Os Baianos na Umbanda representam um povo alegre que adora desmascarar qualquer mal. Quem aparece em um terreiro com pensamento cético, durante uma gira de Baiano sairá de lá surpreso com o que irá escutar.
Eles são especialistas em afastar o mal da vida daqueles que os procuram, são espontâneos, alegres mas também diretos e sinceros quando necessários. Esses Guias da Umbanda trabalham um diálogo mais fácil de ser entendido por nós, pois comparados às demais entidades, desencarnaram a pouco tempo.
O Guia Baiano é o povo da Bahia?
Os Baianos simbolizam todo o povo nordestino que carregou dessa vida o espírito humilde e batalhador. Essa Linha surgiu para sustentar a sabedoria do povo sertanejo, e recebeu esse nome não por causa do Estado da Bahia, mas pelo motivo que foi a partir dali que o país ganhou sua atual identidade. Ou seja, ela é uma homenagem aos povos que contribuíram para a rica formação da nação, e que apesar do jeito simples carregam em suas veias a inteligência da miscigenação de brancos, índios e negros.
Essas entidades da Umbanda conhecem com mais afinidade as dificuldades de nosso tempo, pois também passaram por elas. Eles são na sua maioria migrantes, que carregaram na mala e no peito a esperança de uma vida melhor em outras terras do Brasil.
Esses Guias aceitaram a missão de ajudar os outros porque acreditam no melhor do ser humano, e sabem que as piores algemas são as que os outros lançam sobre seus irmãos. Eles enxergaram na Umbanda branca um meio de colocarem para fora todo o conhecimento que receberam em seu tempo de vida da cultura do seu povo, dizem que não puderam ser Santos na terra, mas ainda podem contribuir ao próximo através do seus olhares simples e honestos sobre todas as circunstâncias da vida.
Por terem lutado arduamente enquanto estiveram nesse plano, os Baianos adoram desfazer magias negras, e é muito difícil haver algo que eles não possam lidar.
Na linha dos boiadeiros, trabalham espíritos que serviam ao cangaço, principalmente do grupo de Virgulino Lampião. Eram homens valorosos, muitos cometeram atrocidades, mas n a espiritualidade resgataram suas dívidas e hoje estão protegendo e usando seu conhecimento no auxílio dos problemas nossos de cada dia.
Não são espíritos perfeitos, estão ao nosso lado para trabalharem no bem e na Justiça, e também para evoluir. Sabem trabalhar em equipe, são extremamente disciplinados, possuem uma Fé inigualável no Mestre Jesus, e trabalham com seriedade e dedicação sem igual.
Entre aqueles que aceitaram evoluir dentro da Linha de Umbanda, podemos nomear a seguir, de acordo com informações que obtivemos em nossos estudos: Lampião, Labareda, Severino, Sabino, Sereno, Canário, Catingueira, Corisco, Carcará, Zé do Sertão, Zé do Coco, Zé do Candeeiro, Zé da Lua, Zé Peste, Galo cego, Balão, Barreira, Jacinto, Juriti, João do Coqueiro, Vila Nova, Volta Seca, Sinhô Pereira, Simão do Bonfim, Raimundo, Mergulhão, Pilão deitado, Xumbinho, Maria das Graças, Maria das Candeias, Maria Conga, Maria Bonita e Maria do Balaio.
No livro “Umbanda – A Manifestação do Espírito para a Caridade” de autoria do Pai Juruá, o autor espiritual narra que Padre Cícero, no Astral, apadrinhou a Falange de Trabalhos Espirituais dos Exus e Pombas-Gira Cangaceiros de Oxalá, uma das Falanges especializadas na libertação dos Espíritos aprisionados no Vale das Sombras.
Conta ainda que “Padre Cícero tornou-se famoso por suas curas, principalmente, curas de obsessões.
Não temia ninguém. Para os parapsicólogos ele foi um grande paranormal. Em vida, Lampião, o Rei do Cangaço, o terror das caatingas, foi pelo Padre Cícero recebido, e era seu admirador fervoroso, devotando-lhe grande respeito. Sobreviver na presença de Lampião era respeitá-lo ao máximo, nunca negar nada e falar de Nossa Senhora Aparecida, Santa que era extremamente devoto.”
Embora seja atribuído aos cangaceiros muitas atrocidades, é inegável que alguns deles pagaram por seus erros nas leis da terra, e com certeza regeneraram-se e entenderam as Leis de Causa e efeito, passando então a integrar as hostes que fazem a proteção dos homens encarnados, orientando-os para que caiam nos mesmos erros, e ao mesmo tempo desfazendo demandas e protegendo aqueles que lhes são afins. As circunstâncias pelas quais foram levados a fazerem parte do cangaço, desapareceram após seu desencarne, podendo então prosseguir em direção ao desenvolvimento espiritual.
O Cangaço existiu desde o século XVIII, com os anos o cangaço foi se transformando também em resistência política e algumas vezes como contraventores. Se formos refletir, estes espíritos passaram, quando encarnados muitas privações físicas, pela rusticidade dos locais onde viviam. Não havia água, não podiam ter casas.
Desenvolveram um profundo conhecimento da natureza ao redor, conheciam a sabedoria das plantas medicinais, como obter e achar água, confeccionavam seus artefatos de couro, onde usavam símbolos que podem ser considerados cabalísticos como estrelas, sol, lua, os astros que conheciam tão bem de tanto fitar o céu nas noites em claro de vigília. Sabiam se localizar perfeitamente para organizar suas rotas de fuga, tinham destreza no trato com os animais tanto quanto sabiam manejar suas armas.
E nos relatos sobre eles frequentemente comentam da capacidade de premonição que lhes motivava a ação, que muitas vezes lhe salvava a vida. Todos os cangaceiros que tombaram em grupos, como no caso de Lampião e seu bando e o de Corisco, foi devido a existência de traidores que davam aos volantes perseguidores a sua direção. Além disso, tinham uma grande religiosidade e fé, além de ao seu modo, ter uma grande noção de moral, retidão e fidelidade a aqueles que comungavam com seu ideal.
Lampião levantava-se diariamente às 4:30h da manhã e rezava até às 5:00h, convidando todos de seu bando a fazer o mesmo.
Na linha trabalho de Cangaço na Umbanda, então, todas estas habilidades são ampliadas e aproveitadas e mesmo imantadas no médium, auxiliando desta forma a sua caminhada para enfrentar as intempéries da vida.
O Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, dizia que a Umbanda acolheria todo espírito que quisesse fazer algum bem à Humanidade. Estes espíritos são exímios nos trabalhos de desobsessão e descarrego, na proteção da casa, do trabalho, no equilíbrio, nos momentos de necessidade. São amparados pelos Orixas Omulu e Nanã.
Salve a Linha dos Boiadeiros! Salve a Linha de trabalho do Cangaço! Que as bênçãos do Senhor Jesus esteja com todos, iluminando seus caminhos, e que sempre possam nos ajudar em nosso resgate!
As características do Guia Baiano
Pertencente à Linha da Orixá Iansã, o Baiano da Umbanda também possui estereótipo de cangaceiro. Não são todos os terreiros que os incluem com essa imagem nesta Linha, mas a grande maioria assim o faz. Alguns locais apontam os cangaceiros como auxiliares dos Baianos, mas outros os veem como pertencentes à mesma Linha.
O Baiano carrega a força acolhedora, é um Ser de Luz que age na direita mas que conhece muito bem as necessidades de proteção que a esquerda possui. Seu axé é identificado com uma grande energia positiva, ele atende de forma muito amigável, adora contar “causos” mas está a todo momento atento a traços de vibrações negativas que procuram persuadir e rebaixar as pessoas.
Sua conversa é de linguajar simples e muito fácil de compreender. Com o sotaque nordestino carregado, ele instruirá com facilidade sobre os melhores caminhos a se tomar. Porém, pode também ser meio grosso quando julgar essa importância. Pois, há muitas pessoas que vão à gira querendo um passe mas na verdade também precisam de um puxão de orelha.
Costuma afastar energias ruins através de seus movimentos enérgicos e das famosas “benzidas” tão populares entre o povo nordestino, mas também é responsável por limpeza energética e curas diversas.
Sendo assim, ao participar de uma gira de Baianos, aprenda a escutar sinceros conselhos, libere seu coração para que eles possam expulsar da sua vida os sentimentos ruins jogados sobre você e principalmente: permita-se também contar seus “causos” para que eles possam orientá-lo da melhor maneira, pois com certeza entenderão como ninguém a sua necessidade e saberão acolher os seus problemas como se fossem deles próprios.
Os objetos mais comuns a utilizarem são: chapéu de couro, guia de coquinho e lenços de tecido.
Nomes de Baianos na Umbanda
O interessante sobre as falanges dos Baianos é que eles costumam se apresentar da mesma maneira de quando estavam encarnados, tendo assim uma maior liberdade de expressão nos terreiros. As mais comuns são: João do Coco, Zé Baiano, Zé do Coco, Manoel do Facão, Pedro da Bahia, Simão, Maria do Rosário, Baiana do Balaio e Maria Quitéria.
Quando apresentados também como cangaceiros temos: Maria Bonita, Lampião, Corisco, Severino e Zé da Peixeira, Zé da Faca.
Corisco |
Lampião |
Maria Bonita |
Lampião... |
E outra figura sugerida para Maria |
Saudação aos Baianos
“Salve o povo da Bahia, Salve o Senhor do Bonfim!” ou “É da Bahia!”.
Os Guias Baianos surgem para manter a proximidade da cultura de um país entre os homens, são diversos ensinamentos passados pelo tempo que carregam uma forte energia positiva que trazem autoconhecimento, paz, amor, saúde, proteção e prosperidade para a vida de todos que os buscam.
com informações de Alex de Oxóssi e Portal Iquilibrio
Um comentário:
Lampião ainda bem em terreiro de umbanda tipo existe medium que incorpora ele nos dias de hoje
Postar um comentário