terça-feira, 22 de junho de 2010

Ausencia injustificável

Flores busca integração à Rota do Cangaço 

por Luis Campos e Luiz de Venera

Se a Rota do Cangaço e Lampião pudesse ser traduzida em um município, certamente seria Flores no Sertão do Pajeú, distante a 395 km da capital Recife.



No início do século XX, Lampião e seu bando de cangaceiros circulavam pelas cidades do Sertão despertando admiração e medo por onde passavam.

A imagem do cangaceiro ajudou a formar o imaginário popular do nordestino. Mais que isto, virou uma marca do povo sertanejo. A rota do Cangaço e Lampião conta um pouco da história dos bandoleiros nômades, a perseguição das volantes policiais e mantém viva a memória de Virgulino Ferreira da Silva, o maior ícone do cangaço, morto em 1938.

A cidade preserva a Usina de Fibra de Caroá no Povoado de São João dos Leites, local que servia de abrigo para Lampião e seu bando, de propriedade do coitero, Sr. José Josino de Góes, onde Lampião costumava se abrigar juntamente com seu bando.

Hoje a Antiga Usina abriga a Sra. Inês (foto), neta do coiteiro, José Josino de Góes, conservando ainda a estrutura original da época. 

Dentre outros acontecimentos destacamos a morte de Zé Calú, morador do Sítio Melancia deste município, que antes de morrer teve seus pertences roubados, onde também sofreu torturas em suas partes genitais, vindo a falecer 30 dias após, no Estado da Bahia. 

Neste mesmo dia, sendo perseguido pelas volantes, tentou se abastecer de alimentos e munição no Sítio Tamburil, sem êxito foi para o povoado São João dos Leites, denominado naquela época de Usina de Caroá de propriedade do Sr. José Josino de Góes (coitero), que abasteceu lampião e seu bando de mantimentos e munição.

Logo após se dirigiram para o Sítio Baixa do Juá,quando descansavam foram surpreendidos pelas volantes unificadas de Pernambuco e Paraíba, comandadas pelo Major Vitoriano e pelo Sargento Zé Guedes, que investiram durante toda a noite em vários confrontos, tendo no último combate Lampião sua maior perda, que foi a morte de seu irmão, Livino Ferreira. Para não ser caçoado pelas volantes, Lampião cortou a cabeça do seu irmão, separando-a do corpo que foi enterrando em uma loca de pedra, na Serra da Baixa do Juá e a cabeça em outro lugar.

Em outra investida de Lampião no Município de Flores, do lado oposto do Rio Pajeú, fontes de informações chegaram ao Cel. Manoel de Souza Santana (Neco Santana), que Lampião se encontrava rodeando a cidade. De pronto ele chamou um de seus empregados onde lhe entregou um bilhete e lhe mandou em direção a São João dos Leites, onde se encontrava uma volante de prontidão.

Sendo que no trajeto entre Flores a São João dos Leites a 3 km foi surpreendido casualmente por três cangaceiros, que lhe interrogaram, pra onde ia. Amedrontado respondeu que estava levando um bilhete a volante a mando de Neco Santana; os cangaceiros tomaram-lhe o bilhete, mandaram o correr e disparam vários tiros causando a sua morte.

Vale salientar que Lampião jamais entrou na cidade de Flores, por respeito a sua madrinha Nossa Senhora da Conceição.

Mais dados relevantes pra que este município possa integrar-se a Rota do Cangaço, projeto este vinculado a vários órgãos Federais e Estaduais, é o fato de Lampião e seu bando terem sido processados nesta comarca pela morte de três homens em 23 de Julho 1926.

Mesmo diante de tantos fatos que relacionamos e dentre outros que aqui não foram relatados, Flores ainda não foi inserida no projeto denominado “Na Rota do Cangaço”.


Fonte: Arquivo da Secretaria de Turismo e Eventos
 
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