segunda-feira, 30 de abril de 2012

História dos Volantes

Luiz Romão

Pesquisando na internet encontrei um blog "Língua Grande Cultural" do amigo "Beijaminm Almeida" que também posta artigos sobre a cultura e o cangaço brasileiro. No dia 26/04 encontrei  eu seu blog uma postagem muito  interessante de um homem que fora policial em Pernambuco conhecido por "Luiz Romão", seu nome na polícia era "Luiz Ferreira" e lutou  contra o cangaço  de Lampião. Ao término do cangaço, continuou na corporação, mas... Vamos ao texto de  Edson Luiz Ferreira Barros [ Edson Romão]
 

 Luiz Romão, com aproximadamente 34 anos de idade

"Sou um soldado da polícia Pernambucana. Sentei “praça” para perseguir “Lampião” e defender minha corporação, mais por ter defendido um companheiro  da “morte” hoje vivo lutando contra a prisão. Mas sempre sou o soldado Luiz Ferreira, conhecido por “Luiz Romão”

Luiz Ferreira do Nascimento, que mais tarde seria reconhecido e imortalizado como “Luiz Romão”, nascido na cidade de Flores -PE, em 15 de Outubro 1916, filho de José Ferreira do Nascimento ( José Romão ) e Jacinta Gomes de Oliveira. Tendo em seu pai “José Romão”,  que já fazia parte da Força Volante da cidade de Flores -PE, seu maior exemplo, Luiz Ferreira do Nascimento  ingressou também na Força Volante aos “ 17 anos de idade” travando vários combates com “facções” do Bando de Lampião. Sendo extremamente corajoso e habilidoso quanto ao manuseio de armas e táticas da “Caatinga”, com o fim do  “Cangaço” no Sertão, foi escolhido como Ordenança direto do Coronel Manoel Neto.


 Luiz Romão em traje de policial volante e civis.

Sentou praça em algumas cidades do Sertão como Flores, Ibimirim, Serra Talhada, Arcoverde, entre outras. Em todas as cidades em que “Luiz Romão” trabalhou como  Ordenança direto do Coronel Manoel Neto , fez imperar a Lei e a Ordem, pois não havia missão impossível para o mesmo.

Por um lamentável episódio ocorrido em Arcoverde/PE, quando lá destacava, estava de folga nesse dia, quando escuta alguém “gritar” por seu nome; tratava-se de uma mulher que em desespero falava que “havia alguns homens tentando matar um soldado...” Sem pensar duas vezes ele se dirige rapidamente para a cena do crime e se depara do que ele chamava de “linchamento”, o soldado estava sendo “golpeado” a faca e pauladas, por vários homens; outro soldado observava como que pasmo, pois não esboçava nenhuma reação.

Luiz Romão de arma em punho grita; “- Solta o soldado, solta o soldado!!! -”, é quando dois homens enfurecidos vêem  ao seu encontro de “ peixeira” em punho e tenta esfaqueá-lo sem dar-lhe  chance de defesa, rápido e habilidoso como era “Luiz Romão” desfere um disparo que atinge um dos homens no pescoço, o outro, com um segundo disparo é atingido no coração, onde tiveram, os agressores, morte instantânea... Sendo “Luiz Romão” impelido pela “turba” a continuar os disparos, tombam mais dois homens mortos. O restante dos agressores fogem.

O soldado que estava sendo “linchado” escapa gravemente ferido. Por a justiça, na época não entender os detalhes do “fato” ocorrido, “Luiz Romão” se tornou foragido. Foi perseguido , cercado várias vezes, mesmo policial, teve que trocar “tiros“ com a polícia, pois preferia  a “morte” a ser preso.

Mudou de cidade várias vezes, mudou de nome, mais por fim, foi inocentado.

“Luiz Romão fixou residência na cidade de Serra Talhada/PE, terra de “Lampião”, onde seus pais e alguns de seus irmãos já residia, adotando assim, Serra Talhada, como sua cidade, onde viveu por mais de quarenta anos, tendo falecido no dia 7 de Abril de 2003. Toda a sua “história” será contada em um livro... Detalhes do seu convívio com o Cel. Manoel Neto, seus cercos, suas fuga, seus amigos e parentes; as mortes de seus irmãos e sua vingança sua luta para manter-se vivo e conseguir provar sua “inocência”. Com isso “honrando” seu “nome” de geração após geração.

O “livro” será lançado em 2012 e terá como tema: “Luiz Romão, para mim, mais valente que “Lampião”.

Açude: Blog Língua grande cultural

Abraço a todos
Ivanildo Silveira
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC / CARIRI-CANGAÇO
Natal/RN

De volta a praça

Antônio Amaury relança seus últimos livros

Você acompanhou Aqui a matéria sobre o lançamento destas duas obras. 

As primeiras edições se esgotaram em dias, foram distribuídas gratuitamente graças a uma iniciativa da Assembléia Legislativa da Bahia. Porem muita gente ficou sem o seu inclusive "este blogueiro". 

Mas agora temos a oportunidade de ter mais estes dois rebentos do mestre Amaury. A Graftech empresa gráfica do confrade Luiz Ruben reeditou os livros e agora eles estão ao alcance dos pesquisadores e colecionadores. 

Garanta os seus.

Maria Bonita
Graftech 279 páginas R$ 45,00 (Quarenta e cinco reais) 
+ frete a consultar.


Gente de Lampião: Dadá e Corisco  
Graftech, 330 páginas, R$ 50,00 (Cinquenta reais) 
+ Frete a consultar.


Os pedidos serão feitos diretamente ao autor:

Antônio Amaury Corrêa de Araújo
Rua Guajurus, 156 – Jardim São Paulo
São Paulo – SP / CEP: 02.045-070


E-mail: aamaurycangaceiro@gmail.com
Tel.: (11) 2972  4824 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Descoberta em Jeremoabo, BA

Joana Matilde Conceição, irmã do cangaceiro "Criança"
Por João de Sousa Lima*

Jeremoabo é uma cidade histórica e muito antiga, durante a Guerra de Canudos a cidade serviu de base para uma das companhias do Exército que atacaram o Conselheiro e os Conselheiristas. Em 1739 o Garcia D´Ávila doou uma grande extensão de terras para a construção da Matriz. A povoação tem em suas origens as tribos de Índios Massacará, Cahimbés e Cariris. Abastecida pela cristalina água que jorra da fonte da Pedra Furada e banhada pelo Vaza Barris.

Jeremoabo também foi palco da repressão ao cangaço, formando em suas comunidades volantes policiais que perseguiam sem tréguas os cangaceiros, sendo uma das mais famosas a volante comandada por Zé Rufino, um dos maiores matadores de cangaceiros. A cidade serviu de repressão ao mesmo tempo em que foi uma base de proteção através de um dos grandes coronéis daquela época, o famoso coronel e político João Sá.

Jeremoabo foi uma das cidades onde mais se entregaram cangaceiros depois da morte de Lampião, várias fotografias mostram esses cangaceiros na companhia de padres e policiais. Um dos grupos que se entregou em Jeremoabo foi o grupo do cangaceiro Criança. Criança aparece em fotografia ao lado de sua companheira Dulce (ainda viva e residindo em Campinas, São Paulo), Balão e Zé Sereno.

 Criança está sentado a esquerda de Dulce 
a única cabrocha na imagem.

Criança depois que foi liberado seguiu para o estado mineiro e posteriormente até o estado de São Paulo. Pouca coisa ficou gravada sobre esse cangaceiro e seguindo seu rastro fui encontrar em Jeremoabo, justamente na cidade de repressão ao cangaceirismo, residindo uma Irmã sua.

João de Sousa Lima e Joana Matilde da Conceição.

Com 89 anos de vida, encontra-se lúcida e relembra emotiva dos tempos árduos quando com apenas 10 anos de idade viu o irmão João entrar para o cangaço.

Manuel Lourenço Xavier e Maria Matilde da Conceição, pais de dona Joana, residiam no sítio Poço Grande, em Macururé, no alto Sertão baiano. Com as perseguições policiais e os maltrato sofridos, a família teve que fugir e atravessaram o Rio São Francisco, saindo da Barra próxima a Curral dos Bois chegando a Belém do São Francisco, Pernambuco, indo por fim se arrancharem em Santa Maria, povoação entre Belém e Floresta.

Na fuga para o estado pernambucano a família deixou as criações e em um dia de sábado João* e os primos Pedro e Feliciano retornaram para tentar reunir e alimentar os animais. Os três jovens não retornaram no prazo determinado. Maria Matilde ficou apreensiva com a falta de noticias dos rapazes.

Em um dia de feira na cidade de Belém, Maria e a família se encontrou com Vicente Baldo da Silva, que era irmão da matriarca e tio de João. Vicente deu a péssima notícia: João e os primos haviam entrado para o cangaço. Maria chorou copiosamente, a família se abraçou e a pequenininha Joana, com seus dez anos de idade não compreendia a situação. Vicente só não contou que foi ele quem ajeitou a entrada dos jovens para o cangaço.

João ganhou no cangaço o apelido de Criança por ser o mais jovem dos três rapazes, o primo Pedro ficou sendo conhecido como "Canjica" e Feliciano foi apelidado de "Zabelê".

Dona Maria estava com os filhos Joana, Luiz Lourenço Xavier, Januário e Rosendo estavam na Fazenda Pinhão, próximo a Cabrobró e ficaram sabendo das mortes dos primos Canjica e Zabelê e atravessaram o Rio para Macururé para confirmarem a notícia. Em Macururé as cabeças dos dois cangaceiros foram expostas e a pequena Joana foi proibida de olhar os Troféus Macabros . Confirmado a morte dos dois familiares só restou a Maria rezar para a proteção do filho João que ainda estava na vida cangaceira.

Com a morte de Lampião Criança se entregou em Jeremoabo junto com mais alguns companheiros. Na cadeia o padre Magalhães aproveitou para realizar o casamento de Criança e Dulce, o matrimônio sagrada unia sob as grades da prisão dois bandoleiros das caatingas nordestinas.

 "Criança" em fotolito do documentário "O ultimo dia de Lampião"

Em 1968 Joana seguiu com o filho Dudu até São Paulo para visitarem João, o ex-cangaceiro Criança.

No reencontro João se emocionou ao avistar a irmã que havia deixado ainda criança. O momento serviu para aliviar a saudade que por tanto tempo afligiu aquela menina-mulher, que em um dia de feira viu sua querida mãe verter lágrimas pela ausência de um filho amado que seguiu para as hostes do cangaço e na imensidão das caatingas viu a morte passar próximo e o sangue manchar a terra seca.
"Dona Joana, mulher forte, baraúna sertaneja, flor de cacto que aflora mesmo diante das intempéries, anjo-mulher, que tuas dores sejam aliviadas pelo simples dom de ser uma mulher que aprendeu a amar a vida sem temer as adversidades. Tenho muito orgulho de tê-la conhecido, de ter rastreado suas histórias de vida, de ter conhecido teus segredos tão bem guardados no cofre da memória".

 Jeremoabo/ Paulo Afonso, dias 23, 24 e 25 de abril de 2012.

*Historiador/Pesquisador e Escritor. Membro da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço.
Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira nº 06.


**Assim como outros companheiros de cangaço João mudou seu primeiro nome passou a se Chamar "Vitor Rodrigues"

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Velhas novidades

Raimundo Nonato de volta à praça


O Sebo Vermelho relança o livro do historiador Raimundo Nonato. 

Falecido em 1993, Nonato construiu sua obra a partir da análise de documentos e pesquisas em publicações da época.  Foi patrono da cadeira 38 da Academia Mossoroense de Letras, lançou 96 livros, dentre os quais também escreveu sobre "A Revolução de Trinta em Serra Negra" (1955) e o cangaceiro de Patu "Jesuíno Brilhante - o cangaceiro romântico" (1970).

Originalmente publicado em 1955, o título traz preciosidades como o depoimento do cangaceiro Jararaca, capturado pela polícia mossoroense e morto na prisão, publicado no jornal O Mossoroense; e a transcrição do diário do coronel Antônio Gurgel, que registrou a experiência de ter sido refém do bando de Lampião por 16 dias. Também reproduz o suposto bilhete enviado por Lampião ao prefeito de Mossoró em junho de 1927; e traz uma fotografia da milícia formada para defender a cidade.

"Tudo aconteceu no dia 13 de junho, fim de tarde de uma segunda-feira chuvosa, quando Lampião entrou em Mossoró, perdeu dois cangaceiros e colecionou sua maior derrota", diz a obra, que ainda aponta como culpado o jagunço potiguar Massilon, "que fez a cachola de Virgolino, dizendo ser negócio atacar a terra de Santa Luzia".

"Lampião em Mossoró" traz narrativa cronológica, imagens históricas, poemas da época sobre o episódio, transcrição de documentos e referência de processos atribuídos ao bando de Virgolino Lampião Ferreira.

A edição apresentada pelo Sebo Vermelho é um fac-símile da segunda versão do livro de Nonato, de 1956. tem 325 páginas, e custa R$ 40,00 (Quarenta reais) mais frete.  Contatos com Abimael Silva, através dos emails sebovermelho@yahoo.com.br ou argumento@supercabo.com.br.

Maiores informações:  Blog Sebo Vermelho

terça-feira, 24 de abril de 2012

Vaqueirama amiga

Lampião e o padim 

Estou compartilhando vocês o primeiro vídeo CONHECEDORES DA NOSSA HISTÓRIA.
Trata-se de um projeto que quero levar para a rede todo mês com os mais diversos assuntos
de nossa história. Nem sempre vou trazer algo ligado ao tema cangaço, mas vou procurar
sempre trazer algo interessante

Para começar, um tema bastante polêmico para nós que pesquisamos o cangaço: 
'O relacionamento Padre Cicero - Lampião' 

Teremos os depoimentos de 4 renomados pesquisadores do tema. Cada qual de uma escola diferente
e com opiniões bem definidas

Nosso primeiro depoente é Ângelo Osmiro Barreto, Prof. de história, ex-presidente da SBEC e
atual Presidente do GECC.


Os próximos entrevistados serão: Bosco André, Profª Luitgarde Barros e Prof. Renato Casimiro.
Espero que, com esses conhecedores da nossa história, possamos aprender algo mais e tirar
nossas conclusões, ou então nos confundir mais ainda em um tema tão delicado.


Abraços.

Aderbal Nogueira

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tá chegando a hora!

II Festival de Músicas do Cangaço



O II FESTIVAL DE MÚSICAS DO CANGAÇO, que acontecerá em Serra Talhada/PE, no dia 28 de abril de 2012,  é um momento de reafirmação e reforço na identidade cultural do homem nordestino, tendo como ponto de partida a música e a história. Poucos momentos são tão especiais como este, portanto, venha brindar conosco, curtindo excelentes músicas, com compositores e intérpretes de alto nível, com a participação d’OS PARICEIROS e ANCHIETA DALI, em shows emocionantes,  com uma platéia calorosa e aconchegante.

É assim a Terra de Lampião e Capital do Xaxado. No espaço do evento, na ESTAÇÃO DO FORRÓ, antiga Estação Ferroviária, não faltará  o artesanato, comidas regionais, uma boa poesia cordelesca, barracas com bebidas, regado a uma paixão infinda pela cultura do sertão.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA: www.pontodeculturacabrasdelampiao.blogspot.com.br

Para mergulhar na cultura, se divertirem, se hospedar e comer bem, é só chegar aqui na Terra de Lampião. Segue algumas dicas:

Descanso?

Pousada Lampião – (87) 3831 1402
Pousada Maria Bonita – (87) 3831 1223
Frontal da Serra – (87) 3831 8060
Hotel das Palmeiras – (87) 3831 1625
Hotel São Cristovão – (87) 3831 1093
Cactos Hotel – (87)  3831 1560
Pousada Império da Serra – (87) 3831 5216

Comer?
Pizzaria Luar do Sertão
Churrascaria Plínio
Vianey Churrascaria
Serra China
Trivial
Pizzaria Bis
Oficina do Sabor
Restaurante Gabriela
Pizzaria Arri Égua
Sabor da Gente Restaurante

O visitante poderá ainda comer bode assado e cozido, arroz vermelho, rubacão e muito mais, na ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DA FEIRA LIVRE.

O portal de entrada pra história de Serra Talhada é o MUSEU DO CANGAÇO, na Estação do Forró, antiga Estação Ferroviária.

O II FESTIVAL tem patrocínio do FUNCULTURA / FUNDARPE / SECRETARIA DE CULTURA / GOVERNO DE PERNAMBUCO, com o apoio da PREFEITURA DE SERRA TALHADA / SESC/PE e a KM Produções.


MUSEU DO CANGAÇO
Ponto de Cultura Cabras de Lampião
Vila Ferroviária, S/Nº - Centro
CEP: 56.903-170
Serra Talhada - Pernambuco
Tel: (87) 3831 3860 / 9938 6035
E-mail: cabrasdelampiao@gmail.com
www.pontodeculturacabrasdelampiao.blogspot.com

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Novo livro na praça

"Coronelismo e cangaço no imaginário social" do sociólogo Erivam Felix Vieira



O livro  tem como intento uma busca para a compreensão do imaginário e o cotidiano do Sertão nordestino, propondo não apenas relacionar o contexto histórico em que tais manifestações se inserem e situá-lo à nossa realidade, como gerar um ponto de análise sobre as diferentes percepções dos atores em relação a si mesmos e de uns em relação aos outros, onde o paradoxo e o excêntrico se fizeram presentes em importante acontecimento sociológico nacional.

Através das metáforas dos cordéis, explorando o mito libertário, temos uma história construída na qual o real e o imaginário se interligam surgindo um Lampião que torna-se cúmplice do seu próprio personagem e da sua ficção.

Portanto, não se pode negar que um olhar sob a historiografia, por essa perspectiva fará emergir a força do imaginário e do simbólico das lutas, retomando o significado dos conceitos de sujeição e banditismo, e de violência e poder, favorecendo uma visão de conjunto.

Valor R$ 30,00 (Trinta reais) com frete incluso
contato: erivamfv@hotmail.com

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Contos do além-cangaço

Jorge  Amado e o fantasma de Corisco
Capítulo do livro A casa do Rio Vermelho, da escritora Zélia Gattai (esposa de Jorge) -

Zélia e Jorge em foto de Carlos Namba
Pescado in Veja acervo digital

Sabedor da amizade e do carinho de Jorge por Dadá, tempos depois do enterro de Corisco um cidadão telefonou: queria, em nome de Dadá, falar com Jorge Amado um assunto da maior importância. Sendo em nome de Dadá, Jorge marcou entrevista com o cavalheiro. Ele apareceu, a vigarice estampada no rosto:

Seu Jorge Amado — foi dizendo —, tenho uma proposta a lhe fazer, empreitada que pode nos dar muito dinheiro.  

Jorge não mostrou curiosidade pela proposta, perguntou-lhe:

Como vai Dadá? Esteve com ela?

Não é bem isso — confessou o cara. — Andei entrevistando Dadá...

Não foi preciso ouvir mais nada, Jorge entendeu tudo, foi levantando. O sujeito estava ansioso para explicar a que vinha.

Veja bem, seu Jorge — insistiu —, tenho um belo material, material precioso das entrevistas com Dadá e das pesquisas que fiz sobre o bando de Lampião, de Corisco, o amor de Dadá. Pode dar um livro e tanto.

Já está escrevendo o livro? — perguntou Jorge

Bem, a minha participação no livro será apenas de pesquisador, essa é a minha especialidade. Pensei que o senhor poderia, com a prática que tem, escrevê-lo em três tempos. Nós dois o assinaríamos. Que tal?

Vendo Jorge calado, cara de poucos amigos, ele ainda ousou:

A gente pode até dar uma coisinha à Dadá, o que acha? Jorge já não achava mais nada, perdera a paciência. Levantou-se, despediu-se:

A sua proposta não me interessa. Me desculpe, tenho o que fazer. — Chamou Aurélio, pediu que acompanhasse o cidadão até a porta.

Dias depois, o "pesquisador" voltou à carga, uma, duas, três vezes, tentando, por telefone, convencer o escritor a ser seu sócio no livro. Cansados dos repetidos telefonemas, resolvemos não atender mais, deixamos que a secretária eletrônica gravasse as mensagens. Uma delas, creio que a última, porque depois ele desistiu, foi tarde da noite. Uma voz de além-túmulo dizia:


Jooorge Amaaado, hóóó Jooorge Amaaado! Quem fala aqui é a alma de Corisco... ouviu bem? Coooriiiscooo... Faça o livro de Dadáaaa, Jorge Amado! Faça o livro de Dadáaaa... ouviu bem? Hó! Jorge Amado... senão eu vou aí com Lampião te puxar os pés...

Créditos: Felipe Gitirana, Comunidade do Orkut Lampião, Grande Rei do Cangaço

terça-feira, 17 de abril de 2012

Nota

Faleceu Luiz Antonio Barreto

A cultura e história sergipana sofreu uma grande e irreparável perda no dia de hoje. O lagartense Luiz Antônio Barreto, Jornalista, historiador, diretor do Instituto Tobias Barreto e ex-secretário de Estado da Educação e da Cultura, faleceu, depois de vários dias internado.


Luiz Antonio Barreto
Foto: Maria Odília, Agência Alese

O último boletim médico acabou de ser divulgado pela assessoria de Comunicação do Hospital Primavera:

"É com pesar que comunicamos o falecimento do historiador Luiz Antônio Barreto. Ele estava internado desde a madrugada do dia 04 de Abril no Hospital Primavera, sendo preciso o encaminhamento para a UTI. Ele faleceu às 10h20, com falência múltipla dos órgãos. Seu diagnóstico foi infecção generalizada decorrente de uma infecção urinária"

Com informações do Portal Lagartense e Portal Infonet.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Novo Livro na praça

Iconografia do Cangaço de Ricardo Albuquerque

A história do cangaço brasileiro ganhou o imaginário popular como poucos outros casos de revoltas populares na História do Brasil. Lampião, o grande responsável por tirar o movimento do sertão profundo e levá-lo para os jornais das grandes cidades, soube valer-se dessa grande invenção que se popularizou no início do século XX: a fotografia.

Através dos registros fotográficos, feitos, num primeiro momento, por fotógrafos ocasionais espalhados pelo sertão e, depois, pelo libanês Benjamin Abrahão – autor da série mais significativa dessas imagens –, o cangaço ganhou as páginas dos jornais e a imaginação popular.

Benjamim (foto divulgação)

Com as notícias, que se produziam ora enaltecendo os feitos de bravura, ora narrando enfaticamente a crueldade dos crimes dos cangaceiros, as personagens dessa história foram se encorpando no imaginário do povo. Daí para as canções populares, os cordéis e as lendas sertanejas foi um pulo.

Reunir essas fotografias com qualidade gráfica e sistematização é produzir, além de um documento para a posteridade, uma nova chance de avaliar a importância histórica desse movimento. As fotografias, sobretudo as de Benjamin Abrahão, revelam detalhes das vestimentas, pormenores do cotidiano, costumes e hábitos disso que se convencionou chamar de estética do cangaço. Da riqueza estética ao interesse histórico, este livro propõe uma reflexão sobre o papel da iconografia para a criação de mitos populares, e como, a partir dela, o povo opera seu próprio imaginário de construção de um mito.

Por fim, um brinde ao leitor: o DVD que acompanha o livro traz imagens em movimento produzidas por Benjamin Abrahão, agora numa nova montagem feita por Ricardo Albuquerque, que privilegia as cenas tematicamente e foge à caricatura impressa ao filme Lampião: o rei do cangaço, que reuniu em 1955 as imagens censuradas no final da década de 1930. Além de uma nova montagem, esta nova edição traz também aproximadamente 5 minutos a mais, recuperados, em 2002, pela Cinemateca Brasileira.


Organizador Ricardo Albuquerque
Páginas 216
Projeto gráfico Delfin – Studio DelRey
Formato 23 x 25 cm
Acabamento Capa dura
Patrocínio Banco Volkswagen
Apoio Ministério da Cultura
R$120,00

Fonte: Terceiro nome

sábado, 14 de abril de 2012

Memorial

Militares mortos... Baianos e na Bahia

Por Rubens Antonio


O levantamento do número de militares mortos em combate, seja baianos ou na Bahia, tem surgido apenas esparsamente, muito dado a erros e imprecisões.

Esta listagem é uma contribuição que aponta aqueles mortos que estão referenciados em diversas publicações, especialmente aquelas reconhecidas, no momento, pela própria Secretaria de Segurança da Bahia.

O seu acompanhamento é interessante ao demonstrar evidente o despreparo inicial da polícia baiana, no combate ao Cangaço. No seu passo, a correta dimensão do problema e a profissionalização crescente permitiu, primeiramente, a queda do número de militares mortos. Em segundo lugar, a inversão, com a progressão de cangaceiros eliminados.

Outro ponto que chama a atenção foi a desatenção descuidadosa do Estado, em relação aos seus mortos.
Inumados em sepulturas simples, seus restos, em sua maior parte, perderam-se.

1927
Quarta–feira 18 de fevereiro de 1927 - Picos, em Santo Antônio da Gloria

+ soldado Paulo Sant’Anna

1928
22 de dezembro - Fazenda Curralinho, no Cumbe (Atualmente Euclides da Cunha)

+ sargento José Joaquim de Miranda, (que aparece também citado como João Joaquim de Miranda, apelidado “Bigode de Ouro”).
+ soldado Juvenal Olavo da Silva, (Que aparece também citado como Juvenal A. da Silva).
+ soldado Francellino Gonçalves Filho, (Que aparece também citado como Francisco G. Filho).

1929
7 de janeiro de 1929 - Arraial de Abóbora, em Jaguarary (Atualmente é povoado de Juazeiro)
+ soldado José Rodrigues
+ soldado Manoel Nascimento de Souza

João Alves Guimarães, testemunha do combate de Abóbora, aponta a localização da entrada do antigo cemitério de Abóbora. Os soldados foram enterrados próximo à quina branca que se vê à esquerda. um novo cemitério foi instalado em outra localização, entretanto, os restos dos mortos não foram retirados. Daí, os restos dos soldados ainda repousam nos mesmos sítios, sob o pavimento da nova Abóbora.

26 de fevereiro de 1929 - Novo Amparo
+ soldado desconhecido
+ soldado desconhecido

4 de junho de 1929 - Brejão da Caatinga - Campo Formoso
+ cabo Antônio Militão da Silva
+ soldado Pedro Santana
+ soldado Cecílio Benedito da Silva, (Que aparece também citado como Cecílio Bernardino Alves).
+ soldado Manoel Luiz França, (Que aparece também citado como Manoel Luis de França).
+ soldado Leocádio Francisco da Silva, (Que aparece também citado como Leocádio Francisco dos Santos).



Os corpos dos soldados mortos em Brejão da Caatinga foram exumados e levados para a cidade de Campo Formoso, em cujo cemitério foram enterrados. Em uma reforma no cemitério, os restos de diversos mortos foram retirados e agregados em uma cova comum, em uma quina do cemitério. Entre eles estavam os restos dos militares. Na imagem, o coveiro atual, Eduardo Costa Sebastião, mostra onde repousam os mortos de Brejão da Caatinga, na quina, sob a árvore e os tocos de madeira.

20 de setembro de 1929 - Tanque Novo - Juazeiro
+ soldado desconhecido
+ cabo João Soares

21 de outubro de 1929 - Patamuté

+ soldado Olegário C. da Silva
Soldado Pantaleão da Silva foi dado por Felippe Castro (1975) como morto, mas foi apenas ferido, tendo sido promovido.


Soldado Pantaleão da Silva,
ferido, recuperando-se em Salvador.


18 de dezembro de 1929 - Uauá

+ soldado Vitorino Baldoino Lopes
+ soldado João Felix de Souza

19 de dezembro de 1929 - Santa Rosa - Jaguarary
+ soldado Vitorino Baldoino Lopes
+ soldado João Felix de Souza
+ soldado desconhecido
+ cabo João S. da Silva

22 de dezembro de 1929 - Queimadas

+ anspeçada Justino Nonato da Silva
+ soldado Olympio Bispo de Oliveira
+ soldado Aristides Gabriel de Souza
+ soldado José Antônio do Nascimento
+ soldado Ignacio Oliveira
+ soldado José Antônio da Silva, (Que aparece também citado como Antônio José da Silva).
+ soldado Pedro Antônio da Silva

1930
1 de agosto de 1930 - Fazenda Lagoa dos Negros - Tucano
+ tenente Geminiano José dos Santos
+ sargento José de Miranda Mattos, (Que aparece também e erradamente citado como José Miranda Marques).
+ soldado Argemiro F. dos Reis, (Que aparece também citado como Francisco Almiro dos Reis e Aquino Francisco dos Reis).
+ soldado Arnaldo Claudio de Souza, (Que aparece também citado como Arnaldo Cândido de Souza).
+ soldado André Avelino de Souza, (Que aparece também citado como André Avelino dos Santos).

1931
30 de janeiro de 1931 - Brejo do Burgo
+ soldado desconhecido

3 de fevereiro de 1931 - Vassouras
+ soldado desconhecido

24 de abril de 1931 - Fazenda Touro - Paulo Afonso
+ sargento Leomelino Rocha

1932
15 de abril de 1932
+ soldado Odilon G. da Silva

1933
2 de outubro de 1933 


+ soldado Pedro Emygdio de Oliveira (Ferido em tiroteio, trazido a Salvador, faleceu no Hospital da Força).

1934
21 de abril de 1934 - Paripiranga
+ soldado João Pereira de Souza

De uma maneira geral são estes os nomes e as datas. Caso haja outros dados referenciados, basta comunicar que serão inseridos.

Colhido no fértil Cangaço na Bahia

Boas Vindas

Blog parceiro de uma aguerrida colega

Blog "Mulheres cangaceiras" está na rede visse, mais um empreendimento cultural da vaqueira Wanessa Campos

Um espaço dedicado aos capítulos envolvendo as tantas cabrochas que amaram e padeceram na vida cangaceira. Clique Aqui

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Opinião

Simplesmente "Maria" 

Por Sabino Basseti

 

Arte de Célia Fernandes
Já a vários anos, diversos pesquisadores, historiadores e, principalmente a imprensa escrita, falada e televisada, vem chamando Maria Bonita por SANTINHA. Aqueles que realmente pesquisaram o assunto, sabem que isso não é verdade. 

O pesquisador Antônio Amaury, com certeza foi o estudioso no assunto que conversou com o maior número de ex cangaceiros, chegando o total por volta de 38 criaturas. 

Todos eles quando perguntados, disseram que jamais ouviram qualquer pessoa chamar Maria por esse apelido. Disseram que Maria Bonita era chamada por Lampião, e por aqueles elementos mais chegados, simplesmente por MARIA.

Que quando alguém da cabroeira se dirigia a ela a chamavam por D. MARIA, e quando se referiam a ela a chamavam por MARIA DO CAPITÃO. Quando dos acontecimentos de Angico que culminou com a morte de onze cangaceiros, foi encontrado num dos dedos de Maria, um pequeno anel que trazia gravado o nome SANTINHA.

Isso não quer dizer que ela era chamada por esse vulgo, pois, esse anel pode ter sido presente de pessoa amiga ou provavelmente foi tomado de alguém, porém, foi o suficiente para que muitos entendessem que ela assim era chamada. Se na realidade Maria fosse chamada por Santinha, certamente aqueles que conviveram com ela no cangaço teriam tomado conhecimento.

Abraço a todos.

Sabino Bassetti
Pesquisador escritor do Cangaço
Salto - SP

terça-feira, 10 de abril de 2012

Personalidades na rota

Da Pedra do Reino às pedras de Angico

Por Jairo Luiz
 




Hoje foi um grande dia para todos nós que amamos a Cultura Brasileira e em especial aqueles que gostam da Cultura Nordestina. Pela 1ª vez o grande Mestre Ariano Suassuna, esteve na Grota de Angico - ROTA DO CANGAÇO XINGÓ - para gravar o documentário chamado " Visões do Brasil" produzido pelo SESC.


Foi indescritível fazer a Trilha de Angico com o Mestre Ariano no auge dos seus 85 anos de idade e de muita sabedoria.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

De volta à praça

Antônio Amaury relança seus dois últimos livros

Você acompanhou Aqui a matéria sobre o lançamento destas duas obras. 

As primeiras edições se esgotaram em dias, pois foram distribuídas gratuitamente graças a uma iniciativa da Assembleia Legislativa da Bahia. 

Porem muita gente ficou sem o seu, inclusive "este blogueiro". Mas agora temos a oportunidade de ter mais estes dois rebentos do mestre Amaury. 

A Graftech, empresa gráfica do confrade Luiz Ruben, reeditou os livros e agora eles estão ao alcance dos pesquisadores e colecionadores. 

Garanta os seus.


Maria Bonita, a mulher de Lampião.  
Graftech 279 páginas R$ 45,00 (Quarenta e cinco reais) 
+ frete a consultar.


Gente de Lampião: Dadá e Corisco  
Graftech, 330 páginas, R$ 50,00 (Cinquenta reais) 
+ Frete a consultar.


Os pedidos serão feitos diretamente ao autor:

Antônio Amaury Corrêa de Araújo
Rua Guajurus, 156 – Jardim São Paulo
São Paulo – SP / CEP: 02.045-070


E-mail: aamaurycangaceiro@gmail.com
Tel.: (11) 2972  4824 

Sátira

E se os Heróis das HQs fossem cangaceiros?

Desenhos de Wagnerine

Wolverine seria... "Risca Faca"



Batman seria... "Mucego, O Cangaceiro da Meia-Noite"



Mulher Maravilha seria...  "Maria Maravía"



Hulk seria...  "Besta Fera"




Magneto seria...  "Azogue"



Lanterna Verde seria...  "Lamparina Verde"




Flash seria... "Avexado"



Pesquei no Wagnerine

sábado, 7 de abril de 2012

Convite

Nesta Terça-feira (10) no Recife

Pessoal, o Memorial da Justiça vai promover um ciclo de palestras, nos dia 10, 11 e 12 de abril, sobre cangaço, capoeira e escravidão. Só tem 40 vagas para cada dia, e a programação está na foto. Não percam, vai ser muito bom.



Por Carlos Alberto Vilarinho Amaral via Rosa Bezerra.

Novo livro na praça

Lançamento “O cangaço nas batalhas da memória”


O livro do Prof. Antônio Fernando de Araújo Sá é fruto de longo trabalho de pesquisa histórica e historiográfica realizada no Departamento de História e no Mestrado em Letras da Universidade Federal de Sergipe. 

O tema, já visto e revisto de diferentes maneiras na cultura brasileira, é retomado na perspectiva da história cultural e da história da memória, pensando o cangaço como palimpsesto da cultura brasileira, isto é, no sentido de que é reescrito indefinidamente utilizando-se o mesmo material, mediante correções, acréscimos, revisões, deslizamentos.

Cada texto remete a outro e o reinsere dentro de outras épocas e coordenadas com as quais marca sua diferença, mas, ao mesmo tempo, marca uma profunda e inequívoca filiação. Desse modo, nenhuma interpretação do cangaço escapa à configuração das forças discursivas em luta.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira parte, intitulada História, Memória e Literatura, proponho uma incursão erudita nas complexas relações entre história, literatura e memória do cangaço, relendo textos clássicos e contemporâneos numa perspectiva onde se entrecruzam o mito, a memória e a história.

Na segunda parte do livro são desenvolvidas reflexões sobre as multifacetadas Memórias do Cangaço, tanto na memória popular sertaneja, quanto nas indústrias culturais.

Para o Prof. Antônio Montenegro da Universidade Federal de Pernambuco, esse trabalho é “um livro fundamental para o estudo do tema do Cangaço e de Lampião, em face da amplitude da pesquisa realizada nos mais diferentes campos historiográficos e culturais, e, também, pela refinada e cuidadosa análise teórica e metodológica”.

PEQUENA BIOGRAFIA DO AUTOR 

Possui graduação em História pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (1987), mestrado em História Política do Brasil pela Universidade de Brasília (1993) e doutorado em História Cultural pela Universidade de Brasília (2006). Atualmente, é professor associado do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Sergipe. Líder do Grupo de Pesquisa História Popular do Nordeste (CNPq/UFS). Edita a revista Ponta de Lança: História, Memória e Cultura (UFS). Publicou os livros Combates entre História e Memórias. São Cristóvão/SE: EDUFS; Aracaju/SE: Fundação Oviedo Teixeira, 2005 e O Cangaço nas Batalhas da Memória. Recife: Editora Universitária (UFPE), 2011. Tem no prelo um livro sobre a História da Historiografia Sergipana.

Serviço
O que? Lançamento de "O Cangaço nas Batalhas da Memória". Recife: Editora Universitária (UFPE), 2011
Quanto? Valor: R$30,00 (trinta reais)   
Número de páginas: 165
Quando? Terça, 17 de abril de 2012 
Que horas? 19:30h 
Onde? Museu da Gente Sergipana - Av Ivo do Prado, Aracaju/SE. 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Vaqueiro da história sergipana

Internado em estado grave



O pesquisador lagartense Luiz Antônio Barreto, Jornalista, historiador, diretor do Instituto Tobias Barreto e ex-secretário de Estado da Educação e da Cultura de Sergipe, está internado, com um quadro infeccioso no Hospital Primavera.

Adendo
Apesar de nunca ter publicado uma obra dedicada exclusivamente ao cangaço Luiz Antonio Barreto é especialista em biografias e em relação ao cangaço colaborou com diversos trabalhos. É detentor de um acervo valioso como as fotografias originais de Lampião e alguns comandados captadas por Eronides de Carvalho em 1929.

*A informação foi do historiador e amigo Claudefranklin Monteiro via: Portal Lagartense

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Baixas

A queda do Gavião 

10 de janeiro de 1930, no “A Tarde”: A Fera caiu no matto

Vae ser exhumado o corpo do bandido morto pelo vaqueiro. Não ha noticias positivas sobre o destino do bando sinistro de Virgolino Ferreira ou “Lampeão”. Repellido em Mirandella pelo destacamento local, os “caibras” internaram-se nas caatingas, sem deixar rastro.

Noticias vindas hontem do nordeste informam com segurança o local em que foi enterrado o bandido morto proximo a Tucano por um vaqueiro de Queimadas. O dr. Madureira de Pinho sciente disso ordenou a ida ao local do dr. Xavier da Costa medico da Força Publica, para proceder ao indispensavel exame cadaverico.
Esse vaqueiro vae receber um premio pelo seu acto de bravura.

27 de janeiro de 1930, no “A Tarde”: O Vaqueiro que matou “Gavião”

Já está no museu do “Nina” o craneo do bandido

Sempre constitue novidade qualquer reportagem em torno do grupo sinistro do famigerado Virgolino Ferreira, por alcunha Lampeão que ha annos se encontra pelos sertões praticando toda sorte de miserias.
Por esse motivo a A TARDE informada da chegada a esta cidade do dr. Xavier Costa, medico da Força Publica, em companhia do vaqueiro Domingos Ernesto da Costa, que conseguiu matar, em defesa própria, um dos caibras de Lampeão, procurou ouvil-os.


Dr Xavier da Costa,
quando em operações contra os revoltosos

O dr. Xavier da Costa, que sempre nos attendeu gentilmente, ao saber o motivo que nos levava á sua presença, foi logo nos dizendo: - Trago uma novidade, meu amigo. O craneo de “Gavião”, o bandido que o vaqueiro Domingos matou na Lagôa das Emas. O corpo levou insepulto oito dias, quando mandaram enterral-o. Com a minha chegada ali procedi á exhumação que o dr. Madureira de Pinho me havia ordenado. Constatei logo o ferimento que causou a morte: o da axila esquerda que atravessou o corpo. Domingos deu ao caibra varias facadas. Declarou-me elle que “amiudou” a mão quando notou que “Gavião” arriava o braço.

Nesse momento, chegava á nossa presença o vaqueiro domingos. Lembramo-nos, então de interrogal-o sobre.


O craneo de “Gavião” - Ao lado o vaqueiro Domingos,
do arraial de Triunfo, atual Quijingue.

O vaqueiro que é um typo de sertanejo disposto, á nossa primeira pergunta contou:
- Quando Lampeão passou por Triumpho, de volta de Queimadas tomou ahi dois guias para leval-o aos “Algodões”. Eramos eu e um outro. Antonio de Engracia, que é um negrão alto, grosso, “Volta Secca” e “Gavião” fizeram-nos muitas perguntas. Não respondi satisfactoriamente, e por isso, recebi uma chibatada.
Como Lampeão já estivesse em caminho, aquelles caibras tocaram os animaes.Fiquei atraz com “Gavião”, que entrou para o grupo em 14 de dezembro do anno passado, vindo de Pernambuco com mais tres caibras. Esse bandido queria a viva força que eu dissesse o nome da pessôa que tinha dinheiro nos “Algodões”.
- Não sei – respondi.
Foi o bastante para que elle me ameaçasse de morte. Temendo morrer, agarrei um dos fusis que elle trazia e arrumei-lhe na cara. “Gavião” saltou contra mim. Caimos no chão, embolados. Nesse interim, consegui pegar uma faca que elle segurava para me matar. Foi uma luta tremenda.
- Não me mate – gritou elle que me procurava enlaçar o braços.
Dei-lhe o primeiro golpe. “Gavião” defendeu-se com o braço, recebendo ahi um ferimento. Dei-lhe outro golpe e nova defesa do bandido. No terceiro, então, matei-o. A faca alcançou debaixo do braço.
Toquei para Queimadas e dahi para Villa Nova, onde entreguei ao cel. Dourado o fusil que tomei do bandido e 55 balas.
A oração de Santa Martha

O dr. Xavier da Costa, quando procedeu á exhumação do cadaver de “Gavião” encontrou no seu bolso, além de outras coisas, um breviario e innumeras orações. Algumas manchadas de sangue e de difficil decifração. Dentre essas conseguimos copia a de Santa Martha. Eil-a na integra:
“Com as arcas do meu Senhor Jesus Cristo muito antes de subir com os tres bichos feroz, aquellas tres palavras santas que abrandas aquelles tres turcos bravos que vinha offender a Senhora S. Martha assim abrandarás o coração de fulano para comigo. Deus é. Deus quer. Deus no mundo acabarão com tudo quanto Santa Martha quizer. Amen.
Offereço esta a senhora Santa Martha.”

Pescado bem ali, ói no Cangaço na Bahia

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A SBEC informa

Preparativos para o XIV Fórum do Cangaço e eleição

Caros amigos e sócios da SBEC, estamos preparando o XIV Fórum do Cangaço no período de 11 a 14 de junho próximo. Em breve estaremos divulgando programação oficial.
 

Lembramos também que na ocasião do fórum estaremos elegendo a nova diretoria para o biênio 2012-2014. Em breve estaremos passando informações sobre o processo eleitoral.
 

Comunicamos também que o I Encontro Nordeste do Cangaço que estava programado para a cidade de Garanhuns/PE em outubro próximo foi cancelado.



Abraços cordiais.
Lemuel Rodrigues da Silva
Presidente