Ex-chefe de Virgulino visita Bom Nome
Por Valdir Nogueira
Os infindáveis conflitos entre Pereiras e Carvalhos surgidos na época imperial atravessaram o século 19 e se estenderam ao período republicano. Na primeira década do século 20, Luis Padre (primo de Sinhô Pereira) tem seu pai assassinado em um dos confrontos. O irmão de Sinhô Pereira, Né Pereira (Né Dadu), começou a liderar um grupo da família promovendo a vingança em intermináveis conflitos que seguiam sem parecer ter fim.
Ora, certa ocasião, Né Pereira recrutou Zé Grande, cuja alcunha era “Palmeira” para seu bando. Zé Grande era ex-jagunço dos Carvalhos. Passou um tempo preso e após fugir, foi pedir guarida aos Pereiras. Talvez Né Pereira acreditasse que ganharia um grande trunfo, já que o jagunço conhecia detalhes dos seus antigos patrões. No entanto, a história foi outra: Né Pereira tirava um cochilo, quando Zé Grande, aproveitando a oportunidade, o assassinou. Conta-se que ainda levou o chapéu e o punhal de Né Pereira para mostrar aos Carvalhos, na Fazenda Umburanas.
Foi o estopim. Ocasionando na entrada, de vez, de Sinhô Pereira e Luis Padre no Cangaço. Com fúria e revolta pela impunidade, montaram um bando numeroso e com muita sede de vingança. A partir de então os conflitos ganharam proporções muito mais intensas.
Foi nesse cenário que Sinhô Pereira recebeu a visita de Virgulino Ferreira e seus irmãos. No entanto, em 1922, após uma série de escaramuças Sinhô Pereira resolveu por fim ao seu legado no Cangaço, tendo passado então o comando do bando a Lampião, ordenando ao mesmo, porém, que ninguém da família Pereira seria jamais incomodada por cangaceiros. Virgulino prometeu e cumpriu.
Financiados por Isidoro Conrado e Né da Carnaúba, Sinhô Pereira e Luis Padre viajaram para Goiás, com a chance de recomeçarem a vida. E, sem explicar detalhes, Sinhô Pereira afirmou que não foi nada fácil.
Os anos se passaram e cada um seguiu seu rumo. Luis Padre manteve-se em Goiás. Sinhô Pereira foi para Minas Gerais, onde viveu até cumprir seu ciclo. Morreu em dezembro de 1979. Antes, em fevereiro de 1971, esteve, após 49 anos, no Pajeú, seu torrão natal. Cercado de lembranças e emoções boas e ruins visitou Serra Talhada, antiga Vila Bela, São José do Belmonte e Bom Nome.
Sinhô Pereira (de óculos) com seus primos José Napo, Antônio e Jacinto Napo, filhos do Sr. Napoleão Alves de Araújo e dona Verdelina Pereira Valões, que era sobrinha de Né Pereira (Né Dadu). Fev. de 1971.
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