sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Encerrando as atividades de 2011

Para compreender Lampião...

Por: José Lima Dias Júnior*


Por Fábio Eduardo
O caso da Grota do Angico em 1938, não pode ser desvalorizado ou ignorado. Nesse caso, as respostas para essa questão dependem de “pressupostos tácitos”. Embora seu conteúdo esteja sendo sempre aperfeiçoado. A História ou outras formas de conhecimento (Sociologia, Antropologia, Geografia, etc.) está claramente muito mais perto de novas descobertas do que as afirmações tendenciosas, exageradamente dogmáticas, que causam danos à ciência.

Quanto aos eventos históricos e o cuidado que o historiador (bem como, outros pesquisadores) deve ter, vejamos o que escreveu o filosofo romano Cícero (106 a.C. – 43 a.C.): A primeira lei é que o historiador jamais deve se atrever a registrar o que é falso; a segunda, que jamais deve se atrever a ocultar a verdade; a terceira, que não deve haver suspeitas de favoritismo ou preconceito na sua obra.

Mas, pelo que me é dado observar, permitir o suborno e a corrupção como meio de vida, já era na época do cangaço, um hábito comum. Lampião estava muito à frente do seu tempo. Opôs-se corajosamente à máquina estatal, quando fora perseguido pelas forças policiais de sete estados nordestinos. Porém, aliou-se aos “coronéis”, aos líderes políticos como forma de sobrevivência, daí seu lado estrategista. Como não era um revolucionário, tampouco foi motivado pelo desejo de perpetuar os interesses da classe social em que nasceu, bem como não fizera oposição à tirania.


Por Newton Rezende

No curso natural da história, vemos um conjunto de informações (artigos, teses, livros etc.) serem abatidas “pelas armas dos novos fatos”. Colocar a figura de Virgulino Ferreira da Silva associada ao “banditismo social” é algo grotescamente mal empregada, uma vez que não podemos explicar suas práticas criminosas invocando tal fenômeno, muito menos justificar seu lado sanguinário. Assim como, não deixa bem claro que possuía características muito menos cruéis.

Certamente podemos exercer algum arbítrio quanto aos diferentes tipos de práticas condenáveis e modus operandi do “rei do cangaço”, contudo não deve ser decisões tomadas de qualquer modo, isto é, presa as conjecturas e a subjetividade. Quanto a mim, não quero dizer às pessoas que elas devem pensar, nem impor meu pensamento. O que tento observar, é que não podemos nos submeter a uma visão limitada, ou seja, a um pensamento imaginário e fantasioso. Precisamos, sim, de uma explicação baseada no conhecimento, mas que na vontade. Mesmo, sabendo que não existe uma verdade absoluta.

Para quem conhece um pouco da história do cangaço (neste caso sou um principiante), não podemos começar a apoiar teorias e opiniões que são obviamente absurdas, quanto as que procuram explicar o cangaço, enquanto fenômeno social.



Por Rosina Becker Do Valle

Como nordestino Lampião se pautou na superstição, nas crendices, no misticismo. As hierarquias sociais, a ausência do Estado, a questão da honra entre outras parecem adequadas para explicar o ingresso de Lampião à vida errante. Ainda sim, parece muito justo quando encontramos alguns pesquisadores apontarem que Lampião era um indivíduo sem compaixão, impiedoso, “cangaceiro infame, matador do mal, lei do sertão”, etc. Foram as circunstâncias que levaram Virgulino a enveredar pelo caminho do crime. Dessa forma, Lampião se favoreceu de alguns aspectos (corrupção, relação amistosa entre coiteiros e policiais, etc.) a adaptação na luta pela existência.

De herói a vilão, Lampião está presente no imaginário popular. A hipótese do envenenamento, no fatídico 28 de julho de 1938, não aceita por alguns estudiosos do cangaço, não mostra que a evidência seja escassa e até nula.

Com raízes no século XIX, o estudo do cangaço não deve ser visto ou atacado como“meras opiniões subjetivas” ou algo que não pode ser questionadas. O perigo da subjetividade e do preconceito tem sido perceptível desde o começo da história, observa Carl Sagan (O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 292). Não quero, aqui, abraçar o solipsismo, que a única realidade é os meus próprios pensamentos.


Por Eduardo Lima

O fenômeno do cangaço não deve ser visto como algo demasiadamente simples, ingênuo, mas, algo que parece ser bastante complexo. As engrenagens deste fenômeno se entrecruzam, onde as partes componentes se complementam. Contudo, talvez seja necessário algum fato histórico não descoberto para compreender o universo lampiônico.

Não que todas as tentativas para explicar o evento da Grota do Angico têm falhado. Entretanto, é tão complexo e estranho que ainda não podemos compreendê-los.


O Fantasma de Lampião 

Por Alexandre Fiuza

Se conhecermos a maior aproximação possível da verdade e não conservarmos os interesses de grupos, teremos condições de não repetir os erros cometidos no passado. O evento que culminou com a morte do maior ícone do cangaço são, assim como outras questões sujeitas à refutação, que precisam de uma ampla revisão.

É essencial para muitas outras ciências, a veracidade dos fatos. Não se pode fazer ou produzir conhecimento pautado no “achismo”. A História é um campo de possibilidades. Entretanto, a pseudociência não nos ajuda em nada. Diante do exposto, vejamos a observação de Carl Sagan (2006, p.305) acerca da ciência:

 Por Ana Miranda



A ciência é diferente de muitos outros empreendimentos humanos — evidentemente não pelo fato de seus profissionais sofrerem influência da cultura em que se criaram, nem pelo fato de ora estarem certos, ora errados ( o que é comum a toda atividade humana), mas pela sua paixão de formular hipóteses testáveis, pela sua busca de experimentos definitivos que confirmem ou neguem as ideias, pelo vigor de seu debate substantivo e pela sua disposição a abandonar as ideias que foram consideradas deficientes. Porém, se não tivéssemos consciência de nossas limitações, se não procurássemos outros dados, se nos recusássemos a executar experimentos controlados, se não respeitássemos a evidência, teríamos muito pouca força em nossa busca da verdade. Por oportunismo e timidez, poderíamos ser então fustigados por qualquer brisa ideológica, sem nenhum elemento de valor duradouro a que nos agarrar.


Totonho Laprovitera

Prezado Kiko,
Tomei a liberdade de enviar esse texto como forma de reconhecimento do belíssimo trabalho executado pelo "Lampião Aceso", o que torna possível acreditar na pesquisa e na ciência como forma de compreender o que está na nossa volta.
 Atenciosamente,
 José Lima Dias Júnior
 Mossoró, 28 de dezembro de 2011.

*Graduado em História pela UERN. Leciona na Rede municipal de ensino na "Cidade de Quatro Torres".

3 comentários:

José Lima Dias Júnior disse...

Prezado Kiko Monteiro,

Fico grato pelo reconhecimento da verve desse escriba da caatinga. Desejo a você e aos seus um Feliz 2012 repleto de êxito e realizações.

Um fraternal abraço,

Prof. Lima Júnior

Kiko Monteiro disse...

Charles o titulo da tela é "Lampião e Maria Bonita intrigados". No site em que encontrei esta belissima imagem se apresentava como "vendida" mas acho que de repente cabe uma reprodução. Pesquisei o contato do artista, eis aqui: ateliereduardolima@bol.com.br

Sitio dele: http://www.ateliereduardolima.xpg.com.br/contatos.htm

Kiko Monteiro disse...

Ilustre anônimo, antes de mais nada não sou camarada de quem perde seu tempo enviando comentários com finalidade de promover mais intrigas. Sua guerra não é minha. Quem vem em paz sempre é bem vindo.
A cobra me morde se eu quiser, voce realmente não conhece a minha politica de boa vizinhança. Repito tenha bom senso e complacência, não crie ditadura a toa. Se de fato um dos nomes citados por voce se sentir ofendido com um "elogio ao trabalho de outro colega"... vou rever meus conceitos sobre a confraria. Passar bem, Feliz ano Novo.