.
Respeito não se impõe, se conquista... (quem quer liberdade e validação da democracia, deveria sempre se lembrar disso)!
A forma "de choque" não traz respeito a esse grupo, mas sim, um incômodo criado pelos mesmos! O problema é que, para se respeitar as pessoas (os animais, as coisas, etc.) tem-se que ter um certo grau de educação (doméstica e escolar)/cultura. Ou seja, é correto, sim, afirmar: "MAL EDUCADO(A) NÃO RESPEITA NINGUÉM!"
Temos todos que reconhecermos, apoiarmos e venerarmos as pessoas que possuem bom caráter. Devemos discriminar é pelo caráter. Aí sim, teremos como exemplos; como ícones pessoas que nos farão evoluir, independentemente de suas aparências, jeitos e direcionamentos sexuais.
Para mim esse "evento" não serve de nada para divulgar a causa da igualdade!
Uma coisa é se expressar. Outra coisa é depravar! Uma coisa é ser tradicionalista. Outra coisa é ser leviano! Uma coisa é enxergar limites. Outra coisa é invadir o sentimento que identifica um povo!
Não banalizando nossa identidade cultural!
Uma coisa é sabermos que Lampião não foi digno de ser exaltado como herói. Outra coisa é dissociar sua imagem de sua bravura, tão característica do povo nordestino, ainda mais de um povo tão sofrido como os sertanejos da ribeira do Pajeú.
Discutir Lampião e o cangaço ou, até mesmo, classificá-los dentre suas virtudes e malefícios com base em fatos reais é extremamente importante e um belo exercício intelectual e cultural sobre personas e fatos históricos nossos, a fim de nos aproximarmos mais e mais das verdades que nos cercam.
Neste sentido, podemos discutir ou classificarmos Lampião como bandido, arruaceiro, interesseiro, assassino, louco, revoltado, "Robin Hood do Sertão", sem caráter, etc. Agora, homossexual, jamais!
É uma interpretação totalmente sem nexo para com um sujeito que era indiscutivelmente heterossexual. E ele não era heterossexual porque tinha atitudes brutais, porém, porque não se tem qualquer indício de que o mesmo apreciava prazeres físicos dos corpos de outros homens, até mesmo porque amou uma mulher e não negou.
Não há registro histórico qualquer do qual se possa extrair um gesto homossexual de Lampião. Logo, por pior que possa ter sido, não merece essa polemica homenagem.
É impossível lembrar um cangaceiro, Lampião e chapéu de couro com aba pra cima e não se lembrar de sertão nordestino, de seca, de bravura, de violência, de justiça feita com as próprias mãos, de morte, de religiosidade (apesar de tudo), de briga por terras, etc.
Fico imaginando se fosse em Juazeiro do Norte/CE se iriam usar a imagem do “Padim Ciço” ou em Exu/PE a do rei do baião “Luiz Gonzaga” relacionada a um evento desse tipo?
Abraços a todos.
Roberto de Carvalho Petrolina/PE
2 comentários:
muito bom esse cangagay,tomara que seja um sucesso,temos que acabar com essea homofobia,no sertão pernambucano!
Concordo em modo, gênero e grau com Roberto de Carvalho. Não é assim que se conquista respeito de ninguem!!! Muito adimiro o povo de Serra Talhada concordar com esse evento!!!
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