sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Perguntar não ofende

Ainda vale a pena escrever sobre o cangaço? 

O pesquisador e escritor Rostand Medeiros (FOTO) co autor do recém lançando livro “Os cavaleiros dos céus, a saga do vôo de Ferrarin e Del Pretti” nos apresenta aqui sua opinião e uma dúvida que permeia entre muitos que desejam  escrever e investir alto em um trabalho sobre o referido tema. Só quero entender uma coisa,  mas antes de tudo vejamos esta nota saiu no Diário de Pernambuco, no dia 11 de Março 2009. Vejam que interessante;;;

Estética do cangaço em "livro de luxo"

Por um quarto de século, o historiador Frederico Pernambucano de Mello tem investigado o fenômeno do cangaço. O exaustivo trabalho pode ser encontrado em vários artigos acadêmicos e nos livros Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil (1985) e Quem foi Lampião (1993).

Desde 1997, no entanto, o pesquisador deixou de lado o aspecto estritamente jurídico-sociológico para se dedicar com esmero às implicações estéticas geradas por esse universo. Este pioneiro estudo em breve estará acessível ao público leitor através do livro de arte Estrelas de couro: a estética do cangaço, que será lançado sob o selo da editora Escrituras.

A parceria entre autor e editora será sacramentada com assinatura de contrato nesta quinta-feira, 19h, em evento aberto ao público no auditório do Museu do Estado de Pernambuco (Av. Rui Barbosa, 960 - Graças). Por telefone, o editor Raimundo Gadelha explica ao Diario de Pernambuco que a formalidade é consequência daimportância do projeto. "Esta será a mais importante obra sobre o tema", diz Gadelha, que adianta alguns detalhes técnicos: 5 mil cópias; sobrecapa e miolo com 240 páginas em papel couché; e capa dura com aplicações de verniz que imitam a textura do couro. Gadelha diz que o preço final depende das oscilações da economia. "A idéia é não ultrapassar os R$ 100, mas para isso precisamos de apoio de instituições que façam aquisição prévia de exemplares".

Na mesma ocasião, Frederico Pernambucano concederá a palestra Uma estética brasileira relevante: cangaço. Nela, o historiador defende a ideia de que os cangaceiros tinham preocupação estética ainda maior do que o homem urbano contemporâneo. "Certa vez, Lampião passou duas semanas costurando um bornal em uma máquina Singer. Ele mesmo desenhava no papel o modelo para as flores e estrelas", conta.

Uma vez pronto, o livro materializará uma pesquisa que procurou nos detalhes as pistas para decifrar o comportamento do que Frederico Pernambucano avalia como a última expressão do irredentismo brasileiro. "Trata-se do mito primordial de que aqui é possível viver sem lei nem rei, traduzido pragmaticamente pelos índios, depois pelos negros dos quilombos, e depois pelo cangaço, sendo este último não restrito a grupos étnicos".

O pesquisador, que se considera um "sociólogo atropelado pelo esteta", afirma que o portentoso volume poderá ser objeto de cabeceira para dramaturgos, estilistas, designers e demais profissionais da imagem. "A meia-lua e a estrela que formam o chapéu de couro até hoje é a marca que representa o Nordeste. E isso, gostemos ou não, quem nos deu foram os cangaceiros", afirma Mello.

As inúmeras e detalhadas referências, informações e reflexões de Mello certamente são um forte atrativo para qualquer interessado nesta rica e fascinante iconografia. No entanto, o carro-chefe da publicação serão as ilustrações, retiradas de múltiplas fontes, entre elas, de seu acervo particular, que acumula cerca de 160 itens entre roupas, armas, bornais (bolsas) e diferentes objetos que compunham a indumentária típica do cangaceiro. "O traje do cangaceiro não se confunde com o de qualquer grupo social da história brasileira. No meio internacional, é algo que só se compara com os cavaleiros medievais e os samurais japoneses", garante o autor.

Desde 1984, quando começou a se debruçar sobre o cangaço, o componente estético havia lhe chamado a atenção. "Me deparei com objetos com apelo estético requintado demais para pertencer a um grupo de bandidos. Então verifiquei que esse lado criminal, que era o único conhecido, precisava ser combinado com o lado estético, então oculto. Entendi então que o cangaço é muito mais profundo do que uma mera expressão da criminalidade", conta Mello, que agora sonha com seu próximo projeto: a criação do Museu do Cangaço do Nordeste. Bom encerrou ali mesmo,,,

Mas alguém sabe comentar se este livro foi lançado? Se não foi, ô parto difícil.

Bem, como é possível explicar que uma figura como esta, consagrada, com ligações, contatos, etc, já a algum tempo não consegue, ou por alguma outra razão, ainda não lançou, o seu livro sobre a questão da estética no cangaço. Sobre o poder de como as roupas dos cangaceiros influenciaram na formação da sua identidade de grupos errantes de bandoleiros. Segundo informações, este livro está pronto, mas nada de chegar as livrarias.

Será que o livro é grande e caro e até para FPM é complicado de lançar?
Será que as editoras perderam o interesse pelo assunto?
Será que o tema cangaço perde força?

Atenciosamente
Rostand Medeiros
Pesquisadore e escritor, Natal/RN

2 comentários:

Rosivaldo Toscano disse...

O tema do cangaço é empolgante e deve ser melhor estudado, pois os livros de história dão pouca ênfase a ele. Todavia, esse brilho, esse "frisson" parece com o sentimento dos jovens que assistem a filmes de bangue-bangue, de lutas marciais, ou policiais. Um sentimento primitivo, nervoso. Talvez o poder de atração do tema cangaço deva-se à manifestação de sentimentos de revolta arraigados no subconsciente do homem.
Talvez sirva como um estudo sociológico para as futuras gerações, uma vez que pode encontrar eco nas atuais gangues de rua, nos guetos e favelas. Uma trupe sem rumo, sem futuro, alheia ao Estado.
Quanto ao livro ser publicado, não vejo como uma alternativa viável. Melhor seria a publicação em um blog, com maior facilidade na divulgação devido ao preço reduzido, além de garantias maiores de acesso por qualquer pesquisador.

Sérgio Dantas disse...

Talvez esteja decadente pelo tipo de metodologia que foi ou é usada de forma majoritária na elaboração dos livros relativos ao tema.
Falta cientificidade.
Saudações
Sérgio, NATAL