quarta-feira, 1 de junho de 2011

Reedição na praça

Quem quer possuir  "O canto"?


Depois de ser informado pelo confrade Ivanildo Silveira e de ter mantido contato telefônico com a própria autora, anunciamos aos interessados que dentro de 10 dias, a 3ª edição do livro, "O CANTO DO ACAUÃ ", já estará disponível nas Livrarias Cultura do Recife.

Mas você pode adquiri-lo "já" diretamente com a autora Marilourdes Ferraz, ao preço de R$ 70,00 (setenta reais). + o frete.

Através do e-mail: ferraz_marilourdes@hotmail.com
ou pelos telefones: (81) 3231 -7159 / 99912-5079

Avia Macho! Como a tiragem da edição foi pequena, mais da metade dos livros já foram vendidos.

 Para se ter uma ideia da importância do mesmo... Leia a resenha abaixo

A VOLTA DE ACAUÃ  
Por: Frederico Pernambucano de Mello
 
Marilourdes Ferraz nos visita com a notícia: está a braços com a tarefa de promover a 3ª edição do seu livro 'O canto do acauã'. O que nos diz são alvíssaras. Porque as memórias que ela soube recolher, organizar e pôr no papel acerca de seu pai, o coronel Manuel Flor, da antiga Força Pública de Pernambuco, se erguem à condição de obra clássica, imprescindível a quantos incursionem pela história do Sertão, buscando ali a saga épica do cangaço.

Quando atuamos na Fundação Joaquim Nabuco, levamos a tradição do épico popular nordestino a São Paulo, na Mostra do Redescobrimento, ao Rio de Janeiro, a Santiago do Chile, e a Cambridge, na Inglaterra. O cangaço foi visto nesses lugares com admiração e surpresa. Servido em sua combinação irresistível de brutalidade, alguma nobreza e primor estético.

Desde o lançamento em 1978, foi assim que nos pronunciamos sobre O canto do acauã: obra clássica. Repisamos o comentário quando do lançamento da segunda edição, trazendo acrescentamentos valiosos. Na terceira edição ora prometida, o livro incorporará entrevistas que a autora fez para outra publicação sua. Não é preciso dizer da pureza de conteúdo do livro, recolhido com critério e ardores de filha por Marilourdes Ferraz, caderno à mão, sentada na mesa diante do guerreiro ilustre que foi seu pai, a ouvir-lhe o desfiar incessante de crenças, tradições, enlaçamento entre famílias, origens da terra, profissões, recursos de subsistência, revelações ligadas à mesa e à festa, tudo aquilo enfim que confere riqueza cultural invejável à velha ribeira do Navio, nucleada na cidade de Floresta.

Coube a Marilourdes desbastar a matéria copiosa que ia recolhendo a cada dia, e encaminhar o relato para a saga do assentamento da povoação de Nazaré, lugar perdido na caatinga até empinar-se em burgo humilde no começo do século 20. Sem ignorar os pontos mais expressivos que se alongaram em marcos do projeto de civilização que se desenvolveu ali, o livro não poderia deixar de encaminhar-se para a saga da resistência da vila às investidas dos cangaceiros, liderados por Lampião, praticamente um filho da terra decaído de anjo a demônio, na opinião dos conterrâneos que não abraçaram a aventura do punhal e da cartucheira. E que findariam por enganchar quase a pulso essa mesma cartucheira, e a cingir esse mesmo punhal, na defesa da vila que os irmanava como projeto comum, somente vindo a receber o bafejo do governo - que os foi alistando nas fileiras da polícia a partir de 1923 - já passados alguns anos e muitas mortes em combate de parte a parte.

Ninguém jamais precisou perguntar a Lampião quais os seus inimigos mais valentes, quais os mais capazes de se misturar com o adversário na luta, abandonando a norma de prudência e, não raro, o planejamento esboçado pelos militares vindos da pancada do mar, para dar vazão à sobranceria do sangue no olho vigente na caatinga. O próprio chefe de cangaço dava os nomes, para quem quisesse ouvir, daqueles a quem conhecia de mocidade, amigos de outrora, inimigos na ocasião em que falava, nascidos e criados derredor de Nazaré: os irmãos Euclides, Odilon e Manuel Flor, um Davi Jurubeba, um Hercílio de Souza Nogueira, um Manuel de Souza Neto, lamentando estarem todos na farda contra o seu bando. Herdeiros da coragem de pais e avós: de um João Flor, de um Antônio Gomes Jurubeba, de um Gregório da Ema. 

Tendo a uni-los um desapego pela vida tornado proverbial entre os povoadores da ribeira a partir de 17 de outubro de 1684, data em que André Pinto Correia se vê investido nos deveres e prerrogativas de "capitão-mor da freguesia e povoação dos Rodelas", por meio de carta-patente outorgada em Lisboa. 

Condição legitimadora do empenho em dobrar o índio bravio a qualquer custo, levando os guerrilheiros cobertos de penas a desistirem de estorvar o assentamento dos currais de gado, vital para os interesses da coroa.

 
Pescado no: Site da Fundação Joaquim Nabuco

Um comentário:

Sergio Dantas disse...

Este livro é indispensável a quem quer estudar o cangaço de forma centrada e prudente! Se não se compreender a dualidade da luta, jamais se terá uma visão acertada deste contexto histórico.
Abs
Sérgio Dantas.'.