Historiador Frederico Pernambuco de Mello assina contrato para lançar obra pioneira pela editora Escrituras.
Por um quarto de século, o historiador Frederico Pernambucano de Mello tem investigado o fenômeno do cangaço. O exaustivo trabalho pode ser encontrado em vários artigos acadêmicos e nos livros Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil (1985) e Quem foi Lampião (1993).
Mello possui acervo com mais de 160 peças de uso pessoal dos cangaceiros, como óculos, algemas e luvas de couro. Desde 1997, no entanto, o pesquisador deixou de lado o aspecto estritamente jurídico-sociológico para se dedicar com esmero às implicações estéticas geradas por esse universo. Este pioneiro estudo em breve estará acessível ao público leitor através do livro de arte "Estrelas de couro: A estética do Cangaço", que será lançado sob o selo da editora Escrituras.
Mello possui acervo com mais de 160 peças de uso pessoal dos cangaceiros, como óculos, algemas e luvas de couro. Desde 1997, no entanto, o pesquisador deixou de lado o aspecto estritamente jurídico-sociológico para se dedicar com esmero às implicações estéticas geradas por esse universo. Este pioneiro estudo em breve estará acessível ao público leitor através do livro de arte "Estrelas de couro: A estética do Cangaço", que será lançado sob o selo da editora Escrituras.
A parceria entre autor e editora foi sacramentada com assinatura de contrato ontem quinta-feira, 12, em evento aberto ao público no auditório do Museu do Estado de Pernambuco. Por telefone, o editor Raimundo Gadelha explicou ao Diario de Pernambuco que a formalidade é consequência da importância do projeto. "Esta será a mais importante obra sobre o tema", disse Gadelha, que adiantou alguns detalhes técnicos: 5 mil cópias; sobrecapa e miolo com 240 páginas em papel couché; e capa dura com aplicações de verniz que imitam a textura do couro. Gadelha diz que o preço final depende das oscilações da economia.
"A ideia é não ultrapassar os R$ 100, mas para isso precisamos de apoio de instituições que façam aquisição prévia de exemplares". Na mesma ocasião, Frederico Pernambucano concedeu a palestra Uma estética brasileira relevante: cangaço. Nela, o historiador defende a ideia de que os cangaceiros tinham preocupação estética ainda maior do que o homem urbano contemporâneo.
"A ideia é não ultrapassar os R$ 100, mas para isso precisamos de apoio de instituições que façam aquisição prévia de exemplares". Na mesma ocasião, Frederico Pernambucano concedeu a palestra Uma estética brasileira relevante: cangaço. Nela, o historiador defende a ideia de que os cangaceiros tinham preocupação estética ainda maior do que o homem urbano contemporâneo.
"Certa vez, Lampião passou duas semanas costurando um bornal em uma máquina Singer. Ele mesmo desenhava no papel o modelo para as flores e estrelas", contou.
Uma vez pronto, o livro materializará uma pesquisa que procurou nos detalhes as pistas para decifrar o comportamento do que Frederico Pernambucano avalia como a última expressão do irredentismo brasileiro.
O pesquisador, que se considera um "sociólogo atropelado pelo esteta", afirma que o portentoso volume poderá ser objeto de cabeceira para dramaturgos, estilistas, designers e demais profissionais da imagem. "A meia-lua e a estrela que formam o chapéu de couro até hoje é a marca que representa o Nordeste. E isso, gostemos ou não, quem nos deu foram os cangaceiros", afirma Mello. As inúmeras e detalhadas referências, informações e reflexões de Mello certamente são um forte atrativo para qualquer interessado nesta rica e fascinante iconografia."Trata-se do mito primordial de que aqui é possível viver sem lei nem rei, traduzido pragmaticamente pelos índios, depois pelos negros dos quilombos, e depois pelo cangaço, sendo este último não restrito a grupos étnicos".
No entanto, o carro-chefe da publicação serão as ilustrações, retiradas de múltiplas fontes, entre elas, de seu acervo particular, que acumula cerca de 160 itens entre roupas, armas, bornais (bolsas) e diferentes objetos que compunham a indumentária típica do cangaceiro. "O traje do cangaceiro não se confunde com o de qualquer grupo social da história brasileira. No meio internacional, é algo que só se compara com os cavaleiros medievais e os samurais japoneses", garante o autor.
Desde 1984, quando começou a se debruçar sobre o cangaço, o componente estético havia lhe chamado a atenção. "Me deparei com objetos com apelo estético requintado demais para pertencer a um grupo de bandidos. Então verifiquei que esse lado criminal, que era o único conhecido, precisava ser combinado com o lado estético, então oculto. Entendi então que o cangaço é muito mais profundo do que uma mera expressão da criminalidade", conta Mello, que agora sonha com seu próximo projeto: Acriação do Museu do Cangaço do Nordeste.
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