quinta-feira, 2 de março de 2017

São José do Belmonte, PE

O trágico fim do Coronel Gonzaga e a hecatombe de outubro de 1922 

Por Valdir José Nogueira de Moura

Gonzaga nem era Pereira, nem era Carvalho e na cidade onde a política era polarizada entre as duas tradicionais e rivais famílias do Pajeú, isto significava ser forasteiro. As principais lideranças locais não viam com bons olhos a sua rápida ascensão política, social e econômica que, até certo ponto, deixava-as em escanteio.

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São José de Belmonte na atualidade – Foto – Luiz Dutra.

Com sua rápida ascensão política e social, prestigiado pela família Pessoa de Queiroz, que era sua amiga e deseja fazê-lo prefeito de Belmonte, vaidoso que era Gonzaga queria a todo custo arranjar mais proteção ainda e, comprometido com o governo, começou a ajudar a polícia na perseguição a Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) e Luiz Padre. Sabendo disto, Sinhô Pereira não gostou e mandou dizer-lhe que podia até aceitar perseguição da polícia, pois este era o seu papel, mas de particular não aceitaria perseguição sob nenhuma hipótese e o deixasse viver em paz, se quisesse viver.

Foi um ultimato enérgico, todavia Gonzaga, cioso de seu poderio emergente, não se intimidou com as ameaças de Sinhô Pereira, e sempre que podia, dava ajuda financeira às volantes policiais que perseguiam os cangaceiros. Por isto, Belmonte passou a ser visitada por volantes policiais até de outros Estados.

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Luiz Gonzaga Lopes Gomes Ferraz 
– Fonte-Blog Lampião Aceso

Estava Gonzaga um dia ausente de casa quando chegou um mensageiro, vinha da parte de um grupo de cangaceiros e trazia uma relação de pedidos a serem atendidos; sua esposa indignada negou-se a atender as exageradas solicitações, com um comentário final que o irritou: “Que fossem trabalhar como seu marido sempre o fizera”.

Em maio de 1922, Sinhô Pereira e seu grupo, nas suas correrias e incursões, interceptou um comboio do coronel Gonzaga nas cercanias de Rio Branco (atual Arcoverde), sendo uma grande parte da mercador ia arrebatada e fartamente distribuída entre os componentes do bando, e a outra parte queimada. Essa atitude de Sebastião Pereira teve de ser alterada com a intervenção de Crispim Pereira de Araújo, mais conhecido como Iôiô Maroto, primo de Sinhô Pereira, e duplamente compadre de Gonzaga, que foi requerido para isto pelos parentes e amigos, e o conseguiu mediante a promessa de alguns contos de réis.

Sebastião Pereira cumpriu o seu trato e exigiu mais tarde a contraprestação de outros. Ioiô Maroto foi obrigado a procurar pelo recebimento da quantia, mas encontrou Gonzaga pouco disposto a satisfazê-lo. Era que Gonzaga estipendiária agora gente armada. A situação se apresentava mais em condições de garantia.

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Ioiô Maroto junto com filhos e netos no Ceará, década de 1940 –  
Fonte – Valdenor Neves Feitosa.

Algum tempo depois, dava-se pelo município de Belmonte a passagem de um tenente da Polícia do Ceará, de nome Peregrino Montenegro, conhecido por sua violência e pela indisciplina de seus comandados. Essa força volante, encarregada de perseguir o banditismo, visitou, no dia seguinte a sua passagem e estada e estada na cidade, a propriedade Cristóvão, pertencente a Ioiô Maroto, e ali cometeu toda sorte de abusos, arbitrariedades e desmandos, surrando moradores, ameaçando de morte o próprio Ioiô Maroto, a quem injuriaram e sujeitaram a humilhações, desrespeitando a família deste. Basta dizer que toda sorte de ultrajes e maus tratos foram realizados pela soldadesca.

Ao se retirar daquela fazenda, o tenente Montenegro mostrou uma carta a Ioiô Maroto, dizendo que agradecesse o que sofrera ao seu amigo e compadre Luiz Gonzaga, que fora quem lhe incumbira daquele serviço. Neste ato insensato de Peregrino Montenegro, estava o estopim da terrível chacina futura que tanto abalou Belmonte.
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Antiga Rua do Comércio. No primeiro plano a famosa loja “A Rosa do Monte” do Coronel Gonzaga – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura.

Convencido, assim, Ioiô Maroto da responsabilidade do seu grande amigo e compadre Gonzaga nos ultrajes que sofrera, resolveu vingar-se. Ninguém podia mais dissuadi-lo dessas idéias e ele começou abertamente a declarar os seus propósitos de desagravo, que chegaram diretos a Gonzaga, com recados intimativos de que não moraria mais no Município de Belmonte. Que um dos dois havia de mudar-se.

Ciente da atitude de Ioiô maroto, apesar de todas as suas afirmativas públicas e particulares de não ter tido a menor interferência nos atos de vandalismo praticados pela força do tenente Montenegro, o coronel Gonzaga, temendo a realização das ameaças e vinditas de Ioiô Maroto, procurou acabar com seus grandes negócios em Belmonte. Tendo se retirado para a Bahia e Sergipe, buscava escolher local para se estabelecer, mas avisado pelas garantias do Governo de Pernambuco e aconselhado pelos amigos da Capital, também ligados ao governo estadual, voltou ao município de Belmonte, e continuou a frente dos seus negócios que o retinham sempre, tendo agora além da força pública, um pessoal em armas.

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Foto meramente ilustrativa para apresentar como se vestiam e se armavam os sertanejos da região de Belmonte, e de todo Nordeste de maneira geral, na época das lutas contra o cangaço – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura

A volta do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz para o município de Belmonte, cercado de todas essas garantias, enraiveceu ainda mais Ioiô Maroto, que publicamente declarava mais uma vez que os dois não poderiam viver no Município, diante da afronta que ele, Maroto, sofrera e que sua vingança estava sendo preparada.

Ora, certo dia Gonzaga é procurado por um irmão do próprio Ioiô, conhecido como Antônio Maroto, com quem entrou em negócios de algodão. Diante disto, o coronel Gonzaga se convenceu de que tudo estava terminado, dispensando o seu pessoal e recolhendo na sua casa as armas e as munições que estavam em poder do mesmo pessoal.

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Na foto vemos de pá, na extrema esquerda da foto, José Alencar de Carvalho Pires e sua tropa de policiais Fonte – Valdir José Nogueira de Moura

A visita de Antônio Maroto à casa de Gonzaga indignou os habitantes das cidades, que achavam que o mesmo não deveria dar crédito nenhum de confiança ao pessoal de Ioiô Maroto. Preocupado também com este fato, José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), na época 2º sargento comandante do destacamento de Belmonte, casado com uma sobrinha de Gonzaga, pediu que o mesmo não se confiasse e que retornasse o seu pessoal em armas para garanti-lo.

Era sabido por todos que a fazenda Cristóvão regurgitava de cangaceiros e que Ioiô havia declarado abertamente: “Se eu morrer sem desforra, minha alma voltará a Belmonte para fazer o que eu não fiz”. Respondeu Gonzaga a Sinhozinho: “Vá cuidar de sua saúde e não tenha receio dos cangaceiros que estão em casa do compadre Ioiô, que eles não virão a Belmonte”. Retrucou então o sargento: “Não há tempo, Coronel, para poder confiar-me em cangaceiros. Enquanto o senhor desarma seus homens eu armo os meus soldados até os dentes.”

É de imaginar a boataria que tomou conta de Belmonte na época. Ioiô Maroto, na sombra, começou a por em prática o seu plano de vingança. Em suas maquinações e ideias sinistras, começou a aliciar parentes e moradores seus, cangaceiros, formando um numeroso bando capitaneado por ele próprio, a gente de Tiburtino Inácio, bem conhecido também nos fatos do banditismo e a malta do célebre bandoleiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e resolveu atacar Belmonte e assassinar o seu compadre Luiz Gonzaga.

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Foto meramente ilustrativa para apresentar como se vestiam e se armavam os sertanejos da região de Belmonte, e de todo Nordeste de maneira geral, na época das lutas contra o cangaçoFonte – Valdir José Nogueira de Moura

Familiarizado por longos anos de convivência com os mais terríveis bandoleiros de então, primo e amigo do célebre cangaceiro Sinhô Pereira, que assentava principalmente seus arraiais no Município de Belmonte, Ioiô Maroto reuniu com facilidade a gente necessária e preparou com uma tática seguríssima o fato criminoso que levou a efeito.

Ele sabia dos fracos recursos do destacamento de polícia comandado pelo sargento Alencar. Oito ou nove praças tão somente. Quase todas as testemunhas ouvidas durante o inquérito procedido pela justiça, falam que logo tomaram conhecimento do inesperado ataque do grupo de Ioiô Maroto, os soldados entraram em ação. Sabia que o coronel Gonzaga dispensara ultimamente alguns defensores que trazia em armas para sua guarda; sabia assim que em casa daquele só se encontrava este, sua mulher e filhos menores.

Assim concebido e resolvido o seu plano de vingança, que se aproveitava da realização do casamento de um filho do fazendeiro Franco Lopes de Carvalho, de nome Jacinto Gomes de Carvalho com Gertrudes Maria de Carvalho (filha do coronel Moraes), que na manhã de 20 de outubro de 1922 deveria ter lugar na fazenda Santa Cruz, distante da cidade umas duas léguas, e que para este casamento haviam sido convidadas as pessoas gradas da cidade, entre as quais o sargento Alencar de Carvalho, que ao mesmo casamento deveria comparecer, ficando assim o destacamento sem o seu chefe e comandante.

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Um típico casamento em São José de Belmonte na década de 1920 – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura

A festa de outubro, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, e realizada anualmente na cidade de Belmonte, era das mais concorridas. Como ordenava a tradição, as comemorações se iniciavam com a tradicional alvorada, os sinos repicavam, fogos explodiam no ar, banda de música e pífanos alegravam as ruas…Aquela animada noite de 19 de outubro de 1922 teve como patrono o coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Este senhor ao deixar a Matriz de São José juntamente com o padre José Kherlle, seguiu para a Casa Paroquial. Lá o reverendo então o interpelou sobre a sua situação com Ioiô Maroto.

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Padre José Kherlle

Respondeu o mesmo que a malquerença entre ambos havia terminado, pois um irmão de Ioiô entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviço de Maroto, e que também havia dispensado o seu pessoal que, por prevenção, trazia armado.

Recusando, então, o convite do padre para pernoitar na Casa Paroquial em virtude da chuva, às onze horas o coronel Gonzaga deixava aquela casa e retornava ao seu lar. Lá chegando, deu de cara com o seu vaqueiro Manoel Pilé, que espantado relatou que ficara sabendo que Ioiô Maroto estava juntando um considerável número de gente em armas na sua fazenda Cristóvão. Não dando crédito às desconfianças de seu vaqueiro, Gonzaga tranquilizou-o dizendo que não havia mais questão entre ele e seu compadre Ioiô.

O certo é que pelas nove horas dessa mesma noite, Ioiô Maroto havia saído de sua fazenda com os seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde realizaria a empreitada na forma pretendida.

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Aspecto de São José de Belmonte no século XX. Em destaque a igreja matriz – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura

De 4 para 5 horas da madrugada, do dia 20 de outubro de 1922, a cidade de Belmonte era despertada ao ruído de tiros que se disparavam de mais de um ponto da rua e das suas imediações. O tiroteio ia crescendo de intensidade e duração, dando a entender, dentro em pouco, tratar-se não de bombas que vinham sendo frequentes, por motivos dos festejos religiosos do Coração de Jesus, mas de detonações de armas de fogo num verdadeiro assalto.

Naqueles tempos de cangaceirismo, em que ninguém tinha a propriedade e a vida seguras, as povoações, as cidades, não se eximiam desses terrores e era um ataque em regra que se fazia a Belmonte.

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Casa do coronel Gonzaga em Belmonte. Palco da luta – Fonte Alex Gomes.

Numeroso grupo invadira por um dos lados, o do norte, o quadro da cidade e sustentava dali nutrido fogo, dominando inteiramente à frente da casa do coronel Gonzaga. Uma parte desse grupo, 12 ou 15 homens, atacava, por sua vez, pelos fundos a casa do referido negociante. Para penetrar na dita casa, dois bandidos, Varêda e José Dedé – este conhecido por Baliza – escalaram o muro e, uma vez dentro, sustentaram fogo para que o restante dos atacantes arrombasse o portão de entrada para o quintal da residência do dito coronel.

Nesse ínterim, João Gomes, parente e vizinho de Gonzaga, ouvindo o barulho que fazia os assaltantes junto ao referido portão, saiu para o quintal, que era comum às duas casas dele e Gonzaga, e conseguiu ainda dar uns tiros, indo se refugiar depois em sua casa, pois nesse momento, ultrapassando todos os obstáculos, o grupo particularmente incumbido de dar a morte ao infeliz negociante, penetrava em sua residência, colhendo-o então inerme e indefeso.

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Interior da casa de Gonzaga na atualidade. Boa preservação – Fonte – Luiz Dutra.

Senhores da casa, cujas portas abriam a machadadas, foi esta invadida, e o coronel Gonzaga, desorientado, correu para se refugiar no sótão. Todavia, uma tábua do assoalho cedeu e ele caiu na sala de visitas, quebrando os dois braços. Porém, fugindo da fúria de seus perseguidores, tentou galgar uma janela de um quarto junto a sala de visitas, dá para o oitão da casa, mas é abatido sobre o peitoril, sendo varado pelas balas assassinas.

A casa, o quintal, tudo estava ocupado e os bandidos fizeram mão baixa no que puderam levar, quebrando, arrebentando móveis, baús, na embriagues do saque e da pilhagem.

A família de Gonzaga, sua mulher e filhos, assim como o jovem José Demétrio, que na época, era encarregado da estação telegráfica de Belmonte e também noivo de Bida, filha de Gonzaga, nada sofreram fisicamente. Um dos bandidos, o de nome Cajueiro, recebeu de seu chefe, Ioiô Maroto, a incumbência de poupá-los, e assim foram segregados num quarto que dá para a sala de jantar.
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José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), na época do ataque dos cangaceiros era 2º sargento e comandante do destacamento de Belmonte. Não conseguiu impedir a morte do coronel Gonzaga – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura

Ante o tiroteio realizado pelo grupo chefiado por Ioiô Maroto, o sargento Alencar, que não fora ao casamento do filho do fazendeiro Franco Lopes de Carvalho, na Santa Cruz, reagiu, com o seu destacamento e alguns paisanos, contra os atacantes.

Desde as 4 horas da manhã daquele dia, o mesmo acordara alarmado por forte tiroteio. Pernoitara em casa de João Lopes, seu sogro, pois ali se encontrava doente uma filha. Levantou-se aos primeiros tiros e seguiu para a sua casa, situada na mesma rua.

Ali chegando, armou-se. Abrindo o depósito de munição, verificou que existiam cerca de 4.000 mil balas, e carregando o seu fuzil correu a cidade. Observou que toda a Rua do Açougue estava tomada pelos cangaceiros, e das casas do velho Quintino Guimarães e seu genro, Pedro Vítor, especialmente do Açougue, partia forte fuzilaria. Deitando-se, então, atrás de uma antiga cajazeira que havia no meio da rua que, por sinal, servia de casa-de-feira, detonou cerca de 50 tiros, visando especialmente às casas de Quintino Guimarães e Pedro Vítor.

Todavia, não chegando, portanto, nenhum soldado para auxiliá-lo, o destemido Sinhozinho Alencar foi procurá-los no quartel e em suas próprias residências, somente encontrando dois, Severino Eleutério da Silva e José Francisco da Silva. Com essas praças resistiu até às 5 horas e meia, quando se apresentaram mais três soldados: Manoel Rodrigues de Carvalho, José Antônio de Oliveira e Luiz Mariano da Cruz; o primeiro, do destacamento local, e os dois últimos, do de Vila Bela, os quais haviam chegado no dia anterior com licença daquele destacamento.

Às 6 horas apareceu o soldado José Miguel dos Anjos. Contando, no entanto seis praças, o imbatível comandante fez a seguinte distribuição: Luiz Mariano da Cruz, na esquina da casa de Neco Medeiros; José Miguel dos Anjos, em casa de seu sogro, João Lopes Gomes Ferraz, e os demais lutando com ele, ora no meio da rua, ora entrincheirados em sua casa ou no portão do muro da mesma, fazendo cessar forte fuzilaria que partia do cemitério, onde se entrincheirara grande número de bandidos.

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Bando de Lampião em 1922 – Fonte – Rostand Medeiros

Às 8 da manhã, mais ou menos, o sargento Alencar, temendo o fracasso por falta de munição, pois dos quatro cunhetes existentes, apenas um restava, e os soldados Severino Eleutério e José Francisco da Silva estavam já com armas curtas, pois seus fuzis haviam deflagrado pela culatra, consequência da intensidade do fogo, retirou-se então com os soldados José Antonio de Oliveira e Manoel Rodrigues de Carvalho. O dito sargento deixou os demais resistindo, e com dois companheiros assaltou o cemitério, pondo em debandada o grupo que ali estacionara. depois, pela retaguarda, atacou o Açougue Público e suas adjacências, causando verdadeiro pânico no meio dos bandidos que julgaram estar sendo atacados por grande número de soldados, e colocou em fuga os bandidos a quem seguira em perseguição até um quilômetro fora da cidade.

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Outra imagem do interior da casa de Gonzaga – Fonte – Alex Gomes.

Ao retornar pelo beco do Açougue, gritou ao coronel Gonzaga que estava tudo salvo, pois que os bandidos haviam fugido. Porém, nesse momento, para surpresa sua, ouviu de Quintino Guimarães que, nessa ocasião, apareceu à porta de sua residência, as seguintes palavras: “Gonzaga está morto desde muito cedo, os cangaceiros entraram em sua casa antes de haver tiros; os primeiros foram dados nele”. Angustiado com tal notícia, Sinhozinho Alencar entrou sozinho na casa do coronel Gonzaga, encontrando-o morto, banhado em sangue, em um quarto próximo à sala de visitas, e a sua família presa em outro quarto.

Da reação oposta pela polícia, ajudada por alguns civis, tiveram os atacantes alguns mortos. Foi essa reação que, certamente, conseguiu impedir que as consequências do assalto se estendessem para o estabelecimento comercial de Gonzaga, a Rosa do Monte, que ficava no mesmo correr de sua residência, porém com certa distância, pois havia de permeio outros prédios. A não ser pela frente e por uma porta do único oitão que deitava para um beco, o estabelecimento comercial se acabava, por sua vez, no campo de mira de alguns defensores do coronel Gonzaga, como o civil Manoel Gomes de Sá Ferraz, junto aos seus filhos João e Antônio, que devotados a ele, atiravam em posição fronteira.

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Soldado Heleno Tavares de Freitas – FonteValdir José Nogueira de Moura

Além do coronel Gonzaga, cujo assassínio era o fito principal do ataque, a ação dos criminosos vitimou ainda o soldado Heleno Tavares de Freitas, que caiu em poder dos bandidos quando acudia o chamado para a defesa; o velho Joaquim Gomes de Lira; e João Gomes de Sá, que foi saqueado, roubado e ferido. Da parte dos atacantes, morreram o famoso Baliza e Antonio da Cachoeira (este, após o tiroteio, faleceu de parada cardíaca), e entre os inúmeros feridos estavam Zé Bizarria, Cícero Costa e o próprio Ioiô Maroto, que ficara aquartelado na casa do velho Quintino Guimarães.

Entre as joias roubadas durante o saque, estava um anel de brilhante pertencente e usado pelo coronel Luiz Gonzaga, que dizem ter sido visto depois em um dos dedos do bandoleiro Lampião. Daí aquela famosa quadra de larga divulgação no sertão:

“A aliança de Gonzaga
Custou um conto de réis

Lampião botou no dedo
Sem custar nenhum derréis.”


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Família do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz , morto por Lampião em 1922 – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura

Em 1928, foi aberto inquérito para apurar os acontecimentos que tiveram lugar em 20 de outubro de 1922, no Município de Belmonte. Em 7 de outubro de 1929 era publicada no Diário Oficial do Estado de Pernambuco a sentença de pronúncia proferida nos autos do Processo criminal daquele trágico acontecimento que resultou entre outros, na morte do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, diante da denúncia do Promotor Público de Olinda, em comissão no Município de Belmonte: Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto), Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), José Terto (Cajueiro), Antonio Cornélio, José Bizarria, José Teotôneo da Silva (José Preto), João Porfírio, Feliciano de Barros, Antônio Padre(irmão de Luiz Padre), Pedro José Clemente(Pedro Caboclo), Francisco José (Varêda), Tiburtino Inácio (filho do Major José Inácio do Barro-CE), Antônio Moxotó, José Dedé (Baliza). Meia Noite, José Ovídio, Papagaio, José de Tal (Caneco), Miguel Cosmo, Raimundo Soares do “Barro”, Antonio Ferreira da Silva, Livino Ferreira da Silva, José de Tal (Caboré), Cícero Costa, Terto Barbosa, José Benedito, Manoel Barbosa, Olímpio Benedito (Olimpio Severino Rodrigues do Nascimento), Francisco Barbosa, Dé Araújo, José Flor (Manjarra), Antonio Caboclo (Pente Fino), Laurindo Soares (Fiapo), Manoel Benedito, Antonio pereira da Silva (Tonho da Cachoeira), João Cesário (Coqueiro), Sebastião de Tal (Sebasto), Manoel Saturnino, Beija Flor, Pilão, Lino José da Rocha. Quanto aos outros indivíduos que tomaram parte do ataque, ignora-se ao certo o nome ou sinais característicos de cada um.

VEJA NO TOK DE HISTÓRIAhttps://tokdehistoria.com.br/2011/06/05/o-ataque-de-lampiao-a-belmonte/a-provincia-pe1-03-1923pag-2-ataque-de-lampiao-a-belmonte

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Carta da viúva do coronel Gonzaga, contando sua dor e as ocorrências que envolveram seu finado esposa e publicada no jornal recifense A Província, de 1 março de 1923, pag.2 – Fonte – Coleção Rostand Medeiros

Publicado originalmente no Blog Tok de História

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O cangaço em imagens

Fotografias post mortem

O cangaceiro Cirylo de Engrácia, morto.


Um dos hábitos mais macabros atualmente que acompanha o ser humano é o de guardar em seu celular fotos de pessoas mortas. Mas, este hábito não é tão jovem assim. Acompanhem este segundo episódio que tirará sua dúvida sobre o ato de fotografar pessoas mortas.

No programa Verdade ou mentira? #2 o professor e pesquisador Robério Santos, entre outros períodos trata dos registros fotográficos na história do Cangaço Lampiônico.

Assista este e outros programas do confrade Robério a partir do vídeo abaixo


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Reedição na praça

Cicinato relançou "A Misteriosa Vida de Lampião"
 

Já está disponível a nova edição revista e ampliada do livro "A Misteriosa Vida de Lampião" de Cicinato Ferreira Neto. agora em capa dura e papel pólen.

Virgulino Ferreira, o Lampião, teve uma vida – e uma morte – cheias de mistérios.
 Por que entrou no cangaço ? Como conseguiu resistir a mais de vinte anos de perseguições policiais ? Como estabelecia a sua rede de colaboradores ? Como a polícia conseguiu chegar ao seu esconderijo? 

São indagações que tornam cada vez mais apaixonante tudo o que se refere à Lampião e ao mundo dos cangaceiros. No livro “A Misteriosa Vida de Lampião”, a trajetória do rei dos cangaceiros é acompanhada com detalhes, ano a ano, desde a sua entrada no cangaço até o massacre de Angico.

Episódios são apresentados em versões diferentes, informando e estimulando o leitor à análise do que realmente pode ter ocorrido.

352 páginas. Valor R$ 40 (Quarenta reais) com frete incluso Para adquirir, basta entrar em contato com o autor através do e-mail cicinatoneto@zipmail.com.br ou através do Perfil do autor no Facebook

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Novo Livro na Praça

"O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. Você já pode adquiri este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br / fplima1956@gmail.com

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Uma noite no cenário do fim

Impressões sobre a Visita Técnica à Grota do Angico
 

Por Camilo Lemos.

À pedido do pesquisador e conselheiro do Cariri Cangaço Jorge Remígio, vou tentar descrever as minhas impressões sobre a VISITA TÉCNICA À GROTA DO ANGICO, município de Poço Redondo-SE, realizada na madrugada do dia 27 para o dia 28 de julho de 2016. E assim poder ajudar de alguma forma nas discussões em torno do que aconteceu na madrugada do dia 28 de Julho de 1938. Mesmo sabendo que qualquer conclusão será relativa, será aproximada do que de fato ocorreu. São apenas as minhas impressões.

Por ocasião do CARIRI CANGAÇO realizado durante a semana do cangaço em PIRANHAS-AL, entre os dias 28 e 30 de Julho de 2016. Cheguei à véspera em Piranhas, pois pretendia assistir a Missa em homenagem aos mortos na Grota do Angico-SE na manhã do dia 28. À Convite de Petrúcio Rodrigues e Celsinho Rodrigues (idealizador da experiência), fui incorporado ao grupo de pesquisadores que contava com: Ivanildo Silveira, (pesquisador, Conselheiro do Cariri Cangaço e membro da SBEC), Lourival Telles (pesquisador de grande experiência), eu (Camilo Lemos) cuja única certeza é de ser Vascaíno (pesquisador), os já citados conhecedores da região desde o berço, Celsinho Rodrigues (pesquisador, conselheiro do Cariri Cangaço e bisneto de Chiquinho Rodrigues), Petrúcio Rodrigues (pesquisador, gente muito boa e sobrinho de Chiquinho Rodrigues).

 Da esquerda para a direita: João de S. Lima, Petrúcio Rodrigues, 
Celsinho Rodrigues, Ivanildo Silveira, Louro Teles e Camilo Lemos.

Embarcamos no Catamarã SERTÃO, comandado por Hugo Araújo Gonçalves, experiente navegador do São Francisco.

 Catamarã Sertão do comandante Hugo Araújo Gonçalves.

23h00min Começa a experiência de repetir o mesmo trajeto feito pela volante comandada pelo TEN. João Bezerra, 78 anos antes. No percurso foram desligadas as luzes da embarcação para verificar a visibilidade,

23h45min Na altura da fazenda Remanso, as luzes e o motor do SERTÃO foram desligados. Na noite fria, na imensidão do São Francisco, as estrelas apareceram dando uma visão deslumbrante e inesquecível da paisagem, deu uma ideia do que João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense quiseram dizer na sua “LUAR DO SERTÃO”. Ouvimos perfeitamente o som dos animais vindo das margens. Na água e entre os paredões ouve-se perfeitamente. Na escuridão é possível ver as duas margens do rio. Segue o barco.


 Rompendo a escuridão nas águas do São Francisco 
e desembarque na margem sergipana.

00h00min Atracamos

00h15min Desembarcamos

Experiência de disparo de arma de fogo curta, calibre 38, efetuado por LOURO TELLES na entrada da trilha, ainda na margem do rio. Fiquei a uma distância de aprox. 10 metros do disparo. Depois do estampido seco e metálico característico de um revolver e, dentro de um intervalo entre um a dois segundos, o eco produzido nos paredões se aproxima ao som de um trovão, sentimos a onda sonora retornando como um longo “ronco”, “mais parecia uma rajada”, como descreveu João de Sousa Lima.

 Entrada da trilha utilizada pela Força Volante 
comandada por João Bezerra 78 anos antes.

Às 00h25min Entramos na trilha, a mesma utilizada pelo Ten. João Bezerra, Aspirante Ferreira de Melo, SGT. Aniceto e mais 45 policiais volantes, orientados pelo coiteiro Pedro de Cândida e seu irmão Durval Rosa 78 anos antes. Em fila, intercalada pelas lanternas, entramos em terras sergipanas. Essa trilha tem aprox. 800m. A Visibilidade é muito baixa. Desligamos as lanternas e esperamos a visão se adaptar ao escuro. Repetimos este procedimento em diversos pontos. Em todas às vezes a visibilidade era quase nula.

A Trilha hora estreita, hora íngreme e em certos trechos com terreno  acidentado de pedras soltas, torna a caminhada difícil. Mesmo com a s lanternas acesas, o caminho é difícil.  No trajeto imaginava como teria sido à 78 anos. 48 homens com armamento, munição, sob uma forte tensão, o corpo em alerta, olhos e ouvidos no silêncio e na escuridão, um caminho tortuoso e apenas uma certeza (?). Iriam encontrar um forte grupo armado cujo líder era “nada mais nada menos” que LAMPIÃO. Meu corpo começou a reagir, veio o instinto de sobrevivência aguçando todos os meus sentidos: o ouvido treinado de músico não procurava mais acordes, mas qualquer ruído; meus olhos procuravam o caminho, meus pés, a melhor pedra.  Embora já acostumado a trilhas noturnas, essa tinha um sabor especial, a história envolvia todos nós.


Alto das Perdidas, local onde foram divididas as frentes da Volante.

No Alto das Perdidas, uma pausa para debate envolvendo dúvidas, conclusões, fatos. Repetimos a experiência de ficar totalmente no escuro. Um céu de lua minguante nos dava pouquíssima luminosidade. Desse local onde o Ten. João Bezerra dividiu a volante, ouvimos o primeiro grupo de pesquisadores que havia chegado à tarde. Uma observação: diferente das condições climáticas da mesma data em 1938, não chovia. Portanto, nem o grupo que já estava acampado, nem nós estávamos “Encobertos” pelo som da chuva, tampouco o acampamento estava em surdina.  Ouvíamos os sons vindos da grota.

01h15min Chegada na Grota
 
 Chegada ao local das cruzes

 – “Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo”
 – “Para sempre seja louvado”
Cristiano Ferraz, José Lopes Tavares, Giovane Macário Gomes de Sá foram os primeiros a nos receber. Além dos citados acima, Já estavam no local os pesquisadores: Cícero Rodrigues, Richard Torres Pereira, Romilson Santos, Vaneildo Bispo, Maria Oliveira e Sálvio Siqueira.

Dois fatos me causaram uma grande surpresa, perguntado ao grupo que encontramos se teriam ouvido disparo feito por nós no início da trilha. A resposta foi negativa.  Em seguida  deparamo-nos com uma desagradável cena, a ausência da placa e da cruz posta em homenagem ao soldado Adrião Pedro de Souza. Lamentavelmente arrancada, em desrespeito a esse ser humano, a historia e a todos os pesquisadores do tema. Devo confessar, a cruz do soldado causou-me estranheza ao vê-la pela primeira vez. Estranheza maior foi notar naquele momento sua ausência. Neste instante, veio-me na lembrança o escritor e historiador, Antônio Vilela, um dos que homenageou o soldado Adrião com a placa e a cruz.


O acampamento estava montado.  Armamos nossas redes, tive o auxilio de José Lopes Tavares que teve a atenção de verificar se estava tudo certo. Coisa de quem tem nobreza. Resolvi passar a noite em claro, conversei individualmente com alguns dos que estavam acordados e em pequenos grupos que se formaram em torno da fogueira. A lua já estava sob nossas cabeças, já passavam das 01h50min.

Entramos no dia 28 de julho.

 E o tempo passou na grota.


Entre 04h30min e 04h45min, Cristiano Ferraz (policial, escritor e pesquisador) efetuou uma série de disparos com pistola calibre 380 dentro da Grota, próximo do local onde estão as cruzes. Minha localização era a uma distância de um metro à esquerda de Cristiano. Segundo ele, recebi o maior impacto sonoro devido a minha posição. No terceiro disparo, meu tímpano estalou, ressoando um apito contínuo. Mas foi possível observar a diferença do som e do eco nesse local. O ambiente agora era uma baixa cercada de pedras com vegetação alta. O som teve menos eco e foi mais brilhante do que o disparo efetuado no início da trilha. A visibilidade ainda era baixa.

Como nos informou Fábio Carvalho (pesquisador e especialista em armas de fogo): as armas curtas que geram 115 decibéis podem atingir uma altura superior e essa intensidade é considerada uma zona de ruído perigosa.  Armas classificadas como Sub Sônicas atuam na área abaixo de 330m\s ex. revolver CAL.38. Armas classificadas como Super Sônicas, a exemplo do Fuzil, ultrapassam os 330 m\s gerando estampidos muito mais altos. Seria preciso um decibelimetro para termos uma medição precisa. 

Com esses dados é possível ter uma ideia do volume sonoro gerado pelos disparos de dezenas de fuzis e três metralhadoras. Por maior que seja a experiência em combate, os efeitos do impacto sonoro geram uma “desorientação”. Embora se tenha treinamento para manter o foco, como por exemplo, os lutadores de MMA são condicionados a “ouvir” apenas a voz do seu treinador durante a luta. A questão é a diferença entre pessoas gritando e fuzis disparando. O que torna a tarefa mais difícil.

 
Transformação da paisagem no amanhecer do dia.

Nas primeiras luzes do dia, vi a GROTA sair das trevas e se transformar numa paisagem lunar, parecia encoberta por uma leve poeira cinzenta. Até 04h20min aproximadamente não se distingue a silhueta humana a mais de cinco ou oito metros. Por volta das 05h00min, Celsinho Rodrigues, Cristiano Ferraz, Ivanildo Silveira, Lourinaldo Teles e eu fomos checar prováveis locais como o Poço do Tamanduá e a Mesa, bem como Árvores Centenárias “testemunhas” daquele tempo e pedras marcadas pelos disparos feitos no amanhecer de 28 de julho de 1938.


 


Pedras marcadas pelas balas.

Com as explicações sobre movimentação em combate dadas por Cristiano Ferraz, além das indicações de locais, rotas usadas e distância entre elas, feitas por Celsinho Rodrigues e complementadas por Ivanildo Silveira mais Louro Teles, podemos ter ideia de prováveis trajetos feitos por Volantes e Cangaceiros.

Dessa forma, encerramos a Visita Técnica por volta das 06h00min e permanecemos no local onde assistimos a MISSA.

Foi uma experiência, ainda incompleta, porém, muito rica. Um verdadeiro privilégio poder contar e aprender com pessoas de vasto conhecimento e acima de tudo de coração bom. Abraço Jorge Remígio! Agradeço pela oportunidade de poder compartilhar com todos vocês.

Valiosa troca de experiências.

 
 
 Valiosa troca de conhecimento e levantando acampamento. Um abraço à Marcos de Carmelita!

 

 
 Momentos antes e durante a missa.


Agradeço também:

A Prof. Múcio Prócopio, Kydelmir Dantas, Alexandre Wagner e Vera Oliveira, sem o apoio de vocês não seria possível minha participação.

A Ivanildo Silveira e Louro Teles pelo companheirismo e aprendizagem.

E aos meus velhos novos amigos Petrucio e Celsinho Rodrigues, pelo convite mais que especial.

Genealogia histórica

Família Pereira prepara o Primeiro Encontro Nacional em Serra Talhada
 


No mês de setembro em meio às tradicionais festividades da padroeira da cidade Nossa Senhora da Penha, Serra Talhada dará lugar ao Primeiro Encontro Nacional da Família Pereira do Pajeú, a ser realizado no Sertão Iate Clube no dia 03 de setembro de 2016.

Organizado por membros do Clã Pereira, este evento tem como objetivo proporcionar o encontro das atuais gerações, resgatando a história desta tradicional família do sertão pernambucano e terá a participação de muitos Pereiras,que vivem hoje espalhados pelo Brasil.

O evento será único, fechado aos membros da família e contará com inúmeras atrações musicais, artísticas e culturais como forma de apresentação dos diversos talentos da família. Especialmente o lançamento do livro: O Patriarca, de Venício Feitosa Neves.

Quem pertencer a esta numerosa família e pretender participar, deverá se inscrever com antecedência entrando em contato com a Comissão Organizadora, através da página do evento no Facebook ou via WhatsApp de Fábio Tenório (11) 97335-8801 / Graça Pereira (87) 99631-7333 / Rosinha Pereira (87) 99916-7877/ Verônica Pereira (81) 99645-6663, Comissão Organizadora.

domingo, 21 de agosto de 2016

Novidades em HQ

Lampião na terra dos santos valentes
 

Trabalho De autoria de três quadrinistas potiguares, Marcos Guerra, Marcos Garcia e Carlos Alberto é um revista em quadrinhos com nova abordagem para os acontecimentos já conhecidos do Ataque de Lampião e seu bando à cidade de Mossoró.


O traço de linha clara, sem cores, e com um aspecto bem artesanal criou uma boa identidade visual a obra deixando-a com um tom seco que combina com a paisagem de aridez do cenário rural da obra, fazendo bem parecer uma típica ilustração de cordel.

Assim como a ótima representação panorâmica de Mossoró, em cada detalhe reproduzindo bem a época datada em que ocorreu aquele inusitado e indigesto evento, tanto na arquitetura das casas, como nos costumes do povo, nos meio de transportes, nos meios de comunicação e também no modo de vestir que a população costumava trajar na época, assim como as ilustres figuras da época, está bem aqui reproduzida nos desenhos de Marcos Garcia e Carlos Alberto.

Para adquirir entre em contato com os autores pelo email marcos.garcia@outlook.com


Fonte: Jornal Zona Sul 

O Lampião Aceso agradece a cortesia do exemplar gentilmente enviado pelo confrade Kydelmir Dantas.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O Massacre de Queimadas

Memórias da PM da Bahia

Em 22 de dezembro de 1929 o bando de Lampião esteve no município de Queimadas, saqueando a cidade que contava com oito policiais militares em sua guarnição. Este documentário conta o desfecho sangrento dessa investida criminosa do cangaceiro.

O curta-metragem a seguir é o segundo da série Memórias da PM, desenvolvida pelo Departamento  de Comunicação Social (DCS) da instituição. Com relatos do coronel Amâncio Souza Neto, morador de Queimadas, e do capitão e historiador da PM-BA, Raimundo Marins.



PRODUÇÃO:

Cap PM Bandarra
Cap PM Danillo Ferreira
St PM Luciano Macêdo

ROTEIRO

Cap PM Raimundo Marins
Cap PM Danillo Ferreira

PESQUISA


Cel PM Souza Neto
Cap PM Raimundo Marins

DIREÇÃO E EDIÇÃO

Cap PM Danillo Ferreira

IMAGENS

ST PM Luciano Macêdo
SD PM Orlando Junior
Daniel Pujol
Jonatan Costa

ASSISTENTES

SD PM Orlando Junior
SD PM Igor Freitas

AGRADECIMENTOS

Moacir Mancha e ao povo de Queimadas

REALIZAÇÃO

Polícia Militar da Bahia

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Lançamento no Recife nesta quinta, 18

"O Cangaço: Poder e cultura política no tempo de Lampião", de Marcos Edílson de Araújo Clemente.

A Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco prepara para o dia 18 de agosto, a partir das 18 horas, na sala Calouste Gulbenkian, em Casa Forte, o evento Cultura Pernambucana: Retrato Vivo da Nossa História, com o lançamento coletivo de cinco importantes títulos que se somam ao acervo da Fundaj e enriquecem a cultura de Pernambuco. Entrada franca.

Entre estes: O Cangaço: poder e cultura política no tempo de Lampião é resultado de uma tese de doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e o objeto de estudo são as relações de poder e cultura política do ciclo do cangaço, cujo chefe mais expressivo foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

A análise busca explicitar as singularidades deste tipo de cangaço, comparativamente a outras formas já existentes desde a segunda metade do século XIX. O livro revela a complexa trajetória desse personagem pelo conjunto de valores, atitudes, normas e crenças nos sertões nordestinos, no correr das décadas de 1920 e 1930.

No auge da fama, Lampião inovou ao permitir o ingresso de mulheres nos bandos. Diferenciou-se ao expandir seu território de mando, arregimentando maior número de cangaceiros. Lampião foi único na maneira com que praticou a violência, acusado de flagelo e terror dos sertões. Um sujeito proscrito, porém articulado com instâncias oficiais do poder. Agia nos sertões em proveito próprio e distribuía alguma forma de justiça quando era do seu interesse pessoal.
 

O autor 

Marcos Edílson de Araújo Clemente, natural de Paulo Afonso, sertão da Bahia, é sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, mestre em História Social do Trabalho pela Unicamp, doutor em História pela UFRJ. 

Durante anos atua como professor na Universidade Federal do Tocantins e integra o corpo docente do Programa de Mestrado Profissionalizante em Ensino de História. Autor de vários artigos e do livro Lampiões Acesos: o Cangaço na Memória Coletiva, lançado em 2009.


Serviço

Lançamento do livro: "O Cangaço: poder e cultura política no tempo de Lampião"
Autor: Marcos Edílson de Araújo Clemente.
354 páginas  |  preço R$ 45,00 (Quarenta e cinco reais) + frete.
Para pedidos envie e-mail pra marcos_edilson@yahoo.com.br

Posteriormente traremos informações de como adquirir esta obra via e-mail. 

Com informações da www.fundaj.gov.br

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Memória do Cangaço em Adustina, BA

Zé Pequeno Caçador... coiteiro de Cangaceiros

Por Kiko Monteiro


Com mais uma preciosa informação colhida pelo amigo professor Salomão, o Cariri Cangaço foi levemente esticado para mim e para o confrade Narciso Dias, Presidente do Grupo Paraibano de estudos do Cangaço – (GPEC).

No último dia 2 de agosto rumamos novamente para Adustina, logo alí no sertão baiano, fronteiriço com Sergipe, para conhecer mais uma das testemunhas oculares da saga 'lampiônica' naquela área que era considerada na época um “corredor de cangaceiro”.

Em breve reunião com nosso anfitrião resolvemos de supetão esticar até o município vizinho de Coronel João Sá, pra visitar as cruzes dos cangaceiros Mariquinha, Chofreu e Pé-de-Peba, mas por conta da distância que restava e horário incompatível com compromissos dele, concordamos em adiar para uma próxima “incursão”.

No caminho de volta paramos no terreiro do seu José Dantas de Oliveira, exímio atirador que ficou conhecido como “Zé Pequeno Caçador”. 

104 anos de idade, espanta tanto pela aparência, quanto pelo ritmo e disposição. Só se queixa de uma "dor nas juntas". Apesar do seu documento indicar Paripiranga ele afirma ter nascido no Arraial da Mãe D’Água de Cipó, (hoje Cipó), também no sertão Baiano. Mudou-se para o Bonfim do Coité, atual Adustina, quando ficou órfão de pai e mãe ainda menino e foi morar com parentes no sítio Algodão que já tinha este mesmo nome desde a época do cangaço.


Seu Zé, de memória ainda acesa nos relatou que assim como Seu Atanásio ele também foi coiteiro ou faz-tudo dos cabras de Lampião naquelas bandas. 

Essa história ele mesmo conta.

“Conheci Corisco, Boa Vista, Balão, “Anjo” Roque, o Saracura, que era daqui, e sabendo que eu atirava bem o próprio Virgolino pelejou que eu entrasse no meio deles.
Eu disse – “não, capitão, no que eu puder servir eu sirvo, trago caça, peixe, aponto caminhos, mas virar cangaceiro, quero não”.
Também fui amigos dos ‘macacos’, arrumei muita caça para Odilon “Fulô”, comandante da volante que perseguia os cabras por aqui. Mas eles jamais souberam que eu era amigo dos cangaceiros, nem Lampião soube que eu me dava com os soldados.

"Deus o líve”, os soldados faziam muita malvadeza quando pegava um coiteiro que soubesse o rancho dos cabras e não entregasse pra eles.
Seu Zé ainda contou que chegou a ficar por quinze dias acoitado com os cangaceiros. Ele diz que não presenciou nenhum fogo, ou morte isolada. Mas viu os cangaceiros Mariquinha, Chofreu e Pé-de–Peba, mortos no lugar Curral do Saco, pela Volante de Odilon.

A cangaceira Doninha

Um dos fatos mais interessantes narrados por ele foi o de quando encontrou a cangaceira 'Doninha'*, companheira do cangaceiro Boa Vista, perdida na mata. 

Ele não lembrou se ela estava tentando fugir do coito como outras assim tentaram.

O certo é que seu Zé pequeno cuidou da moça durante três meses. Até que um dia estava caçando, topou com os cabras e perguntou se Boa Vista ainda era vivo, com resposta positiva pediu para informar a ele o paradeiro da companheira e precavido rogou:

“Diga a Boa Vista que a muié dele ta lá em minha casa, mas que fique certo que o que eu devo a ela eu devo a minha mãe, apesar de ser jovem e solteiro".

Na linguagem sertaneja ele não se relacionou com a moça.

De acordo com a literatura, Doninha voltou para o convívio com Boa Vista e permaneceu com ele até o período das entregas.   

Professor Salomão, Kiko Monteiro e Narciso Dias.

 

Antes de nos despedirmos perguntei a seu Zé, o que foi confirmado pela sua esposa, que essa foi a primeira visita de pesquisadores do cangaço que ele recebeu durante todos estes anos. Tanto eu quanto Narciso não identificamos nenhuma afirmação que destoasse da historiografia fiel do cangaço naquela região. Até onde sua memória lhe permitiu não citou nome de nenhum cabra fora do território de atuação de seu subgrupo na época em questão, nem fantasiou combates ou eventos que não tenha presenciado.

A convivência de seu Zé Pequeno com os cangaceiros só foi citada em 1980 no livro ‘A Serra dos dois meninos’ de autoria de Aristides Fraga Lima (1923-1996) que narra em um dos capítulos quando ele ajudou a encontrar os garotos que se perderam nas famosas matas de Paripiranga.


*A Doninha em questão era a "cabrocha" alagoana Laura Alves que a primeira vista chegou a escolher como companheiro o cabra Moita Brava, que a recusou. Ela findou se juntando com o Boa Vista. Consulta: ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: as Mulheres e o Cangaço, Editora Traço 2ª Edição, 2012. Pág. 279

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Nota de pesar

Faleceu Ricardo Albuquerque

Faleceu nesta quarta-feira (10) em Fortaleza o empresário e pesquisador cearense Ricardo Albuquerque.

Ricardo era filho de Chico Albuquerque. Era escritor e, um dos herdeiros da ABAFILM - empresa varejista de fotografia e material fotográfico brasileira fundada em 1934, em Fortaleza, por Ademar Bezerra de Albuquerque, seu avô.

Ademar foi quem forneceu os meios necessários para que o árabe Benjamin Abrahão pudesse FILMAR e fotografar ninguém menos que Virgolino Ferreira "Lampião" e seu grupo em plena caatinga nordestina.


Tanto as fotos quanto o que restou do filme compõem o livro organizado por Ricardo "Iconografia do Cangaço" lançado em 2012.





De acordo com seu filho Marco Albuquerque, o sepultamento ocorrerá nesta quinta-feira (11) em Fortaleza.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O folheto na sala de aula

Wilson Seraine e A Literatura de Cordel no Ensino de Ciências
Por Bia Magalhães 

Wilson Seraine é sempre solícito com o Entre Cultura. Esse moço que já viveu anos luz de experiências ‘massa’, contou um pouco sobre sua pretensão enquanto ao livro. A pergunta central, claro, foi o porque de usar o cordel pra ensinar ciências.

Mas ciências? Esse negócio de ciências e cordel deve ser esquisito, né não?

Ele respondeu com sua história. Desde de quando era jovem (não estou dizendo que ele ainda não seja), ele tinha vontade de se tornar um pesquisador, mas teve isso frustrado por circunstâncias da vida. Mas ai surgiu uma oportunidade através do Instituto Federal do Piauí, onde leciona, de fazer um mestrado institucional entre o IFPI e a Universidade Luterana do Brasil no Rio Grande do Sul. E ele foi. Se ele tinha tempo? Ele achou. Professor de Física, conselheiro do Estado, palestrante sobre Luiz Gonzaga e empresário, se lançou para fazer o diferencial em sala de aula.

Mas como é que funcionou o cordel em sala de aula?

“Se for procurar por ai, tem várias dissertações sobre a questão da ludicidade, do recreativo, e por ai eu não vou. Eu tenho que procurar algo que diferencie a minha dissertação das outras.”, conta Seraine. Na rima ele encontrou uma forma de facilitar a maneira de ensinar e entrou em sala de aula para provar. Em uma escola, um  professor da instituição aplicou na sala de aula o assunto de um livro normal, e em outra sala o livro que foi versificado pelo poeta Pedro Costa onde o assunto estava em cordel. O resultado foi claro. O rendimento dos alunos foi surpreendente.

"Então você pode fazer muita coisa para melhorar o seu desempenho profissional em sala de aula. Eu sempre digo: O que foi que evoluiu desde a época de Sócrates? O que evolui só foi a tomada, mas a maneira de ensinar continua a mesma, o professor na frente e os alunos atrás. Ainda continuam a utilizar o método de ensino ‘Skinneriano’, o que Paulo Freire chamava de educação bancária. O que estamos querendo com o livro não é simplesmente ensinar o caminho, queremos mostrar um jeito diferente de caminhar.”, finaliza o autor.

O livro custa R$ 30 + despesas de envio. Clique aqui e faça o seu pedido diretamente na Editora

Pescado no Entrecultura

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Evento da Semana


Salvador recebe a Exposição: Pepitas de Fogo: O Cangaço e seu tempo colorizados



Pepitas de Fogo: O Cangaço e seu tempo colorizados” é o tema da exposição que será aberta nesta quinta (11 de agosto), às 14h, na Galeria Mansarda do Palacete das Artes, com visitação até 11 de setembro. Do artista, historiador e geólogo Rubens Antonio, a mostra apresenta 30 imagens colorizadas, retificadas e complementadas relacionadas ao momento do cangaço.

 Luiz Pedro e sua companheira Nenên.


De acordo com o artista, o trabalho, inédito no Brasil, foi criado a partir de material fotográfico disponível e de peças preservadas da época, acompanhados de pesquisa em cerca de 5 mil matérias de jornais, relatórios, e testemunhos. Além disto, utilizou-se a técnica informática, com atuação centrada nos programas Adobe Photoshop e Adobe Creative Suite. “As imagens refletem seu tempo de maneira ampla, sendo fruto de uma longa pesquisa de resgate das configurações e cores prováveis. Nelas, será possível conhecer o dia a dia dos cangaceiros, além de outras feições”, explica Rubens.

Durante a exposição, o público irá conhecer alguns aspectos de Salvador na época do Cangaço. “Era uma Bahia diferente. Desde o evento de Lucas da Feira, até o final do Cangaço, trazido por Lampião e Corisco, Salvador atravessou este tempo como capital quase ilhada, à qual o contato com outras capitais se fazia quase exclusivamente por navios de carreira. Ver suas imagens é visitar uma outra noção de espaço e dinâmica humana”, explica o geólogo Rubens Antonio.

Para o diretor do Palacete das Artes, Murilo Ribeiro, receber uma exposição sobre o Cangaço traduz a diversidade cultural proposta pelo museu. “O trabalho de Rubens Antonio é resultado de uma importante pesquisa artístico-cultural e histórica. Com certeza o público ficará interessado pelo tema, que envolve compromisso e dedicação à arte”. 

Saiba mais: O Cangaço foi um movimento que emergiu no século XIX, ganhando apogeu entre as décadas de 1920 e 1930, com destaque para muitos eventos ocorridos na Bahia. Assumiu a dimensão de um dos fenômenos mais estudados, em trabalhos de foco local até contemplações internacionais. É explorado desde o artesanato regional, as feiras livres, paradas de ônibus, circos, bibliotecas, gabinetes, galerias, institutos histórico-culturais e universidades, até as tradicionais manifestações juninas.

 
A volante de Zé de Rufina


Na literatura, seja trágica, épica, dramática ou cômica, transitou pelo romance regionalista do século XIX, como no “O Cabeleira”, do autor cearense Franklin Távora, passando por “Viventes de Alagoas”, de Graciliano Ramos, “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, até a “Pedra do Reino” e o “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. O livro “Lampião na Bahia”, de Oleone Coelho Fontes, está em sua oitava edição. Surge nos cordéis populares e nos quadros de pintores renomados como Carybé.

Sobre o artista: Rubens Antonio da Silva Filho, (Foto) nascido em 1960, filho de baianos, neto de baianos e sergipano, é carioca do bairro de Realengo, e reside na Bahia desde 1984. Cursou Geologia, pela UFRRJ, Artes Plásticas, licenciatura e bacharelado em História pela UFBA. É mestre em Geologia.

Trabalha no Museu Geológico da Bahia e lecionou na Uneb. Já percorreu os 417 municípios baianos. É co-autor de mapas e textos do Mapa Metamórfico da Bahia. É autor da peça de teatro “Felipa”, em torno da Inquisição na Bahia.

Ministra cursos e profere palestras, em diversas instituições, sobre o Cangaço na Bahia, Epistemologia, Antropologia e as Histórias da Arte, da Ciência, de Salvador e Geológica da Bahia. É sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

O Palacete das Artes é um equipamento vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.


 A Bonita Maria do Capitão


Serviço:
PEPITAS DE FOGO: O CANGAÇO E SEU TEMPO COLORIZADOS, do artista Rubens Antonio.
Dia 11 de agosto, às 14h
Galeria Mansarda do Palacete das Artes
Rua da Graça, 284

www.palacetedasartes.ba.gov.br

Visitação: até 11 de setembro

Fonte: www.bahiaja.com.br

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Novidades do Cariri Cangaço Piranhas

Luiz Ruben lançou: "Lampeão antes de ser capitão"


Apresento neste trabalho, o meu 10º sobre o tema cangaço, matérias dos jornais publicadas no período de 1920 a 1926, não faço intervenções, apenas atualizo os nomes das cidades que ao longo do tempo tiveram seus nomes trocados. A iconografia deste livro abrange a década de 1920 e início dos anos 30.


Foram consultados os seguintes: A Imprensa - Sobral CE; A Gazeta - São Paulo SP; A Lanceta – Maceió AL; A Noite - Rio de Janeiro RJ; A Província - Recife PE; A Rua - Recife PE; Correio da Pedra - Água Branca AL; Diário de Pernambuco - Recife PE; Diário da Noite - Recife PE; Estado das Alagoas; Gazeta de Notícias - Rio de Janeiro RJ; Jornal do Comércio - Recife PE; Jornal do Recife PE; Jornal Pequeno - Recife PE; O Globo - Rio de Janeiro RJ; O Jornal - Rio de Janeiro RJ; O Paiz - Rio de Janeiro RJ; Pacotilha - São Luiz MA; Revista da Cidade - Recife PE.

Os jornais tomam posição de críticas ao governo utilizando a situação provocada pelo cangaço, principalmente no território pernambucano. Os números divulgados pela imprensa com relação à quantidade de cangaceiros combatidos pela polícia eram sempre exagerados. Algumas vezes foi noticiada, erradamente, a morte de Sinhô Pereira e de Lampeão, mas eram também, às vezes, retificadas essas notícias. Ao vasculhar esse período tive algumas surpresas que tenho certeza os leitores pesquisadores perceberão. Alguns fatos publicados na época, nunca foram mostrados posteriormente em livros.

A imprensa publica muitos nomes de cangaceiros que ainda não foram catalogados por pesquisadores e que ainda pode ser motivo de estudo e pesquisa mais apurada. Encontrei coisas curiosas, inusitadas, até mesmo grandes equívocos, como a informação da morte de Luiz Padre, quando na realidade foi Antonio Padre.



O caso dos pobres roceiros que tinham seus chapéus de couro tomados nas feiras, pela polícia, por serem ‘trajes de cangaceiro’.

Em outubro de 1920 se publica a união do cangaceiro Sinhô Pereira com o grupo de Antonio Matilde, ou seja, incluindo Lampeão ou Virgulino e seus irmãos, Livino e Antonio Ferreira. Este último, o Antonio Ferreira, é citado como cangaceiro, em dezembro de 1920. A presença de Luiz Padre ainda é noticiada em 1921.

Em janeiro de 1921, Sinhô Pereira é chamado pela imprensa do sul de Átila do Pajeú. O capitão Theophanes também é chamado de Átila, conforme notícias da imprensa.

Em maio do mesmo ano se noticia a presença do grupo de cangaceiros chamado de ‘os três Antônios’ e em setembro a morte do cangaceiro Pedro Porcino.

Em dezembro de 1921 foram mortos três bandoleiros de nomes: Emygdio Ferreira, José de tal, vulgo Papudo e José Veríssimo Machado, vulgo Zezé, o grupo tinha como chefe Alfredo Guimarães, vulgo Caboclo.

Em 1922 os jornais fazem a cobertura sobre a morte do coronel Luiz Gonzaga, em Belmonte PE.
Em junho de 1923, a polícia de Pernambuco começa a recrutar praças no sertão para combater Lampeão.

A imprensa publica em 1923 uma carta esclarecedora da amizade de Luiz Padre com José Inácio, do Barro, que fora assinada em 1921; Publica uma matéria de como Sinhô Pereira entrou para o cangaço, assinada por João do Norte, um colunista do jornal; Também veremos a divulgação de um bilhete de extorsão assinado por Sinhô Pereira;

Uma publicação sobre a tática de guerra de Sinhô Pereira denominando-o ‘terror dos sertões’;
Ainda uma pequena cobertura jornalística sobre a invasão da cidade de Souza na Paraíba, pelos cangaceiros, identificando apenas o grupo de Francisco Pereira, embora saibamos da participação dos irmãos de Lampeão no acontecimento;

Apresento na íntegra a primeira vez que o nome de Lampeão é citado na imprensa, no Jornal Correio da Pedra, pertencente a Cia Fabril.

O Jornal, do Rio de Janeiro noticia uma estória fantástica sobre a transformação de Virgulino em Lampeão.
Uma das curiosidades apresentadas, que também não vi registrado em livros é o Decreto instituído por Lampeão, para alistamento de cangaceiros nas fileiras do banditismo.

O jornal A Província, publica em setembro de 1923 a ação criminosa do coronel João Nunes contra indefesos e pacatos sertanejos.

Em 1924 é noticiado falsamente a morte de Lampeão e seu irmão Livino. O jornal pernambucano, A Rua, publica pela primeira vez sobre um desertor da força pública de Pernambuco que teria se incorporado ao grupo de Lampeão, um tal de Ansilon Ribeiro;

Mostro o registro que antes de receber a patente de capitão do Batalhão Patriótico do Juazeiro, a imprensa já tratava Lampeão de “coronel” e de “capitão”;

A imprensa pernambucana, através do jornal A Rua, tenta pela primeira vez traçar uma biografia de Lampeão; Em fevereiro de 1926, o Jornal do Recife traz uma sensacional entrevista, dizendo que Lampião quer juntar mil homens para declarar guerra oficial aos estados da Paraíba e Pernambuco.

Apresento esse vasto material na intenção de contribuir na montagem de um gigantesco quebra cabeças que é o estudo do cangaço. Que não fique esquecido no passado o que foi conhecido pela sociedade, na época dos acontecimentos. Que ao juntarmos os retalhos, fazendo a cronologia, descobrindo detalhes, cruzando e descartando informações, descobrindo pessoas e lugares, possamos continuar estudando e assim, entender melhor esse processo que é parte de nossa história.


Boa leitura
Luiz Ruben F. de A. Bonfim

Serviço 

Livro "Lampeão antes de ser capitão" edição do autor 371 páginas. Valor: R$ 60 (sessenta reais) com frete incluso. Para adquirir entre em contato com o autor pelo email luiz.ruben54@gmail.com