sábado, 14 de maio de 2011

Prazer em conhecer

Lampião Aceso entrevistou Alcino!



 Juliana Pereira e seu 'pai espiritual' Alcino


Alcino Alves Costa "O caipira de Poço Redondo" – Sergipe. Ele talvez não goste desta revelação contábil, mas registramos que este pesquisador, "vaqueiro mor" da história cangaceira nasceu em 17 de junho de 1940. Auditor Fiscal do Estado Aposentado, foi eleito prefeito da sua cidade por 3 vezes. É Radialista e compositor de alguns clássicos da música sertaneja de raiz.

Não confundir com o autor  de "As andorinhas" que é seu xará de nome e sobrenome.

O cangaço lhe persegue, aprisiona, lhe atormenta desde a meninice. Até porque as agruras do cangaço Lampiônico que arregimentou muitos homens e mulheres e teve seu fim ali mesmo no Angico, (terras que passaram a pertencer ao Poço) estava muito recente, é como se fossem fatos da semana passada.

Alcino Ficava horas e horas ouvindo Zé de Julião (O ex cangaceiro Cajazeiras), Ermerindo Alves Costa (seu pai), João Torquato, João Doutor, Libéu, (irmão da cangaceira Enedina), China do Poço, João Cirilo, Durval Rodrigues Rosa e mais uma imensidão de pessoas falando do mesmo assunto. Porém só em 1996 foi que teve a oportunidade de editar o seu primeiro livro “Lampião além da versão – Mentiras e Mistérios de Angico”.

Inclusive aproveitamos para informar aos pesquisadores amantes e colecionadores que a 3ª edição deste livro já está sendo impressa em Cajazeiras, PB aos cuidados do nosso amigo Professor Pereira, logo teremos informações sobre o lançamento e aquisição .

Alcino tem muito por dizer por escrever por declamar.

Então apresente suas crias!
- Nascidas: “Lampião além da versão – mentiras e mistérios de Angico”, “Lamentos do Velho Chico”, um livro de poemas sertanejos; “Sertão, viola e amor”, “O Sertão de Lampião, 2004" “Canindé de São Francisco, seu povo e sua história”, “Poço Redondo, a saga de um povo” e na mesa de parto “Lampião em Sergipe”.


2ª Edição, 2002  
Cortesia de Clenaldo Santos


Matéria editada em 7 de julho de 2018

 Último livro de Alcino acerca do tema.


Qual o Filho preferido?
- Minha filha, “Maria do sertão”, não se trata de Maria Bonita, é um romance infelizmente não editado.


Livro de outro autor?
- LAMPIÃO – Capitão Virgulino Ferreira, de Nertan Macedo.
Sem ser um profundo conhecedor, Nertan colocava com mestria lirismo em meio as histórias empapadas de sangue e sofrimento dos tempos de Lampião e do cangaço.

Qual é o primeiro título recomendado para um calouro?
- Lampião, As Mulheres e o cangaço", de António Amaury.

Com quantos e quais personagens desta história você teve contato?
- Vários. Dentre eles Zé de Julião, Sila, Adília, Dadá, Correnteza, Candeeiro, Panta de Godoy, Durval, Vicente, Mané e Adauto Félix, Messias de Caduda, Zé de Bela, China do Poço - que, aliás, era meu sogro- , Galdino, (O Garrincha da volante de DeluZ); Elias Alencar, Cabo João Torquato, João Doutor, Zé Serra Negra e muitos outros.

Qual destes contatos foi, ou foram, os mais difíceis?
- Nenhum. Todos gostavam de conversar bastante comigo.


Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?
- Com Zé Rufino.

Com qual remanescente gostaria de ter conversado?
- O meu tio Manoel Marques da Silva, o "Zabelê".

Qual é o seu capitulo preferido?
- As Mentiras e os mistérios de Angico...

Próximo à Grota, no local que segundo os remanescentes a tropa de João Bezerra acampou horas antes de aniquilar o Rei do cangaço. Nesse momento Alcino palestra sobre uma das muitas divergencias acerca da tragédia. 

Um cangaceiro (a)?
- Lampião e Maria Bonita

Um volante?
- Aponto Vários: Zé Rufino, Mané Neto, cabo Artur, cabo Miguel Bezerra, João Doutor, Leonídio etc. etc.

Um coadjuvante?
- Mariano. Por ser um cangaceiro valente e fiel, além de não ser um bandoleiro de atitudes monstruosas.

Uma personagem secundária? Queria ter bom papel, mas não passou de figurante.
- Juriti.

Geralmente todo pesquisador é colecionador qual é o foco de sua coleção?
- Além do acervo do cangaço e de Lampião, tenho uma paixão muito grande por tudo que se relaciona com a história e a cultura dos povos sertanejos.

Entre as peças tem alguma relíquia?
- Não sei se é considerada relíquia, mas dentre outras possuo o livro “Lampião”, de Ranulfo Prata, editado nos idos dos primeiros anos da década de 30.

...A primeira edição é de 1934.


Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?
- Nenhuma. Por que os filmes sobre cangaço e Lampião são verdadeiros desastres. Nenhum vale a pena ser nem comentado.

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?
- São várias. Não sei qual a mais absurda. Desde aquela em que Maria Bonita estava se beijando mais Luís Pedro, na tolda da canoa “Tereza Góes”, de Moisés Tambangue, e Lampião estava dentro da canoa, passando por aquele absurdo e aquela de que Lampião bordava e que para chefiar um grupo o cangaceiro tinha que ser especialista em bordar e costurar. 

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde; João Peitudo, filho de Lampião; O Lampião de Buritis e a paternidade de Ananias?
- A paternidade de Ananias. Ela tem grande possibilidade de ser verdadeira.

E Lampião: morreu baleado ou envenenado?
- Baleado...

Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?
- Por nascer são vários: “Maria do Sertão”;Histórias e lendas do Sertão”; “Vaqueiro, cavalo e boi”, “Célebres histórias sertanejas”, “A tragédia de Santa Rosa do Ermírio”, “João dos Santos – o caçador da Curituba” e “Artigos e versos” – titulo provisório. "Canoas - o caminho pelas águas"


Estou projetando um livro sobre os “Labirintos de Lampião”. É esta a minha obsessão. Pouco importa que este ou aquele defensor da “História Oficial” ache que esta minha atitude, este meu desejo, seja abusivo. E tem mais. Para aguentar o tranco dos que acham que nada mais existe para ser registrado na Grota de Angico, é meu interesse solicitar a parceria de dois de nossos confrades para enfrentarmos a reação de muitos de nossos vaqueiros da história.


"Eu quero que seja assim. Cada um de nossos rastejadores externando o seu ponto de vista e a sua opinião".

Contato: Alcino Alves Costa, telefone (79) 8857 - 7661 e 9947 - 2642.
E-mail: alcinoalvess@gmail.com
(O alvess é com dois ss).

3 comentários:

Julio Cesar disse...

Amigo Kiko e demais colegas
Alcino é um dos mais produtivos escritores e pesquisadores do cangaço, dentre outros temas.
O livro Maria do Sertão, que o mestre elegeu como seu filho preferido, realmente é lindo e, como ele, também desejo que seja impresso.
Pela amizade que nos une, tive o privilégio de ler esse belo romance e sei que vai agradar aos nossos colegas, pois o estilo de Alcino é leve e gostoso de ler.

Abraços

Juliana Ischiara disse...

Sei que todo e qualquer elogio que eu faça a mestre Alcino, será suspeito, dada a nossa relação de pai e filha, mas não poderia deixar de comentar a excelente entrevista.

Como sempre, mestre Alcino exterioriza além se seu vasto conhecimento, sua generosidade para com os demais pesquisadores do cangaço.

Bela postagem, parabéns!

Saudações cangaceiras

Juliana Ischiara

João de Sousa Lima disse...

meu caro kiko,

o Alcino é uma figura belíssima e trata o tema cangaço com muita responsabilidade, tornando-o um dos mais respeitados escritores do tema.
tenho orgulho da amizade que tenho com ele e tenho vários segredos adquirirdos nas longas viagens que empreendemos juntos pois somos parceiros inseparáveis nas estradas e nas pegadas do cangaço.
desejo ao meu amigo Alcino, ainda muitos anos de vida, muita saúde e paz.