segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Mané Neto

O mais feroz matador de cangaceiros

Aqui vai um capítulo do livro (em destaque) Lampião, O cangaceiro e o outro, A última reportagem do cangaço! de Fernando Portela e Cláudio Bojunga, sobre o encontro que tiveram com o célebre Manoel de Souza Neto, um dos, senão o mais, destemido dos "Nazarenos".
Magro, alto, elegante, todo vestido de azul-celeste, lá está o coronel Mané Neto. Se não fosse aquele Taurus 38, cano médio, na cintura, ele poderia ser definido como um velhinho simpático e indefeso.

Indefeso, jamais: quando me aproximei dele, um tanto bruscamente, brecando o caro a poucos metro a mão (fina, delicada) do coronel ameaçou puxar o Taurus da cartucheira. Mas um grito...
“É jornal, coronel! e do jornal!”
Guardou os reflexos do coronel para outra ocasião. Mas ele ainda desconfiou:

- Abra a porta do carro, meu filho. Vamos, desça, venha cá. Devagar.

A voz é pausada suavissima e quase uma sonata. Vamos manter o simpático na definição do coronel. Ou melhor: vamos chamá-lo de encantador. Mesmo quando ele, escudando-se em desculpas gentilíssimas, diz que não vai falar de homens sangrados, cabeças cortadas, atrocidades de um modo em gera.l Não ele não vai falar de jeito nenhum sobre a fama dele: o mais feroz e destemido caçador de cangaceiros de que já se ouviu falar. A opinião - de ex-cangaceiros e policiais da época - é unânime. O próprio Lampião dizia dele:

“Se os macacos vier sem Mané Neto é como se não fosse nada”
Ou:

“Se Mané Neto chegou procurem salvar metade da vida que a outra já foi”.

 Os cangaceiros sobreviventes chegam a fazer caretas quando se toca no nome desta gentil criatura. Segundo eles, Mané Neto jamais poupou a população civil que, supostamente não lhe queria dar a direção de Lampião. Os colegas de Mané Neto elogiam a sua bravura, sem cair em detalhes.

...Então, a gente fica sem jeito acreditar que uma pessoa tão delicada, um velhinho de conversa agradável (ele deve estar com uns 60 e tantos anos) como este coronel azul-celeste, tenha um passado tão sanguinário. Uma coisa é verdade: aquele conjunto azul elegante cobre as marcas de mais de trinta balas. Daí o Taurus e o reflexo extraordinário para sua idade. Mas por que tantas balas?

Não se pode dizer que as brigadas na caatinga, entre policia e cangaceiro, pelo menos na primeira fase, até 1928, tenham primado por geniais esquemas táticos. Era um grupo na frente do outro, atirando e claro que, de vez em quando, um grupo ou outro armava um esquema de pegar o inimigo pela retaguarda. Mas será que essa obviedade pode ser chamada de tática? Muitas das 30 balas do coronel (Tenente, na época) Mané Neto foram recebidas pelo fato de ele não suportar ficar agachado, atirando. Era do tipo que se levantava, de peito aberto, para xingar os inimigos com os mais tradicionais palavrões.

E tome bala.

A guerra entre policia e cangaceiro tinha disso. Geralmente era o cangaceiro que se expunha, de pé, para perguntar:
- Com quem luto?
- Com Mané Neto, (um exemplo),
- Então vai ser um arrocho!

E tome bala.

Esses estranhos diálogos entre inimigos chegou a certos requintes quando, em 1926, o então Tenente Higino atacou um grupo usando pela primeira vez uma metralhadora. Os cangaceiros depois do susto gritavam:
- Nêgo safado (Higino era um tipo escuro acaboclado)
- Passe essa costureira pra cá!
- Venha buscar seu filho de uma....

O coronel Mané Neto não quer falar do passado. Nem aceita convites para fazer conferencias em escolas militares. Parece que o passado lhe dói muito. Ele tem uma fazendinha em Ibimirim, no sertão pernambucano, um jipe velho, quer o resto da vida em paz. Mesmo assim, o suave o coronel reforça uma observação do jornalista pernambucano Fernando Menezes, quando se mostra muito irritado com os caminhões de carga.

O jornalista observara que os caminhões que passam pelo sertão são os novos cangaceiros. Insinuantes, piscando mil luzes, enfeitados de todas as cores, dirigidos por um príncipe que conhece a fala das outras terras e gentes, os caminhões excitam e atraem as mulheres sertanejas. Aquela atração que o cangaceiros de cabelos longos, cheio de metais cintilantes e histórias heroicas, usavam para conquistar as Marias Bonitas da época.

- Esses caminhões... (diz o coronel com um toque sutil de irritação na voz )
- São umas desgraças. já levaram umas dez garçonetes daqui!

8 comentários:

garrido3 disse...

Até sua morte, em 1979, o Cel. Manoel Neto, apregoava a caridade entre os mais necessitados. Uns dizem que era uma forma encontrada de redimir-se de seus pecados.

Charles Garrido
Pesquisador
Fortaleza-Ce

Kiko Monteiro disse...

Charles obrigado pela atenção.
Tens muita razão, eu tive a honra de conhecer Valdemar Souza Ferraz único irmão ainda vivo de temido Manoel Neto e este nos disse com muita irreverencia que ele por ser bastante religioso é o "para-raio" da família pois foi o único que não pegou em armas. Já o irmão de fato ajudou muita gente como político e "Doutor raiz", sim ele tinha muita sabedoria com plantas e raízes, curava todas as doenças e dores possíves com auxílio da natureza do Pajeú.

Abraçando!

garrido3 disse...

Kiko, é um imenso prazer contrinbuir de alguma forma com esse seu belo e valoroso trabalho. Conte comigo para o que fizer-se necessário.
Gentileza adcionar-me ao msn: charlesgarrido@hotmail.com


Charles Garrido

Kiko Monteiro disse...

Obrigado mais uma vez, porém devido a problemas de diversas ordens desinstalei o MSN da minha máquina e encerrei minha conta qualquer colaboração envie para o nosso e-mail coracoesementes@infonet.com.br.

Abraçando!

Josenaldo rolim disse...

O Coronel Manoel de Souza Neto, apoiava Cajá para prefeito quando surgiu a historia de um pistoleiro escondido em uma rezidencia nas Lages então Juntou-se o Cel., Cajá, Audálio,e um sobrinho de Cajá e foram invadir a casa. O Cel Manel Neto atirou com um parabelo na fechadura da porta que foi tauba para todo lado mas,e os outros esperavam na porta de detraz da casa, ao entrarem não o encontraram e apenas esta a rede armada e alguns alimentos.
Ibimirim, na sua história.
Comentário de Josenaldo

Anônimo disse...

Ainda em ibimirim fazendo parte da historia de Cl;Mane souza Ferraz neto mais populamente conhecido Mane neto...
a qual meu pai foi grande amigo dele la na cidade de Ibimirim inclusive tenho um cofre antigo e um rifle, antiga proprieade de Mane neto.. sobre ele em ibimirim e velhinho Barrigudo valente a qual usava guarda chuva preto que usava pra se apoia uma perna que ele tinha machocada de bala nunca curada, e ele tinha jeep que meu pai me falava que ele saia da cidade ate a sua fazenda em uma macha so eles fazia parodia com isso dizendo que quando ele saia da fazenda pra cidade chega com canbio da macha vermelho de tao quente do atrito do moto, na cidade de ibimirim tem senhora que namoro com ele ate sua morte muito conhecida minha e viva ate hoje... e meu pai me falava que ele quando ficava nervoso assubiava como uma cobra cascavel e tinha voz suave meiga calma falando com ele ao telefone se confundia com voz dele e de uma mulher rsrsrs e ele era opositor na cidade de ibimirim ao empresario poderoso da epoca o Temido Joao Inocencio,e foi muito amigo de minha familia la na cidade inclusive na epoca que ele tevi de mata rapaz la que peito ele... ele foi se esconder em uma antiga propriedade nossa la baixa da inburana..e ele falava pro meu pai que o tiro da cidade na epoca que medo nao tinha de nada mais respeito e teme ele so temia o Oficial de justiça intima ele pelo dito crime pq dai pra frente ele teria de se apresenta as autoridade pelo fato de ser Oficial Militar!!! no mais gostava caça com meu pai prea tinha rifle do papo amarelo a qual presentio meu pai com o mesmo!! no mais sempre poderemos ajuda aqui pouco em sua historia!!

ASS;Familia Laranjeira de Ibimirim

Anônimo disse...

http://www.facebook.com/CoronelManoelDeSouzaNeto?ref=hl

Odilon Nogueira disse...

Anônimo, doe a espingarda ao memorial dos nazarenos