Memória do decano de Poço Redondo eternizada em livro
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Lampião que vale um milhão
Obras de Cândido Portinari e Iberê Camargo ficam entre as dez mais valiosas em leilão nos EUA
Brasileiros ficam acima da estimativa na Christie's. Di Cavalcanti, José Pancetti, Roberto Burle Marx e Vik Muniz são vendidos na Sotheby's
RIO - Nos últimos três dias, dois leilões de arte latinoamericana foram realizados em Nova York e o Brasil teve representantes mais de uma vez na lista dos dez mais valiosos. No leilão da Christie’s, realizado na terça e na quarta, “Lampião e Maria Bonita”, pintado por Cândido Portinari em 1947, foi arrematado por U$S 482.500 (R$ 1.011.079).
Ainda na Christie’s, a obra “Jogo de carretéis”, pintada por Iberê Camargo em 1967, foi arrematada por US$ 422.500 (cerca de R$ 884.715) e bateu o recorde de venda em seu acervo. A estimativa era de qua a pintura alcançasse um valor entre US$ 120 mil e US$ 180 mil.
Já nos leilões da Sotheby’s, realizados nos dias 19 e 20, "Fumo", obra pintada por Portinari em 1938, foi vendida por US$ 374.500 (R$ 784.765). Já "Caçador de onça", do mesmo autor, foi arrematada por US$ 98.500 (R$ 206.308), bem acima da estimativa, entre US$ 35 e 34 mil. O leilão também vendeu peças de Di Cavalcanti, José Pancetti, Roberto Burle Marx e Vik Muniz.
Com uma arrecadação de U$S 938.500 (R$ 1.965.219), “Horse”, de Fernando Botero ficou em primeiro lugar na Christie’s. O pintor ainda apareceu em quinto lugar com “Nun eating an apple”, de 1981, com um valor de US$ 602.500 (R$ 1.261.936).
Além de Camargo, Arnaldo Roche Rabell, Tomás Sánchez, Olga de Amaral, Carmen Herrera e Oscar Muñoz também conquistaram novo recorde mundial. No total, a Fundação Christie’s arrecadou US$ 13.614.800 (R$ 28.515.000) - veja todos os resultados da Christie's aqui.
A Sotheby's vendeu um total de US$ 23.130.251 (R$ 48.446.000).
Fonte: O Globo
Brasileiros ficam acima da estimativa na Christie's. Di Cavalcanti, José Pancetti, Roberto Burle Marx e Vik Muniz são vendidos na Sotheby's
RIO - Nos últimos três dias, dois leilões de arte latinoamericana foram realizados em Nova York e o Brasil teve representantes mais de uma vez na lista dos dez mais valiosos. No leilão da Christie’s, realizado na terça e na quarta, “Lampião e Maria Bonita”, pintado por Cândido Portinari em 1947, foi arrematado por U$S 482.500 (R$ 1.011.079).
Foto pescada in "O Estadão"
Ainda na Christie’s, a obra “Jogo de carretéis”, pintada por Iberê Camargo em 1967, foi arrematada por US$ 422.500 (cerca de R$ 884.715) e bateu o recorde de venda em seu acervo. A estimativa era de qua a pintura alcançasse um valor entre US$ 120 mil e US$ 180 mil.
Já nos leilões da Sotheby’s, realizados nos dias 19 e 20, "Fumo", obra pintada por Portinari em 1938, foi vendida por US$ 374.500 (R$ 784.765). Já "Caçador de onça", do mesmo autor, foi arrematada por US$ 98.500 (R$ 206.308), bem acima da estimativa, entre US$ 35 e 34 mil. O leilão também vendeu peças de Di Cavalcanti, José Pancetti, Roberto Burle Marx e Vik Muniz.
Com uma arrecadação de U$S 938.500 (R$ 1.965.219), “Horse”, de Fernando Botero ficou em primeiro lugar na Christie’s. O pintor ainda apareceu em quinto lugar com “Nun eating an apple”, de 1981, com um valor de US$ 602.500 (R$ 1.261.936).
Além de Camargo, Arnaldo Roche Rabell, Tomás Sánchez, Olga de Amaral, Carmen Herrera e Oscar Muñoz também conquistaram novo recorde mundial. No total, a Fundação Christie’s arrecadou US$ 13.614.800 (R$ 28.515.000) - veja todos os resultados da Christie's aqui.
A Sotheby's vendeu um total de US$ 23.130.251 (R$ 48.446.000).
Fonte: O Globo
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Começa hoje!!!
Confira a programação das Conferências, Simpósios e Mini cursos
Conferência de Abertura
22 / 10 / 2013 l Teatro Glauber Rocha l 20:00h
“Se vier, que venha armado: cangaceirismo e masculinidade como definidoras das identidades sertaneja e nordestina”
Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Autor dos livros: Nordestino: invenção do 'falo': uma história do gênero masculino/1920-1940 (2ª ed., São Paulo, Intermeios, 2013), A invenção do Nordeste e outras artes (5ª ed., São Paulo: Cortez, 2011) e História: a arte de inventar o passado (Baurú, SP: EDUSC, 2007).
Lançamento de livro - Nordestino: invenção do 'falo': uma história do gênero masculino/1920-1940 (2ª ed., São Paulo, Intermeios, 2013).
Conferência de Encerramento
25/ 10 / 2013 l Teatro Glauber Rocha l 20:00h
“O cangaço nas batalhas da memória”
Dr. Antônio Fernando de Araújo Sá
Doutor em História pela Universidade de Brasília (UnB)
Professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Autor dos livros: O cangaço nas batalhas da memória (Recife, Editora da UFPE, 2011) e Combates entre história e memória (São Cristóvão/SE, EDUFS, 2005).
Lançamento de livro - O cangaço nas batalhas da memória (Recife, Editora da UFPE, 2011).
Simpósios Temáticos
1. CULTURA E REPRESENTAÇÕES NO SERTÃO NORDESTINO: MEMÓRIA, IDENTIDADES E RESSIGNIFICAÇÕES
José Ferreira Júnior
Doutorando em Ciências Sociais (UFCG)
Mestre em Ciências Sociais (UFCG)
Professor da Faculdade de Integração do Sertão / Serra Talhada – PE
Resumo: A cultura é objeto de investigação acadêmica; ela permite uma maior compreensão dos fenômenos sociais, em particular aos que remetem às especificidades da preservação de memórias, seu uso no processo de formação identitária e às ressignificações por que passam tais identidades. Este simpósio temático discutirá a memória e sua importância no constructo de identidades e as ressignificações verificadas nessas construções, tomando como espacialidade os sertões nordestinos em suas múltiplas representações: relações de gênero, questões familiares, relação com os lugares, expressões artísticas, religiosidade, etc. Acataremos trabalhos que tratem da temática proposta, sob as óticas da História, da Sociologia, Antropologia e ciências afins.
2. CONTOS, CANÇÕES E CENAS: O CANGAÇO EM IMAGENS, LETRAS E SONS
Caroline de Araújo Lima
Mestre em História Regional e Local (UNEB/Campus V)
Professora do curso de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XVIII)
Coordenadora do Projeto de Iniciação Científica “História, cinema e ensino de História: o sertão, o cangaceiro e o beato no cinema brasileiro” (2012/2013)
Resumo: Este simpósio temático tem como proposta reunir estudantes e pesquisadores com o objetivo de divulgar resultados de pesquisas relacionadas ao tema do Cangaço. Pretendemos analisar as representações dos cangaceiros no cinema, nos folhetos de cordel, na literatura, nas fotografias jornalísticas, dentre outras linguagens. A partir de tais linguagens que deram a esses personagens contornos míticos e estereotipados, ofereceremos ricas discussões sobre identidade, representações de sertão e sertanejo, relações de poder, de gênero e de memória. O simpósio está aberto para receber propostas de temas que versem sobre o universo cultural dos sertões e sertanejos no campo do audiovisual, da literatura de cordel, na área fotográfica e da música popular.
3. LINGUAGENS E NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM HISTÓRIA: DOMÍNIOS, ABORDAGENS, ENSINO E PESQUISA
Jairo Carvalho do Nascimento (UNEB/Campus VI)
Doutorando em História – UFBA
Mestre em História Social (UFBA)
Professor do curso de História da UNEB/Campus VI
Eduardo de Lima Leite (UNEB/Campus VI)
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Educação, Cultura e Memória (UESB)
Professor de História da Educação Básica/Bahia
Maria Sigmar Coutinho Passos (UNEB/Campus VI)
Doutoranda em Educação – UFBA
Mestre em Educação e Contemporaneidade (UNEB)
Professora do curso de História da UNEB/Campus VI
Resumo: Este simpósio tem por objetivo reunir pesquisadores, professores universitários e estudantes de pós-graduação vinculados à pesquisa e ao ensino no campo da disciplina História e áreas afins, propiciando um espaço para a exposição de trabalhos acadêmicos e experiências didáticas relacionados aos seguintes temas: a relação cinema/história (temas, fontes, teoria); o uso de documentos imagéticos (cinema, fotografia, iconografia) em sala de aula; a música e o ensino de História; a utilização da televisão como veículo de ensino; as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC/computadores, internet, etc.) e suas relações com a educação. Em que medida as diferentes linguagens e as novas tecnologias de informação e comunicação contribuem para a produção do conhecimento histórico, para o trabalho do professor de História? Essa pergunta será o ponto de partida para promover o debate durante o simpósio. O simpósio estará aberto para receber, também, propostas de experiências didáticas e pesquisas de professores da educação básica e de graduandos em História e áreas afins.
4. PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NOS “ESPAÇOS DA TRADIÇÃO”
Bruno Goulart Machado Silva
Doutorando em Antropologia Social pela Universidade de Brasília
Mestre em Antropologia Social (UFRN)
Jean Pierre Pierote Silva
Mestrando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás
Graduado em Ciências Sociais (UFG)
Resumo: A noção de patrimônio cultural está na agenda das ações estatais nas últimas décadas. Essas políticas se voltam muitas vezes para populações e espaços geográficos circunscritos ao campo discursivo da tradição. Sejam patrimônios materiais ou imateriais, os processos de patrimonialização trazem consequências para os atores ligados a esses bens culturais. Este simpósio temático tem como objetivo promover o debate sobre esses processos do ponto de vista dos próprios atores sociais afetados pelas políticas patrimoniais, especificamente aqueles situados nos lugares imaginados como “Sertão” pelo pensamento social brasileiro. O debate visa a contribuir para a atual discussão dos processos de patrimonialização a partir de alguns questionamentos: Como a memória dos grupos é acionada e ressignificada nestas políticas? Como os grupos as têm percebido? De que forma a patrimonialização afeta a relação dos grupos envolvidos com os bens culturais?
5. NACIONALISMO E MODERNIZAÇÃO NO DEBATE INTELECTUAL, CIENTÍFICO E LITERÁRIO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
Renailda Ferreira Cazumbá
Doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Literatura e Diversidade Cultural (UEFS)
Professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XX)
Wilson da Silva Santos
Doutorando em Filosofia e História da Educação (Unicamp)
Mestre em Educação (UFPB)
Professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XX)
Resumo: O debate intelectual travado na Primeira República no Brasil (1889-1930) polarizou-se em torno de temas como nação, ciência, raça e civilização. Na época referendada, a discussão nacionalista baseava-se numa concepção modernizadora e no cosmopolitismo que embasavam um projeto civilizador para o país, em torno de propostas idealistas que animavam as pesquisas sociológicas, históricas, políticas e a escrita literária na virada do século XIX para o XX. Escritos científicos, literários e jornalísticos na Primeira República se unificaram em torno das projeções do positivismo e do liberalismo, que motivaram um grupo de intelectuais (Tobias Barreto, Araripe Jr., José Veríssimo, Sílvio Romero, Graça Aranha, Anísio Teixeira) para a defesa e anseios de modernização e de superação do "atraso" que nos fazia um país de maioria analfabeta e miserável frente às nações da Europa. Esse debate nacionalista era também motivado pela aspiração de descoberta de parte do país ainda desconhecida – o sertão e a periferia – através de uma produção crítica e da escrita literária (Euclides da Cunha, Lima Barreto). Pretende-se com esse simpósio integrar trabalhos que retomem os debates intelectuais e literários em torno do problema da identidade nacional e da modernização durante a Primeira República no Brasil, incorporando pesquisadores das áreas de História, Geografia, Educação, Sociologia e Literatura.
6. MEMÓRIA, IDENTIDADE E PATRIMÔNIO
Aline de Caldas Costa dos Santos
Doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Cultura & Turismo (UESC)
Pesquisadora do grupo Identidade Cultural e Expressões Regionais (ICER/UESC)
Gisane Souza Santana
Mestranda em Letras: Linguagens e Representações (UESC)
Especialização em Estudos Comparados de Literaturas (UESC)
Pesquisadora do grupo Identidade Cultural e Expressões Regionais (ICER/UESC)
Bolsista CAPES
Resumo - Esse simpósio visa a discutir as representações identitárias e trânsitos culturais com ênfase em temas relacionados à memória e ao patrimônio cultural (SIMÕES, 2006; HALL, 2002; ANDERSON, 2008; LE GOFF, 1990; NORA, 1993). Pretende-se discutir representações comunitárias e a interface de discursos de identidade a partir dessas expressões simbólicas (memória/patrimônio), a visibilidade do patrimônio cultural e as ações políticas que a sustentam em atenção ao fenômeno dos fluxos sociais.
7. ESTUDOS EM HISTÓRIA CULTURAL: OBJETOS, PROBLEMAS E ABORDAGENS
Cleide de Lima Chaves
Doutora em História Social (UFRJ)
Professora Adjunta da área de História do Brasil (DH/UESB)
Márcia Santos Lemos
Doutora em História (UFF)
Professora Adjunta da área de História Antiga e Medieval (DH/UESB)
Resumo: A proposta deste Simpósio é uma iniciativa do Laboratório de Estudos em História Cultural (UESB). O objetivo do LEHC é fomentar a produção na área, fortalecer as linhas de pesquisa do grupo, promover ações multidisciplinares, apontar novas perspectivas de análise dos objetos da cultura e estimular a formação de jovens pesquisadores. Nesta perspectiva, o simpósio pretende reunir pesquisadores interessados na História Cultural, com o objetivo de conhecer e divulgar diferentes enfoques e leituras dentro desse campo. Deverão ser debatidos temas comuns ou complementares, como: História e Literatura; fronteiras; representações; práticas religiosas; poder simbólico; gênero; discurso e apropriação; linguagens: os mundos da escrita, da leitura, da oralidade e da imagem; identidade; cidade; memória, História e historiografia, dentre outros temas relacionados. É de interesse igualmente discutir trabalhos que contribuam para atualizar o debate sobre fontes, métodos e teorias no campo da História Cultural.
8. VIOLÊNCIA, BANDITISMO E DISPUTAS POLÍTICAS NOS SERTÕES DO NORDESTE, SÉCULOS XIX E XX
Lina Maria Brandão de Aras
Doutora em História (USP)
Professora do Departamento e do PPG História da FFCH/UFBA
Rafael Sancho Carvalho da Silva
Mestre em História Social (UFBA)
Professor Substituto do Departamento de História da UFBA
Resumo: O simpósio temático objetiva analisar as disputas políticas nos sertões do Nordeste e suas relações com banditismo e outras formas de manifestações de violência vinculadas aos conflitos políticos. São três temas que mantêm relação entre si e, dessa forma, pretendemos agregar pesquisadores interessados em analisar e debater o banditismo e seu vínculo com as disputas do mandonismo regional, bem como diversas formas de expressões de violência. Agregamos pesquisas relacionadas não só com o sertão baiano, mas como de outras áreas do Nordeste brasileiro nos séculos XIX e XX. Apesar de diferentes momentos da história do Brasil, interessa o debate sobre as disputas políticas e suas formas de expressão através da violência e do banditismo em diferentes momentos da história dos sertões nordestinos.
9. ESCRITAS DE LUGARES: HISTÓRIA E LITERATURA, PAISAGENS E SENSIBILIDADES
Clóvis F. R. M. Oliveira
Doutor em História (UnB)
Professor Assistente da UNEB/Campus II/Alagoinhas)
Valter Guimarães Soares
Mestre em Literatura (UEFS)
Professor Assistente da UEFS
Resumo: Produto de “camadas de pedras e sonhos”, as paisagens emergem como inscrições, imagens grafadas na memória e criadoras de fronteiras e identidades. As escriturações riscam linhas que ligam e desligam pontos, criam referenciais de lembranças e constroem monumentos para celebrações coletivas. Nessa trajetória de escrita de discursos, historiadores e literários, em tensos jogos de trocas, estabelecem marcos, escolhem os materiais para serem usados e descartados e, sob o pretexto de descrever, produzem e dão forma aos lugares, materializando o que antes estava disperso na forma de sonhos. Esta proposta de simpósio temático pretende acolherestudos quese dedicam a pensar espaços, memória e paisagens nas suas mais diversas figurações: litoral, sertão, urbano-rural, campo-cidade, centro-periferia.
10. RASTOS, RESTOS E ROSTOS: HISTÓRIA, LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES NA INVENÇÃO DOS SERTÕES
Alex dos Santos Guimarães
Mestre em Teoria Literária e Crítica da Cultura (UFSJ)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Graduado em História (UESB)
Joslan Santos Sampaio
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Resumo: O objetivo deste simpósio é conhecer experiências históricas em que a arte, em suas múltiplas formas de expressão – da literatura ao cinema, da música às artes visuais – cria representações, imagens, percepções e sensações que afetam o imaginário social e político, incidindo na memória multifacetada dos sertões. Sabe-se hoje, para além da “teoria do reflexo” que norteou as pesquisas históricas até os anos de 1960, que mais do que refletir um suposto mundo objetivo, a arte institui “realidades”, produz conhecimentos e desejos, molda comportamentos e gestos, oferece novos temas e problemáticas, abre novos espaços para a imaginação criativa, afetando a psique, a memória, a escrita da História e os seus modos de atuação. Por tudo isso, as artes têm papel fundamental na invenção discursiva “dos sertões”, imaginando o cangaço, o coronelismo, o messianismo, os movimentos sociais, políticos, religiosos e culturais.
11. MOVIMENTOS SOCIAIS: RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE
Lemuel Rodrigues da Silva
Doutor em Ciências Sociais (UFRN)
Mestre em História (UFPE)
Professor do curso de História da UERN
Marcílio Lima Falcão
Doutorando em História Social (USP)
Mestre em História (UFC)
Professor do curso de História da UERN
Resumo: A temática que envolve as discussões sobre religião e religiosidade, no que diz respeito aos movimentos sociais rurais e urbanos, tem dado ênfase na configuração de tais movimentos como formas de contestação social. Nesse sentido, o estudo sobre os movimentos sociais passa a ser visto para além de seus aspectos econômicos e políticos e, ao buscar a importância do sagrado e do simbólico na gênese e desenvolvimento de tais movimentos, abrem-se novas possibilidades e novas formas de abordar a temática. Assim, preocupado com essas questões, esse simpósio temático busca ser um espaço de discussão e diálogo entre pares que, aparentemente, são opostos como o sagrado\profano, material\simbólico, político\econômico, mas que, em nossa proposta, também são dialogais e promovem um profícuo debate historiográfico sobre os diversos aspectos e sujeitos que em suas experiências tiveram o sagrado\profano como elementos norteadores em suas formas de resistir.
Minicursos
1. A APROPRIAÇÃO E MERCADORIZAÇÃO DA MEMÓRIA LAMPIÔNICA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE SERRA TALHADA – PE
José Ferreira Júnior
Doutorando em Ciências Sociais (UFCG)
FACISST – Faculdade de Ciências Sociais de Serra Talhada – PE
Ementa: A identidade trata de uma representação de si para si e de si para os outros. Serra Talhada, cidade sertaneja pernambucana, representa-se, nacional e mundialmente, como sendo a Capital do Xaxado e, por tabela, terra de Lampião, uma vez que, na literatura local, tornou-se lugar-comum atribuir ao cangaceiro a invenção da dança que identifica a cidade. A identidade local serra-talhadense, nada obstante experimentar cristalização, trata de uma invenção possível de se detectar início e autores, além disso, sua ascensão, em detrimento de uma outra nomenclatura que identificava a cidade (tricampeã da beleza feminina), torna-a fenômeno social promotor de atratividade a pesquisadores. A mudança identitária do lugar de nascimento de Lampião, por si só, já se revela temática viabilizadora de discussão proveitosa. Porém, essa discussão se torna mais acentuada quando se verifica, mais detidamente, o enredo que possibilitou tal mutação: a ação dos produtores culturais, a influência midiática, bem como a resistência imposta. Ademais, também se revela digna de nota a maneira por que a memória lampiônica é comercializada e, nesse comercializar, a privatização dos lugares de memória lampiônica. Somada à complexidade caracterizadora da construção da identidade local, verifica-se a fluidez identitária que perpassa o citadino serra-talhadense, revelada em seus discursos, no que se refere a identificar-se com Lampião. Este minicurso tem como proposta discutir o uso da memória lampiônica em Serra Talhada na construção identitária do lugar, as ações protagonizadas pelos inventores dessa identidade e o contributo da mídia, tomando-se como elemento de referência, além de aporte teórico histórico-sociológico, o resultado de pesquisas realizadas in loco.
Objetivos: Analisar o processo de construção da identidade serra-talhadense e sua relação com a apropriação e mercadolização da memória lampiônica; Identificar as ações promotoras da glorificação da memória lampiônica Serra Talhada; Relatar as reações caracterizadoras de resistência à glorificação da memória lampiônica na cidade; Discutir os reflexos da glorificação da memória lampiônica no cotidiano serra-talhadense; Analisar as representações dos citadinos serra-talhadenses em relação à glorificação da memória lampiônica na cidade.
2. RELIGIOSIDADE E CONFLITO NO SERTÃO CONSELHEIRISTA: A PERSEGUIÇÃO DO CLERO DA BAHIA A ANTÔNIO CONSELHEIRO E CANUDOS (1874-1897).
Leandro Aquino Wanderlei
Mestrando em História Social (UFPE)
Professor do Ensino Básico da Rede Escolar do Estado da Paraíba.
Ementa: Estudo dos fatores de ordem religiosa, política e social que explicam a perseguição da Igreja Católica, em particular da Arquidiocese da Bahia e de suas freguesias nos sertões, às prédicas, devoções e obras assistenciais dirigidas por Antônio Conselheiro, em colaboração com as populações sertanejas do nordeste da Bahia e de Sergipe, inseridos num processo mais amplo de reforma do catolicismo, empreendida sob o influxo tridentino e por meio da direção dos bispos ultramontanos no Brasil, na segunda metade do século XIX.
Objetivos: Discutir os limites da ação religiosa da Igreja frente à religiosidade leiga, predominante no catolicismo brasileiro nos tempos de colônia e ao longo do século XIX; Avaliar o controle do Estado sobre a instituição eclesiástica (regime de Padroado) e a situação política da Igreja nos primórdios do regime republicano; Estabelecer relação entre estes fatores históricos e a campanha do clero, especialmente na Bahia, contra Antônio Conselheiro e Canudos (1874-1897).
3. O CICLO DO CANGAÇO NO MUNDO IMAGINÁRIO DA LITERATURA DE CORDEL
José Paulo Ferreira de Moura
Licenciado em História pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (FUNESO)
Pesquisador e Escritor Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC
Ementa: O cangaço é um dos temas mais explorados na literatura de cordel, onde o cangaceiro é quase sempre retratado como herói. A literatura de cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio desta escrita eram transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo pelo próprio povo, onde os cordelistas eram os poetas que viviam (e sobreviviam) no meio das classes menos favorecidas. O objetivo do minicurso é apontar a importância que a literatura de cordel teve para o cangaço e, através dele, a visão do cangaço na ótica do povo, transformando o mundo real dos cangaceiros, através do imaginário das narrativas poéticas, em verdadeiros guerreiros que lutavam contra os desmandos dos coronéis e a favor do povo. Como a literatura de cordel está intimamente relacionada com o ciclo do cangaço, este minicurso se justifica pela relevância de compreender até onde este imaginário poético se sobrepôs à realidade vivida naquele tempo cruel de lutas, intrigas e desmandos sociais. E é através da leitura de alguns épicos do cordel/cangaço que retrataremos a magia da recitação e o romantismo dos diálogos entrando em consonância com o imaginário.
Objetivos: Abordar o fenômeno do Cangaço na ótica dos poetas de literatura de cordel; Mostrar que a vida dos cangaceiros retratada através da literatura de cordel é completamente parecida com as dos livros de história.
4. O CANGAÇO E AS VIAGENS PELA LITERATURA, MÚSICA E IMAGEM.
Rubervânio da Cruz Lima
Graduação em Letras – Inglês e Português (FASETE-2008)
Pós-Graduação em Estudos Literários (UEFS-2009)
Pós-Graduação em Gestão Cultural (SENAC-2013)
Sócio da SBEC.
Ementa: Estudo da relação Cangaço/História apontando alguns aspectos sobre o cangaço e sua trajetória histórica, desde o principio do fenômeno até a figura de Lampião, como aspectos que apontam o modo de vida e os costumes dos cangaceiros. Pretende-se evidenciar a influência do cangaço nas expressões literárias que fazem parte da cultura popular, como o cordel e a xilogravura.
Analisaremos o cangaço e sua influência na música e nas artes plásticas da região Nordeste. Estudar as representações visuais do cangaço a partir de fotos e filmes.
Objetivos: Envolver os participantes com esse tipo peculiar de estudo, promovendo também uma discussão sobre o que vem a ser o tema, até os dias atuais e as suas influências nas várias expressões artísticas (geral); Promover um debate que aborde a questão da ligação entre o fenômeno do Cangaço e as artes, de um modo geral, além de evidenciar algumas expressões artísticas populares ligadas ao tema, mostrando-os em um estudo bibliográfico expositivo; Desenvolver o senso crítico e promover a troca de experiência através de intervenções dos participantes, a partir da exposição de aspectos que tratem da temática; Associar essa abordagem à montagem de um painel de fotos que farão parte de uma exposição realizada coletivamente ao término do minicurso cujo objetivo é oferecer a oportunidade dos participantes aplicarem o conhecimento através do desafio de tirar possíveis dúvidas dos visitantes dessa exposição.
5. UMA IDENTIDADE SERTANEJA?
Danilo Uzêda da Cruz
Graduando em Ciências Sociais, Universidade Federal da Bahia - UFBA
Graduado em História, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
Especialista em Educação Superior, Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC
Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano, Universidade Salvador - UNIFACS
Ementa: O minicurso abordará o processo de construção da identidade sertaneja e suas dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais, discutindo os elementos dessa identidade e as relações que estabelece com o mundo contemporâneo. De modo geral, o minicurso versará sobre os seguintes temas: construção de identidades coletivas, região, territórios e comunidades; o sertão, história e política, região e cultura; o imaginário no sertão; o sertanejo e as transformações sociais, econômicas, ambientais e políticas do século XXI.
Objetivos: Debater a construção da identidade sertaneja; Discutir elementos do imaginário sertanejo e as transformações sociais, econômicas, ambientais e políticas do século XXI.
6. ANÉSIA CAUAÇU: PIONEIRA NA PARTICIPAÇÃO “FEMININA” NO CANGAÇO
Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho
Mestre em Memória Social (UNIRIO)
Especialista em Literatura e Ensino da Literatura (UESB)
Licenciado em Letras (UESB)
Professor da Pós-Graduação das Faculdades Euclides Fernandes (FIEF)
Ementa: Estudo da participação feminina no cangaço. O papel pioneiro de Anésia Cauaçu. Contempla abordagens sobre as raízes do coronelismo e do cangaço na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano, além de abordar o que permaneceu na memória coletiva de tradição oral da região de Jequié sobre os Cauaçus.
Objetivos: Revelar o papel pioneiro de Anésia Cauaçu no cangaço e no processo de emancipação da mulher do sertão; Discutir as origens do coronelismo e do cangaço na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano; Refletir sobre a memória coletiva a respeito dos Cauaçus.
7. MULHERES NEGRAS: PRÁTICAS CULTURAIS E MILITÂNCIA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO ALTO SERTÃO BAIANO
Karla Dias de Lima
Especialista em Educação e Diversidade Étnico-Racial (UESB)
Professora da Rede Estadual de Ensino e Pesquisadora (GEPEECS).
Leila Maria Prates Teixeira
Mestre em História (PPGHIS-UNEB)
Professora do curso de História (UESB)
Ementa: Este minicurso pretende discutir as estratégias de sobrevivência de práticas culturais desempenhadas por mulheres negras em comunidades quilombolas do Alto Sertão da Bahia, como uma possibilidade de reconstruir vivências, afetividade, ancestralidade, memória e identidade de gênero. As concepções atuais acerca da história das mulheres e da liderança feminina nos segmentos populares colaboram para a análise das especificidades das relações vivenciadas pelas mulheres negras em comunidades tradicionais. Nesse sentido, abordaremos conceitos introdutórios relacionados à mulher negra, à liderança feminina, à cultura negra, à identidade étnico-racial e aos quilombos, privilegiando estudos concentrados nas comunidades de Tomé Nunes (Malhada/BA) e Tucum (Tanhaçu/BA), localidades pesquisadas pelas autoras dessa proposta.
Objetivos: Analisar o prestígio feminino através da marcante participação nas questões políticas e na manutenção das práticas culturais nessas comunidades; Conhecer as formas de sobrevivência e resistência criada por mulheres negras e quilombolas em comunidades do Alto Sertão baiano; Refletir sobre os conceitos de gênero e identidade na contemporaneidade.
8. O CANGAÇO COMO FENÔMENO SOCIAL
Josué Damasceno Pereira
Pesquisador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC
Resumo: A proposta de um minicurso voltado para a temática do cangaço como fenômeno social tem por objetivo despertar no interlocutor um olhar mais crítico a respeito das condições de vida e relações sociais nos sertões do Nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. Para tanto, nossas atividades foram organizadas em função de quatro eixos: o banditismo nos sertões do Nordeste; cangaço e política; cangaço e religião; e o mito Lampião. Tal procedimento nos permite ponderar sobre as questões que envolvem os cangaceiros e suas relações com a sociedade sertaneja, em especial a classe política, setores do clero católico e, por fim, a construção do mito em torno da figura de Virgulino Ferreira, o Lampião. O conhecimento dessas relações constitui fatores importantes no processo de compreensão da História Regional.
Objetivos: Analisar a formação do cangaço no Nordeste brasileiro; Estudar a constituição do mito de Lampião na cultura popular do Nordeste.
9. VEREDAS DO GRANDE SERTÃO: CRENÇA, AMOR E VIOLÊNCIA NO IMAGINÁRIO DO SERTÃO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Halysson F. Dias Santos
Doutorando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Graduação em Letras (UESB)
Professor do curso de Letras (UESB)
Heurisgleides Sousa Teixeira
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Graduação em Letras (UESB)
Professora da UNEB (Campus IX/Barreiras)
Ementa: O imaginário do sertão na obra de João Guimarães Rosa. A ficcionalização das crenças, do amor e as relações de conflito entre os jagunços.
Objetivo: Apresentar e discutir o imaginário do sertão na obra de Guimarães Rosa, a partir de elementos tematizados no romance Grande sertão: veredas.
10. REVIRAMUNDO – O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM ENSAIO AUDIOVISUAL A PARTIR DA “ENCICLOPÉDIA AUDIOVISUAL DA CULTURA POPULAR DO SERTÃO”, DE GERALDO SARNO
Felipe Corrêa Bomfim
Mestrando do programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Graduado em Cinema pela Universidade de Bolonha (Itália)
Glauber Brito Matos Lacerda
Mestre em “Memória: Linguagem e Sociedade” (UESB)
Professor de “Documentário” e “Técnicas de Sonorização” no curso de Cinema e Audiovisual (UESB)
Ementa: Entre os anos de 1969 e 1972, o cineasta Geraldo Sarno dirigiu uma série de curtas-metragens documentais sobre manifestações da cultura popular nordestina intitulada “Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão”. Em março de 2013, Geraldo Sarno voltou à sua terra natal, a cidade de Poções (BA), acompanhado por uma equipe de filmagens que registrou o reencontro do cineasta com pessoas e lugares da sua infância que, declaradamente, influenciaram sua obra. O minicurso apresenta o processo de construção do filme-ensaio “Reviramundo” que aborda o caráter memorialista da obra de Geraldo Sarno, apresentando um diálogo das suas memórias de infância com o conteúdo e com a forma da série documental dirigida pelo mesmo.
Objetivos: Apresentar o processo de criação do filme-ensaio “Reviramundo” a partir de um diálogo com a forma e com o conteúdo dos filmes da “Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão”, de Geraldo Sarno; Assistir aos filmes da Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão; Discutir os aspectos formais e o conteúdo do conjunto da obra; Destacar o caráter memorialista da produção documental de Sarno; Apresentar o processo de construção do filme-ensaio.
Maiores informações: Blog da SBEC
Conferência de Abertura
22 / 10 / 2013 l Teatro Glauber Rocha l 20:00h
“Se vier, que venha armado: cangaceirismo e masculinidade como definidoras das identidades sertaneja e nordestina”
Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Autor dos livros: Nordestino: invenção do 'falo': uma história do gênero masculino/1920-1940 (2ª ed., São Paulo, Intermeios, 2013), A invenção do Nordeste e outras artes (5ª ed., São Paulo: Cortez, 2011) e História: a arte de inventar o passado (Baurú, SP: EDUSC, 2007).
Lançamento de livro - Nordestino: invenção do 'falo': uma história do gênero masculino/1920-1940 (2ª ed., São Paulo, Intermeios, 2013).
Conferência de Encerramento
25/ 10 / 2013 l Teatro Glauber Rocha l 20:00h
“O cangaço nas batalhas da memória”
Dr. Antônio Fernando de Araújo Sá
Doutor em História pela Universidade de Brasília (UnB)
Professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Autor dos livros: O cangaço nas batalhas da memória (Recife, Editora da UFPE, 2011) e Combates entre história e memória (São Cristóvão/SE, EDUFS, 2005).
Lançamento de livro - O cangaço nas batalhas da memória (Recife, Editora da UFPE, 2011).
Simpósios Temáticos
1. CULTURA E REPRESENTAÇÕES NO SERTÃO NORDESTINO: MEMÓRIA, IDENTIDADES E RESSIGNIFICAÇÕES
José Ferreira Júnior
Doutorando em Ciências Sociais (UFCG)
Mestre em Ciências Sociais (UFCG)
Professor da Faculdade de Integração do Sertão / Serra Talhada – PE
Resumo: A cultura é objeto de investigação acadêmica; ela permite uma maior compreensão dos fenômenos sociais, em particular aos que remetem às especificidades da preservação de memórias, seu uso no processo de formação identitária e às ressignificações por que passam tais identidades. Este simpósio temático discutirá a memória e sua importância no constructo de identidades e as ressignificações verificadas nessas construções, tomando como espacialidade os sertões nordestinos em suas múltiplas representações: relações de gênero, questões familiares, relação com os lugares, expressões artísticas, religiosidade, etc. Acataremos trabalhos que tratem da temática proposta, sob as óticas da História, da Sociologia, Antropologia e ciências afins.
2. CONTOS, CANÇÕES E CENAS: O CANGAÇO EM IMAGENS, LETRAS E SONS
Caroline de Araújo Lima
Mestre em História Regional e Local (UNEB/Campus V)
Professora do curso de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XVIII)
Coordenadora do Projeto de Iniciação Científica “História, cinema e ensino de História: o sertão, o cangaceiro e o beato no cinema brasileiro” (2012/2013)
Resumo: Este simpósio temático tem como proposta reunir estudantes e pesquisadores com o objetivo de divulgar resultados de pesquisas relacionadas ao tema do Cangaço. Pretendemos analisar as representações dos cangaceiros no cinema, nos folhetos de cordel, na literatura, nas fotografias jornalísticas, dentre outras linguagens. A partir de tais linguagens que deram a esses personagens contornos míticos e estereotipados, ofereceremos ricas discussões sobre identidade, representações de sertão e sertanejo, relações de poder, de gênero e de memória. O simpósio está aberto para receber propostas de temas que versem sobre o universo cultural dos sertões e sertanejos no campo do audiovisual, da literatura de cordel, na área fotográfica e da música popular.
3. LINGUAGENS E NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM HISTÓRIA: DOMÍNIOS, ABORDAGENS, ENSINO E PESQUISA
Jairo Carvalho do Nascimento (UNEB/Campus VI)
Doutorando em História – UFBA
Mestre em História Social (UFBA)
Professor do curso de História da UNEB/Campus VI
Eduardo de Lima Leite (UNEB/Campus VI)
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Educação, Cultura e Memória (UESB)
Professor de História da Educação Básica/Bahia
Maria Sigmar Coutinho Passos (UNEB/Campus VI)
Doutoranda em Educação – UFBA
Mestre em Educação e Contemporaneidade (UNEB)
Professora do curso de História da UNEB/Campus VI
Resumo: Este simpósio tem por objetivo reunir pesquisadores, professores universitários e estudantes de pós-graduação vinculados à pesquisa e ao ensino no campo da disciplina História e áreas afins, propiciando um espaço para a exposição de trabalhos acadêmicos e experiências didáticas relacionados aos seguintes temas: a relação cinema/história (temas, fontes, teoria); o uso de documentos imagéticos (cinema, fotografia, iconografia) em sala de aula; a música e o ensino de História; a utilização da televisão como veículo de ensino; as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC/computadores, internet, etc.) e suas relações com a educação. Em que medida as diferentes linguagens e as novas tecnologias de informação e comunicação contribuem para a produção do conhecimento histórico, para o trabalho do professor de História? Essa pergunta será o ponto de partida para promover o debate durante o simpósio. O simpósio estará aberto para receber, também, propostas de experiências didáticas e pesquisas de professores da educação básica e de graduandos em História e áreas afins.
4. PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NOS “ESPAÇOS DA TRADIÇÃO”
Bruno Goulart Machado Silva
Doutorando em Antropologia Social pela Universidade de Brasília
Mestre em Antropologia Social (UFRN)
Jean Pierre Pierote Silva
Mestrando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás
Graduado em Ciências Sociais (UFG)
Resumo: A noção de patrimônio cultural está na agenda das ações estatais nas últimas décadas. Essas políticas se voltam muitas vezes para populações e espaços geográficos circunscritos ao campo discursivo da tradição. Sejam patrimônios materiais ou imateriais, os processos de patrimonialização trazem consequências para os atores ligados a esses bens culturais. Este simpósio temático tem como objetivo promover o debate sobre esses processos do ponto de vista dos próprios atores sociais afetados pelas políticas patrimoniais, especificamente aqueles situados nos lugares imaginados como “Sertão” pelo pensamento social brasileiro. O debate visa a contribuir para a atual discussão dos processos de patrimonialização a partir de alguns questionamentos: Como a memória dos grupos é acionada e ressignificada nestas políticas? Como os grupos as têm percebido? De que forma a patrimonialização afeta a relação dos grupos envolvidos com os bens culturais?
5. NACIONALISMO E MODERNIZAÇÃO NO DEBATE INTELECTUAL, CIENTÍFICO E LITERÁRIO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
Renailda Ferreira Cazumbá
Doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Literatura e Diversidade Cultural (UEFS)
Professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XX)
Wilson da Silva Santos
Doutorando em Filosofia e História da Educação (Unicamp)
Mestre em Educação (UFPB)
Professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XX)
Resumo: O debate intelectual travado na Primeira República no Brasil (1889-1930) polarizou-se em torno de temas como nação, ciência, raça e civilização. Na época referendada, a discussão nacionalista baseava-se numa concepção modernizadora e no cosmopolitismo que embasavam um projeto civilizador para o país, em torno de propostas idealistas que animavam as pesquisas sociológicas, históricas, políticas e a escrita literária na virada do século XIX para o XX. Escritos científicos, literários e jornalísticos na Primeira República se unificaram em torno das projeções do positivismo e do liberalismo, que motivaram um grupo de intelectuais (Tobias Barreto, Araripe Jr., José Veríssimo, Sílvio Romero, Graça Aranha, Anísio Teixeira) para a defesa e anseios de modernização e de superação do "atraso" que nos fazia um país de maioria analfabeta e miserável frente às nações da Europa. Esse debate nacionalista era também motivado pela aspiração de descoberta de parte do país ainda desconhecida – o sertão e a periferia – através de uma produção crítica e da escrita literária (Euclides da Cunha, Lima Barreto). Pretende-se com esse simpósio integrar trabalhos que retomem os debates intelectuais e literários em torno do problema da identidade nacional e da modernização durante a Primeira República no Brasil, incorporando pesquisadores das áreas de História, Geografia, Educação, Sociologia e Literatura.
6. MEMÓRIA, IDENTIDADE E PATRIMÔNIO
Aline de Caldas Costa dos Santos
Doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Cultura & Turismo (UESC)
Pesquisadora do grupo Identidade Cultural e Expressões Regionais (ICER/UESC)
Gisane Souza Santana
Mestranda em Letras: Linguagens e Representações (UESC)
Especialização em Estudos Comparados de Literaturas (UESC)
Pesquisadora do grupo Identidade Cultural e Expressões Regionais (ICER/UESC)
Bolsista CAPES
Resumo - Esse simpósio visa a discutir as representações identitárias e trânsitos culturais com ênfase em temas relacionados à memória e ao patrimônio cultural (SIMÕES, 2006; HALL, 2002; ANDERSON, 2008; LE GOFF, 1990; NORA, 1993). Pretende-se discutir representações comunitárias e a interface de discursos de identidade a partir dessas expressões simbólicas (memória/patrimônio), a visibilidade do patrimônio cultural e as ações políticas que a sustentam em atenção ao fenômeno dos fluxos sociais.
7. ESTUDOS EM HISTÓRIA CULTURAL: OBJETOS, PROBLEMAS E ABORDAGENS
Cleide de Lima Chaves
Doutora em História Social (UFRJ)
Professora Adjunta da área de História do Brasil (DH/UESB)
Márcia Santos Lemos
Doutora em História (UFF)
Professora Adjunta da área de História Antiga e Medieval (DH/UESB)
Resumo: A proposta deste Simpósio é uma iniciativa do Laboratório de Estudos em História Cultural (UESB). O objetivo do LEHC é fomentar a produção na área, fortalecer as linhas de pesquisa do grupo, promover ações multidisciplinares, apontar novas perspectivas de análise dos objetos da cultura e estimular a formação de jovens pesquisadores. Nesta perspectiva, o simpósio pretende reunir pesquisadores interessados na História Cultural, com o objetivo de conhecer e divulgar diferentes enfoques e leituras dentro desse campo. Deverão ser debatidos temas comuns ou complementares, como: História e Literatura; fronteiras; representações; práticas religiosas; poder simbólico; gênero; discurso e apropriação; linguagens: os mundos da escrita, da leitura, da oralidade e da imagem; identidade; cidade; memória, História e historiografia, dentre outros temas relacionados. É de interesse igualmente discutir trabalhos que contribuam para atualizar o debate sobre fontes, métodos e teorias no campo da História Cultural.
8. VIOLÊNCIA, BANDITISMO E DISPUTAS POLÍTICAS NOS SERTÕES DO NORDESTE, SÉCULOS XIX E XX
Lina Maria Brandão de Aras
Doutora em História (USP)
Professora do Departamento e do PPG História da FFCH/UFBA
Rafael Sancho Carvalho da Silva
Mestre em História Social (UFBA)
Professor Substituto do Departamento de História da UFBA
Resumo: O simpósio temático objetiva analisar as disputas políticas nos sertões do Nordeste e suas relações com banditismo e outras formas de manifestações de violência vinculadas aos conflitos políticos. São três temas que mantêm relação entre si e, dessa forma, pretendemos agregar pesquisadores interessados em analisar e debater o banditismo e seu vínculo com as disputas do mandonismo regional, bem como diversas formas de expressões de violência. Agregamos pesquisas relacionadas não só com o sertão baiano, mas como de outras áreas do Nordeste brasileiro nos séculos XIX e XX. Apesar de diferentes momentos da história do Brasil, interessa o debate sobre as disputas políticas e suas formas de expressão através da violência e do banditismo em diferentes momentos da história dos sertões nordestinos.
9. ESCRITAS DE LUGARES: HISTÓRIA E LITERATURA, PAISAGENS E SENSIBILIDADES
Clóvis F. R. M. Oliveira
Doutor em História (UnB)
Professor Assistente da UNEB/Campus II/Alagoinhas)
Valter Guimarães Soares
Mestre em Literatura (UEFS)
Professor Assistente da UEFS
Resumo: Produto de “camadas de pedras e sonhos”, as paisagens emergem como inscrições, imagens grafadas na memória e criadoras de fronteiras e identidades. As escriturações riscam linhas que ligam e desligam pontos, criam referenciais de lembranças e constroem monumentos para celebrações coletivas. Nessa trajetória de escrita de discursos, historiadores e literários, em tensos jogos de trocas, estabelecem marcos, escolhem os materiais para serem usados e descartados e, sob o pretexto de descrever, produzem e dão forma aos lugares, materializando o que antes estava disperso na forma de sonhos. Esta proposta de simpósio temático pretende acolherestudos quese dedicam a pensar espaços, memória e paisagens nas suas mais diversas figurações: litoral, sertão, urbano-rural, campo-cidade, centro-periferia.
10. RASTOS, RESTOS E ROSTOS: HISTÓRIA, LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES NA INVENÇÃO DOS SERTÕES
Alex dos Santos Guimarães
Mestre em Teoria Literária e Crítica da Cultura (UFSJ)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Graduado em História (UESB)
Joslan Santos Sampaio
Mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Resumo: O objetivo deste simpósio é conhecer experiências históricas em que a arte, em suas múltiplas formas de expressão – da literatura ao cinema, da música às artes visuais – cria representações, imagens, percepções e sensações que afetam o imaginário social e político, incidindo na memória multifacetada dos sertões. Sabe-se hoje, para além da “teoria do reflexo” que norteou as pesquisas históricas até os anos de 1960, que mais do que refletir um suposto mundo objetivo, a arte institui “realidades”, produz conhecimentos e desejos, molda comportamentos e gestos, oferece novos temas e problemáticas, abre novos espaços para a imaginação criativa, afetando a psique, a memória, a escrita da História e os seus modos de atuação. Por tudo isso, as artes têm papel fundamental na invenção discursiva “dos sertões”, imaginando o cangaço, o coronelismo, o messianismo, os movimentos sociais, políticos, religiosos e culturais.
11. MOVIMENTOS SOCIAIS: RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE
Lemuel Rodrigues da Silva
Doutor em Ciências Sociais (UFRN)
Mestre em História (UFPE)
Professor do curso de História da UERN
Marcílio Lima Falcão
Doutorando em História Social (USP)
Mestre em História (UFC)
Professor do curso de História da UERN
Resumo: A temática que envolve as discussões sobre religião e religiosidade, no que diz respeito aos movimentos sociais rurais e urbanos, tem dado ênfase na configuração de tais movimentos como formas de contestação social. Nesse sentido, o estudo sobre os movimentos sociais passa a ser visto para além de seus aspectos econômicos e políticos e, ao buscar a importância do sagrado e do simbólico na gênese e desenvolvimento de tais movimentos, abrem-se novas possibilidades e novas formas de abordar a temática. Assim, preocupado com essas questões, esse simpósio temático busca ser um espaço de discussão e diálogo entre pares que, aparentemente, são opostos como o sagrado\profano, material\simbólico, político\econômico, mas que, em nossa proposta, também são dialogais e promovem um profícuo debate historiográfico sobre os diversos aspectos e sujeitos que em suas experiências tiveram o sagrado\profano como elementos norteadores em suas formas de resistir.
Minicursos
1. A APROPRIAÇÃO E MERCADORIZAÇÃO DA MEMÓRIA LAMPIÔNICA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE SERRA TALHADA – PE
José Ferreira Júnior
Doutorando em Ciências Sociais (UFCG)
FACISST – Faculdade de Ciências Sociais de Serra Talhada – PE
Ementa: A identidade trata de uma representação de si para si e de si para os outros. Serra Talhada, cidade sertaneja pernambucana, representa-se, nacional e mundialmente, como sendo a Capital do Xaxado e, por tabela, terra de Lampião, uma vez que, na literatura local, tornou-se lugar-comum atribuir ao cangaceiro a invenção da dança que identifica a cidade. A identidade local serra-talhadense, nada obstante experimentar cristalização, trata de uma invenção possível de se detectar início e autores, além disso, sua ascensão, em detrimento de uma outra nomenclatura que identificava a cidade (tricampeã da beleza feminina), torna-a fenômeno social promotor de atratividade a pesquisadores. A mudança identitária do lugar de nascimento de Lampião, por si só, já se revela temática viabilizadora de discussão proveitosa. Porém, essa discussão se torna mais acentuada quando se verifica, mais detidamente, o enredo que possibilitou tal mutação: a ação dos produtores culturais, a influência midiática, bem como a resistência imposta. Ademais, também se revela digna de nota a maneira por que a memória lampiônica é comercializada e, nesse comercializar, a privatização dos lugares de memória lampiônica. Somada à complexidade caracterizadora da construção da identidade local, verifica-se a fluidez identitária que perpassa o citadino serra-talhadense, revelada em seus discursos, no que se refere a identificar-se com Lampião. Este minicurso tem como proposta discutir o uso da memória lampiônica em Serra Talhada na construção identitária do lugar, as ações protagonizadas pelos inventores dessa identidade e o contributo da mídia, tomando-se como elemento de referência, além de aporte teórico histórico-sociológico, o resultado de pesquisas realizadas in loco.
Objetivos: Analisar o processo de construção da identidade serra-talhadense e sua relação com a apropriação e mercadolização da memória lampiônica; Identificar as ações promotoras da glorificação da memória lampiônica Serra Talhada; Relatar as reações caracterizadoras de resistência à glorificação da memória lampiônica na cidade; Discutir os reflexos da glorificação da memória lampiônica no cotidiano serra-talhadense; Analisar as representações dos citadinos serra-talhadenses em relação à glorificação da memória lampiônica na cidade.
2. RELIGIOSIDADE E CONFLITO NO SERTÃO CONSELHEIRISTA: A PERSEGUIÇÃO DO CLERO DA BAHIA A ANTÔNIO CONSELHEIRO E CANUDOS (1874-1897).
Leandro Aquino Wanderlei
Mestrando em História Social (UFPE)
Professor do Ensino Básico da Rede Escolar do Estado da Paraíba.
Ementa: Estudo dos fatores de ordem religiosa, política e social que explicam a perseguição da Igreja Católica, em particular da Arquidiocese da Bahia e de suas freguesias nos sertões, às prédicas, devoções e obras assistenciais dirigidas por Antônio Conselheiro, em colaboração com as populações sertanejas do nordeste da Bahia e de Sergipe, inseridos num processo mais amplo de reforma do catolicismo, empreendida sob o influxo tridentino e por meio da direção dos bispos ultramontanos no Brasil, na segunda metade do século XIX.
Objetivos: Discutir os limites da ação religiosa da Igreja frente à religiosidade leiga, predominante no catolicismo brasileiro nos tempos de colônia e ao longo do século XIX; Avaliar o controle do Estado sobre a instituição eclesiástica (regime de Padroado) e a situação política da Igreja nos primórdios do regime republicano; Estabelecer relação entre estes fatores históricos e a campanha do clero, especialmente na Bahia, contra Antônio Conselheiro e Canudos (1874-1897).
3. O CICLO DO CANGAÇO NO MUNDO IMAGINÁRIO DA LITERATURA DE CORDEL
José Paulo Ferreira de Moura
Licenciado em História pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (FUNESO)
Pesquisador e Escritor Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC
Ementa: O cangaço é um dos temas mais explorados na literatura de cordel, onde o cangaceiro é quase sempre retratado como herói. A literatura de cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio desta escrita eram transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo pelo próprio povo, onde os cordelistas eram os poetas que viviam (e sobreviviam) no meio das classes menos favorecidas. O objetivo do minicurso é apontar a importância que a literatura de cordel teve para o cangaço e, através dele, a visão do cangaço na ótica do povo, transformando o mundo real dos cangaceiros, através do imaginário das narrativas poéticas, em verdadeiros guerreiros que lutavam contra os desmandos dos coronéis e a favor do povo. Como a literatura de cordel está intimamente relacionada com o ciclo do cangaço, este minicurso se justifica pela relevância de compreender até onde este imaginário poético se sobrepôs à realidade vivida naquele tempo cruel de lutas, intrigas e desmandos sociais. E é através da leitura de alguns épicos do cordel/cangaço que retrataremos a magia da recitação e o romantismo dos diálogos entrando em consonância com o imaginário.
Objetivos: Abordar o fenômeno do Cangaço na ótica dos poetas de literatura de cordel; Mostrar que a vida dos cangaceiros retratada através da literatura de cordel é completamente parecida com as dos livros de história.
4. O CANGAÇO E AS VIAGENS PELA LITERATURA, MÚSICA E IMAGEM.
Rubervânio da Cruz Lima
Graduação em Letras – Inglês e Português (FASETE-2008)
Pós-Graduação em Estudos Literários (UEFS-2009)
Pós-Graduação em Gestão Cultural (SENAC-2013)
Sócio da SBEC.
Ementa: Estudo da relação Cangaço/História apontando alguns aspectos sobre o cangaço e sua trajetória histórica, desde o principio do fenômeno até a figura de Lampião, como aspectos que apontam o modo de vida e os costumes dos cangaceiros. Pretende-se evidenciar a influência do cangaço nas expressões literárias que fazem parte da cultura popular, como o cordel e a xilogravura.
Analisaremos o cangaço e sua influência na música e nas artes plásticas da região Nordeste. Estudar as representações visuais do cangaço a partir de fotos e filmes.
Objetivos: Envolver os participantes com esse tipo peculiar de estudo, promovendo também uma discussão sobre o que vem a ser o tema, até os dias atuais e as suas influências nas várias expressões artísticas (geral); Promover um debate que aborde a questão da ligação entre o fenômeno do Cangaço e as artes, de um modo geral, além de evidenciar algumas expressões artísticas populares ligadas ao tema, mostrando-os em um estudo bibliográfico expositivo; Desenvolver o senso crítico e promover a troca de experiência através de intervenções dos participantes, a partir da exposição de aspectos que tratem da temática; Associar essa abordagem à montagem de um painel de fotos que farão parte de uma exposição realizada coletivamente ao término do minicurso cujo objetivo é oferecer a oportunidade dos participantes aplicarem o conhecimento através do desafio de tirar possíveis dúvidas dos visitantes dessa exposição.
5. UMA IDENTIDADE SERTANEJA?
Danilo Uzêda da Cruz
Graduando em Ciências Sociais, Universidade Federal da Bahia - UFBA
Graduado em História, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
Especialista em Educação Superior, Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC
Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano, Universidade Salvador - UNIFACS
Ementa: O minicurso abordará o processo de construção da identidade sertaneja e suas dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais, discutindo os elementos dessa identidade e as relações que estabelece com o mundo contemporâneo. De modo geral, o minicurso versará sobre os seguintes temas: construção de identidades coletivas, região, territórios e comunidades; o sertão, história e política, região e cultura; o imaginário no sertão; o sertanejo e as transformações sociais, econômicas, ambientais e políticas do século XXI.
Objetivos: Debater a construção da identidade sertaneja; Discutir elementos do imaginário sertanejo e as transformações sociais, econômicas, ambientais e políticas do século XXI.
6. ANÉSIA CAUAÇU: PIONEIRA NA PARTICIPAÇÃO “FEMININA” NO CANGAÇO
Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho
Mestre em Memória Social (UNIRIO)
Especialista em Literatura e Ensino da Literatura (UESB)
Licenciado em Letras (UESB)
Professor da Pós-Graduação das Faculdades Euclides Fernandes (FIEF)
Ementa: Estudo da participação feminina no cangaço. O papel pioneiro de Anésia Cauaçu. Contempla abordagens sobre as raízes do coronelismo e do cangaço na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano, além de abordar o que permaneceu na memória coletiva de tradição oral da região de Jequié sobre os Cauaçus.
Objetivos: Revelar o papel pioneiro de Anésia Cauaçu no cangaço e no processo de emancipação da mulher do sertão; Discutir as origens do coronelismo e do cangaço na Chapada Diamantina e no sudoeste baiano; Refletir sobre a memória coletiva a respeito dos Cauaçus.
7. MULHERES NEGRAS: PRÁTICAS CULTURAIS E MILITÂNCIA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO ALTO SERTÃO BAIANO
Karla Dias de Lima
Especialista em Educação e Diversidade Étnico-Racial (UESB)
Professora da Rede Estadual de Ensino e Pesquisadora (GEPEECS).
Leila Maria Prates Teixeira
Mestre em História (PPGHIS-UNEB)
Professora do curso de História (UESB)
Ementa: Este minicurso pretende discutir as estratégias de sobrevivência de práticas culturais desempenhadas por mulheres negras em comunidades quilombolas do Alto Sertão da Bahia, como uma possibilidade de reconstruir vivências, afetividade, ancestralidade, memória e identidade de gênero. As concepções atuais acerca da história das mulheres e da liderança feminina nos segmentos populares colaboram para a análise das especificidades das relações vivenciadas pelas mulheres negras em comunidades tradicionais. Nesse sentido, abordaremos conceitos introdutórios relacionados à mulher negra, à liderança feminina, à cultura negra, à identidade étnico-racial e aos quilombos, privilegiando estudos concentrados nas comunidades de Tomé Nunes (Malhada/BA) e Tucum (Tanhaçu/BA), localidades pesquisadas pelas autoras dessa proposta.
Objetivos: Analisar o prestígio feminino através da marcante participação nas questões políticas e na manutenção das práticas culturais nessas comunidades; Conhecer as formas de sobrevivência e resistência criada por mulheres negras e quilombolas em comunidades do Alto Sertão baiano; Refletir sobre os conceitos de gênero e identidade na contemporaneidade.
8. O CANGAÇO COMO FENÔMENO SOCIAL
Josué Damasceno Pereira
Pesquisador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC
Resumo: A proposta de um minicurso voltado para a temática do cangaço como fenômeno social tem por objetivo despertar no interlocutor um olhar mais crítico a respeito das condições de vida e relações sociais nos sertões do Nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. Para tanto, nossas atividades foram organizadas em função de quatro eixos: o banditismo nos sertões do Nordeste; cangaço e política; cangaço e religião; e o mito Lampião. Tal procedimento nos permite ponderar sobre as questões que envolvem os cangaceiros e suas relações com a sociedade sertaneja, em especial a classe política, setores do clero católico e, por fim, a construção do mito em torno da figura de Virgulino Ferreira, o Lampião. O conhecimento dessas relações constitui fatores importantes no processo de compreensão da História Regional.
Objetivos: Analisar a formação do cangaço no Nordeste brasileiro; Estudar a constituição do mito de Lampião na cultura popular do Nordeste.
9. VEREDAS DO GRANDE SERTÃO: CRENÇA, AMOR E VIOLÊNCIA NO IMAGINÁRIO DO SERTÃO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Halysson F. Dias Santos
Doutorando em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Graduação em Letras (UESB)
Professor do curso de Letras (UESB)
Heurisgleides Sousa Teixeira
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB)
Especialização em Teoria e História Literária (UESB)
Graduação em Letras (UESB)
Professora da UNEB (Campus IX/Barreiras)
Ementa: O imaginário do sertão na obra de João Guimarães Rosa. A ficcionalização das crenças, do amor e as relações de conflito entre os jagunços.
Objetivo: Apresentar e discutir o imaginário do sertão na obra de Guimarães Rosa, a partir de elementos tematizados no romance Grande sertão: veredas.
10. REVIRAMUNDO – O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM ENSAIO AUDIOVISUAL A PARTIR DA “ENCICLOPÉDIA AUDIOVISUAL DA CULTURA POPULAR DO SERTÃO”, DE GERALDO SARNO
Felipe Corrêa Bomfim
Mestrando do programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Graduado em Cinema pela Universidade de Bolonha (Itália)
Glauber Brito Matos Lacerda
Mestre em “Memória: Linguagem e Sociedade” (UESB)
Professor de “Documentário” e “Técnicas de Sonorização” no curso de Cinema e Audiovisual (UESB)
Ementa: Entre os anos de 1969 e 1972, o cineasta Geraldo Sarno dirigiu uma série de curtas-metragens documentais sobre manifestações da cultura popular nordestina intitulada “Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão”. Em março de 2013, Geraldo Sarno voltou à sua terra natal, a cidade de Poções (BA), acompanhado por uma equipe de filmagens que registrou o reencontro do cineasta com pessoas e lugares da sua infância que, declaradamente, influenciaram sua obra. O minicurso apresenta o processo de construção do filme-ensaio “Reviramundo” que aborda o caráter memorialista da obra de Geraldo Sarno, apresentando um diálogo das suas memórias de infância com o conteúdo e com a forma da série documental dirigida pelo mesmo.
Objetivos: Apresentar o processo de criação do filme-ensaio “Reviramundo” a partir de um diálogo com a forma e com o conteúdo dos filmes da “Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão”, de Geraldo Sarno; Assistir aos filmes da Enciclopédia Audiovisual da Cultura Popular do Sertão; Discutir os aspectos formais e o conteúdo do conjunto da obra; Destacar o caráter memorialista da produção documental de Sarno; Apresentar o processo de construção do filme-ensaio.
Maiores informações: Blog da SBEC
domingo, 13 de outubro de 2013
Crônica de uma expedição
Na rota dos primeiros passos de Lampião
Por: (*) Sérgio Dantas
Dia 20 de setembro de 2013. Chego ao Terminal Rodoviário de Serra Talhada por volta as 21:50h e ali já encontro os amigos Kiko Monteiro, Geziel Moura e seu filho Felipe. Os dois últimos, nortistas de Belém do Pará, fazendo uma das suas primeiras incursões pelo mega calor do sertão nordestino. Kiko, do ‘Lampião Aceso’, cabra já por demais calejado nas andanças pela caatinga, ansioso por rever velhos coitos e conhecer uns poucos novos.
Fizemos nosso “Quartel General” em Triunfo, pouso de clima mais ameno, cidade a pairar soberana sobre o horizonte de Pernambuco. “O ponto mais alto do Estado” – garantem os nativos e a Geografia nos confirma o dito. Estamos no Pajeú, próximos à divisa com a Paraíba, em meio a palcos de acontecimentos diversos na sangrenta epopeia do cangaço.
O nosso objetivo imediato seria o de visitar a maior quantidade possível de lugares relacionados ao início da ‘carreira’ de Lampião. Entre os dias 20 e 24 de setembro deste ano, caímos na estrada e tentamos levar a cabo a meta estabelecida.
Como é gratificante reencontrar amigos; ver a história de perto; criar imagens – mesmo que mentais - sobre os eventos que ocorreram neste ou naquele lugar. E lá fomos nós, decididos a fatiar o Pajeú; a aprender a ler as suas entranhas; a relembrar episódios que aprendemos através de livros sobre o tema.
Na manhã do dia 21, logo cedo, após lauto café-da-manhã, descemos a Serra da Baixa Verde e fomos ao nosso alvo: a casa de Luiz Gonzaga de Souza Ferraz, na agradável Terra das Pedras do Reino; São José do Belmonte. Viagem tranquila, sem sobressaltos. A Serra do Catolé um tanto à frente; bem mais à direita. Prosa boa, uma anedota aqui e ali, o amigo Kiko fazendo imitações de ‘personagens famosos’.
Em pouco estávamos diante do imponente casarão. Linhas originais conservadas, paredes de exagerada largura, o sótão com sua escadaria antiga – testemunha silenciosa daquele dia 20 de outubro de 1922. Recebidos pela professora Pergentina, atual proprietária do imóvel, podemos ver em detalhes toda a sua estrutura. Depois da inspeção ao velho sótão, de onde Gonzaga caiu para a morte nas mãos de Livino Ferreira e "Cajueiro", varejamos cada detalhe da construção centenária. A pequena câmera Sony H90 nas mãos de Kiko, registrando detalhes, imagens e falas.
De volta à Serra Talhada, parada no ‘Coringa’ para almoço. Depois, Cemitério, para visita ao túmulo de David Jurubeba. Daí, a viagem continua até a Pedreira de Zé Saturnino. Nesta, encontramos João Alves de Barros, filho do primeiro grande inimigo do rei do cangaço. Um pouco de prosa, e ele nos mostra, ao longe, o local da primeira tocaia, onde Antônio Ferreira saíra ferido. –“Ali na Serra Vermelha, e não naquelas pedras em cima da outra aí na beira da estrada, como tem uns mentirosos que contam”. Não soubemos identificar a quem o Sr. José Alves se referia, mas o fato é que ele estava certo. O combate foi na base da Serra Vermelha, onde, mais de trinta anos depois, foram encontrados um resto de punhal, uma espora e outras coisas de menor importância. As peças maiores nos foram mostradas. Tudo fotograficamente registrado.
Ainda na Pedreira, vimos, ao longe, o velho ‘Lero’, 94 anos, também filho de Zé Saturnino. ‘Lero’ não mais tange gado. Não consegue mais se por de pé sem a ajuda de um ‘andador’. Hoje o tempo lhe obrigada a apenas tanger a vida..
Mais adiante - depois de quase ‘150 porteiras’ a abrir e fechar -, chegamos à verdadeira fazenda Passagem das Pedras, margens do riacho de São Domingos. O veio d’água seco, areial puro, em virtude da prolongada estiagem. O cruzamos de carro e chegamos até a residência de Camilo Nogueira, que nos recebe com a simpatia de costume. Um ‘gentleman’ em pleno sertão. Ali do lado, os restos da casa onde nascera Virgolino Ferreira, o ‘Lampião’. Geziel não cabe em si de tanta felicidade ao pisar no solo onde seu principal ídolo abrira os olhos a primeira vez. Sensação única para o ‘cabra do Norte’.
...e alguns restos de telhas e tijolos atestam o local exato da casa dos Ferreira.
(Foto: Kiko Monteiro)
Olha a cara do paraense! Geziel todo prosa, sentado num velho tronco de cumeeira, contempla o lugar que deu origem ao brasileiro mais estudado de todos os tempos.
(Foto: Sergio Dantas)
No dia seguinte, mais viagens e visitas. Sítio dos Nunes e Serra Grande, primeiros pontos do roteiro. Trilha de barro a partir de Varzinha, até chegarmos ao pé da velha trilha para Betânia, onde foi deflagrado o primeiro tiro do grande combate de 26 de novembro de 1926. Serra Grande; quase 18 km de extensão. Combate na chã mais baixa, onde as duas partes altas do maciço se encontram e criam uma espécie de passagem natural para o lado sul. Já tinha estado lá uma vez. Na época, o acesso era mais fácil, pois ainda não existiam os trilhos da futura “Transnordestina”. Agora, a viagem até a serra, a partir da BR 232, tem que ser feita em grande parte a pé, debaixo de sol escaldante. Os trilhos cortaram a passagem que antes era praticamente livre: apenas uma cancela! Hoje chegar lá se tornou bem mais difícil. Afinal, como diria alguém, “o progresso tem que abrir mão da História”.
A tarde, mais lugares a ver. Paramos em Nazaré, solo dos mais devotados e ferrenhos perseguidores de Lampião. Rubelvan Lira – filho do saudoso tenente João Gomes de Lira – nos recebe. Pouco depois, vem ao nosso encontro o Sr. Ulisses, filho do valente Euclides ‘Flor’. E nos reclama: “deveriam ter avisado, para que a gente preparasse um almoço bom!”. A prova do bom e desinteressado hábito sertanejo de bem receber as visitas. Improvisou-se almoço. Comida excelente!
Uma visita ao cemitério velho. Fotos das lápides de Manoel Neto, Euclides Flor, Manoel Flor e Hildebrando Ferraz. O amigo da Terra do Açaí quase não quer sair do ‘campo santo’. Ali estão os restos de outros referenciais seus, notadamente Manoel Neto, o “Mané Fumaça”. E ainda havia mais a ver: os monumentos, a igrejinha, as relíquias fotográficas e materiais guardadas na casa de Zezinho. Emoção única ver e tocar na túnica militar de Odilon Flor, com suas divisas de sargento. Tudo registrado para a posteridade.
Depois, fazenda Tapera, de Manoel Gilo. Ali fomos muito bem recepcionados por Djalmir, neto de Cassimiro de Gilo, único sobrevivente do tiroteio que ali ocorrera em 26 de agosto de 1926. Djalmir, que trabalhava como motorista do sanfoneiro Dominguinhos, nos mostra tudo. Dos restos da casa às trincheiras naturais existentes nos barrancos de riacho próximo. De cartuchos encontrados entre os escombros da casa ao cemitério onde se sepultaram os corpos de Manoel Gilo e de outros mortos daquele violento dia de agosto. Depois do lanche, deixamos a fazenda já cumprimentando a noite.
Faltava Floresta do Navio. De última hora, resolvemos entrar na cidade e fazer uma visita a seu Neco - Manoel Cavalcanti de Souza-, último ‘nazareno’ vivo. ‘Neco de Pautília’. Apesar da saúde fragilizada, o velho combatente ainda relatou detalhes do combate de Maranduba, do qual participara sob as ordens do Coronel Liberato de Carvalho. “Morreram três cangaceiros: Sabonete, Catingueira e Quina-Quina” – relembra com alguma dificuldade. Saímos de Floresta com a triste impressão de que não veríamos o guerreiro mais uma vez. A vida e seu curso inexorável rumo ao desconhecido.
[OBS. Por conta do estado de saúde e principalmente por questão de ética não exibiremos a foto do amigo e velho guerreiro Neco. Apesar de termos tido autorização da família para registrar a visita.]
No dia 23, pela manhã, uma passadinha na Fazenda Abóboras, local de nascimento do famoso cangaceiro Sabino Gomes. Instalações amplas; bom exemplar da arquitetura do início do Século XX. A casa grande, embora reformada, guarda traços de sua grandiosidade original. Tudo fechado; um perdigueiro montando guarda. A nossa esquerda, a serra do Xique Xique, ao lado da Serra Talhada. Ali teve combate em 1925 e também estava em nossa relação de lugares a visitar.
Depois de uma passagem rápida pelo Museu do Cangaço de Serra Talhada, nos despedimos do amigo Kiko. Infelizmente o cabra não pode permanecer conosco até o final, sob pena de perder sua carona de retorno ao Sergipe.
A viagem continuou sem a animação do cabra ‘Gitirana’. Fomos a Xique Xique e podemos bem entender toda a dinâmica do combate ali havido em novembro de 1925. Um açude cobre parte do local, mas ainda é possível ver pedras da cerca natural e o paredão da serra. Ali morrera Ildefonso Flor, garoto imberbe, em seus 16 anos de vida. A serra ao lado, testemunha de tudo, em seu silêncio milenar.
O dia se completa com a ida à Baixa do Juá, próximo ao Tenório, onde fora baleado Livino Ferreira, irmão de Lampião, na data de 5 de julho de 1925. Aqui também a Transnordestina criou algum obstáculo para acesso. Mas cremos que valeu ir até o local, hoje tão esquecido pelos livros. Nos pareceu ainda virgem, intocado, caatinga bruta.
Para coroar a viagem, uma breve entrada na Paraíba. Terras de Princesa Isabel, feudo dos Pereira e dos Diniz. Uma passada em Patos do Irerê, onde reinou absoluto o Coronel Marcolino Diniz, sombria figura detentora do poder naquelas plagas. Na povoação, esquecida pelos homens e pelo tempo, a igrejinha singela – onde se conta ter acontecido o casamento do cangaceiro Meia-Noite. Um pouco fora do arruado, o casarão velho dos Patos que, se não cuidado a tempo, em breve será apenas um monte de entulho.
Muitos lugares, histórias várias. Porém, todos entrelaçadas pela presença constante de Lampião e seus cangaceiros. Bom visitar, conhecer, apreender as particularidades de cada sítio histórico, em particular. Em breve, outras viagens virão. Esperamos com as boas companhias desta. O alvo nos indica, a priori, o nordeste da Bahia. Encontraremos o momento certo para a incursão.
Sérgio Augusto de Souza Dantas
Natal, RN
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
*Bacharel em Direito, pesquisador independente e autor dos livros “Lampião e o Rio Grande do Norte” (2005), “Antônio Silvino: O Cangaceiro, O Homem, O Mito” (2006) e “Lampião: Entre a Espada e a Lei” (2008). Clique Aqui e confira uma entrevista com SD
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Por: (*) Sérgio Dantas
Dia 20 de setembro de 2013. Chego ao Terminal Rodoviário de Serra Talhada por volta as 21:50h e ali já encontro os amigos Kiko Monteiro, Geziel Moura e seu filho Felipe. Os dois últimos, nortistas de Belém do Pará, fazendo uma das suas primeiras incursões pelo mega calor do sertão nordestino. Kiko, do ‘Lampião Aceso’, cabra já por demais calejado nas andanças pela caatinga, ansioso por rever velhos coitos e conhecer uns poucos novos.
Fizemos nosso “Quartel General” em Triunfo, pouso de clima mais ameno, cidade a pairar soberana sobre o horizonte de Pernambuco. “O ponto mais alto do Estado” – garantem os nativos e a Geografia nos confirma o dito. Estamos no Pajeú, próximos à divisa com a Paraíba, em meio a palcos de acontecimentos diversos na sangrenta epopeia do cangaço.
Kiko Monteiro, Sérgio Dantas e Geziel Moura traçam o mapa.
(Foto: Felipe Mauler)
O nosso objetivo imediato seria o de visitar a maior quantidade possível de lugares relacionados ao início da ‘carreira’ de Lampião. Entre os dias 20 e 24 de setembro deste ano, caímos na estrada e tentamos levar a cabo a meta estabelecida.
Como é gratificante reencontrar amigos; ver a história de perto; criar imagens – mesmo que mentais - sobre os eventos que ocorreram neste ou naquele lugar. E lá fomos nós, decididos a fatiar o Pajeú; a aprender a ler as suas entranhas; a relembrar episódios que aprendemos através de livros sobre o tema.
Na manhã do dia 21, logo cedo, após lauto café-da-manhã, descemos a Serra da Baixa Verde e fomos ao nosso alvo: a casa de Luiz Gonzaga de Souza Ferraz, na agradável Terra das Pedras do Reino; São José do Belmonte. Viagem tranquila, sem sobressaltos. A Serra do Catolé um tanto à frente; bem mais à direita. Prosa boa, uma anedota aqui e ali, o amigo Kiko fazendo imitações de ‘personagens famosos’.
Em pouco estávamos diante do imponente casarão. Linhas originais conservadas, paredes de exagerada largura, o sótão com sua escadaria antiga – testemunha silenciosa daquele dia 20 de outubro de 1922. Recebidos pela professora Pergentina, atual proprietária do imóvel, podemos ver em detalhes toda a sua estrutura. Depois da inspeção ao velho sótão, de onde Gonzaga caiu para a morte nas mãos de Livino Ferreira e "Cajueiro", varejamos cada detalhe da construção centenária. A pequena câmera Sony H90 nas mãos de Kiko, registrando detalhes, imagens e falas.
Fachada do casarão de Luiz Gonzaga de Souza Ferraz
(Foto: Kiko Monteiro)
Interior do casarão de Gonzaga
(Foto: Kiko Monteiro)
Sótão que Gonzaga tentou em vão usar como esconderijo.
(Foto: Kiko Monteiro)
De volta à Serra Talhada, parada no ‘Coringa’ para almoço. Depois, Cemitério, para visita ao túmulo de David Jurubeba. Daí, a viagem continua até a Pedreira de Zé Saturnino. Nesta, encontramos João Alves de Barros, filho do primeiro grande inimigo do rei do cangaço. Um pouco de prosa, e ele nos mostra, ao longe, o local da primeira tocaia, onde Antônio Ferreira saíra ferido. –“Ali na Serra Vermelha, e não naquelas pedras em cima da outra aí na beira da estrada, como tem uns mentirosos que contam”. Não soubemos identificar a quem o Sr. José Alves se referia, mas o fato é que ele estava certo. O combate foi na base da Serra Vermelha, onde, mais de trinta anos depois, foram encontrados um resto de punhal, uma espora e outras coisas de menor importância. As peças maiores nos foram mostradas. Tudo fotograficamente registrado.
Registrando a visita e agradecendo pelo depoimento do Sr. João Alves.
(Foto: Geziel Moura)
As pedras no sopé da Serra Vermelha.
Primeira refrega entre os Ferreira e José Saturnino.
(Foto: Kiko Monteiro)
Ferragem de um punhal encontrado no local acima há trinta anos.
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Kiko Monteiro)
Ruínas da Maniçoba da Pedreira (casa de Zé Saturnino).
(Foto: Kiko Monteiro)
Mais adiante - depois de quase ‘150 porteiras’ a abrir e fechar -, chegamos à verdadeira fazenda Passagem das Pedras, margens do riacho de São Domingos. O veio d’água seco, areial puro, em virtude da prolongada estiagem. O cruzamos de carro e chegamos até a residência de Camilo Nogueira, que nos recebe com a simpatia de costume. Um ‘gentleman’ em pleno sertão. Ali do lado, os restos da casa onde nascera Virgolino Ferreira, o ‘Lampião’. Geziel não cabe em si de tanta felicidade ao pisar no solo onde seu principal ídolo abrira os olhos a primeira vez. Sensação única para o ‘cabra do Norte’.
Riacho de São Domingos: há anos sem correr água!
(Foto: Kiko Monteiro)
Na casa que havia neste local nascera Virgolino.
Apenas o velho mandacaru...
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Sergio Dantas)
Nosso estimado Camilo Nogueira apresenta duas peças de um torno de madeira
que pertenciam a José Ferreira, pai de Lampião.
(Foto: Kiko Monteiro)
Antes de encerrar o dia de visitas, uma parada nas ruínas da casa de Dona Xanda, mãe de Saturnino. As paredes – antes marcadas por tiros – já praticamente caíram. Restos das brigas entre o cangaceiro famoso e José Alves de Barros, o Zé Saturnino. Já na saída do local, Geziel lembra-se de apanhar um pedacinho de tijolo para presentear um amigo: “entregue isto ao Dr. Ivanildo” – ele me pede. E completa: “já que ele nunca veio aqui, diga a ele que eu envio essa lembrança!”. Em Natal, dias depois, cumpri a missão a mim confiada.
Fazenda Pedreira. Ruínas da casa de dona Xanda.
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Kiko Monteiro)
Encomenda para Ivanildo Silveira. Camilo detalha o fabrico dos tijolos.
(Foto: Sérgio Dantas)
No dia seguinte, mais viagens e visitas. Sítio dos Nunes e Serra Grande, primeiros pontos do roteiro. Trilha de barro a partir de Varzinha, até chegarmos ao pé da velha trilha para Betânia, onde foi deflagrado o primeiro tiro do grande combate de 26 de novembro de 1926. Serra Grande; quase 18 km de extensão. Combate na chã mais baixa, onde as duas partes altas do maciço se encontram e criam uma espécie de passagem natural para o lado sul. Já tinha estado lá uma vez. Na época, o acesso era mais fácil, pois ainda não existiam os trilhos da futura “Transnordestina”. Agora, a viagem até a serra, a partir da BR 232, tem que ser feita em grande parte a pé, debaixo de sol escaldante. Os trilhos cortaram a passagem que antes era praticamente livre: apenas uma cancela! Hoje chegar lá se tornou bem mais difícil. Afinal, como diria alguém, “o progresso tem que abrir mão da História”.
Perto da Serra Grande. Agora, com um obstáculo a mais a transpor:
os trilhos da Transnordestina.
(Foto: Felipe Mauler)
(Foto: Felipe Mauler)
Na encosta da Serra Grande.
A tarde, mais lugares a ver. Paramos em Nazaré, solo dos mais devotados e ferrenhos perseguidores de Lampião. Rubelvan Lira – filho do saudoso tenente João Gomes de Lira – nos recebe. Pouco depois, vem ao nosso encontro o Sr. Ulisses, filho do valente Euclides ‘Flor’. E nos reclama: “deveriam ter avisado, para que a gente preparasse um almoço bom!”. A prova do bom e desinteressado hábito sertanejo de bem receber as visitas. Improvisou-se almoço. Comida excelente!
Com Ulisses Ferraz
mais que satisfeitos com o convite para o comes... e bebes também.
(Foto: Felipe Mauler)
Uma visita ao cemitério velho. Fotos das lápides de Manoel Neto, Euclides Flor, Manoel Flor e Hildebrando Ferraz. O amigo da Terra do Açaí quase não quer sair do ‘campo santo’. Ali estão os restos de outros referenciais seus, notadamente Manoel Neto, o “Mané Fumaça”. E ainda havia mais a ver: os monumentos, a igrejinha, as relíquias fotográficas e materiais guardadas na casa de Zezinho. Emoção única ver e tocar na túnica militar de Odilon Flor, com suas divisas de sargento. Tudo registrado para a posteridade.
O túmulo em destaque é onde repousam os restos mortais do lendário Manoel de Souza Neto e Hildebrando Ferraz.
(Foto: Sérgio Dantas)
(Foto: Sérgio Dantas)
Reencontro com o casal de amigos Iraci e Zezinho de Emília.
(Foto: Felipe Mauler)
Blusão militar ou gandola do Sargento Odilon Flor.
(Foto: Sérgio Dantas)
Nos despedimos do povo bom de Nazaré e tocamos a viagem até Caraíbas, palco de grande combatede 15 de fevereiro de 1926. Uma cerca de arame farpado nos impede de ir até o pé do serrote onde houve o confronto. Queríamos pelo menos um cartucho antigo, para presentear um amigo nosso. Mas nos contentamos em ver o local a algumas dezenas de metros.
O anfitrião Djalmir conta a tragédia que se abateu sobre a Família Gilo.
(Foto: Kiko Monteiro)
Em busca de vestígios, no local onde antes foi a casa da família Gilo.
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Kiko Monteiro)
Vestígios de 87 anos:
Cápsulas de balas de calibres diferentes.
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Kiko Monteiro)
A margem do Capim Grosso, riacho que corta a propriedade, serviu
como proteção para Lampião e os cabras. Assim como o São Domingos o Capim Grosso é mais um areal resultado da terrível seca.
(Foto: Sérgio Dantas)
Num pequeno cemitério dentro da propriedade jazem 11 vitimas de Lampião.
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Kiko Monteiro)
Faltava Floresta do Navio. De última hora, resolvemos entrar na cidade e fazer uma visita a seu Neco - Manoel Cavalcanti de Souza-, último ‘nazareno’ vivo. ‘Neco de Pautília’. Apesar da saúde fragilizada, o velho combatente ainda relatou detalhes do combate de Maranduba, do qual participara sob as ordens do Coronel Liberato de Carvalho. “Morreram três cangaceiros: Sabonete, Catingueira e Quina-Quina” – relembra com alguma dificuldade. Saímos de Floresta com a triste impressão de que não veríamos o guerreiro mais uma vez. A vida e seu curso inexorável rumo ao desconhecido.
[OBS. Por conta do estado de saúde e principalmente por questão de ética não exibiremos a foto do amigo e velho guerreiro Neco. Apesar de termos tido autorização da família para registrar a visita.]
No dia 23, pela manhã, uma passadinha na Fazenda Abóboras, local de nascimento do famoso cangaceiro Sabino Gomes. Instalações amplas; bom exemplar da arquitetura do início do Século XX. A casa grande, embora reformada, guarda traços de sua grandiosidade original. Tudo fechado; um perdigueiro montando guarda. A nossa esquerda, a serra do Xique Xique, ao lado da Serra Talhada. Ali teve combate em 1925 e também estava em nossa relação de lugares a visitar.
Chegando às Abóboras de Sabino
(Foto: Kiko Monteiro)
(Foto: Kiko Monteiro)
A casa-grande da fazenda Abóboras.
(Foto: Felipe Mauler)
(Foto: Felipe Mauler)
Depois de uma passagem rápida pelo Museu do Cangaço de Serra Talhada, nos despedimos do amigo Kiko. Infelizmente o cabra não pode permanecer conosco até o final, sob pena de perder sua carona de retorno ao Sergipe.
Fim de linha pra Kiko Monteiro. Visita ao acervo do museu do Cangaço
mantido pela Fundação Cabras de Lampião, na terra do Xaxado.
(Foto: Felipe Mauler)
(Foto: Felipe Mauler)
A viagem continuou sem a animação do cabra ‘Gitirana’. Fomos a Xique Xique e podemos bem entender toda a dinâmica do combate ali havido em novembro de 1925. Um açude cobre parte do local, mas ainda é possível ver pedras da cerca natural e o paredão da serra. Ali morrera Ildefonso Flor, garoto imberbe, em seus 16 anos de vida. A serra ao lado, testemunha de tudo, em seu silêncio milenar.
Geziel Moura pega um bronze
as margens do açude do Saco, em Xique-Xique. .
as margens do açude do Saco, em Xique-Xique. .
(Foto: Sérgio Dantas)
O dia se completa com a ida à Baixa do Juá, próximo ao Tenório, onde fora baleado Livino Ferreira, irmão de Lampião, na data de 5 de julho de 1925. Aqui também a Transnordestina criou algum obstáculo para acesso. Mas cremos que valeu ir até o local, hoje tão esquecido pelos livros. Nos pareceu ainda virgem, intocado, caatinga bruta.
Baixa do Juá (ou Tenório),
local do combate onde Livino foi ferido de morte.
local do combate onde Livino foi ferido de morte.
Para coroar a viagem, uma breve entrada na Paraíba. Terras de Princesa Isabel, feudo dos Pereira e dos Diniz. Uma passada em Patos do Irerê, onde reinou absoluto o Coronel Marcolino Diniz, sombria figura detentora do poder naquelas plagas. Na povoação, esquecida pelos homens e pelo tempo, a igrejinha singela – onde se conta ter acontecido o casamento do cangaceiro Meia-Noite. Um pouco fora do arruado, o casarão velho dos Patos que, se não cuidado a tempo, em breve será apenas um monte de entulho.
Igrejinha de Patos de Irerê: infinitas histórias!
(Foto :Sérgio Dantas)
Dentro desta capela encontra-se o túmulo do Cel.
Marcolino Diniz e de sua esposa "Xandu".
(Foto: Sérgio Dantas)
Casa de Marcolino Diniz
(Foto: Felipe Mauler)
Casarão dos Patos de Irerê.
(Foto: Felipe Mauler)
(Foto: Felipe Mauler)
Muitos lugares, histórias várias. Porém, todos entrelaçadas pela presença constante de Lampião e seus cangaceiros. Bom visitar, conhecer, apreender as particularidades de cada sítio histórico, em particular. Em breve, outras viagens virão. Esperamos com as boas companhias desta. O alvo nos indica, a priori, o nordeste da Bahia. Encontraremos o momento certo para a incursão.
Sérgio Augusto de Souza Dantas
Natal, RN
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
*Bacharel em Direito, pesquisador independente e autor dos livros “Lampião e o Rio Grande do Norte” (2005), “Antônio Silvino: O Cangaceiro, O Homem, O Mito” (2006) e “Lampião: Entre a Espada e a Lei” (2008). Clique Aqui e confira uma entrevista com SD
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Assinar:
Postagens (Atom)