quarta-feira, 29 de julho de 2009

No Cariri cangaço tem...

CALDEIRÃO DA SANTA CRUZ DO DESERTO
 


Dentre todos os personagens desta encantadora história do nordeste; um em especial nos chama a atenção: Beato José Lourenço. Paraibano de nascimento e chegado ao Juazeiro do Padre Cícero ainda em 1890, Zé Lourenço viria a se tornar um dos mais destacados líderes religiosos do nordeste. A partir de orientações de Padre Cícero, Zé Lourenço conseguiu arrendar um lote de terra no sitio Baixa Dantas, no município do Crato, ali com ajuda dos inúmeros romeiros enviados pelo sacerdote, transformaria o lugar em um importante produtor e fornecedor de alimentos aos mais desvalidos que acorriam à Meca nordestina. 

Delmiro Gouveia presentearia Padre Cícero com um boi, chamado Mansinho, o sacerdote encaminhou o animal para o sítio Baixa Dantas, para os cuidados de José Lourenço e para melhorar o rebanho do lugar. A partir dali começaram a surgir boatos de que as pessoas estariam adorando o boi como a um Deus. Floro Bartolomeu ordenou a morte do referido animal e a prisão do beato José Lourenço, sob acusação de fanatismo. 

O beato ficaria preso por 18 dias, sendo solto por intercessão do próprio Padre Cícero. Em 1926 após a venda do Sítio Baixa Dantas o beato e seus seguidores partem para o Sítio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, também em Crato. Começava a se construir uma das mais destacadas e polêmicas experiências comunitárias da história do Brasil, assim como em Canudos de Antônio Conselheiro, ali o trabalho sob a liderança do beato Zé Lourenço e ainda de dois de seus mais fiéis seguidores: Isaías e Severino Tavares; acabou trazendo para o Caldeirão nos seus quase 500 hectares, cerca de mil e quinhentas pessoas.

Era o ano de 1934 e após a morte de Padre Cícero o suplício dos seguidores de Zé Lourenço iria chegar ao clímax. Já em 1935 o movimento da Intentona Comunista acabaria indiretamente contribuindo para que o poder central declarasse guerra ao Caldeirão. Depois de intensa campanha e luta, o Caldeirão viria a ser atacado pelas forças do governo, à frente estavam o tenente José Góis de Campos Barros e o Chefe de Polícia, Capitão Cordeiro Neto, era o ano de 1937.


No massacre perderiam a vida perto de mil pessoas, entre homens, mulheres, velhos e crianças, fala-se até de um polêmico e “desmentido bombardeio” por parte do Brigadeiro Macedo. O beato consegue se retirar para terras do Exu no vizinho Estado de Pernambuco e viria a morrer no dia 12 de fevereiro de 1946. Seu corpo é conduzido de volta a Juazeiro do Norte por seguidores a pé, ali seria sepultado no Cemitério do Socorro onde jaz o corpo de seu mentor, Padre Cícero Romão Batista.

O Caldeirão Hoje 

O grande desafio atual da Prefeitura Municipal de Crato é a revitalização do sitio histórico do Caldeirão o que está sendo iniciado em parceria com o Governo do Estado do Ceará. O projeto inicial era para construção do Parque Histórico do Caldeirão; de autoria do cineasta Rosemberg Cariry. A partir da reestruturação do projeto pelos técnicos da secretaria de cultura de Crato e o apoio do cineasta Wilton Dedê, está sendo restaurada a Capela, a construção de um Museu com Auditório e Biblioteca e Espaço par acolher o turista e o romeiro que visitam o lugar. 

O Cariri Cangaço promoverá durante o evento, visita técnica e Mesa de Conversa no Sítio Caldeirão do Deserto, cenário da obra e vida do Beato José Lourenço; tudo isso em setembro em Crato no cariri do Ceará.



 

I SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO
De 22 a 27 de Setembro de 2009
Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão
Velha.

Um comentário:

Unknown disse...

É com satisfação que encaminho o link para meu novo trabalho Beato José Lourenço.

Espero que goste.

Beato José Lourenço: http://www.4shared.com/document/yl6hhdNT/Beato_Jose_Lourenco.html


Um abraço,

--
Clóvis Ático