sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Documentário completo

A mulher no Cangaço

Com cenas reconstituídas sobre algumas das mais de 50 mulheres que estiveram no cangaço. Destaque para Dadá (Sérgia Ribeiro, mulher de Corisco), Cila (mulher de Zé Sereno) e Adilia (mulher de Canário). Dadá relembra o dia em que foi raptada por Corisco.

Cila conta que teve que doar o filho, cujo parto foi feito por Maria Bonita, pois não dava para criar um bebê devido a peregrinação do bando pelas caatingas e sertões. Adilia conta que encontrou na companhia do marido, Canário, a liberdade que o pai lhe negava."

Exibido originalmente em 1976 no Globo Repórter da TV Globo com cenas gravadas no povoado de Sítios Novos, do município de Poço Redondo - SE. Um das muitas curiosidades é que Maria de Juriti se recusou a participar do filme

Dados técnicos do documentário: http://cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis...



Fonte: Canal do Youtube de alencar2
Créditos pra o amigo Paulo Davi Alcântara

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Cangaço e imprensa

Lampião no marketing fúnebre

Por: Geraldo Duarte*

O tenente João Bezerra da Silva, pernambucano e comandante da Volante do 2º Batalhão do Regimento Policial do Estado de Alagoas, contava poucos dias do enfrentamento e do extermínio do bando de Lampião. O embate ocorreu na madrugada de 28 de julho de 1938, defronte à Grota de Angico, na fazenda de igual denominação, na área situada na divisa dos municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, em Sergipe.

O fator surpresa, no ataque ao bivaque da cangaceirada, consagrou-se decisivo para o êxito do confronto.

Dele, restaram mortos Virgolino Ferreira da Silva, “Rei do Cangaço”, sua amásia Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, “Rainha do Cangaço”, e nove cangaceiros. Todos, após as mortes, foram decapitados, tiveram suas cabeças salgadas e expostas à curiosidade popular.

Dera-se o fim da temida e sanguinária súcia de criminosos que, por vinte anos, aterrorizou os sertões nordestinos. O acontecimento mereceu manchetes e destacados espaços nos noticiosos da mídia nacional, bem como, fez-se replicar na estrangeira. Os fatos obtiveram invulgar acompanhamento público, ensejando comentários opiniões e análises no País. Durante semanas mantiveram-se como a temática maior dos brasileiros e, em especial, das populações do Nordeste.

Mesmo inexistindo, à época, a terminologia “marketing”, e a publicidade e propaganda sendo expressas como “reclame”, as comunicações de mensagens dos produtos ocupavam chamativos espaços na imprensa, nas emissoras de rádio e na panfletaria em geral. Assim, os divulgadores de então, “marqueteiros” do futuro no passado, ligaram aquela conhecida luzinha representativa da ideia e geraram anúncios de impacto, apesar de reprováveis pela ética e pelos princípios humanitários. A morte e os dias de guarda funéreos da cristandade não mereceram o mínimo de respeito para com o cangaceiro-chefe e a cangaceiragem. Ao contrário. Registraram-se, afora outras comemorações comedidas ou veladas, as comercialmente alardeadas como de vendagem promocional.

O jornal Correio de Aracaju, circulante em 8 de agosto de 1938, apresentava, com o destaque de cercadura e letras maiúsculas, uma campanha de vendas tétrica:
“DEPOIS DE MORTO LAMPIÃO TUDO PELO PREÇO DE CUSTO NAS CASAS NUNES. ATÉ 15 DE SETEMBRO PRÓXIMO. RUA JOÃO PESSOA, 156 E 179.”.

Dia seguinte, o macabro propagandear coube veiculação à Folha da Manhã, também noticioso aracajuano. De forma lírica, porém, não menos lúgubre. Poeticamente, os ledores viram o enaltecimento do propalado miraculoso Tônico Phos- Kola, sob o título "A Morte de Lampião":
“O tenente Bezerra – Herói do dia,
O bravo militar alagoano,
Há muito tempo já se consumia,
Arquitetando um plano,
Noite e dia,
Numa incansável obstinação:
É que jurara a Deus, que salvaria,
A gente sofredora do sertão,
Do flagelo que há tanto a perseguia,
Matando Lampião!

Mas ele não dispunha da memória,
Atrapalhado pelo esquecimento...
Daí o retardar-se a sua glória,
A sua grande glória do momento!

E era assim.
Aquilo parecia não ter fim...
A ideia chegava-lhe e... fugia!
Não havia um remédio, não havia,
Como gravar pudesse, na cachola,
O plano que traçara e em que se via,
De uma noite pro dia,
Transformado em herói, carregado em charola...

Foi quando resolveu tomar Phos-Kola
- o remédio prodígio,
Pra quem tem perda de imaginação.
Vem daí o prestígio,
Com que ora se alçou ao mais justo fastígio,
“O bravo militar que matou Lampião.”.
Segundo garantia o tal “remédio prodígio para quem tem perda de imaginação”, na embalagem, lia-se ainda: “Bom para a memória. Abre o apetite. Fortalece músculos, nervos e ossos”.

Crível, portanto, que o “capitão” Virgolino desconhecia o miraculoso fármaco usado pelo super tenente Bezerra. O conhecesse e fosse real o alardeado pelo produtor, dependendo da dosagem, o militar não teria cantado de galo no terreiro do caolho.

Sede do Laboratório Phos-Kola em Aracaju
 Fonte: Aracaju Antiga
Ninguém se arvore em falar de propaganda enganosa, defendentes ou não da autoridade ou do fora da lei, pois o delito era desconhecido e o Código de Proteção e Defesa do Consumidor somente nasceu meio século depois.

As mensagens publicitárias citadas foram reproduzidas do livro "O Fim de Virgulino Lampião: o que disseram os Jornais Sergipanos", de autoria do professor e advogado Antônio Corrêa Sobrinho, obra na qual o cangaceirólogo e radialista José Clenaldo dos Santos, recebeu especial homenagem.

*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.

Fonte: Jornal da Cidade, Edição de 22 de Janeiro de 2014.
Créditos para Archimedes Marques

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Jornal da Tarde (O ESTADO DE SÃO PAULO) – 30/07/1973

O desagravo de Capela - 1930
Por: Claudio Bojunga

Eles tinham provocado muito e agora Capela estava preparada. O velho Mano Rocha ia tirar sua forra. Havia ainda homens valentes, como o major Honorino, Dudu aleijado, Turrão, gente capaz de enfrentar Lampião, Corisco, Carrasco, Moita Brava, Balão, Baliza, Nevoeiro, Pancada e quantos viessem. E eles vinham. Lampião disse que Capela tinha roubado, quer dizer deixado de lhe dar o dinheiro que havia pedido da primeira vez. Agora ia arrasá-la. Mano Rocha duvidava.

Foto de Josenildo Tenório

Virgolino pediu doze contos. Tinha gente disposta a dar. Mano disse que tinha que passar em cima de seu cadáver e depois enterrá-lo num cemitério da UDN (gente da UDN não aceitava ser enterrado em cemitério PSD). Os amigos deram força. Turrão, o finado Ivo, o finado Galileu, Aurélio Alves. Major Honorino comandou um grupo. Havia um terceiro. Lampião trazia reféns. Major Félix era um deles. “Fomos para cima da igreja”. Quem fala é o Mano Rocha – macho de verdade.

E a fuzilaria começou. No canto da praça os cangaceiros ficaram atocaiados. Bala neles. Uns correram, outros ficaram, ninguém caiu: a grande vítima do seu segundo ataque a Capela foi um piano de cauda. Os cangaceiros, quando viram bala vindo da igreja da Purificação, saíram berrando que os santos estavam atirando neles. Pelo menos é o que diz Mano. Já Balão, que estava no cerco, confirma que aquele sangue correndo na cerca fora da cidade e que nenhum dos personagens de Capela soube explicar, era do cangaceiro Gato, alvejado nos peitos. Tinham que tratar dele – cabra bravo. Corisco recuou. Gato teve que colocar muita pimenta na ferida, mas acabou recuperando.

Mano Rocha e major Honorino tinham lavado a honra da Capela.

ZÓZIMO LIMA, a respeito - Gazeta de Sergipe, 12/04/1969

Jornalista Zózimo Lima
Acervo de Zózimo Lima Filho
“Nos livros escritos sobre Lampião, a começar pelo do Ranulfo Prata, até os de Eduardo Barbosa, Nertan Macedo, Joaquim Góis há manifesta injustiça.

Neles não consta o nome do major Honorino Leal, uma das principais figuras entre os que combateram Lampião, na segunda investida contra a Capela, a 16 de outubro de 1930.

Pois foi Honorino Leal que, de fuzil em punho, ao lado do sargento de polícia Saturnino, em fuga, na praça do Cemitério ofereceu tenaz resistência aos nove cangaceiros que tentavam penetrar no centro da cidade, trazendo, como reféns, os senhores Felix da Mota Cabral, do engenho Pau Seco, José Cabral Filho, do engenho Pedras, José Xavier de Andrade, do engenho Lavagem e mais Jocundino Calazans e Manuel de Melo Cabral Filho.

Honorino Leal animou o grupo, diante da audácia dos bandidos, postados a poucos metros de distância, a manter firme a resistência, fazendo-os recuar para outra direção, além da chamada rua do 'Lá Vem Um'.

É imperdoável a omissão do nome de Honorino Leal, que recusou, com padre Juca, a proposta feita pelo bandido, por intermédio do refém Felix Cabral, de entrar pacificamente na cidade pela segunda vez, como o fizera da primeira, um ano antes.

E o tiroteio foi cerrado, partindo tiros até das torres da Matriz, fazendo com que os bandoleiros recuassem.

É de justiça que futuros historiadores da incursão trágica de Virgolino Lampião, corrijam, nos seus livros, os enganos e a missão do nome do major Honorino, verdadeiro herói, como outros capelenses, na luta para que a cidade ameaçada não fosse entregue ao saque e ao assassínio por aqueles monstruosos criminosos.

Deverá ter algum valor o meu testemunho, porque lá me encontrava nas duas vezes que Lampião esteve na Capela. A primeira, pacificamente; a segunda, com propósito de satisfazer os seus instintos sanguinários. Fui, até, quando da primeira visita do bandido, ameaçado pelo mesmo de ser degolado, caso transmitisse, pelo telégrafo, do qual eu era o chefe, a sua estada no momento, ali.”

Créditos para Antônio Correa Sobrinho

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Busca insólita

Filho procura mãe raptada por cangaceiro

Por Marici Capitelli

Uma decisão tomada em 1939 por um cangaceiro no interior da Bahia reflete ainda hoje na vida de uma família de Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. Aos 78 anos, José Grigório de Jesus procura pela mãe que foi raptada por Angelo Roque, o Labareda, um dos chefes do bando de Lampião. Entre as muitas ações nos últimos 40 anos para ter notícias da mãe, ele gravou depoimentos na internet, colocou anúncios em jornais, participou de programas de TV e rádios, visitou asilos, conversou com estudiosos do cangaço e cangaceiros realizou viagem ao Nordeste em busca de pistas da mãe, que se estiver viva tem cerca de 92 anos.

Durante essas quatro décadas de buscas, José Grigório acabou encontrando uma tia e uma irmã, filha de sua mãe com o cangaceiro. Mas isso não é suficiente. “O que quero mesmo é encontrar a minha mãe, ou pelo menos saber onde ela foi enterrada. Ninguém desaparece da terra dessa maneira”, diz o idoso que chora enquanto conta a sua história. “Isso ainda me dói muito”, justifica ele, que é líder comunitário no Capão Redondo e dedica todo o tempo para melhorar a vida da comunidade local.



A baiana Ana Senhora de Jesus era dona de casa, mãe de quatro filhos e morava em um sítio em uma cidade que é chamada atualmente de Coronel João de Sá. José Grigório tinha três anos e era o segundo da prole quando o cangaceiro Angelo Roque chegou com seu bando numa tarde na propriedade da família, que tinha bom poder aquisitivo. “Meus parentes sempre contaram que ele estava armado e perguntou ao meu pai se ela era mulher dele.”

Diante da resposta positiva, Labareda teria dito que ela não era mais mulher dele a partir daquele momento. Ana, segundo o marido e os parentes, foi autorizada a pegar algumas roupas, foi colocada num cavalo e nunca mais ninguém da família teve nenhuma notícia dela.


Aos 13 anos, José Grigório (Foto) deixou a Bahia para nunca mais voltar e se mudou para São Paulo. Foi metalúrgico, líder sindical e acabou preso em algumas greves na época da repressão política.

Tinha vergonha de contar o passado da mãe e dizia para todo mundo que ela havia morrido. Não contou nem mesmo para a sua mulher Maria, com quem se casou em 1963. Mas, na década de 1970, quando ela assistia a um programa popular de TV viu uma mulher que procurava pelos filhos e citava o nome de José Grigório. Como ela era muito parecida com a sua cunhada, Maria pressionou o marido até ele confessar a verdade. “Foi só aí que ele admitiu que a mãe tinha sido raptada”, conta Maria que se tornou aliada na busca pela sogra.

O casal chegou a ir até a emissora de TV, mas não conseguiu contato com a mulher. A partir daí, as buscas por Ana Senhora nunca mais pararam. Algum tempo depois, José Grigório colocou anúncio em um jornal em busca da mãe. Um leitor disse que ela vivia em Itaquera, na zona leste. Maria fez várias buscas na região. “Também procurei em asilos por toda a cidade”, conta a mulher.

O idoso gravou depoimentos para uma webTV . “A história dele sensibilizou muito os ouvintes”, lembrou o apresentador Nilo March, que fez uma campanha durante três meses à procura de Ana Senhora. Receberam uma informação que ela estaria vivendo em Santo Amaro, na zona sul, mas não foi possível confirmar.

Outros filhos e parentes

Dos quatro filhos de Ana Senhora de Jesus, só restam três. A mais velha, Joana, morreu há 17 anos. A caçula Maria José da Silva, de 73, compartilha do sonho do irmão em saber o paradeiro da mãe. Quando Ana foi levada, ela tinha 1 ano e 5 meses e estava nos braços dela. “Fui criada pelos padrinhos e só com 11 anos soube da verdade. Fiquei muito triste”, recorda.

O outro filho de Ana, José André dos Santos, de 76 anos, não tem vontade de rever a mãe nem de saber notícias. “Ela podia ter voltado.” Anita, filha de Ana com Angelo Roque, também disse aos irmãos ter mágoa da mãe por ter sido abandonada ainda bebê.

Angelo Roque raptou Ana Senhora em 1939, mas em 1940 ele se entregou à polícia. Solto, foi segurança no IML da Bahia e morreu no início da década de 1970.  Quando Ana foi levada, sua irmã Maria Senhora de Jesus nem tinha nascido. “Toda a minha família procurou muito por ela”. Os irmãos chegaram a ir a outros estados em busca de notícias. “Nunca conseguimos nada. Nossa mãe morreu falando dessa filha raptada.”

Aos 69 anos, Maria sonha em encontrar ou ter notícias da irmã. “Pelo menos a gente resolveria esse assunto.” Dos sete irmãos, além de Ana, só ela e a irmã mais velha estão vivas. “Uma das maiores alegrias da minha vida foi ter reencontrado meus sobrinhos filhos da Ana.”

Mulheres no cangaço

Antonio Amaury Correa de Araújo, estudioso do assunto cangaço, conhece um pouco a história de Ana Senhora de Jesus. “Quando Labareda se entregou à polícia, ela o acompanhou e aparece nas fotos ao lado dele.” Ele conta que a família de Ana era coiteira - oferecia algum tipo de ajuda aos cangaceiros, que ia desde oferecer alimento até a conivência dos grandes latifundiários.


Ana aparece atrás do companheiro "Labareda"
no dia das entregas.

A historiadora Ana Paula Saraiva de Freitas, autora de uma tese sobre a presença feminina no cangaço, conta que as mulheres, depois que integravam os bandos, não tinham como sair. “Ou sofriam retaliações do próprio grupo ou da sociedade que também as via como bandidas.”

Pescado no Jornal da Tarde
1ª e 2ª Fotos print de imagens de Francisco Paz (Portal: R7)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Charges históricas

Silvino e a critica política nos jornais sulistas

Colaboração de Raimundo Gomes
(Fortaleza,CE)

Recentemente descobri várias charges, tendo Lampião como tema, na revista ilustrada Fon-Fon. Desta vez, descobri outras, mas do cangaceiro Antonio Silvino, na revista carioca "O Malho" do período 1907 e 1914, quando da prisão do bandido.

Ei-las:


Charge de 23 de fevereiro de 1907,que ironizava o assalto de Antônio Silvino à Mesa de Rendas (fisco) da cidade de Barra de São Miguel, onde após o saque deixou os funcionários nus.
(Revista ilustrada O Malho).


Desta vez, a ironia é com relação a Antonio Silvino e sua interferência junto
às ferrovias inglesas da Great Western.
(Revista O Malho, 5 de outubro de 1907).

Desta vez aparece o Governador de Pernambuco, Dantas Barreto, travando interessante diálogo com um homem do povo. Na conversa, cobra-se mais ações não só de Pernambuco, mas de outros estados para o fim do cangaceiro.
(Revista O Malho, 27 de julho de 1912).

Com o cangaceiro ferido e preso, o Governador de Pernambuco, Dantas Barreto, exulta de felicidade e lamenta não poder prender outros bandidos, em especial no Ceará. Quem seriam ?
(Revista O Malho, 5 de dezembro de 1914).

Outra charge feita após a prisão do cangaceiro, com o tenente Theophanes Ferraz trazendo Silvino numa coleira. Novamente o Ceará é mencionado, como ainda tendo muitos bandidos que precisavam ser presos. Era a época da sedição do Juazeiro, cujos jagunços do Floro Bartolomeu e do Padre Cícero derrubaram o Governador do Ceará, coronel Franco Rabelo.
(Revista O Malho,19 de dezembro de 1914).

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Delmiro Gouveia

Professor Edvaldo Nascimento festeja 60 anos do município com o lançamento do seu livro sobre a educação no sertão



No dia 14 de fevereiro, quando o município de Delmiro Gouveia comemora 60 anos de emancipação, o professor Edvaldo Nascimento homenageia a cidade lançando o seu livro que fala sobre a educação no sertão de Alagoas. A obra, que traz como título “Delmiro Gouveia e a Educação na Pedra”, será mostrado aos delmirenses em noite de autógrafo na Escola Delmiro Gouveia. O lançamento reunirá a primeira edição, impressa pela Viva Editora, e a segunda, impressa pela Editora do Senado Federal, onde será distribuída a todos os professores presentes. 

No evento estarão reunidos amigos, representantes políticos e de diversos segmentos da cidade e do país, além de músicos e artistas, que farão apresentações para o público. Para o professor, o lançamento em Delmiro Gouveia será um misto de homenagem à cidade e celebração aos diversos amigos que conquistou ao longo dos seus 40 anos de vida.
“Para mim será uma honra poder lançar este livro em Delmiro Gouveia, a cidade que me acolheu e inspirou o meu trabalho exatamente na data em que a mesma comemora seus 60 anos. Desde já agradeço a todos que acreditaram nesta obra que é dedicada, acima de tudo, aos sertanejos. Este evento será um misto de festividade e celebração, onde estarei reunindo os diversos amigos que fiz durante os 40 anos de vida. Estou muito feliz em poder ter esta oportunidade”, frisou.
“Delmiro Gouveia e a Educação na Pedra” é o resultado da dissertação de mestrado que Edvaldo defendeu em março de 2012, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), onde são analisados os processos educacionais implantados pelo industrial Delmiro Augusto da Cruz Gouveia no sertão. “É uma abordagem sobre educação no sertão dominado pelos coronéis da primeira república”, reforça o professor.



O livro esteve entre as obras lançadas na VI Bienal Internacional de Alagoas, em outubro de 2013, e reuniu um grande público. Representantes de diversos segmentos, de Maceió e do sertão, estiveram presentes prestigiando o evento.  Intelectuais, artistas, reitores, dirigentes partidários, empresários, representantes do poder público e do judiciário, estudantes e escritores foram saudar o autor.
Para Edvaldo ter um livro lançando durante a Bienal é uma honra. “Este evento tem reunido grandes autores brasileiros, além do considerável número de visitantes, tornando-se o maior evento literário de Alagoas sendo, portanto, uma honra para mim ter lançado meu livro neste evento. Fico feliz em ver a história de Delmiro sendo reconhecida e só tenho a agradecer aos amigos que estiveram comigo, celebrando mais este trabalho. Foi realmente uma grande satisfação”, disse.


Foto Assessoria
O historiador participou ainda do lançamento da reedição do livro Fábrica da Pedra, de autoria do jornalista Pedro Motta Lima, (In memoriam), onde Edvaldo escreveu o posfácio. O evento, realizado no estande da Editora do Senado Federal, reuniu o presidente do Senado Renan Calheiros, o governador de Alagoas Teotônio Vilella, a antropóloga Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, o neto de Pedro Motta Lima, e o neto do autor André Motta Lima, entre outros convidados.

O professor Edvaldo estuda o sertão de Alagoas e seus personagens há mais de 15 anos e é considerado um dos principais pesquisadores da vida e da obra de Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, industrial nascido em Ipu, no Ceará, e que modernizou o Recife e viveu seus últimos quinze anos de vida no sertão alagoano, onde construiu a primeira Usina Hidrelétrica do Nordeste, Angiquinho (1913), implantou um Núcleo Fabril e uma Fábrica de Linhas (1914).

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Convite

Capitão Marins lança "Guarda Pelé"

Preciso fugir brevemente do tema para avisar que nosso confrade, o capitão da Policia Militar Baiana Raimundo Marins vai estar lançando em Salvador uma biografia em homenagem ao mais popular dos servidores de sua corporação. O evento ocorre Segunda-Feira, 17 de fevereiro às 10hs na Assembleia Legislativa da Bahia. O livro integra a coleção "Gente da Bahia".
Exemplo de profissional policial militar, o Cabo Armando Marques, mais conhecido como “O Guarda Pelé”, ficou famoso, no Brasil e até no exterior, por desenvolver uma técnica de controle de tráfego, que aliava os movimentos de ordem unida aos sinais de trânsito. Isso lhe rendeu uma merecida homenagem: Um livro sobre sua história.
Concedeu entrevista ao Historiador, Capitão Raimundo Marins, e passou a narrar sua trajetória, indissociável da carreira policial militar, como “Guarda Pelé”, que cheio de irreverência inovou no controle do trânsito.
Cabo Armando Marques. O "Guarda Pelé".

No início da década de 70, após pedir transferência para “Os Galés”, por ser mais próximo de sua casa, o então Soldado Armando deparou-se com um trânsito em caos. Já em casa, frente ao espelho criou os movimentos que mudariam completamente a sua vida e elevariam o nome da Corporação, nascia o “Guarda Pelé do Trânsito”, trânsito fluindo, anônimos e autoridades aplaudindo.
 Não demorou muito e vieram as campanhas publicitárias para DETRANS de diversos estados, seguidas de contratos comerciais, como o da Agência Esquire (1974), que fez do “Pelé do Trânsito” garoto propaganda da Empresa de Transporte Aéreo Cruzeiro do Sul. A imagem do policial militar e sua eficiência correram o mundo, o que lhe rendeu prêmios como o Leão de Prata em Sawa.
O Cabo Armando, atualmente na reserva da PMBA, colocou à disposição do historiador não só a narrativa de suas experiências, mas também os arquivos literais e simbólicos. Agora é conferir a publicação e conhecer mais sobre este famoso policial militar baiano.
Texto e foto de Jaguaraci Barbosa
Fonte: Blog PM informa

Convite para impressão. 
(A apresentação será indispensável).

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Zabelê

O velho cangaceiro ainda se lembra: Naquele tempo, só Deus não se ajeitava.

*Texto de Claudio Bojunga, para o jornal “O ESTADO DE SÃO PAULO” – 31/07/73



Um velho entrevado, torto, de 73 anos, tossindo, mal vestido, deve estar muito doente. Só os olhos são ágeis como os olhos de um menino: correm em torno da mesa, encara rapidamente as pessoas para depois se fixar na janela à esquerda, na porta aberta à direita; os olhos de Zabelê, mais de 40 anos depois, conservam a vigilância dos tempos do cangaço. E como se, a qualquer momento, um macaco fosse pular à sua frente ou às suas costas para enchê-lo de bala.

Zabelê, ou Isaias Vieira, um homem totalmente apavorado. É um exemplo dos cangaceiros que, depois da luta, ficaram por aqui mesmo, no Nordeste. Há muitos em todo o sertão, de Alagoas ao Ceará, todos escondidos sob nomes falsos. E eles sabem que não temem fantasmas. A vingança, no sertão, é elaborada com paciência chinesa. É possível, perfeitamente possível que, a qualquer momento, amanhã talvez, um outro velho entrevado descarregue seu revólver sobre o velho Zabelê. Afinal, Zabelê nem sabe quantos matou em um ano de cangaço. Era coiteiro de Lampião desde 1923, na região do Pajeú, até que o coito se tornou evidente demais, e perigoso. Olhando de um lado para outro enquanto fala, o velho conta:
- Lampião: tá descoberto que eu compro coisinha procê. Tô enroscado. Se não sentá praça vou acabar entre as pernas do tenente.
Lampião pensou um pouco. Não era qualquer coiteiro que podia “sentar praça” no cangaço. Zabelê insistiu:
- Tô desmantelado. Sou pai de família, tó desmantelado.
-Desmantelado você já nasceu.
E dito isso, Lampião aceitava um novo “soldado”. Porque era preciso estar mesmo muito “desmantelado” na vida para topar a parada. Zabelê tinha mulher, quatro filhos e muito azar.
Começou a brigar em 1926 e um ano depois estava preso. Participou de um combate importante, o de Serra Grande, naquele mesmo sertão. Como todo ex-cangaceiro, diz que, naquela batalha, morreram uns 30 macacos. Cangaceiro, nenhum. O mesmo truque usado pelos policiais da época. Vários dizem que em Serra Grande morreram um ou dois soldados. O coronel Higino José Belarmino, famoso entre outras coisas por não mentir, nem que a verdade possa “prejudicar” a imagem da Volante, diz que morreram dez soldados em Serra Grande. Cangaceiros, ele não sabe, ninguém sabe.

Isaias Vieira, o primeiro  “Zabelê”  cumpriu longa pena na penitenciária do Recife. Esta foto é de 29 de dezembro de 1928, quando ainda se encontrava preso.
Foto do Acervo Lampião Aceso, não compõe a matéria original.

Os cangaceiros sempre carregavam os seus mortos e feridos e os eternizavam, batizando um cabra novo com o nome do preso ou do morto: assim, este que apavorado conversa com a gente, é o primeiro Zabelê de uma série. Um toque de misticismo, nem tanto para confundir a polícia, mas o povo. O cangaceiro não morre. Zabelê está preso? Como, olha ele aqui.
Apesar do pavor, Zabelê I ainda ousa revelar, com seu raciocínio lógico de sertanejo, que tudo não se resume a troca de tiros entre grupos ou requintes de crueldade. Até Zabelê, personagem de mínima importância dentro daquela fase da História do Brasil, sabe o que significa corrupção.
"Todo mundo ajeitava. O senhor pode ser naquela época o presidente da nação, ajeitava também. Naquela época só quem não ajeitava era Deus que não aparecia".
Ele quer dizer que grande parte das armas do cangaço foi vendida pela própria polícia que importantes políticos da época, hoje venerandos e com estátua (algumas equestres) no meio das praças, estiveram envolvidos gravemente, pairando sua honra sobre os tiroteios que eles próprios manipulavam.
Zabelê: apavorado, velho, doente, pobre e atualizadíssimo.
*Créditos para Antônio Corrêa Sobrinho

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Candeeiro

Um Cangaceiro à Beira Mar

Por: Aderbal Nogueira

Amigos, em 2001 Manoel Dantas Loyola o ex cangaceiro "Candeeiro" quis visitar a cidade de Fortaleza.

Atendendo o pedido, Eliza, sua filha, nos ligou às 20hs dizendo que o pai queria nutria o desejo de rever os locais em ele esteve na época que seguia para o Amazonas para ser mais um "soldado da borracha", em 1943.

Pois bem, no outro dia às 15h eu estava em Buíque, Pernambuco junto com Paulo Medeiros Gastão para atender a seu pedido.

Candeeiro visitou os lugares onde ficou alojado antes e desbravar os seringais e conheceu mais um pouco da terra de Iracema onde pude levá-lo inclusive para conhecer Christiano Câmara, outro amigo querido. Sua estadia em minha residência durou prazerosos cinco dias

Aqui segue um pequeno vídeo com imagens dessa visita que acrescida de outras personagens vai fazer parte de um grande projeto que está em andamento.



Abraço.
Aderbal Nogueira

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Balão "Cabra do INPS"

Trinta anos de luta. Agora, é um trabalhador aposentado e doente.

Texto de Cláudio Bojunga para o jornal “O Estado de São Paulo” –  01/08/1973


Guilherme Alves,  o ex-cangaceiro "Balão".
Foto: Josenildo Tenório

No dia 27 de outubro de 1972, o ex-cangaceiro Balão, de cabra de Corisco, Anjo Roque e Lampião, cabra macho, pai de 25 filhos, tendo o corpo fechado por um patuá secreto e inconfessável; Balão, portanto, na verdade Guilherme Alves, mas por direito Balão porque sempre teve o peito estufado, recebia nas costas cem quilos dentro de um poço desbarrancado, perdido na ocasião os dentes, fraturando as costelas, rachando os lábios, cegando os olhos, afundando o peito. A cidade de São Paulo liquidava um cabra que sobrevivera aos tiros de Mané Neto e que durante nove anos de caatinga nunca pisara em farmácia. O declarante tem algo a dizer?
- Sabia que aquele poço ia cair, mas o mestre de obras Guerino começou a me torrar. Entrei para ele ver. Só me lembro de ter enchido um balde de terra.
Aposentado.

O curioso é que, havendo lutado durante os primeiros trinta anos de sua vida e trabalhado durante os outros trinta que também viveu, nunca teve férias. Ouçam a história:
Depois de nascer em Paulo Afonso, Bahia, no ano de 1910 viu com quatro anos de idade o diabo –
“um neguinho preto botando fogo na roupa”. O bicho desapareceu lá pelo Pilãozinho.
Balão não chegou a ver seus pés de bode, mas diz que “o resto era homem de mesmo”. Foi a única vez que viu o diabo em pessoa. Depois, viu só suas obras. A seca era braba e a criação se acabava de sede. Chegou então a volante, sovou o pai em cima de um saco molhado de sal e cortou o couro cabeludo do irmão. Balão, tipo genioso, decidiu vingar. Nisso passa Corisco.

Briga
– “recebi um fuzil comprido e seiscentas e sessenta balas. Gastei tudo no primeiro dia”. Comida – “quando achávamos uma rês ninguém ia percurar o dono; passava a do coco. Mas era difícil encontra e as vêis nós abria a boca pro céu e não encontrava nem uma salivinha na ponta da língua”. Ascendência – “minha bisavó foi pegada lá pros lados de Mato Grosso. Era da aldeia Carajá". Lampião - “num queria mudá nada, morreu purque tava cansado – brigar vinte anos num é vida de homi”.

Corpo Aberto

Balão só viu o mar no dia em que se entregou. Foi em 1938, Salvador, na barra do Rio Vermelho. Caiu n’água e gostou. Só que de noite teve a primeira dor nas costas de sua vida. Andaram dizendo que aquilo lhe abrira o corpo. Balão não acreditou, mas nunca pôde tirar a prova, já que a partir daquele dia nunca mais entrou num tiroteio.

Ficou um ano no quartel, foi bem tratado pelo capitão Aníbal e depois deu no pé a fim de procurar seu destino. Para quem nunca havia trabalhado aquele seu primeiro emprego na estrada de ferro, de trena e baliza na mão, foi até manso. Puxou com os “ingenhero” uma linha de Contendas a Monte Azul; tomou conta de noite do barracão de lentezinhas, acabou arranjando um caso com o "dotô" que lhe cortejou a namorada. Não bateu nele, não – deu só uns tiros numa porta – o "dotô" pulou uma janela e um abaixo-assinado removeu-o do local. Fugiu correndo para o Sul sem documento. Corpo agora definitivamente aberto.

Passou por um investigador da polícia em Pederneiras, passou por Tupã, encarou uma pensão portuguesa em Marília. Era o tempo da Guerra e do gasogênio, os carros corriam com um caldeirão atrás. Balão plantou um pouco de algodão, mas trabalho mais duro era um suplício – o homem que só tinha empunhado o fuzil criou 17 calos na mão no dia em que cortou sua primeira lenha. Sua época mais feliz foi logo depois, quando arrumou um barzinho à beira da estrada em troca de cem votos municipais. Depois inventaram um negócio de imposto e Balão veio para São Paulo – 30 de outubro de 1960. Foi dando logo uma entrada para comprar a casinha. Itaquaquecetuba. Por ali, perto de São Miguel Paulista, Balão descobria mais gente do que na cidade de Belém, por exemplo. Milhares de nordestinos. Isso aliás nunca o espantou – Balão disse que não se espanta com “panorama”, aliás não se espanta com nada.

E foi aí que começou o inferno. Começava sua carreira como poceiro – poços de 10 a 15 metros, sem ajudantes a não ser seus filhos “de menor” que trabalhavam de graça e não conseguiam alçá-lo do fundo da terra. Os peitos e as costas rebentadas de noite. Recebeu seu primeiro cheque sem fundo no dia 25 de outubro de 1963 – ele se lembra de que era o banco Auxiliar de São Paulo, emitido por dois larápios, o Norberto Tedesco e um outro pilantra vestido com uma falsa farda da Aeronáutica.

À procura dos direitos

Num gesto de absoluta ingenuidade, Balão devolveu não só o primeiro mas o segundo e o terceiro. Depois assinou promissórias que ficaram sem resposta. Quando o prazo esgotou Norberto pediu a Balão que “desse o fora” e fosse procurar seu direito. Que voltasse quando conseguisse encontra-lo. Balão saiu desesperado com a desfaçatez. Nem pegou o elevador: desceu a escada a pé e foi comprar uma garrucha e 25 balas na rua Joaquim Nabuco. Mas “se os maiores estavam criados, os de menor não tinham parentes ou aderentes – estariam perdidos com um pai na cadeia”. Saiu procurando seus direitos – trocou a garrucha por um rádio de pilhas.


Depois vendeu a sanfona de oitenta baixos, fez galeria na rua Santo Antônio (“o mestre de obras era ruim, quase meto a picareta no gogó dele”) trabalhou no ar comprimido para a Sobraf – nunca tinha visto aquilo –, o português jogou-o lá dentro até o dia em que o médico disse que ele não tinha mais idade para aquele trabalho, bateu estaca na rua Veridiana. Sempre à procura de seus direitos, mas com um ditado à mão: “boi muito amassado dentro do curral se num soltar fica ruim”.
E foi indo até o dia em que o Guerino, o maldito Guerino, resolveu desafiá-lo a entrar naquele poço evidentemente apodrecido. Sabia que ia desabar. Mas ele torrou, e Balão cavou um balde – o último balde bem cavado de sua vida: dentes, costelas, olhos, peito – e a dor na virilha, a sinusite crônica, a urina avermelhada de sangue. E os direitos?

Balão nunca se separa das muitas carteirinhas ensebadas mas em ordem, dentro do bolso da camisa. Depois de tantos anos de vida sem lei, é quase uma obsessão a lei. Afinal, a cidade grande e o mundo industrial é que são os civilizados. Carteira profissional n° 2502, chapa 1180 da Sobraf, etc... A carteira está presa na Delegacia do Trabalho na rua Martins Fontes, pois Balão finalmente resolveu fazer um processo. Está liquidado, soterrado, o corpo mais que aberto e não recebe o devido. No bolso, cartõezinhos de advogado:

“Na forma combinada apresento-lhe o senhor Guilherme Alves, vítima daquele acidente em que ficou soterrado num poço de fundação”.

Bônus!!!


 Balão, em registro de Antônio Amaury
(Obs. Foto não compõe a matéria original)

Um boi amassado dentro de um curral.

Está devendo duzentas pratas na venda, ainda não acabou de pagar a casa. - Se num soltá fica ruim. Ultimamente deixou novamente seus cabelos crescerem.

Encheu os dedos de anéis. Quem sabe, num arranja um papel em filme de cangaceiro. Está procurando seus direitos.
A última filha de Balão tem dez dias. Quem vai dizer a Balão que Corisco fez bem em não se entregar?

Créditos para Antônio Correa Sobrinho