sexta-feira, 16 de novembro de 2012

OS MISTÉRIOS DO ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ

Quarta e ultima teoria: O ataque a Mossoró resultou de um plano político (Parte I)

Por Honório de Medeiros

Questões sem resposta

Essa teoria vem sendo construída lentamente, ao sabor do tempo, pelos estudiosos do assunto, perplexos ante a imensa quantidade de fatos inexplicados alusivos ao ataque a Mossoró, aguardando quem se habilite a relacioná-los e, a eles, dar unidade, ou seja, coerência e completude.

Antes, entretanto, é necessário que sejam elencadas algumas indagações, até hoje não respondidas, acerca do episódio, para construir-se o contexto adequado à entrada na questão, melindrosa e complexa por sua própria natureza, tendo em vista os personagens que dela fazem parte direta ou indiretamente.

São elas:

Primeiro: estamos na última quinzena de abril de 1927. Argemiro Liberato, de Pombal, Paraíba, escreve a seu compadre Coronel Rodolpho Fernandes, e lhe põe a par da pretensão de chefes de bandidos daquela região de atacar Mossoró. Que chefes de bandidos seriam esses?

Como Massilon era chefe de bandidos, haja vista o ataque a Brejo do Cruz, no mesmo estado, e ligado aos detentores do poder na Região que incluía Pombal, teria ele essa pretensão [1]? Haveria relação entre essa pretensão de atacar Mossoró e o interesse de coronéis paraibanos, associados a norte-rio-grandenses, em relação a Apodi, Mossoró e o Rio Grande do Norte? Saberia a oposição ao Coronel Rodolpho Fernandes, que era ligada à oposição ao Coronel Francisco Pinto (líder político e Prefeito do Apodi), esta, por sua vez, ligada aos coronéis paraibanos, da existência dessa pretensão?

Coronel Chico Pinto

Segunda: por qual razão, Massilon não matou o Coronel Chico Pinto quando atacou Apodi, se aparentemente era esse o intuito? Bronzeado [2] não soube explicar.


Cangaceiro "Bronzeado"

O objetivo de Massilon, acertado com seus verdadeiros chefes e desconhecido de seus parceiros, teria sido apenas desmoralizar o Coronel Chico Pinto, preparando-se o caminho para se criar, na imprensa e população, a noção, a consciência da presença corriqueira do cangaço e cangaceiros no Rio Grande do Norte [3], banalizando possíveis homicídios por eles realizados, algo até então inexistente no estado, como preparativo para alguma ação específica a ser realizada durante o ataque a Mossoró?

Terceira: por qual razão o Coronel Rodolpho Fernandes estava em franco dissídio com o Governador José Augusto e seu chefe de polícia Manoel Benício de Melo [4], ao ponto de alertá-lo acerca de sua crescente impopularidade, tendo, inclusive, lhe ameaçado por duas vezes com um rompimento político, e quais as consequências desse litígio na política mossoroense e oestana?

Governador José Augusto Bezerra de Medeiros

Por qual razão foi sustado, na última hora, o embarque de policiais natalenses escalados para defenderem Mossoró [5]?

Quarta: quem era a oposição ao Coronel Rodolpho Fernandes que, na última quinzena de abril de 1927, em reunião por ele convocada, enquanto Prefeito, para expor o problema da futura invasão da cidade, desfruta do seu receio[6], ridiculariza suas advertências à população, critica suas providências tomadas, chama-o de velho medroso, semeia boatos e intrigas políticas na cidade, principalmente ameaças de que o Governo do Estado cogitava desarmar os civis que lhe eram afeiçoados?

Quinta: de quem teriam sido as “murmurações tendenciosas” que se seguiram ao discurso do médico José Fernandes Gurjão, orador que sucedeu Rodolpho Fernandes no dia 12 de junho, em reunião ao meio-dia, no salão da Prefeitura de Mossoró, mencionadas por Raul Fernandes [7], filho do Prefeito?

Sexta: por qual razão a edição de 15 de maio de 1927, quase um mês antes do ataque, do jornal “O Mossoroense [8]” insinua, sem rodeios, que a invasão a Mossoró, a ocorrer em dias vindouros, integra empreitada de grande vulto?

Sétima: saberia Lampião que sua incursão ao Rio Grande do Norte, Estado onde nunca estivera, a percorrer região plana, descampada, larga e extensa[9], sem elevações importantes desde Luis Gomes até Mossoró, tirante a Serra do Martins, feita com barulho, saques, depredações, tiros, mortes, contrariando toda sua experiência anterior, contaria com a omissão do Governo estadual?

Oitava: por qual razão o valor do “pedido” de Lampião ao Coronel Rodolpho Fernandes, quatrocentos mil réis [10], foi irreal, de tão exorbitante, induzindo a crença de que teria sido mera “cortina de fumaça”?

Nona: por qual razão Lampião não atacou a agência do Banco do Brasil em Mossoró, onde eram feitos os depósitos em dinheiro grosso de toda a região, e que no dia da invasão contava com mais de novecentos contos de réis em depósitos?

Décima: por qual razão Lampião não atacou o rico comércio da cidade, localizado em área razoavelmente distante da residência do Coronel Rodolpho Fernandes [11], conhecido por Massilon desde seus tempos de almocreve?

Décima-Primeira: por qual razão a residência do Coronel Rodolpho Fernandes foi o ponto preferencialmente visado pelos cangaceiros [12]?

 Residência do Coronel Rodolpho Fernandes, durante a invasão, 
vendo-se, ao fundo, a Igreja de São Vicente.

Décima-Segunda: por qual razão Massilon ficou responsável por atacar a residência do Coronel Rodolpho Fernandes pelos fundos (garagem), onde supostamente estava o ponto mais frágil da defesa do palacete, enquanto o grupo de Jararaca distraía, pela frente, os defensores, e Lampião, no cemitério, com o grosso do bando, apenas dava cobertura, ao invés de atacar o centro da cidade, onde se localizava o comércio?


[1] O episódio do ataque de Massilon a Brejo do Cruz, na Paraíba, foi explicado em textos anteriores desta série.

[2] “LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; NONATO, Raimundo; sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró. No famoso relatório da agência do Banco do Brasil em Mossoró referente ao primeiro semestre de 1927, da lavra de Jaime Guedes, então seu gerente, encontramos um trecho que traduz sua perplexidade com esse fato: “O assalto visava a morte e aplicação de surras em determinadas pessoas que o chefe do grupo, não se sabe por que, não levou a efeito” (“LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; NONATO, Raimundo sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró).

[3] Em tática de guerrilha esse tipo de ação se denomina “manobra diversionista”.

[4] Mirabeau Melo, chefe do telégrafo em Mossoró e irmão de Manoel Benício de Melo, atuava como informante local e porta-voz do governo, e era um medíocre intrigante, nos diz Paulo Fernandes, filho do Coronel Rodolpho Fernandes, em carta a Nertan Macedo, neste livro parcialmente reproduzida. Acerca de Manoel Benício de Melo nos informa o escritor Marcos Pinto: “Amigo HONÓRIO. Bom dia. Garimpando novidades no vetusto jornal "O MOSSOROENSE", edição de 18.03.1914, encontrei os laços da grande amizade entre FELIPE GUERRA (Felipe Guerra era casado com uma irmã de Tylon Gurgel) e BENÍCIO FILHO, sendo certo que o FELIPE foi padrinho de casamento do Benício que ocorreu em 14 de Março de 1914, em Mossoró. Escoimando-se os fatos ocorridos antes e depois do ataque de Lampião à Mossoró, o fato de que o Benício era o Diretor Geral da Segurança Pública do RN (cargo que corresponde ao atual de Secretário de Segurança), depreende-se que o mesmo deveria ter tido todo o empenho para o envio de força policial  para  guarnecer  Mossoró. Não o fez, de sorte que o nosso bravo Rodolfo Fernandes defendeu a cidade convocando amigos e civis voluntários. Ora, se o FELIPE GUERRA era compadre e amigo íntimo do Jerônimo Rosado, e exercia influência sobre o Benício Melo Filho, deve-se atribuir, dentre outros fatores, que o Felipe Guerra, já Desembargador desde 1919 e residente em Natal tenha traficado influência para que o Benício Filho adotasse posição pusilânime e que deixou muito à  desejar, em  relação  à  defesa   de  Mossoró. Qualquer  novidade enviarei pra Vosmincê. Abraço. Marcos Pinto.”

[5] Gil Soares nos conta esse episódio (“O PASSADO VISTO POR GIL SOARES”; MUINIZ, Caio Cézar; Coleção Mossoroense; Série “C”; V. 1.477; 2005; Mossoró): “Mas Cascardo preferiu manter à frente da Municipalidade o jovem médico Paulo Fernandes, já estudioso de problemas econômicos da região. Nomeado na segunda fase política da Interventoria Aluísio Moura, começara destinando à Associação de Damas de Caridade os subsídios do cargo. Quatro anos antes, seu pai, esse admirável Prefeito Rodolfo Fernandes – depois de sustado inexplicavelmente, à última hora, na estação ferroviária de Natal, o embarque de contingente da Política para enfrentar o numeroso bando de cangaceiros chefiado por Lampião (grifei) – organizara e dirigia, com recursos locais e a decisiva cooperação de numerosos habitantes, a defesa de sua cidade, sendo rechaçada, dentro das ruas, a horda invasora.” Raimundo Nonato: “No dia 13 de junho, Mossoró contava só com 22 soldados” (“LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; Sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró).

[6] Raul Fernandes em “A MARCHA DE LAMPIÃO”; Paulo Fernandes em carta a Nertan Macedo.

[7] Raul Fernandes em “A MARCHA DE LAMPIÃO”.

[8] Jornal dirigido por Rafael Fernandes, principal líder político situacionista mossoroense desde o falecimento do Coronel Francisco Pinheiro de Almeida Castro, e primo de Rodolpho Fernandes.

[9] Em quatro dias os cangaceiros cobriram aproximadamente 900 quilômetros entre ida e volta. Raimundo Nonato observa: “Constituída, em menor parte, de vasto descampado e larga área de terreno plano, quase sem outras elevações importantes, depois dos prolongamentos subordinados às ramificações e contrafortes das Serras de Luis Gomes e Martins, a região era precariamente escassa de abrigos e desprotegida aos elementos essenciais de amparo, defesa e esconderijos naturais” (“ LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; Sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró).

[10]  Para se ter uma idéia do valor do montante, em 1927, 1 (hum) mil-réis valia US$ 8.457 (oito mil, quatrocentos e cinquenta e sete dólares). Portanto Lampião exigiu US$ 3.382.800 (três milhões, trezentos e oitenta e dois mil dólares) ao Coronel Rodolpho Fernandes. Esse valor, corrigido pela inflação da moeda americana implicaria, hoje, maio de 2012, em U$ 43.130.700 (quarenta e três milhões, cento e trinta mil dólares). O cálculo foi feito de acordo com a TABELA DE CONVERSÃO DE MIL-RÉIS EM DÓLARES constante de “OS CANGACEIROS” (PERICÁS, Luiz Bernardo; Boitempo; 1ª edição; 20120; Rio de Janeiro) e http://www.dollartimes.com/calculators/inflation.htm

[11] Rodolpho Fernandes residia no “Bairro Novo”, distante do centro da cidade, quase deserto, nas vizinhanças da Igreja de São Vicente e próximo ao Cemitério.

[12] Jornal “O NORDESTE”, e Jornal “A REPÚBLICA”, este último colhendo depoimento do Professor Eliseu Viana (“LAMPIÃO EM MOSSORÓ”; NONATO, Raimundo; Sexta edição; Coleção Mossoroense; 2005; Mossoró): “O Sr. Prefeito da Cidade, Cel. Rodolfo Fernandes, a entidade mais visitada pelos bandidos (...)”. O próprio Rodolpho Fernandes assim aludiu ao assunto em correspondência a seu Compadre Almeida Barreto: “Pelos jornais terá lido que a 13 de junho, Lampeão atacou Mossoró, tendo de preferência cercado minha residência pela frente, pelo lado da casa de Alfredo e pelos fundos” (“RODOLPHO FERNANDES”; GASTÃO, Paulo; Coleção Mossoroense; Série “B”; nº 1.637; 1999; Mossoró.
Quarta e ultima teoria: O ataque a Mossoró resultou de um plano político (segunda parte)

Décima-terceira: por qual razão aqueles que atenderam ao apelo do Prefeito em defesa de Mossoró eram, em sua grande maioria, da família Fernandes ou seus correligionários, como os Duarte, enquanto a oposição sumiu?

Décima-quarta: por qual razão calaram-se o juiz e o promotor de Mossoró em relação ao ataque e à morte de Jararaca? Por qual razão o juiz da cidade não foi à reunião na casa de Rodolfo Fernandes, nem participou da defesa de Mossoró? 

Décima-quinta: por qual razão “Pinga-Fogo”, irmão de Massilon, este ligado aos Coronéis Quincas e Benedito Saldanha, estava sempre ao lado de Antônio Gurgel, irmão de Tylon Gurgel [1], e não dava a mesma atenção aos outros reféns [2]? Ordens de Massilon? Tylon Gurger era correligionário dos Saldanha e sogro de Décio Holanda [3].

Pinga-Fogo é o mais velho [4].

Décima-sexta: o que o Tenente Laurentino de Morais foi fazer em Natal, na terça-feira, dia 16 de junho de 1927, três dias depois do ataque a Mossoró, de onde voltou na quarta-feira, 17, e esperou a quinta, 18, para, alta hora da noite, comandar o assassinato de Jararaca [5]. Teria ido receber ordens de seus superiores?

Décima-sétima: por qual razão em 25 de junho de 1927 Sabino liberou “graciosamente” Antônio Gurgel do sequestro e ainda lhe deu dinheiro para sua partida [6]?



Antônio Gurgel


Décima-oitava: por qual razão Massilon se despediu de Lampião na Fazenda “Letrado” e não procurou, em seguida, o Coronel Isaías Arruda ou Décio Holanda?

Décima-nona: por qual razão o Coronel Rodolpho Fernandes publicou carta no jornal “Correio do Povo”, em 10 de julho de 1927, lamentando ter encontrado referências desairosas a sua pessoa e depreciação aos seus esforços pelas deliberações alusivas ao dia 13 de junho?

Vigésima: por qual razão Jararaca pediu a um policial, na tarde que antecedeu sua morte, para falar em particular com o Coronel Rodolpho Fernandes? O que Jararaca queria conversar em particular com o Coronel? Porque ele foi assassinado na noite seguinte ao pedido? Há alguma relação entre um fato e outro [7]?

Vigésima-primeira: por qual razão os executores de Jararaca não foram processados durante o Governo José Augusto e Juvenal Lamartine?

Façamos um intervalo e nos dediquemos a analisar o episódio da morte de Jararaca, que é bastante revelador.

Sérgio Dantas [8] nos conta, acerca do episódio, o seguinte:
(...) no mesmo dia em que fora preso, Jararaca concedera bombástica entrevista ao jornalista Lauro da Escóssia, do noticiário “O Mossoroense”. Não mediu palavras.

 Mais a frente, continua o historiador: 
 Jararaca pisou em terreno minado. Logo percebeu que tornara pública parte de uma teia intocável. Suas incisivas declarações puseram em dúvida a probidade moral de destacados chefes políticos de estados vizinhos. A repercussão das declarações, claro, fora inevitável. Decerto, o bandido temeu pela própria vida. Pressentira algum perigo. Chamou um militar, ainda cedo da tarde. Expressou-lhe o desejo de falar em particular com o Intendente Rodolpho Fernandes. O pedido, no entanto, lhe foi negado sem maiores explicações. A caserna tinha outros planos para o cangaceiro. À surdina, ensaiou conspiração. Tramaram abjeto extermínio e apostaram no sigilo. Sem mais demora executou-se o plano.
Em tudo e por tudo está certo Sérgio Dantas.

Somente errou ao afirmar que as declarações de Jararaca puseram em dúvida a probidade moral de chefes políticos de estados vizinhos, e por essa razão temeu pela própria vida.

Não colocou em dúvida a probidade moral de ninguém fora dos limites de Mossoró ou circunvizinhança, ou, se colocou, por certo sabia que esses chefes políticos tinham amigos poderosos em Mossoró e vizinhança. Colocou sim, provavelmente, em dúvida, a probidade moral de alguns próceres que estavam próximo, bem próximo a ele e aos fatos.

Como seria possível as declarações de Jararaca chegarem ao Ceará, se a alusão é ao Coronel Isaías Arruda, com a rapidez necessária para que Jararaca, ao perceber que falara demais, ficasse com medo de morrer? Naquele tempo não havia telefone. Havia telégrafo. Quem, no entanto, enviaria informações comprometedoras pelo telégrafo e, através dele, discutiria um plano para a eliminação do cangaceiro que envolvesse a Polícia, comandada pelo Tenente Laurentino de Morais e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte?

Tenente Laurentino de Moraes

Também não seria possível enviar, a cavalo ou de automóvel, notícias alusivas à entrevista de Jararaca para os estados vizinhos, em tempo suficiente – cinco dias - para que houvesse uma decisão acerca de sua eliminação pela Polícia do Rio Grande do Norte.

Não. O que Jararaca disse e o que queria dizer ainda mais ao Coronel Rodolpho Fernandes provavelmente incomodou alguém ou alguns que estavam por perto, perto o suficiente para querer, planejar e mandar mata-lo. Somente esta hipótese faz sentido em relação ao contexto que vem sendo montado a partir das indagações anteriores.

Finaliza o pesquisador Sérgio Dantas:
Jararaca sucumbira. Morreu porque sabia demasiado.

A seguir:

Findou o terrível salteador nas primeiras horas da manhã. Sua morte, entretanto, já havia sido decretada há dias. O laudo do exame cadavérico, por exemplo, fora assinado ainda na tarde do dia dezoito. E assim foi. Horas antes da execução e sob escuso pretexto de rotina, examinavam-se ferimentos de um corpo, sofridos durante uma batalha. Logo depois se chancelava, com base em conclusões médico-legais, documento de óbito de homem ainda vivo.
Vigésima-segunda: por qual razão as forças policiais sediadas em Mossoró obedeciam ao comando do oficial Abdon Nunes, e, não, ao Tenente Laurentino de Morais [9]?

Vigésima-terceira: por qual razão o laudo cadavérico de Jararaca foi assinado na tarde do dia 18 de junho, antes de sua morte [10]? De onde partiu a ordem para sua morte? Por qual razão o Juiz Eufrázio Mário de Oliveira não determinou que fosse aberto um processo-crime pela morte de Jararaca? Por qual razão o Promotor de Justiça Abel Coelho não apresentou Denúncia [11] quanto ao crime?

Continua...
[1] Tilon Gurgel do Amaral era irmão do memorialista, agropecuarista e pecuarista Antônio Gurgel, autor das célebres memórias do cativeiro ao qual o submeteu Lampião quando atacou Mossoró. “Nasceu no sítio Brejo, antes pertencente a Apodi, hoje município de Felipe Guerra, a 7 de janeiro de 1881. Faleceu em 22 de junho de 1968, sendo sepultado no dia seguinte em Felipe Guerra, cidade do seu nascimento” (“NAS GARRAS DE LAMPIÃO”; GURGEL, Antônio; BRITO, Raimundo Soares de; Coleção Mossoroense; Série “C”; v. 1.513; 2ª edição; Mossoró).

[2] Conforme comentário do próprio Antônio Gurgel em seu famoso diário do fato (ver “NAS GARRAS DE LAMPIÃO”; GURGEL, Antônio; BRITO, Raimundo Soares de; Coleção Mossoroense; Série “C”; v. 1.513; 2ª edição; Mossoró).

[3] Acerca de Décio Holanda, informa o escritor Marcos Pinto: “Prezado AMIGO HONÓRIO. Saúde e fraternidade. Estive conversando ontem com um filho de Tilon Gurgel por apelido caboclo, ocasião em que o interroguei acerca do lugar onde o cunhado dele DÉCIO HOLANDA residia quando faleceu.  Segundo o mesmo, o pai Tilon esteve visitando-o na cidade de Araguarí, na década de 40, em Minas Gerais, onde o Décio era próspero fazendeiro.  Afirmou o caboclo que o Décio está sepultado nesta cidade Araguari.  Sugiro que o amigo envide meios no sentido de conseguir uma segunda via do óbito do Décio, observando, todavia, que  o  mesmo  tinha  três  nomes:  DÉCIO  SEBASTIÃO DE  ALBUQUERQUE,  DÉCIO  HOLANDA  DE  ALBUQUERQUE  e  DÉCIO  ALBUQUERQUE DE   HOLANDA. Qualquer notícia inédita a enviarei pra Vosmincê. Afetuoso abraço, Marcos Pinto”.

[4] Quanto a essa fotografia, postada em meu livro “MASSILON” como sendo de Zé Leite, pai de Pinga-Fogo e de Massilon, recebi um e-mail do Professor e estudioso José Tavares de Araújo Neto, de Pombal, Paraíba, nos seguintes termos: “Prezado Professor Honório. Acuso o recebimento do livro, o qual ja entreguei nesta tarde ao Sr. Valdecir. Ele ficou radiante de alegria e pediu para eu retransmiti-lo os seus sinceros agradecimentos. Quanto à fotografia, ele disse que tinha 100% de certeza que Pinga Fogo é o senhor mais idoso que encontra-se a direita. Disse que a moça é filha de pinga fogo e chama-se Mista, mas não tem certeza se o senhor do centro é seu esposo ou irmão. Mas segundo Valdecir o certo é que Mista é sua prima, filha de seu tio Pinga Fogo. No Maranhão Pinga Fogo contituiu uma familia de 10 filhos, entre homens e mulheres. Valdecir disse que esta fotografia foi trazida do Maranhão  pelo seu tio Anezio e distribuida com os parentes mais proximos aqui na Paraiba e sua mãe ganhou uma dessa fotos! Sem mais para o momento, agradeço a atenção!”.

[5] Artigo de Lauro da Escócia, “Ataque de Lampião”, em “MOSSORÓ E O CANGAÇO”, SBEC, vol. V; Fundação Vingt-Un Rosado; Coleção Mossoroense; série “C”; volume 950; 1997; Mossoró, RN.

[6] Raimundo Nonato, “LAMPIÃO EM MOSSORÓ”.

[7] “MOSSORÓ E O CANGAÇO”, SBEC, vol. V; Fundação Vingt-Un Rosado; Coleção Mossoroense; série “C”; volume 950; 1997; Mossoró, RN.

[8] “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”.

[9] Em 9 de janeiro de 2012 recebi, como comentário a texto postado em meu blog www.honoriodemedeiros.blogspot.com, a seguinte contribuição do Coronel Ângelo Dantas, autor de “Cronologia da Polícia Militar do Rio Grande do Norte”: “Amigo Honório: Sobre mais esse excelente artigo seu, desejo fazer alguns comentários. Por enquanto farei apenas um: Em relação à observação de nº 14 - quem dava as ordens era Laurentino ou Abdon Nunes. Esclareço o seguinte: O delegado e comandante da fração de tropa em Mossoró (em junho de 1927) realmente era o SEGUNDO (2º) TENENTE Laurentino Ferreira de Morais. O PRIMEIRO (1º) TENENTE Abdon Nunes de Carvalho estava ali apenas como reforço - tinha ido de Angicos para lá. Em razão de uma das pilastras básicas da vida militar (HIERARQUIA), necessariamente o PRIMEIRO tenente Abdon Nunes passou a ter SUPERIORIDADE sobre o SEGUNDO tenente Laurentino. Salvo engano tinha um outro 2º tenente empenhado na mesma operação. Assim, realmente quando Abdon Nunes chegou a Mossoró ele assumiu o comando militar local, por força do imperativo hierarquico reinante. Mas de fato e de direito a autoridade de policia judiciária continuou sendo o 2º tenente Laurentino Ferreira de Morais (pai do tenente coronel médico Leide Morais - já falecido, e avô do capitão médico da reserva não remunerada Kleber de Melo Morais - atual diretor da maternidade Januário Cicco). Hoje em dia os postos dos oficiais da PM são representadas por estrelas nos uniformes. Naquele tempo de Lampião as insignias eram representadas pelo chamado "Laço Hungaro". Particularmente eu acho muito mais bonito o laço. Espero ter contribuído de alguma forma. Grande abraço. Angelo Mário.”

[10] Sérgio Dantas, “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”.

[11] Sérgio Dantas me lembrou, por e-mail, que Raimundo Soares de Brito lhe dissera ter Vingt-Un Rosado, filho de Jerônimo Rosado, lhe informardo que os processos-crimes alusivos a esses crimes queimaram em um incêndio no Cartório local.  Não encontrei qualquer informação a esse respeito em lugar algum. Um interrogatório realizado em Mossoró, com Bronzeado, a mando da justiça de Pau dos Ferros, aparece isolado, fazendo parte do processo-crime lá instaurado. Claro que se houve esse incêndio, e não há registro de tal, nada impediria que os autos fossem refeitos e os responsáveis julgados.

Tá tudo aqui no Blog do confrade Honório

Nenhum comentário: