segunda-feira, 21 de junho de 2010

Jesuíno Brilhante

Para se tratar em sala de aula 
Por: José Romero Araújo Cardoso (Foto).

Chamava-se na verdade Jesuíno Alves de Melo Calado, nascido no ano de 1844. Era natural da zona do Patu, Estado do Rio Grande do Norte. O sítio Tiuiú foi seu reduto, firmando seu valhacouto inexpugnável na casa de pedra da serra do cajueiro, próximo ao local onde nasceu.

Fez-se chefe de cangaço devido intrigas com a família Limão, protegida por influentes potentados rurais das províncias do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Mello (1985, p. 92) afirma que "seus principais biógrafos são unânimes em reconhecer-lhe o caráter reto e justiceiro".

Jesuíno Brilhante agiu no semi-árido da Paraíba e do Rio Grande do Norte, quando a instituição do escravismo ainda vicejava de forma proeminente, cuja estrutura refletia as exigências da classe dominante em fazer valer seus interesses, em detrimento de valores humanos.

Esse cangaceiro transformou-se em Robin Hood, intervindo em prol dos humildes em diversas oportunidades, com ênfase quando da grande seca de 1877-1879, atacando comboios de víveres enviados pelo governo imperial, distribuindo-os com famintos e desvalidos dos sertões ermos e esquecidos.

Mello (id.; ibid.) afirma ainda que "como principais asseclas podem ser mencionados seus irmãos Lúcio e João, seu cunhado Joaquim Monteiro e mais os cabras Manuel Lucas de Melo, o Pintadinho; Antônio Félix, o Canabrava; Raimundo Ângelo, o Latada; Manuel de Tal, o Cachimbinho; José Rodrigues; Antônio do Ó; Benício; Apolônio; João Severiano, o Delegado; José Pereira, o Gato; e José Antônio, o Padre."

Entre as mais fantásticas de suas ações encontram-se o ataque à cadeia de Pombal, na Paraíba, no ano de 1874, e a resistência à prisão no Martins, Rio Grande do Norte, em 1876.
Embora tenha feito várias alianças com chefes políticos, a exemplo da firmada com o Comandante João Dantas de Oliveira, a fim de que houvesse condições de atacar a cadeia de Pombal, intuindo libertar o irmão e o pai que ali se encontravam prisioneiros, Jesuíno se indispôs com o mandonismo local devido sua ética cangaceira.

A negativa em assassinar eminente professor de nome Juvêncio Vulpis Alba, em Pombal, rendeu-lhe a inimizade com o todo poderoso Comandante João Dantas, o que resultou em conluio deste com o preto Limão para que o vingador sertanejo fosse assassinado.
Jesuíno morreu de emboscada na localidade de Riacho dos Porcos, em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, no final da seca de 1879-1879, atingido por carga de bacamarte disparada pelo Pretro Limão, seu visceral inimigo.

Bibliografia consultada:

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol - O banditismo no nordeste brasileiro. Recife: FUNDAJ: Ed. Massangana, 1985: XVIII+310 p::20 fotos. - (Estudos e pesquisas, 36)
NONATO, Raimundo. Jesuíno Brilhante: O cangaceiro romântico. 2 ed. Mossoró/RN: Fundação Vingt-un Rosado, 2000.


(*) Trabalho organizado pelo professor Ms. José Romero Araújo Cardoso.


Auxilares de pesquisa:
Professora Tânia Maria de Sousa Cardoso- Pedagoga. Especialista em Literatura Brasileira.
Professora Angelina Maria - Poetisa e psicoepeadgoga
Coordenado por Eliana Cobbett.


Sugestões de temas abordados dentro do filme Jesuíno Brilhante - O cangaceiro, que podem ser trabalhados em sala de aula com os alunos

1. A grande seca - 1877-1879.

1.1 - O que representou a grande seca de 1877-1879 no sertão nordestino?
1.2 - Como acontece o fenômeno das grandes secas no sertão nordestino?
1.3 - Quais os problemas gerados.
1.4 - O que os sertanejos fizeram para sobreviver?
1.5 - O que o governo imperial fazia para ajudar a população na época da grande seca de 1877-1879.
 

2. Coronelismo como donos do poder, das terras, dos meios de produção e a abolição dos escravos em 1888.

2.1 - O que era ser escravo negro no Brasil?
2.2 - O que é Coronelismo?
2.3 - Por quê existiam escravos?
2.4 - Para que serviam os escravos?
2.5 - Como era feito o pagamento do trabalho escravo?
2.6 - De que países da África provinham os negros que aqui chegavam?
2.7 - Qual a relação existente entre patrão e empregado no período que vai de 1888 e os nossos dias?
 

3. Cangaceiros e bandidos.

3.1 - Qual a origem do nome cangaceiro?
3.2 - Quais os primeiros cangaceiros do sertão nordestino?
3.3 - Qual o mais conhecido cangaceiro do sertão?
3.4 - Qual a diferença entre Jesuíno Brilhante e Lampião?
3.5 - Por quê?
3.6 - O que é ser Robin Hood?
3.7 - Qual a diferença existente entre cangaceiro e bandido Robin Hood?
3.8 - Por quê Jesuíno Brilhante foi considerado herói " Robin Hood" do sertão mesmo sendo um fugitivo da lei?


Respostas aos temas propostos:
 

1. A grande seca - 1877-1879
1.1 - Representou um dos mais dolorosos flagelos à população do semi-árido nordestino, sobretudo as mais pobres. Houve intensa migração para a Amazônia e o Sudeste, além de incontáveis perdas humanas traduzidas em mortes. Animais domésticos e selvagens também morreram em profusão. A grande seca de 1877-1879 desestruturou os meios de produção e as forças produtivas do semi-árido.
1.2 - Pesquisas científicas comprovam que o fenômeno natural de aquecimento das águas do pacífico sul-americano, o El Niño, interfere na circulação da massa de ar nordeste, impedindo que massas de ar proveniente do sul, frias, se encontrem com massas de ar quente, oriundas do equador. Aliada a isso tem-se a barreira oro gráfica representada pelo planalto da borborema, que também impede a passagem de massas de ar que poderiam trazer chuvas.
1.3 - A agropecuária foi desestruturada, a miséria atingiu patamares estratosféricos. A morte se espraiou pelos campos nordestinos.
1.4 - Os sertanejos migraram em massa, sobretudo para a Amazônia e Sudeste. Os que ficaram na região comeram couro de cadeiras, móveis e sementes nativas, como a mucunã. Das cactáceas retiravam água.
1.5 - Enviava mantimentos para s coronéis fiéis ao império distribuir com a população,ao invés de democratizar o acesso,os potentados distribuíam com os correligionários.
2. Coronelismo como donos do poder, das terras, dos meios de produção e a abolição dos escravos em 1888.

2.1 - Ser escravo negro no Brasil, na maioria dos casos, era estar submetido aos mais desumanos suplícios, ser tratado, conforme João Antonil, membro da Igreja Católica que apoiou o escravismo, autor do livro Cultura e opulência no Brasil em suas drogas e minas, defendia que os negros tinham que ser tratados com três pês: Pano, pau e pano.
2.2 - Era uma política de compromissos envolvendo poderes imperial, provincial e municipais, surgida no Brasil Império com a guarda nacional, quando a obediência se fazia necessária. O Coronelismo assegurava plenos poderes aos potentados locais.
2.3 - Para fazer os trabalhos pesados nas lavouras e minas, bem como os domésticos, em razão de que acumulação da classe dominante exigia tal relação.
2.4 - Pela rebeldia dos índios em realizar trabalhos braçais, os escravos negros foram trazidos da África e brutalmente inseridos na exigência metropolitanas de gerar riquezas a todos custo.
2.5 - Era feita apenas como o fornecimento de parcos alimentos, toscas vestimentas e muita violência.
2.6 - Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, das colônias portuguesas.
2.7 - Das regiões de Angola e Guiné Bissau, ou seja, principalmente da África Ocidental, locais onde os Holandeses, fornecedores de escravos a Portugal, concetraram suas investidas desumanas.
2.8 - Como o país era eminentemente voltado para atividades agrárias, à exceção das áreas contempladas com a imigração estrangeira, havia predominância de relações sociais de produção pré-capitalistas, como a parceria, o arrendamento, a meia, etc. Depois, com os sucessivos processos de substituição de importações e o advento da industrialização, houve ênfase ao assalariamento.
3. Cangaceiros e bandidos.
3.1 - Há diversas hipóteses. Câmara Cascudo enfatiza que Cangaço era o conjunto de objetos miúdos dos pobres, equipamento que conduziam os valentões de outrora. Outra vertente diz que cangaço vem de canga, instrumento que subjuga os animais no trabalho do eito. A vida nômade no cangaço era estressante, razão por que os bandoleiros se apoiavam nas armas longas, parecendo que estavam na canga.
3.2 - Cabeleira, no século XVIII. Lucas da Feira, no século XIX. Rio Preto, no século XIX e Jesuíno Brilhante, no século XIX.
3.3 - Lampião e seu bando.
3.4 - Origens e ações. A origem de Jesuíno era vinculada ao mandonismo local, enquanto Lampião vinha de sitiantes humildes. Jesuíno se portava de forma honrada, enquanto Lampião se portava de forma ensandecida e tresloucada.
3.5 - Há estudos diversos sendo enfatizados, considerando desvios de comportamento.
3.6 - Com base no imaginário inglês, a tradição nos transmite que Robin Hood e seu alegre bando roubavam dos ricos para dar aos pobres. Robin Hood seria um bandido social que implementava justiça.
3.7 - O cangaceiro bandido é aquele que não tem ética e nem compaixão, enquanto o Robin Hood é o inverso.
3.8 - Devido a forma nobre e honrada como se portou, roubando os comboios de víveres quando da grande seca de 1877-1879 para distribuir aos pobre famintos, além de promover justiça às famílias desonradas.


José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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