quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MANOEL BENÍCIO

Um destemido volante da Paraíba

Por: Narciso Dias*


Manoel Benício da Silva, nascido em 17 de novembro de 1884 na cidade de Santa Luzia do Sabugi na Paraíba, Tenente-Coronel da reserva (falecido). Ingressou na Polícia Militar da Paraíba, logo como Aspensada em 1908 (antigo posto entre o soldado e o Cabo), o presidente do estado era o Dr. João Machado. Foi Delegado em quase todas as cidades do interior do Estado e desde o posto de Sargento comandou o banditismo no sertão do Estado. Sempre falou com euforia de suas constantes lutas contra os cangaceiros, que infestavam a Paraíba e o Nordeste na época de sua mocidade, e cada episódio é um motivo de glória pela sua tenacidade e coragem; porém não se sentiu realizado, apenas por não ter completado o rosário de 100 orelhas de bandoleiros.

Com Lampião teve dezoito combates e em um deles chegou a brigar duas vezes no mesmo dia, foi na cidade de Princesa Isabel-PB, onde o Rei do cangaço perdeu dois de seus cabras: Jararaca e Coruja, sendo que esse Jararaca foi o primeiro integrante do bando e não o José Leite de Santana que morreu em Mossoró-RN. 

O Tenente-coronel Manoel Benício alcançou quase todos os degraus hierárquicos da Polícia Militar sem possuir nenhum curso de especialização exigido para o oficialato de hoje; subia de posto pela sua inédita coragem pessoal. Em 1912 o então Sargento Benício à frente de 22 comandados encontrou um grupo de cangaceiros do Dr. Augusto Santa Cruz no município de São João do Cariri-PB, tal fato se deu por ele ter perdido a trilha no meio do mato. Usando de sua astúcia ao encontrar os cangaceiros foi logo dizendo: “Somos seus companheiros é que perdemos a trilha!”

 De pé, da esquerda para a direita: tenentes Antônio Correia Brasil; Francisco Correia de Queiroz; Jacob Guilherme Frantz; Abílio Dick Comstock e João Pereira de Oliveira. Sentados, da direita para a esquerda: capitães Maurício, Benjamim e Benício.

Enquanto isso o Cabo Damião avançava com onze homens fingindo ser do mesmo bando, em meio a conversa apareceu um negro forte que desconfiou da atitude do Sargento, gritou: - São “macacose não amigos, ameaçando-o com um fuzil, então fez com que Benício tomasse uma atitude decisiva quando falou com serenidade, porém pronto para tudo: - Sou o Sargento Benício, da força do tenente Raimundo Rangel. E juntando a ação à palavra fulminou com um tiro o atrevido cangaceiro dando início a um intenso tiroteio, conseguindo sair ileso devido à debandada dos cangaceiros.

Manoel Benício quando já estava com idade avançada e sofrendo a sexta intervenção cirúrgica mantendo o bom humor disse ao médico que o assistia: “Pode cortar doutor, pois todo tipo de operação eu já fiz sem nunca ter sido médico”.  



Numa apreciação mais rigorosa, em qualquer tempo se poderá verificar que naquela época do trabuco não havia muita diferença entre cangaceiros e policiais, não somente no modo rústico de guerrear, mas porque tanto uns como outros pouco sabiam o significado da palavra “crime”. Manoel Benício ganha posição de destaque entre os bravos militares combatentes do cangaceirismo na Paraíba.

Esse estado de tranquilidade passou, mas não passará tão cedo a preocupação dos estudiosos do assunto em pesquisar com profundidade esses fatos que se transformaram em fenômeno social na história do nordeste brasileiro.

Fonte: “Cangaceirismo do Nordeste” de Antonio Barroso Pontes

*Sargento da Polícia Militar da Paraíba e Conselheiro do Cariri Cangaço.

10 comentários:

IVANILDO SILVEIRA disse...

VALEU GRANDE NARCISO..!!

BELA MATÉRIA SOBRE O PERSONAGEM " MANOEL BENÍCIO "...POUCO ESTUDADO NA LITERATURA DO CANGAÇO, APESAR DO DESTAQUE QUE TEVE NO COMBATE AO MESMO..

Abraço
IVANILDO SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal/RN

Anônimo disse...

Mais um que coloca um tijolinho na construção da história do cangaço. De pedra em pedra, a obra vai ganhando forma.
Valeu Narciso.

C Eduardo

Anônimo disse...

PARABÉNS AO AMIGO NARCISO POR NOS TRAZER FRAGMENTOS DA TRAJETÓRIA DE MANOEL BENÍCIO, PERSONAGEM IMPORTANTE NA HISTÓRIA DO CANGAÇO.
VALEU CAMARADA.

ANGELO OSMIRO BARRETO
FORTALEZA-CE

Narciso disse...

Sou suspeito de falar desse trio, pois consolidamos um vínculo de amizade no decorrer das edições do cariri cangaço que a cada dia se fortalece, grande abraço meus amigos:Ivanildo, Carlos Eduardo e Angelo Osmiro.

Narciso Dias
Um Volante da Paraíba
Conselheiro do Cariri Cangaço.

Ridênia Noberto disse...

Parabéns por este resgate! Manoel Benício era meu avô.

Rafael Noberto disse...

Eu sou bisneto do Coronel Manoel Benício, Meu pai (José Riomar) é filho da filha dele, minha avó (Maria Noberto)...

Anônimo disse...

Eu sou Jean Benício Neto do sobrinho do Capitão Manoel Benício, Meu Vô José Benício era Filho de Benício irmão de Manoel. Da cidade de Patos na Paraiba.

Jaciane Dantas disse...

Pela historia que meu pai e meu tio conta eu sou bisneta do Manoel Benicio rs. Sendo que meu avô era Antonio Benício nascido em 1905 hoje já nao está mais entre nós... gostaria de conversar com os possíveis parentes do Manoel Benicio.

Abo disse...

Conheco uma sobrinha de Manoel Benicio ela mora em Guanambi Ba se algum pesquisador ou escritor se interesar ou algum parente mi liga aqi 77988768874

Kaline disse...

Ele era meu tio-avô sou neta de Luzia Benício, sua irmã, casada com Joaquim Lopes. Essa foto tem uma idêntica na casa de minhas tias quando elas eram vivas, está guardada com a gente.