A vida, o dia a dia, as aventuras, os personagens marcantes da história mais lembrada do Sertão alagoano
Por João de Souza Lima (Foto)
O Historiador João de Souza Lima fala tudo sobre do Cangaço, e como a força da mulher foi inserida no princípio, e por muito tempo de sua existência, o cangaço, pela brutalidade que o envolvia, era um mundo único e exclusivo dos homens, sobretudo homens destemidos. A mulher era figura descartada nesse meio. Quase todos os grandes cangaceiros que atuaram antes de Lampião tiveram mulheres e filhos, porém, as "esposas" não acompanhavam seus "maridos".
A mulher permanecia sempre em um lugar fixo e com a identidade resguardada, esperando que um dia pudesse ver, mesmo que só por alguns minutos, seus amores guerreiros.
Para alguns cangaceiros a entrada das mulheres nos bandos foi vista como a decadência e desgraça do cangaço; para outros, as mulheres vieram aplacar a fúria assassina e o desejo sexual disforme que tanto feriu e humilhou as famílias nordestinas. Com a chegada e a permanência feminina, os cangaceiros adquiriram mais respeito com as mulheres, diminuindo consideravelmente os terríveis estupros.
A mulher permanecia sempre em um lugar fixo e com a identidade resguardada, esperando que um dia pudesse ver, mesmo que só por alguns minutos, seus amores guerreiros.
Para alguns cangaceiros a entrada das mulheres nos bandos foi vista como a decadência e desgraça do cangaço; para outros, as mulheres vieram aplacar a fúria assassina e o desejo sexual disforme que tanto feriu e humilhou as famílias nordestinas. Com a chegada e a permanência feminina, os cangaceiros adquiriram mais respeito com as mulheres, diminuindo consideravelmente os terríveis estupros.
O cangaceiro Sebastião Pereira da Silva, o famoso Sinhô Pereira, único cangaceiro que chefiou Lampião, fez a seguinte declaração: "Eu fiquei muito admirado quando soube que Lampião havia consentindo que mulheres ingressassem no cangaço. Eu nunca permiti, nem permitiria. Afinal, o padre Cícero tinha profetizado: Lampião será invencível enquanto não houver mulher no seu bando".
Já o ex-cangaceiro Balão declarou em uma entrevista para o jornal Estado de São Paulo que, enquanto não apareceu mulher no cangaço o cangaceiro brigava até enjoar. Depois disso, os mesmos passaram a evitar os tiroteios e os bandos batiam logo em retirada para que fosse resguardada a integridade física das companheiras. As mulheres tinham a resistência e a valentia dos homens, mas, muitas vezes, atrapalhavam nas fugas e andanças por ficarem doentes ou grávidas.
Exposição em Paulo Afonso sobre Maria Bonita e a interferência feminina entre os cangaceiros.
Apesar de todos esses contratempos, a mulher conseguiu transpor as barreiras impeditivas que as afastavam do cangaço. A pessoa de Maria Gomes de Oliveira, primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros e por ser a companheira do chefe supremo do bando, coube-lhe a alcunha de "Rainha do Cangaço".
Apesar de todos esses contratempos, a mulher conseguiu transpor as barreiras impeditivas que as afastavam do cangaço. A pessoa de Maria Gomes de Oliveira, primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros e por ser a companheira do chefe supremo do bando, coube-lhe a alcunha de "Rainha do Cangaço".
Com a entrada de Maria Gomes, tantas outras Marias seguiram as estradas desconhecidas do cangaceirismo, tais como Mariquinha (de Ângelo Roque), Lídia (de Zé Baiano), Adília (de Canário), Catarina (de Nevoeiro), Nenê (de Luiz Pedro), Naninha (de Gavião), Durvinha (de Moreno), Sila (de Zé Sereno), Inacinha (de Gato), Aristéia (de Catingueira), Dulce (de Criança), Maria (de Juriti) e Maria (de Pancada).
Os fatores que levaram tantas mulheres a seguirem esse modo vivendis precisam urgente de uma nova análise histórica; uma nova busca nas fontes e informações das pessoas que viveram aquele conturbado período; um tempo de luta e tristeza, tudo acontecido nos carrascais do nosso Sertão nordestino.
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Rua Canadá, 194 - Caminho dos lagos
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