terça-feira, 24 de maio de 2011

Não morda a língua

Não desperdice material, não confunda...


Amigos, sei que falta muita, mas muita coisa.

Avaliei os principais tropeços, reunindo nosso humilde conhecimento e nos valendo de textos e respectivos autores de seriedade, e selecionamos as informações que vocês verão a seguir.

Preciso dizer que o conteúdo do artigo parte do princípio básico.

É direcionado a quem precisa colher, corrigir ou está aplicando tais informações em determinado trabalho e ainda pode refazê-las.

A sofistica é persistente, são muitos os "erros primários" cometidos principalmente pela imprensa, revistas de variedades, música, cinema... e por nós blogueiros inclusive etc.

Vamos aos deslizes menos técnicos.

Engana-se, ou insiste no erro, quem pensa que Virgolino só se tornou cangaceiro com a morte do pai.

De fato, desde a briga com Zé Saturnino, que Virgulino e os seus irmãos Antônio e Levino já estavam vivendo uma vida nômade. Quando foram para Alagoas, juntaram-se ao bando dos Irmãos Porcino. Se os Porcinos já eram cangaceiros famosos no nordeste precisamente no sertão de Alagoas, e Virgulino se junta a eles, certamente já estava sendo cangaceiro.

Ou será que ele estava lá “catequizando” os bons irmãos?

Irmãos Ferreira e irmãos Porcino fizeram um assalto grandioso à Vila de Pariconha/AL, o que gerou a perseguição comandada pelo então Tenente José Lucena, e que veio a culminar com o assassinato do patriarca José Ferreira. Dona Maria Lopes a matriarca da família Ferreira não foi assassinada junto com seu marido. Morreu de infarto fulminante aos 47 anos de idade dia 22 de maio de 1921 na localidade de Engenho Velho próximo ao vilarejo de Santa Cruz do deserto/AL.

José Ferreira aos 48 anos no dia oito de Junho de 1921 é assassinado pela volante comandada por José Lucena Albuquerque Maranhão acompanhado do delegado Amarilio Batista e do sargento Manoel Pereira .

Zé Saturnino, sempre esteve ao alcance de Lampião, e esse, não desejou mais matá-lo, como também, ao grande inimigo Ten. José Lucena. O fato de Lampião deixar seus inimigos ( nº 01 e 02 ), com vida, é para justificar perante a população nordestina, ou seja, pretexto para continuar no cangaço, matando, estuprando, sequestrando, extorquindo, além de outros crimes. Ele passou a gostar da vida errante, e do dinheiro que essa lhe rendia. O escritor Frederico Pernambucano de Mello, denomina isso de " ESCUDO ÉTICO ", em sua belíssima e recomendada obra: Guerreiros do Sol. Também, para justificar sua vida no cangaço, o rei vesgo invoca a morte do seu genitor, no sentido de vingança.

Zé Saturnino faleceu em sua fazenda, a 05 de Agosto de 1980, com a idade de 86 anos e já sem lucidez.

Quanto a Zé Lucena faleceu em maio de 1955, vitimado por uma doença.

Lampião passa a ver no cangaço, " UM MEIO DE VIDA ", uma profissão, visando lucro, vejamos uma interessante passagem colhida por Frederico.

O facínora Pedro Barbosa da Cruz, vulgo 'Pedro Miúdo', encontra-se com o bando de Lampião na Faz Riacho Fundo, perto de Antas, município de Águas Belas. O rei do cangaço, o convida para acompanhá-lo, ao que "Miúdo" lhe responde, que fora soldado de uma volante comandada pelo Ten. José Lucena, e o mataria por "cinco contos de réis". Surpreso, Lampião agradeceu a oferta com um raro gesto de prodigalidade: dá-lhe de presente, uma faca de cabo trabalhado. Em seguida, dirigindo-se ao cabra, devolve a surpresa com a seguinte confidência:

" Deixe isso. Essas questões já estão velhas". (Fonte: Livro - Guerreiros do Sol, pg.123).

 José Lucena e Zé Saturnino.
Questões superadas.

...Que Lampião era cego em virtude de um Glaucoma. Errado.
Virgulino sofria com um Leucoma

De fato, Glaucoma é endurecimento e aumento do volume do globo ocular, causado por um aumento de pressão sanguínea naquela região. Leucoma, ainda segundo o Dicionário Aurélio, é o “embranquecimento ou turvamento da córnea que é transparente”. Até onde se sabe, Lampião já trazia o Leucoma desde a juventude, e se agravou em um combate com um grupo de nazarenos. Reza a história que David Jurubeba, após disparar um tiro, este atingiu uma moita de quipá (palmatória), e um espinho veio a atingir o olho de Lampião, provocando um agravamento de uma situação já preexistente.

... Que o  fato das volantes se trajarem igual aos bandoleiros era tática ou ordem oficial.
Governo nenhum deu determinação para que soldados se vestissem de Cangaceiros. Foi um uso que se formou com o tempo, tanto que em 1926, o Governador de Pernambuco Sérgio Loreto, fez baixar ‘Portaria’ exigindo o uso do traje militar para as tropas volantes.


Aqui é uma das forças volantes de "Nazaré" sob o comando de Euclides Flor.
Por conta das suas vestes as imagens dos Nazarenos em sua totalidade são quase sempre assimiladas aos cangaceiros. 

Encontrei diversos artigos ilustrados que fizeram os grandes chefes se revirarem no túmulo. 

... Que o cangaceiro José Leite de Santana, O Jararaca, "abriu a própria sepultura". 

 Homero Couto, que foi o motorista do carro que levou Jararaca, desmente . Disse que o “buraco já estava aberto e que a ação não durou mais que dez minutos”. Ou dá pra se abrir uma cova nesse espaço de tempo?


 LEGENDAS E TERMOS

Não é gruta  
É GROOOOOOOOTA

Angico não é e nunca foi território Alagoano. 
A fazenda pertencia à antiga região de Campo-Santo do Morgado do Porto da Folha. Porto da Folha, também em Sergipe, é uma  cidade "vizinha" e permanece com este mesmo nome.


  Ambas cidades circuladas no canto superior

Não é Eronildes
É Eronides.

Não é Pedro de "Cândida". 
É Pedro de Cândido, seu nome completo era Pedro Rodrigues Rosa. A mãe de Pedro se chamava Guilhermina, e o pai, Cândido.


 Esta moça não é Maria Bonita é a cangaceira Inacinha
uma das companheiras do cangaceiro Gato. 


Esta também não é Maria. É "Nenêm"
companheira de Luís Pedro.


 À esquerda. novamente "Nenêm", ao centro "Luís Pedro"
seu esposo e a direita "Maria Bonita".


Este é o ator Chico Dias e não o cangaceiro Corisco". Ele interpretou o "diabo loiro" num longa de 1997. Foram detectados trabalhos incluindo esta foto de divulgação entre fotos originais de cangaceiros.


 Vários livros apontaram essa bela cabrocha, Maria Jovina, companheira do cangaceiro 'Pancada' como sendo Lídia, a cangaceira que fora assassinada pelo seu companheiro Zé Baiano, que não possui fotografia.



Pesquisa a partir de textos de: Sérgio Augusto de Souza Dantas, Ivanildo Silveira e Kydelmir Dantas. Os amigos podem colaborar sugerindo outras correções via comentário ou email para uma próxima edição.

Abraçando
Kiko Monteiro 

  

3 comentários:

Fábio Menezes disse...

Olá, Kiko.
Aqui é o Fábio. Foi no Cariri Cangaço em 2010 que nos conhecemos e sou muito grato pelo grande acervo de fotos de jornais que você me passou, assim como pela camaradagem e paciência com iniciantes no assunto.
Sou novato, como disse, no estudo do cangaço e, assim como aconteceu no Cariri Cangaço, só tenho a aprender com todos e cada um dos colegas.
Mas sobre o comentário "Não morda a língua" "... Que o fato das volantes se trajarem igual aos bandoleiros era tática ou ordem oficial", Fiquei com uma dúvida.
No livro "Lampião, o Rei dos Cangaceiros", pag. 176, Billy J. Chandler comenta:
"Também as volantes da Bahia estavam imitando seus colegas de Pernambuco, adotando o modo de vestir dos cangaceiros. Embora fosse criticada por civis, essa prática foi adotada para ver se infundia nos soldados o mesmo 'esprit corps' dos cangaceiros"
Nota de roda pé:
"Bahia, Secretaria da Polícia e Segurança Pública. Relatório de 1929. pp 78-87. Pelo menos uma parte das volantes baianas estavam usando as roupas de cangaceiros em setembro de 1929. (Diário de notícias, 13 de setembro de 1929)".
Era uma escolha individual? Do comandante da volante? Haveria algum equívoco no comentário de Chandler?
Certo de que ainda tenho muito que conhecer, gostaria apenas de adicionar essas informações e dúvidas à discussão.
Abraço
Fábio Menezes

IVANILDO SILVEIRA disse...

AMIGO KIKO:

Vendo o comentário, acima postado pelo confrade FÁBIO MENEZES, tomei a ousadia de expressar, na minha opinião, as seguintes explicações:

1º)Algumas volantes tinham seus soldados trajando, mais ou menos igual ao cangaceiros.
2º)Tal atitude, se revestia de "tática" guerreira, para confundir o sertanejo/coiteiro..etc..
3º)Essa tática, não era formal, ou seja, os regimentos dos quartéis, não as previa.....alguns, até a recriminavam
4º)A escolha da mesma, era do comandante da volante..NÃO existia um documento formalizando isso.
5º)Na minha modesta opinião, o CHANDLER está totalmente correto, quando informa que algumas volantes, se vestiam, NÃO IGUAL, mas semelhante aos cangaceiros, como elemento de TÁTICA..
É POR AI...
Um abraço
IVANILDO SILVEIRA
Coelcionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

Kiko Monteiro disse...

Amigo Fábio uma boa amizade não se esquece.

Quero apenas complementar o que diz o confrade Ivanildo autor da pesquisa transcrita.
Vejamos o que encontrei no livro Lampião e os interventores de Luis Ruben pág 11 que transcreve manchete de um jornal Baiano.

Fardados à Lampeão isto não está direito, porque deprime a força publica.
Volantes policiais provocam confusão vestidos de cangaceiros. O mal se propaga aos baianos infelizmente a moda já está pegando. No nordeste os soldados baianos usam alpercatas, grande punhal, afrontando o seus comandantes e famílias, chapéu de couro, lenço vermelho, finalmente uma infinidade de coisas que não justifica um policial.
Diário de noticias - quinta feira 28 de outubro de 1928.

Acredito que a opinião publica atraves da imprensa forçouos ofciais a coibirem a prática. O que nunca foi acatado.

Abraço