tag:blogger.com,1999:blog-79047132123486010412024-03-13T16:55:53.694-03:00Lampião acesoUm espaço para exposição de trabalhos,eventos,viagens,links e informações sobre a complexa história do cangaço.Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.comBlogger1565125tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-10232756738392573822024-01-25T23:27:00.005-03:002024-01-25T23:27:53.635-03:00De Pernambuco para o Rio de Janeiro<p><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">Depoimento do ex-volante <b>Andrelino Marcolino Nogueira</b>, para o jornal “Manchete/RJ” em 1981.</span><br /><br />Andrelino Marcolino Nogueira, era pernambucano da região de Serra Talhada/PE, nasceu no dia 30 de setembro de 1909, sendo filho de Camilo Marcolino Nogueira e Possidônia Nogueira da Silva. Andrelino tinha nove irmãos. Ele e sua família tiveram contato com Virgulino e os demais Ferreiras. <br /> </p><p>Segundo o mesmo para o Jornal Manchete, disse que Lampião era almocreve e artesão no sertão do Pajeú. Em uma cajazeira que tinha na casa da irmã do volante, a Dona Águeda Possidônia Nogueira, o jovem Virgulino passava horas mexendo com os artigos de couro. Porém, a mesma mandou cortar a árvore por desgosto.<br /> </p><p>Era vizinho da casa de Manoel Pedro Lopes e Jacoza da Soledade (avós de Virgulino e pais do Sr. José Ferreira), e apenas o riacho São Domingos o separavam um pouquinho, entretanto, se criaram juntos.<br />Foi testemunha desde a juventude dos irmãos Ferreira até às desavenças que se iniciaram em meados dos anos de 1916. Cita que ainda lembra de Virgulino, Antônio e Livino quando eram trabalhadores, cuidando do gado e dos bodes da propriedade. Complementa também que foram almocreves, transportando mercadorias para as regiões de Arco-Verde, Garanhuns, Águas Belas, Triunfo, Piranhas, entre outros locais. Dá detalhes certeiros sobre a evasão dos Ferreiras e das mortes de seus pais.<br /> </p><p>Entrou na força volante entre os anos de 1931/1932, fugindo do seu pai (não se sabe por qual motivo). Relata que pagavam 95 mil réis por mês, utilizavam roupa cáqui ou mescla e a indumentária era extremamente semelhante com a dos cangaceiros. E por causa da estética ser muito parecida, além dos encontros de outras volantes onde, ocorriam um fogo amigo por se pensar em ser os bandoleiros, um comandante ordenou que as tropas utilizassem chapéu de massa fina.<br /> </p><p>Andrelino relata que andavam 45 volantes em um comando, em outro já eram 30, e quando se juntavam, chegavam à numeração de 100 militares, a cavalo, a pé, de todo jeito. E quando sabiam da notícia de cangaceiro na região, tomavam animais de quem tivesse para a melhor locomoção.<br /> </p><p>Atuou nas regiões da Bahia por oito meses, perambulando pelas regiões do Juazeiro, Bonfim, Barro Vermelho, Canudos, Raso da Catarina, Chorrochó e Uauá. Será que foi membro das forças de Odilon? Diz que, nas horas de se alimentarem, matavam a criação de gado também.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYZXuIg3HfhrDiV3P5L7uQuNquK5R_8Umv-l7f7trGJRlt4H7iKqzpqI-GrhT4F7ztLRx1zEDZAwNDYkXPGdCmhBk5k-fSQ5Qm0N3WXtgYeBwojqIritk6q57JTuklmv_crAWdKuYOL5p42zJn3e5ualtQB32-nLgINIaxym7p43ovXeQzgLvFWLK9WCc/s2048/Andrelino%20Marcolino%20Nogueira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1639" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYZXuIg3HfhrDiV3P5L7uQuNquK5R_8Umv-l7f7trGJRlt4H7iKqzpqI-GrhT4F7ztLRx1zEDZAwNDYkXPGdCmhBk5k-fSQ5Qm0N3WXtgYeBwojqIritk6q57JTuklmv_crAWdKuYOL5p42zJn3e5ualtQB32-nLgINIaxym7p43ovXeQzgLvFWLK9WCc/w512-h640/Andrelino%20Marcolino%20Nogueira.jpg" width="512" /></a></div><br /><p>Possivelmente participou até o fim da campanha contra o cangaceirismo (ou até os anos de 1933/1934). Se casou com Maria Anália de Moura, com quem teve cerca de onze filhos. Não tenho as informações da data de falecimento de ambos, porém, viveram ainda nas regiões de Pernambuco.<br /> </p><p><span style="font-size: small;"><b>Créditos:</b></span></p><p>Jaozin Jaaozinn "Cangaço Brasileiro" </p><p>𝑭𝑶𝑵𝑻𝑬𝑺: 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒍 𝑴𝒂𝒏𝒄𝒉𝒆𝒕𝒆/𝑹𝑱 - 1981; 𝑮𝒆𝒏𝒆𝒂𝒍𝒐𝒈𝒊𝒂 𝑷𝒆𝒓𝒏𝒂𝒎𝒃𝒖𝒄𝒂𝒏𝒂.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-47153890603529166902024-01-25T23:04:00.003-03:002024-02-03T17:43:28.868-03:00Foto inédita na literatura<div><p> <span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">Sargento <b>Deluz</b></span><br /></p><p style="text-align: justify;"><i>Por Eduardo Marcelo Silva Rocha</i> *</p>
<p style="text-align: justify;">Tratar das Volantes sergipanas no combate ao cangaço não é tarefa das mais fáceis.</p>
<p style="text-align: justify;">Os relatos sobre a profunda proteção que
os cangaceiros tiveram em nosso Estado tendem a ser um óbice. Outro
fator a favorecer o bandoleiro e seu grupo foram os movimentos iniciados
com a Revolução de 30 que, exigindo concentração de esforços militares
no início daquela década, momentaneamente diminuiu o foco de atenções ao
banditismo nordestino.</p>
<p style="text-align: justify;">O fato é que em nosso Estado a Força
Pública não se furtou ao combate ao banditismo e empregou tanto seu
efetivo ordinário, quanto gerenciou contratados da vida civil para tal
mister.<br /> </p><p style="text-align: justify;">Nesse contexto, podemos citar alguns comandantes de Volantes militares,
como os Tenentes Stanley Fernandes da Silveira e Agnaldo Alves
Celestino. Outros nomes poderiam ser citados, mas deixemos para uma
ocasião futura, certamente mais oportuna do que essa.</p>
<p style="text-align: justify;">Muitos encontros entre cangaceiros e
volantes se deram em nossas terras, é verdade, mas nem sempre em tais
ocorrências, as volantes eram comandadas/oriundas da nossa Polícia, uma
vez que havia o acordo entre Estados e, por isso, volantes de outros
estados atuavam em solo sergipano. É o caso do maior fogo ocorrido em
nosso Estado, o da fazenda Maranduba, que era constituído por volantes
baianas, pernambucanas…</p>
<p style="text-align: justify;">Um dos grandes eventos registrados
envolvendo a polícia sergipana foi a invasão à Canindé do São Francisco,
cidade que sediava a Volante do Tenente José Vieira de Matos (oriundo
do 28 BC) que seria auxiliada pelas volantes do Ten. Manoel Ramos
(sergipana) e a do Sgt. Miranda (esta da Bahia). Sobre essa invasão,
dois aspectos interessantes sobressaem aos interessados pelo estudo do
tema.<br /> </p><p style="text-align: justify;">Um trata-se da participação do <b>Sarg. Deluz</b> em uma das volantes que se
encontravam na região quando deu-se a ação criminosa. Deluz, então Cabo
de Esquadra sob o nº 174, integrava a força policial do Ten. Manoel
Ramos.</p>
<p style="text-align: justify;">Outro, os prejuízos infligidos ao
destacamento, que perdeu peças diversas de fardamento – perneiras,
sapatos, além de sabres modelo 1908, todas destruídas pelos cangaceiros
que conseguiram atear fogo na sede policial.</p>
<p style="text-align: justify;">Após a citada invasão, a volante do Ten.
Manoel Ramos seria destituída e a do Ten. Matos seria reforçada, assim
como a do Ten. Hermento Feitosa, futuro comandante da PMSE. Nessa
ocasião, era que o então Cabo Deluz passaria a integrar a volante do
Ten. Matos, antes de galgar postos mais altos em sua carreira e no
vilarejo de Canindé.</p>
<p style="text-align: justify;">Mas, debrucemo-nos mais acerca de tal figura.</p>
<div class="wp-caption alignright" id="attachment_84037" style="width: 157px;"><a data-slb-active="1" data-slb-asset="1904719936" data-slb-group="84036" data-slb-internal="0" href="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa.png"><img alt="" aria-describedby="caption-attachment-84037" class="size-full wp-image-84037 lazyloaded" data-sizes="(max-width: 147px) 100vw, 147px" data-src="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa.png" data-srcset="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa.png 147w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa-100x146.png 100w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa-34x50.png 34w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa-52x75.png 52w" height="400" src="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/fotopintura-do-sargento-deluz-fonte-alcino-a-costa.png" width="275" /></a><p class="wp-caption-text" id="caption-attachment-84037"><i>Retrato Artístico do sargento Deluz (Fonte: Alcino A. Costa)</i></p></div>
<p style="text-align: justify;">Amâncio Ferreira da Silva era,
provavelmente, de um lugar chamado São Bento do Una em Pernambuco.
Devido ao sobrenome e à origem, alguns já levantaram a possibilidade de
Deluz ter algum tipo de parentesco com Virgulino Ferreira da Silva,
pernambucano de Serra Talhada. Sendo que, até hoje não encontramos
indícios que comprovem tal situação. Além disso, não existem registros
sobre nenhum combate dele contra Lampião. Apesar do pai de Deluz,
inclusive, chamar-se José Ferreira da Silva. Sigamos.</p>
<p style="text-align: justify;">Fato é que nascido em 1904
provavelmente, ou 05, como dizem alguns, pouco se sabe de sua vida até o
ano de 1931, quando efetivamente senta praça nas fileiras da Força
Pública de Sergipe. É verdade que sua carreira na corporação é notável,
uma vez que, como vimos, em um ano já era Cabo e logo seria Sargento.</p>
<p style="text-align: justify;">No início dos anos 1940, Deluz já
galgara mais uma promoção e, como Sargento, também era Delegado de
Polícia em Canindé. Os relatos disponíveis dão conta de bastante
truculência e arbitrariedade praticadas pela força volante de Canindé.
De toda sorte, há quem diga ter sido Amâncio tão temido quanto Zé
Baiano.<br /> </p><p style="text-align: justify;">Do que se sabe, Deluz chegaria à patente de 2º Sargento, quando da sua
morte em 1952. Sua exclusão das fileiras, da já então chamada Polícia
Militar do Estado de Sergipe, dar-se-ia em 01 de Outubro 1952, por
falecimento, conforme veremos mais adiante.</p>
<p style="text-align: justify;">Do pouco que se sabe, Deluz seguiu sua
carreira no sertão sergipano, na região do Município de Porto da Folha e
nos vilarejos de Poço Redondo e Canindé. Poço Redondo, este, que ao ser
emancipado selaria mortalmente o destino do ex-cangaceiro Zé de Julião,
conhecido como Cajazeira, assunto para outro momento.</p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzWVRplyUItTNIxuYkFMwysNNzklJEvdFV5sCUawoj0GXOB3WszO2DGq_upaBLwUvR924M_t4wLyI0Xs5R11f2WfXWEZ9fWLT_7Q9O68jnaSgK22IgtPkUbkIIgybKU8LphVSZT600amom74wFOwIp6PPGsNEOr0RgdECfQFQhZE3jfz4fvee23gp04zw/s3602/ENTREGAS%20II.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2429" data-original-width="3602" height="432" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzWVRplyUItTNIxuYkFMwysNNzklJEvdFV5sCUawoj0GXOB3WszO2DGq_upaBLwUvR924M_t4wLyI0Xs5R11f2WfXWEZ9fWLT_7Q9O68jnaSgK22IgtPkUbkIIgybKU8LphVSZT600amom74wFOwIp6PPGsNEOr0RgdECfQFQhZE3jfz4fvee23gp04zw/w640-h432/ENTREGAS%20II.jpg" width="640" /></a></div><br /><div class="wp-caption alignleft" id="attachment_84038" style="width: 310px;"><br /><p class="wp-caption-text" id="caption-attachment-84038"><i>Captura do grupo de Pancada (Reprodução de Lampião entre a espada e a Lei - Sergio Augusto Souza Dantas)</i></p></div>
<p style="text-align: justify;">Antes de prosseguirmos vamos contar a história sendo contada pela história – a história do cangaço em movimento.<br /> </p><p style="text-align: justify;">Em fins da década passada, o Professor Robério Santos produziu um filme
sobre o ex-cangaceiro Manoel Pereira de Azevedo, conhecido no cangaço
como Jurity. Relatando a vida de Manoel, iniciando dos eventos fatídicos
da grota do Angico, em 1938.<br /> </p><p style="text-align: justify;">Sobre Manoel, o filme mostra que entregou-se após a morte de Lampião e
redimido/anistiado, retomou sua vida na Bahia, tendo trabalhado como
vigilante até que decidiu – ainda em início da década de 1940 – voltar
ao sertão de Sergipe para reaver dinheiro e bens que deixara por lá,
inclusive cobrar dívidas decorrentes da agiotagem que praticava com o
saldo das participações em saques e extorsões do período de cangaço.</p>
<p style="text-align: justify;">Fazemos outro parêntesis, observando as
relações do cangaço com a agiotagem, que coincidentemente reservou à
história contar duas mortes famosas no cangaço: Zé Baiano e Juriti. Mas,
como dantes, isto é assunto para outro momento, fica pontuado. Além da
relação bélica entre o próprio Lampião e um Coronel baiano famoso, de
quem o cangaceiro cobrou dívidas queimando algumas fazendas.</p>
<div class="wp-caption alignright" id="attachment_84039" style="width: 130px;"><a data-slb-active="1" data-slb-asset="1935850763" data-slb-group="84036" data-slb-internal="0" href="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz.png"><img alt="" aria-describedby="caption-attachment-84039" class="size-full wp-image-84039 lazyloaded" data-sizes="(max-width: 120px) 100vw, 120px" data-src="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz.png" data-srcset="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz.png 120w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz-79x146.png 79w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz-27x50.png 27w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz-40x75.png 40w" height="640" src="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/sargento-deluz.png" width="344" /></a><p class="wp-caption-text" id="caption-attachment-84039"><i><b>Sargento Deluz</b></i></p></div>
<p style="text-align: justify;">No filme, Manoel, então, volta aos
rincões caatingueiros de Sergipe para acertar suas contas, para reaver
seu dinheiro e outros prováveis bens que amealhara e deixara com amigos
e/ou clientes. Por conta dessa viagem, Manoel/Juriti, teria a presença
delatada à autoridade policial do arruado de Canindé do São Francisco,
que vai encontrá-lo na fazenda de Rosalvo Marinho, onde se arranchara.
Sem nenhuma condição de reação, até por já ser um homem livre, Manoel é
capturado e conduzido à local ermo – chamado de “Roça da Velhinha”,
amarrado em uma corda. Manoel teria sido jogado em uma espécie de
coivara, onde morreria queimado.</p>
<p style="text-align: justify;">O relato do filme, embora possa ser
considerado ou não ficcional, baseou-se em obras de pesquisadores que
debruçaram-se sobre o tema cangaço, em diversos momentos, inclusive
ouvindo relatos de pessoas remanescentes que viram ou ouviram sobre o
fatos.</p>
<p style="text-align: justify;">Pois bem, apesar disto, o filme do
professor Robério Santos foi objeto de processo judicial em nosso Estado
(tombado sob o número 0044386-18.2018.8.25.0001), que, ao final,
reconheceu o seu direito de exibição devido à sua natureza e relevância
histórica.</p>
<p style="text-align: justify;">Voltando a Amâncio e seu desfecho,
Alcino Alves Costa, em sua obra, relata que este seria vítima de uma
emboscada ocorrida, provavelmente, em 30/09/52 ou 01/10/52.</p>
<p style="text-align: justify;">O fato é que pouco se sabe sobre a vida
do militar. Na verdade, pouco sabemos sobre a vida de vários policiais
volantes daquele tempo de combate ao banditismo. Nesse sentido, como
curiosidade, nunca vi alguém observar que o Ten. José Lucena, que estava
na ocorrência na qual foi morto o pai de Lampião, já como Capitão em
1924 serviu integrando as tropas federais legalistas aqui em Sergipe
contra a insurreição do 13 de julho.</p>
<p style="text-align: justify;">Seja qual for a verdade, fato é que a
vida naqueles tempos era difícil para todos, sem exceção às forças
volantes. A dureza da terra semiárida, a distância do litoral e da
capital dificultava a vida e a sobrevivência de todos. Não haviam
facilidades. Não podemos julgar ninguém que viveu naquele tempo com os
olhos de hoje, isso é uma falha básica de avaliação que chamamos
anacronismo. O máximo que podemos fazer, sem errar, é ajustar as
condutas à Lei em vigor no período. Mais que isso tende a incorrer em
achismo.</p>
<div class="wp-caption alignleft" id="attachment_84040" style="width: 310px;"><a data-slb-active="1" data-slb-asset="2049671596" data-slb-group="84036" data-slb-internal="0" href="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe.png"><img alt="" aria-describedby="caption-attachment-84040" class="size-medium wp-image-84040 lazyloaded" data-sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" data-src="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe-300x131.png" data-srcset="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe-300x131.png 300w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe-260x113.png 260w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe-50x22.png 50w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe-150x65.png 150w, https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe.png 308w" height="279" src="https://www.destaquenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/11/lista-de-oficiais-da-pmal-empregados-na-forca-legalista-no-combate-ao-13-de-julho-em-sergipe-300x131.png" width="640" /></a><p class="wp-caption-text" id="caption-attachment-84040"><i><b>lista de oficiais da Polícia Militar de Alagoas empregados na força legalista no combate ao 13 de Julho em Sergipe</b></i></p></div>
<p style="text-align: justify;">Por fim, sobre Deluz, não existia
registro fotográfico incontroverso. Tínhamos uma foto pintura dele e uma
fotografia de uma volante mista, na qual, desconsiderando uma marcação
errada, supúnhamos ser ele.</p>
<p style="text-align: justify;">Nessa última imagem, agora, temos Deluz
em uma provável fotografia 3 x 4, com uniforme militar cáqui. Notemos
que há uma real aparência entre os traços de Deluz com o militar da
imagem anterior, destacada na fotografia da Volante completa, tirada
logo após a captura do grupo do cangaceiro Pancada. Além disso, na
terceira imagem, ostenta em seus braços divisas e, apesar de estar
marcado com o número “XI” e na legenda constar número “IX”, nesta última
há a seguinte identificação: “Sargento Diluz, comandante da volante
sergipana”.</p>
<p style="text-align: justify;">A grafia Diluz nos remete à questão dos
efeitos da precariedade dos registros, uma vez que muita coisa sequer
foi registrada ou se perdeu no meio do tempo até o hoje. Como não
sabemos a origem do apelido Deluz, bem como não fazemos muita ideia do
que seria o Brasil dos anos 30, questões de grafia não devem nos
assustar, ao tempo em que pouco se podia verificar informações, estas
que demoravam dias ou semanas para circular, pois muitas vezes andavam
em lombos de animais ou nas pernas de mensageiros/transportadores.</p>
<p style="text-align: justify;">Assim, já vimos registros dando conta do
nome de ser Amâncio Ferreira da Luz. Uma possibilidade dessa grafia ser
originada de um incauto, por não saber o nome completo ter, por
convicção própria oralmente ou por escrito, informado o nome com a
aquisição do “da Luz”, não por má intenção, mas por ser a referência que
conhecera. Mas vamos em frente.</p>
<p style="text-align: justify;">Deluz, com excelente relações de
confiança com ao menos uma família importante da região – homem de
confiança de um poderoso Coronel – somado à sua graduação militar,
estava em confortável posição naqueles sertões do nosso Estado – ou
mesmo de qualquer outro.</p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuh31u0Y3yzXPQPYCs2v23vyhbz9cepj6ChhI1aMTVEoAfkpx5j2r7CECKreOv0wypKAAkC0KI_jUbNVqGPDaeF93VSAMqS_o8F6h5FO6kpgTon4FNYLv7b0VDfK6iwa2_wkniVmmMfkFmWZUbQ0oD1gQito74t5JSwbCZXPp4_Xjx-HpnoEebm1as3bY/s640/410839990_7501570556598179_4227360308931319391_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="514" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuh31u0Y3yzXPQPYCs2v23vyhbz9cepj6ChhI1aMTVEoAfkpx5j2r7CECKreOv0wypKAAkC0KI_jUbNVqGPDaeF93VSAMqS_o8F6h5FO6kpgTon4FNYLv7b0VDfK6iwa2_wkniVmmMfkFmWZUbQ0oD1gQito74t5JSwbCZXPp4_Xjx-HpnoEebm1as3bY/w514-h640/410839990_7501570556598179_4227360308931319391_n.jpg" width="514" /></a></div></div><div style="text-align: center;"><i><b>Sargento Deluz com a farda da Força Pública de Sergipe</b></i></div><div style="text-align: center;"><i><b>Imagem inédita na literatura do tema. <br /></b></i></div><br /><div><div class="wp-caption alignright" id="attachment_84041" style="width: 179px;"><br /><p class="wp-caption-text" id="caption-attachment-84041"><i></i></p></div>
<p style="text-align: justify;">Assim, não por acaso, casara-se com uma
moça, filha de honrada e importante figura local, extremamente
respeitada naquelas bandas de então Porto da Folha.</p>
<p style="text-align: justify;">Mas o casamento não daria certo logo nos
primeiros dias, uma vez que a esposa era dotada de forte personalidade,
não tendo receio em demonstrar desagrados ao áspero marido. Segundo o
escritor José Mendes Pereira, as brigas levaram Deluz à intimar
formalmente um dos seus cunhados e até a sua sogra, algo rechaçado por
sogro que teria ido ao destacamento policial pessoalmente com os filhos e
entrado em luta corporal com o pernambucano. A relação familiar
estaria, então destruída após esse episódio.</p>
<p style="text-align: justify;">Nesse interregno, sobre Deluz se abate
uma tragédia, a morte de sua genitora e um irmão. Por conta do fato, o
2º Sargento necessita viajar à Pernambuco, para ir atrás dos
responsáveis pela morte dos seus entes queridos. É nesse momento em que
se inicia o planejamento de sua morte. O que se sabe sobre este evento
fatal é que ao sair em destino a Pernambuco – segundo Alcino Alves Costa
– Deluz foi atocaiado e morto a tiros na ainda na estrada da sua
Fazenda Araticum, sem possibilidade alguma de reação.</p>
<p style="text-align: justify;">Terminava em 30 de setembro de 1952, a
jornada do Sargento pernambucano no Estado de Sergipe, que marcou seu
nome na região do então Município de Porto da Folha.</p><p style="text-align: justify;"><b> NOTAS:</b></p>
<p style="text-align: justify;"><b> –</b> As informações
constantes aqui, são oriundas basicamente das pesquisas de Alcino Alves
Costa e José Mendes Pereira, disponíveis em fontes abertas como sites de
internet e livros.</p>
<p style="text-align: justify;"> <b> –</b> Créditos das imagens: 1 Alcino Alves da Costa; 2 Sérgio Dantas, 3 – Revista Noite Ilustrada de 08/11/38; 4 e 5 – acervo do autor;</p>
<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPNdimEQ47rhCOA3Gtfu4b_ZyK44L_a-YmS1mYGnpI8hhsx5_3XoXm6sHDAchTGMmNA4ylWMds68zWO8D17uFY6BgYaRB9zbkQaMGxsOhiDUJjY2PM7DA0UlXO_FET0XzNi4zRWp1ktnlD4meVS0cA_uFiyu72vKcN0n0JD1s-VwQnMXFSuOOS0Axpn_o/s434/eduardo-marcelo-silva-rocha.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="434" data-original-width="327" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPNdimEQ47rhCOA3Gtfu4b_ZyK44L_a-YmS1mYGnpI8hhsx5_3XoXm6sHDAchTGMmNA4ylWMds68zWO8D17uFY6BgYaRB9zbkQaMGxsOhiDUJjY2PM7DA0UlXO_FET0XzNi4zRWp1ktnlD4meVS0cA_uFiyu72vKcN0n0JD1s-VwQnMXFSuOOS0Axpn_o/w151-h200/eduardo-marcelo-silva-rocha.png" width="151" /></a></div><br />* <i>É tenente coronel da PM/SE e membro da Academia Brasileira de Letras e Artes do cangaço. (eduardomarcelosilvarocha@yahoo.com.br)</i><p></p></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-51783603926565569212024-01-03T01:30:00.000-03:002024-01-03T01:30:02.099-03:00Ações na terra natal<p></p><div class="" dir="auto"><div class="x1iorvi4 x1pi30zi x1l90r2v x1swvt13" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id=":rsr:"><div class="x78zum5 xdt5ytf xz62fqu x16ldp7u"><div class="xu06os2 x1ok221b"><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"><div class="xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">Lampião <b>ataca</b> <b>José</b> de Esperidião <b>na Varzinha</b></span></div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Por José João Souza <br /></div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Em 25 de novembro de 1926, um dia antes da Batalha da Serra Grande, o bando de Lampião atacou José de Esperidião, residente na fazenda Varzinha, município de Serra Talhada - PE. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Nessa ocasião, sua residência estava com alguns visitantes, os quais foram cumprimentar Rosa Cariri, esposa de José de Esperidião, por ter dado luz a uma criança, que estava com sete dias de nascido.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Rosa <span><a tabindex="-1"></a></span>Cariri, ao avistar, de longe, alguns cangaceiros avisou ao marido, alertando-o para que se retirasse. José de Esperidião perguntou:</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">- Quantas pessoas você acha que vêm?</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ela respondeu:</div><div dir="auto" style="text-align: start;">- Uns vinte homens.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ele disse:</div><div dir="auto" style="text-align: start;">- Não corro com medo de vinte homens.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">José de Esperidião pegou seu rifle e dois bornais de balas e ficou entrincheirado no quarto. </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Quando os cangaceiros chegaram deram boa tarde e perguntaram:</div><div dir="auto" style="text-align: start;">- José de Esperidião está? </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Lá de dentro ele respondeu: </div><div dir="auto" style="text-align: start;">- Estou aqui.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Os cangaceiros disseram: </div><div dir="auto" style="text-align: start;">- Venha para fora, precisamos conversar.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">José respondeu: </div><div dir="auto" style="text-align: start;">- Já estamos conversando, eu não vou sair e vocês também não vão entrar.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Quando as pessoas presentes notaram que estavam diante do bando de Lampião, começou a correria, o pavor foi tanto, que algumas mulheres pularam pelas janelas. Os cangaceiros perceberam que José de Esperidião não sairia e começou o tiroteio.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">O recém-nascido, José Pereira Lima (Cazuza), filho da vítima, estava deitado em uma rede na sala e foi baleado nos dois pés (o mesmo estava com os pés cruzados). De toda ribeira ouviam-se os tiros e a maioria dos habitantes da localidade abandonaram suas casas e foram se refugiar na caatinga.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Lampião ficou sentado na calçada da casa de Agostinho Bezerra, próximo ao local. O ataque foi coordenado por Antônio Ferreira, motivado por uma vingança de um assassinato cometido por José de Esperidião na Serra Negra, no município de Floresta. Quando Lampião percebeu que o caso era demorado, foi aguardar o desfecho deitado em uma rede no alpendre da casa de Braz Estevão, um pouco mais distante do local do ataque. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Segundo relatos do escritor João Gomes de Lira, os cangaceiros chegaram à casa de José de Esperidião por volta de uma hora da tarde. O tiroteio durou a tarde inteira. “Às seis horas da tarde, um cangaceiro foi até onde estava Lampião, para dizer que José de Esperidião era valente; uma fera, até parece que não morre. Assim, o que deviam fazer? Lampião respondeu e determinou que arrancassem as cercas do curral, apinhassem a madeira no pé da parede em volta da casa e tocasse fogo". </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">O fogo destruiu toda madeira do telhado, ficou apenas as paredes em pé, no dia seguinte, uma mulher moradora da localidade, foi a primeira pessoa a entrar no recinto, pulando por cima de brasas e cinza, conseguiu chegar ao quarto da casa, onde tombou o corpo de José de Esperidião, com seu rifle na mão, bala na agulha e o dedo no gatilho. Quando a mulher pegou e puxou e rifle, o mesmo disparou. Em uma conversa informal do historiador Frederico Pernambucano de Mello, ele afirmou que, José de Esperidião era homem valente, mesmo depois de morto ainda conseguiu atirar.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Quando retiraram o corpo de José de Esperidião para fazer o sepultamento, não encontraram marcas de balas no corpo dele, portanto, chegou-se à conclusão de que a morte fora por asfixia provocada pela fumaça.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">José Pereira Lima, filho da vítima, ficou com uma marca no pé pelo resto de sua vida. Geralmente, quando ia comprar sapatos, adquiria dois pares, um par 41 e outro par 42, pois um pé ficara menor.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Conforme consta no livro, "Memórias de um Soldado de Volante", de João Gomes de Lira, “Ao cair da tarde daquele dia, a Força que vinha distante, ouviu as últimas descargas do fogo dos bandidos contra José de Esperidião. Quando ali chegou, na manhã seguinte, só encontrou o tristíssimo quadro”.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3XUU77EfZkGYfA7qaWS8BOUpMhSD_gq2n0ovRWiWFxOFQvkKQI705xgs-qHJIjZG_aRRle1iahuXQoPFYS6qsOfkTo7RtopLQ5R479L3FVEmGksghSflQKCxvrM_i7GvB3-p9zXJ_Vp_Cpv_9834U7CTPgRQ9k_Z6MJ7jG6ISxiAFVM8FfFg2nmzBOig/s670/Jos%C3%A9%20Pereira%20Lima%20baleado%20por%20Lampi%C3%A3o%20com%207%20dias%20de%20nascido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="670" data-original-width="616" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3XUU77EfZkGYfA7qaWS8BOUpMhSD_gq2n0ovRWiWFxOFQvkKQI705xgs-qHJIjZG_aRRle1iahuXQoPFYS6qsOfkTo7RtopLQ5R479L3FVEmGksghSflQKCxvrM_i7GvB3-p9zXJ_Vp_Cpv_9834U7CTPgRQ9k_Z6MJ7jG6ISxiAFVM8FfFg2nmzBOig/w368-h400/Jos%C3%A9%20Pereira%20Lima%20baleado%20por%20Lampi%C3%A3o%20com%207%20dias%20de%20nascido.jpg" width="368" /></a></div><br /> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqyIBtApj3wqReodxXf5C0go0Rjk9s87vHOnX4BM0XJe6uKaz_BRcxGxgYctFlIkebGFWkDrEgiDq1oqr4LgDl6dZU6DhOQREhSqL0kOUZOOfF1DbKWXAcE_2m4QujvcfjPMisWJT_7mFh0MPDYzyAzg7NuZ3ojv4oop2QkXYuxTi8a8KbOOZxXNffO58/s573/11002645_654213501357264_4761296359615726686_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="573" data-original-width="425" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqyIBtApj3wqReodxXf5C0go0Rjk9s87vHOnX4BM0XJe6uKaz_BRcxGxgYctFlIkebGFWkDrEgiDq1oqr4LgDl6dZU6DhOQREhSqL0kOUZOOfF1DbKWXAcE_2m4QujvcfjPMisWJT_7mFh0MPDYzyAzg7NuZ3ojv4oop2QkXYuxTi8a8KbOOZxXNffO58/w296-h400/11002645_654213501357264_4761296359615726686_n.jpg" width="296" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijhhrsF18mdb6Pb-056_EZwB3jJ9pzV9ZcouGAAf3QnrL0vcL83ea45z6IqPdjp17W9VcUiwROJNARn0Of4NSVv9deWvxZb5El2fY7LeU_-ksJdvTC0B3CiYb9_UeH4_wNT-x2ZqdkzcegPg2mng36IJsAmoMCxTDx88nyob9Vxr6TdNlwDddTEynOdpk/s769/10868144_654213148023966_3546070834442378974_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="577" data-original-width="769" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijhhrsF18mdb6Pb-056_EZwB3jJ9pzV9ZcouGAAf3QnrL0vcL83ea45z6IqPdjp17W9VcUiwROJNARn0Of4NSVv9deWvxZb5El2fY7LeU_-ksJdvTC0B3CiYb9_UeH4_wNT-x2ZqdkzcegPg2mng36IJsAmoMCxTDx88nyob9Vxr6TdNlwDddTEynOdpk/w400-h300/10868144_654213148023966_3546070834442378974_n.jpg" width="400" /></a></div><br /></div></span></div></div></div></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-69623479566999068722024-01-03T01:29:00.000-03:002024-01-03T01:29:42.842-03:00A ferida que não cicatriza<p>
</p><p>
<span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: verdana;">Quando</span><b><span style="font-family: verdana;"> Elise Jasmin </span></b><span style="font-family: verdana;">falou sobre </span><b><span style="font-family: verdana;">a influência </span></b><span style="font-family: verdana;">ainda exercida pelo</span><b><span style="font-family: verdana;"> cangaceiro </span></b><span style="font-family: verdana;">na</span><b><span style="font-family: verdana;"> cultura brasileira
</span></b><br /></span>
<br />
<b>
Por ALCINO LEITE NETO</b><br />
<span>
DE PARIS
</span><br /><br /> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5gDWqefzp8fkIpjPDtVM4od4KJVjeg4hzfRjINXNjKlM3y3JKHS6frBy6aj8U4xVxyjmwn7qBpKP6Ex_bgwbdOLhVTza3euhrhKIMO7sqpv50a2FuWikBFjlOdhMnZCIZwgaiVumk35ugLkejpIaPlCl8o9UBrdSbI6pG_KxH6w3PjpGlm10jCIVhNhE/s500/418LrqUl2sL.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="309" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5gDWqefzp8fkIpjPDtVM4od4KJVjeg4hzfRjINXNjKlM3y3JKHS6frBy6aj8U4xVxyjmwn7qBpKP6Ex_bgwbdOLhVTza3euhrhKIMO7sqpv50a2FuWikBFjlOdhMnZCIZwgaiVumk35ugLkejpIaPlCl8o9UBrdSbI6pG_KxH6w3PjpGlm10jCIVhNhE/w248-h400/418LrqUl2sL.jpg" width="248" /></a>O maior bandido da história
brasileira chegou à Sorbonne e
comparece agora nas livrarias da
França em "Lampião - Vies et
Morts d'un Bandit Brésilien" (Vidas e Mortes de um Bandido Brasileiro), escrito pela historiadora
Élise Grunspan-Jasmin.</div><p></p><p><br />
Originalmente uma tese de
doutorado para a universidade
francesa, o trabalho recebeu o
prêmio de melhor pesquisa científica concedido pelo jornal "Le
Monde" e pela PUF (Presses Universitaire Françaises), que está
publicando a obra.</p><p><br />
"Lampião" é ao mesmo tempo
uma biografia do cangaceiro e um
ensaio sobre o seu mito na cultura
nordestina e brasileira. A história
de Virgulino Ferreira da Silva,
nascido em torno de 1897 e morto
em 1938, é traçada pela historiadora por meio de variados registros:
documentos, imagens, depoimentos, reportagens jornalísticas e versos de
cordel.</p><p><br />
As diferentes fontes narram as
sucessivas "vidas" e "mortes"
criadas para o bandido, em suas
duas décadas de cangaço e depois.
Em Lampião, a sociedade brasileira projetou múltiplos conteúdos simbólicos, que expressavam
as suas contradições concretas a
respeito da posse da terra, das diferenças raciais, da violência, do
sertão e da unidade nacional. "A
história de Lampião é um vai-e-vem contínuo entre imaginário e
real", diz Grunspan-Jasmin, 34.
Leia a seguir trechos da entrevista.<br />
</p><p><i><b>Folha - O que levou uma historiadora francesa a se interessar pela
história de Lampião?<br />
Élise Grunspan-Jasmin - </b></i>Primeiro, porque seu mito impregna até
hoje a cultura do Nordeste, onde
eu vivi durante um tempo, em Recife. Depois, porque a fotografia
foi parte integrante desse mito. Eu
trabalhava anteriormente sobre
os traços históricos nas fotografias e fiquei impressionada com a
profusão de imagens desse personagem, desde o início de sua trajetória até a sua morte. Creio que a
primeira foto que vi de seu grupo
de cangaceiros foi a das cabeças
cortadas e exibidas publicamente
pelas forças da ordem. A imagem
me chocou muito, pelo cuidado
extremo de encenação fotográfica
e a dimensão simbólica que foi visada na cenografia dessa morte.<br />
</p><p><i><b>Folha - Por que a encenação da
morte é importante no caso de
Lampião?<br />
Grunspan-Jasmin - </b></i>A encenação
da morte, feita pelo poder público, ocorre tanto com Lampião
quanto com Antonio Conselheiro. Esses personagens simbolizam o sertão como um espaço de
barbárie, que não poderia ser penetrado pela dita civilização, e a
impossibilidade para o Brasil de
obter a sua unidade nacional. Assim, em ambos os casos, as práticas de poder visam à destruição
do mito e a uma despossessão
pós-morte. No caso de Conselheiro, as autoridades impuseram que
seu cadáver fosse desenterrado e
fotografado em seguida, para só
depois ter direito à decapitação.
Como ele havia se apropriado de
uma terra, ele é tirado dela, não
tem o direito de ficar ali. No caso
de Lampião, é o ato de decapitação, de separar o corpo em dois,
que é determinante. Como ele
não tinha terra, mas dominava
um território e carregava suas riquezas sobre o próprio corpo, então é sobre esse corpo que se deve
agir. Efetivamente, sua cabeça é
cortada e o resto do corpo é deixado sem sepultura.<br />
</p><p><i><b>Folha - Da parte de Lampião, não
haveria também um desejo de encenação do cangaço?<br />
Grunspan-Jasmin - </b></i>Claro. Esse é
um dos aspectos geniais do personagem. Ele utilizava a mídia, a fotografia, tudo que diz respeito ao
visual, como a vestimenta, para a
construção de seu próprio mito e
de sua própria imagem. Isso é
uma das grandes particularidades
e um dos traços modernos desse
personagem.<br />
</p><p><i><b>Folha - Por que o sertão interessou pouco os historiadores, como a
sra. afirma em seu livro?<br />
Grunspan-Jasmin - </b></i>Isso está mudando progressivamente. O sertão simbolizou para o Brasil essa
impossibilidade de encontrar
uma forma de unidade nacional.
Era uma espécie de encrave arcaico, uma região considerada fora
do tempo e da história, que não
poderia ser desenvolvida. Ainda
hoje, é bastante estigmatizado.
Trata-se de uma questão que permanece aberta, a saber: como um
país se constrói a partir dessa cristalização de uma região que sofre,
como uma ferida sempre aberta, e
revela frequentemente a essa nação a sua incapacidade de representar um corpo sem sofrimento.</p><p><br />
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfkvKonIvMEmdzWXUAyEGRMxmK0MEa58uHGx6LxpgE7rADoAZO8uhNZNAKbOD_s6lASJelhnp-2taAYMQ9xF3Tl9hZBhyphenhyphen5ZA50Ns3Dx9vwAXVu7O5C5QLic30TdExkBJ06FQYaaxSAimtE7b4Hlugf4Sr50OZDG7PRJHI-s6ilURVWrq2dGwC8S2xyanY/s960/43034916_1968565169875036_5680847719367704576_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="651" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfkvKonIvMEmdzWXUAyEGRMxmK0MEa58uHGx6LxpgE7rADoAZO8uhNZNAKbOD_s6lASJelhnp-2taAYMQ9xF3Tl9hZBhyphenhyphen5ZA50Ns3Dx9vwAXVu7O5C5QLic30TdExkBJ06FQYaaxSAimtE7b4Hlugf4Sr50OZDG7PRJHI-s6ilURVWrq2dGwC8S2xyanY/w271-h400/43034916_1968565169875036_5680847719367704576_n.jpg" width="271" /></a></div><br /><p>
</p><i><b>Folha - O Brasil que a sra. descreve é um país guerreiro e violento,
muito diverso da imagem dominante de um povo pacífico e conciliador.<br />
Grunspan-Jasmin - </b></i>No início,
meu trabalho era sobre o cangaço
e certos aspectos da cultura nordestina por meio da violência. Para mim, que não conhecia direito
o país, essa violência se amplificava nas imagens que via. O que me
interessou em Lampião e em todas as projeções que fizeram dele
é que se trata de um certo momento da história do país em que
se vê uma violência exacerbada,
seja dos cangaceiros, seja das forças da ordem. Ao mesmo tempo,
vê-se uma força de vida, uma potência do imaginário e da criatividade muito grande. É uma ambivalência que faz a história desse
período ser muito interessante.
Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-18803811827570426212023-11-04T12:33:00.001-03:002023-11-04T12:33:06.845-03:00"O Estado de São Paulo" - 7 de março de 1996<p><span style="font-size: x-large;"><b><span style="font-family: verdana;">Quando Dadá </span></b><span style="font-family: verdana;">conversou com</span><b><span style="font-family: verdana;"> </span></b><span style="font-family: verdana;">Rosemberg Cariry</span></span><br /></p><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"><i>Por Helena Salem</i> (Transcrição de Antonio Correia Sobrinho)<br /></div></div></span><p></p><div class="" dir="auto"><div class="x1iorvi4 x1pi30zi x1l90r2v x1swvt13" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id=":r4uo:"><div class="x78zum5 xdt5ytf xz62fqu x16ldp7u"><div class="xu06os2 x1ok221b"><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"><div class="xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">O status inconteste de Dadá, de verdadeira cangaceira, associado à sua forte ascensão e influência sobre o esposo Corisco, faz desta mulher, penso eu, mais do que imaginamos, mais do que uma simples cangaceira. Dadá foi a líder intelectual do grupo de bandoleiros comandado pelo seu marido. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Condição esta que ela, nas inúmeras entrevistas dadas à imprensa ao longo de seus anos de vida pós-cangaço, conseguiu embora deixasse aqui e ali transparecer, não tornar claro esta sua real <span></span>posição dentro do grupo, o que vejo como amplamente justificável, uma vez que todo cangaceiro sobrevivente usou de mecanismos de defesa, como, não dizer completamente de seus atos delituosos, para mitigar as suas responsabilidades. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">No caso de Dadá, também, quem sabe, para não tirar do seu amado o holofote maior da história. <span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto">Antonio Correia</span></div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">_________________________________________________</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>Sérgia da Silva Chagas</b>, a Dadá, nasceu em 25 de abril de 1914, no interior de Pernambuco, e morreu em 7 de fevereiro de 1994, de câncer. O filho Silvio conta que, na noite de sua morte, chamou uma psicóloga do hospital em que estava internada em Salvador, pediu um batom e um pente para se arrumar “bem bonita”, porque tinha sido convidada para ir a uma festa com Jesus e não podia chegar feia”. Uma hora depois, morreu.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Vaidosa, corajosa, Dadá – que teve uma perna amputada em consequência dos ferimentos à bala no momento de sua prisão (ela saiu atirando com as duas mãos) junto a Corisco (ele morreu na mesma noite), em 1940 – foi depois anistiada e se casou de novo, com o empreiteiro Alcides chaves. Refez a vida, porém, não teve mais filhos. E continuou sendo, sempre, a mulher forte que se impôs frente a Corisco, conquistou o respeito e a amizade de Lampião, a admiração de todo o cangaço e até de José Rufino, o matador de cangaceiros, para quem ela era “brava como um homem”. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Elogio maior, naquele ambiente tão machista, era quase impossível.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqIh2OqskAb3EMimUPESOHb2vcFrzZFqsIeoH-UmOHuNvVEFNiDgXaD6bdPqUPOziAsP4X-a0voLFWnwp8DnnPK00a0HvsydgVJ6atpOFh5gIo0EBi_8XAJRb3dhqNfZt0iloiV3WR3iel0h4IxAvLsyBnGIh6pkZxJXLtjbnUbQPRXhyH_xbYDY1A7YA/s720/269891518_695610361822723_436910412918329397_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqIh2OqskAb3EMimUPESOHb2vcFrzZFqsIeoH-UmOHuNvVEFNiDgXaD6bdPqUPOziAsP4X-a0voLFWnwp8DnnPK00a0HvsydgVJ6atpOFh5gIo0EBi_8XAJRb3dhqNfZt0iloiV3WR3iel0h4IxAvLsyBnGIh6pkZxJXLtjbnUbQPRXhyH_xbYDY1A7YA/s320/269891518_695610361822723_436910412918329397_n.jpg" width="320" /></a></div></div><div dir="auto" style="text-align: start;">Entre 1989 e 1990, o diretor Rosemberg Cariri gravou em vídeo uma longa entrevista com Dadá. Seguem alguns trechos dessa entrevista inédita, na qual a ex-cangaceira fala, entre outros pontos, de seu amor por Corisco, da Coluna Prestes e de como era a vida das mulheres no cangaço.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>Comunismo</b>: “ouvia falar muito. De noite ficava todo mundo lá sentado e Lampião dizia: ‘Rapaz, se eu pudesse sair disso, se viesse aí um doido, uma revolução que abatesse esses miseráveis todos. Nós passava pra frente deles. Ah! Luiz Carlos Prestes. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Nós encontrava com este homem, nós abre o mundo e vamos embora’. Eles falavam muito nisso, mas nunca apareceu nenhum. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Quando aparecia, era pra matar. Mataram, mataram, aleijaram, acabou, pronto. Agora, tem muito cangaceiro aí bem de vida, os que se entregaram. São funcionários, os filhos são formados, vivem muito bem.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>Mulheres:</b> “Era uma convivência maravilhosa. Todo mundo tinha seu marido. Um amor danado. Uma costurava, outra ajeitava um vestidinho, uma coisa. Uma vida bacana. Com Lampião ali, ninguém dava um nome, ninguém se "inxeria" com coisa nenhuma. Agora, se ela saísse fora da linha, o chumbo comia, matavam, como aconteceu com Cristina e Lídia.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMi1lRuUPqJ7zZXG0-fTmhlGSr6GBaK6WbDgUMdI0wDHRFUl7E-NS1FHLepgQLBpjvYT00lqAL3NIcQwRaRSBsoWsOA0OJVGXdTXcCs9FlpgcWy0tNaxn-XO4W1rBP-apJfTZP38j4daz6zi9ucuGuzZyyHvByqvKsyZtEELIqVVfdWHdnDstHhwnF3Jc/s511/273833879_5303485876406669_445228489247627842_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="511" data-original-width="238" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMi1lRuUPqJ7zZXG0-fTmhlGSr6GBaK6WbDgUMdI0wDHRFUl7E-NS1FHLepgQLBpjvYT00lqAL3NIcQwRaRSBsoWsOA0OJVGXdTXcCs9FlpgcWy0tNaxn-XO4W1rBP-apJfTZP38j4daz6zi9ucuGuzZyyHvByqvKsyZtEELIqVVfdWHdnDstHhwnF3Jc/s320/273833879_5303485876406669_445228489247627842_n.jpg" width="149" /></a></div>Maria Bonita (mulher de Lampião)</b>: “Era terrível, orgulhosa, metida. Era assim pequenina, toda redondinha, bem-feitinhas as pernas, mas pisava assim. Quer ver? Olhe no retrato, ela tem os pés pra frente. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Orgulhosa, metida à besta, barulhenta. Só vivia com encrenca com um e com outro. Mas ninguém ligava, não. Era assim, bonitinha, alvinha, agora bacana era só ela, e queria ser mais.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>A relação com Corisco:</b> “Eu tinha uma boa vida com Corisco. Era um homem bom. Nunca chegou um dia de falar comigo aborrecido. Quando ele queria dizer ‘não’, dia ‘não sei, você é que sabe’. Mas se ele dissesse ‘faça’, era o ‘sim’. Eu falava alto, eu xingava, vá pros inferno. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Aí ele ficava com aquilo: ‘Fale baixo, num grita. Dadá, mulher pra ser uma mulher completa tem de ter modo até no pisar’ (...) Ele ficava dando risada, virava a cara assim pra num dar ousadia. E dizia: ‘Uma mulher é como uma flor, se a pessoa encosta nela, machuca.’ Ele dizia tanta coisa bonita pra mim, pra ver se me conformava. Mas eu era malcriada com ele.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>A vida no cangaço:</b> “As mulheres não cozinhavam. Só se ela quisesse. Ela lavava tudo, botava tempero e entregava para eles cozinharem. Quando tava pronto, tava pronto. Aí vinha Lampião e eu dividir, porque Lampião tinha o povo dele e eu o meu. Maria não ia pegar em nada disso. Era bacana. Cada dia um cozinhava, outro lavava a panela, negócio tudo organizado. Não tinha de ‘não faço’. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Chamava, era seu dia, tinha de fazer. Tudo limpinho, ajeitado, acabava de comer a gente dividia, mas mulher não ia para a beira do fogo. (...) Os cangaceiros eram muito amorosos, tinham tato carinho que eram capaz até de se esquecer das armas. Como teve muitos que morreram num descuido, entretido lá com mulher.”</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR4LspbTUwq6XrChnJNuH0e2MPPF66KCMZC4vtHIw-wK-COzGN30zFf6KolcF95ahDYVjOnxZLj8FZQdfb5JgA7FGl-a2_xyHm0BmGeq6c1OcrfRUMRmSW7RRXpG8-h-xJHDk3cyFhFV7cV3kIEkH7O5916Xj4jI5hMRBY1w1eR375v6S8Ii7Fa3ELJq4/s1130/Dad%C3%A1,%20Corisco%20e%20Benjamim%20in%C3%A9dito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="660" data-original-width="1130" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR4LspbTUwq6XrChnJNuH0e2MPPF66KCMZC4vtHIw-wK-COzGN30zFf6KolcF95ahDYVjOnxZLj8FZQdfb5JgA7FGl-a2_xyHm0BmGeq6c1OcrfRUMRmSW7RRXpG8-h-xJHDk3cyFhFV7cV3kIEkH7O5916Xj4jI5hMRBY1w1eR375v6S8Ii7Fa3ELJq4/w400-h234/Dad%C3%A1,%20Corisco%20e%20Benjamim%20in%C3%A9dito.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Dadá, Corisco e Benjamim</b><br /></td></tr></tbody></table> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>A morte de Lampião:</b> “Corisco ficou louco. Ele não era de chorar nem de falar, ficava calado. Mas ele parecia um maluco. Eu disse ‘deixa pra lá, Corisco’, mas ele falava ‘eu vingo’. Era quinta-feira e ele disse: ‘Se fosse os homens que tivessem morrido, não era nada demais, porque nós vivemo esperando isso. Mas uma mulher não se mata. Porque nem cem cabeças paga a de Maria.’ Aí foi quando ele fez aquele salseiro; eu quase nem consigo contar isso.”</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"><br /></div></div></span></div></div></div></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-2065647283157339002023-11-01T11:40:00.000-03:002023-11-01T11:40:20.308-03:00O cangaço em Sergipe<p><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">A <b>Pia</b> das Panelas</span><br /><br /><i>*Por Eduardo Marcelo Silva Rocha </i><br /> </p><p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJNc-8Cslgfn4EBcLPQYFCDrR2KwoYfFwjnEPXcsoZSvjEvMC3qp4fi4CluM5E8h0IHfY5c-GwrXFV6nF0ir8nAO2_C4RWRtilPNTOESPPKwElc7grDlUZfU-jjzeoB_iohPJw0oJlUHuRpNmFW9QQ4EP3WCtbHm9yMWt9xWWcJFfHkj2eGpb3uITUQDk/s2048/380406932_742447611231530_8557483673977172743_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJNc-8Cslgfn4EBcLPQYFCDrR2KwoYfFwjnEPXcsoZSvjEvMC3qp4fi4CluM5E8h0IHfY5c-GwrXFV6nF0ir8nAO2_C4RWRtilPNTOESPPKwElc7grDlUZfU-jjzeoB_iohPJw0oJlUHuRpNmFW9QQ4EP3WCtbHm9yMWt9xWWcJFfHkj2eGpb3uITUQDk/w300-h400/380406932_742447611231530_8557483673977172743_n.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsgUPsA1dNqnE_7bW9ABCyGkzLjiRjhVtXIO1AALIgiusS5iMmQZqkY3-9Ke3JY-haONj9UOgr6BQBI55DeXxFNK5ElQdNMPlE8s2S8gFh5rlTJzuTW0pd50QajApk2zocOx3IkT7_aXx2Yce-ka-tVg_31lDqwKcffAHhJB1oeI52K5cCZy8Cn0AjeCE/s1600/380301986_1376180269939547_2913677449437115482_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsgUPsA1dNqnE_7bW9ABCyGkzLjiRjhVtXIO1AALIgiusS5iMmQZqkY3-9Ke3JY-haONj9UOgr6BQBI55DeXxFNK5ElQdNMPlE8s2S8gFh5rlTJzuTW0pd50QajApk2zocOx3IkT7_aXx2Yce-ka-tVg_31lDqwKcffAHhJB1oeI52K5cCZy8Cn0AjeCE/w400-h300/380301986_1376180269939547_2913677449437115482_n.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p>Sergipe foi um dos locais mais destacados na metade final da história do cangaço lampiônico. Uma vez que nessas paragens o valente de Vila Bela encontrou pouso e proteção de destacados coronéis da região do São Francisco. Ele pôde se estabelecer, recrutando diversos do povo para encorpar suas hostes.<br /> </p><p>Lampião ao se radicar na região de SE/BA/AL, alterou o funcionamento de seu grupo, que foi dividido em vários (sub) grupos menores, com áreas territoriais de atuação definida, em um processo de delegação de funções, nomeando chefes de bando em diversas localidades, sendo o mais famoso destes, o cangaceiro Zé Baiano, que atuou na região agreste do Estado, tomando Frei Paulo como uma dessas referências.<br />Essa tranquilidade, somada ao consórcio com “coronéis” da região, permitiu-lhe diminuir seu ritmo de ação, transformando-se em uma espécie de gestor dos seus delegados: Zé Sereno, Labareda, etc. É óbvio que existiam outros aspectos, como o cansaço daquela vida dura, e mesmo, a admissão de mulheres ao bando.<br /> </p><p>Enfim, Lampião construíra em Sergipe um sólido “modelo de negócio” que lhe deu a oportunidade de desfrutar momentos de tranquilidade como nunca dantes. Depoimentos de pessoas da época dão conta de visitas a cidades, como Propriá e Laranjeiras, em busca de tratamento médico, por exemplo. Além de incursões como a de Capela, onde Lampião chegara a assistir ao filme “Anjo da rua” (Street angel), estrelado por Janet Gaynor.<br /> </p><p>O fato é que a região era, no geral, um bom coito para Lampião e seu bando, como vimos acima. Mas não apenas isso. Em um dos locais de pouso estabelecido na região catingueira do nosso Estado, Lampião estabeleceu uma espécie de quartel, onde podia reunir-se e tratar de outros assuntos diferentes da rotina de lutas.<br /> </p><p>Trata-se da Pia das Panelas, no atual município de Poço Redondo. Escondido por grandes propriedades, o citado coito era tão bem localizado no que tange à segurança, que os relatos dão conta de que nunca houve ataque por partes das volantes ao referido local.<br /> </p><p>Diante dos fatos é possível inferir que em um local seguro deste, não era incomum a presença de coiteiros responsáveis pelo fornecimento de víveres e demais produtos. Em conversas com Manoel Belarmino, morador da região e pesquisador independente, consideramos a possibilidade, de devido à segurança do coito, os cangaceiros receberem visitantes, acompanhados de crianças, ao menos em companhia de coiteiros.<br /> </p><p>O nome “pia” não era fantasia, consistindo em uma espécie de lajedo de pedra, seus buracos eram capazes de armazenar água por muito mais tempo que os riachos que secam logo após o inverno. No caso da Pia das Panelas, existem vários buracos onde se armazena água, tanto que os moradores da região, hoje, enchem os buracos de pedras, como forma de prevenção a acidentes com animais que ainda buscam o refúgio para a sede naquele antigo coito.<br /> </p><p>Além disso, o local consiste também em uma pequena elevação que somada às características da vegetação mais baixa, fornecia vantagem estratégica aos que ali repousam.<br /> </p><p>Alguns acontecimentos convergem para a ideia de que ali se tratavam assuntos de ordem “administrativa” do bando. Nesse sentido, exemplo maior é a morte de Lídia – dizem ter sido a mais bela – companheira do cangaceiro Zé Baiano – ao que se sabe, no mesmo dia da morte do Padre Cícero.<br /> </p><p>Após ter sido delatada pelo cangaceiro Coqueiro, que a teria visto deitar com o cangaceiro Bem Te Vi, Lídia fora arrastada para o famoso umbuzeiro que, ainda existe, no entorno do lajedo, onde esperaria amarrada pela morte a pauladas na manhã seguinte.<br /> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKScB8lF0GbKKjxA6SLQXA-79D3OJXfCdSn-Dn0om9bZZiV_R35ELMyQpgEZYoAqewRC9vvHSdrznWGAnW5s2yf0saVWptKheBNNBxkoNGLBxl3oWkbEzGG02uioO2NeFYMU6HcsRjaCHF9ZKr818xK9KVrNzICbwAivNpKv4WzqR6e16ilpZ8N_UNo3k/s2048/380297809_878335296890691_7421219427855760261_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKScB8lF0GbKKjxA6SLQXA-79D3OJXfCdSn-Dn0om9bZZiV_R35ELMyQpgEZYoAqewRC9vvHSdrznWGAnW5s2yf0saVWptKheBNNBxkoNGLBxl3oWkbEzGG02uioO2NeFYMU6HcsRjaCHF9ZKr818xK9KVrNzICbwAivNpKv4WzqR6e16ilpZ8N_UNo3k/w300-h400/380297809_878335296890691_7421219427855760261_n.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4hNf35QlOlpW0FsVeynuw55REpa4K4x5091hqM3lDm3THuqWxncAMBlp3EnpL-h9NG_9vFRDWpab-CJJLRoOUswob4mJWs6StLP80lAVDDadfqlAoZu3zyFgtAkXKvCd9PjO8MXuSvazKP6imMsAn6RVhqtJNFbS_lmQ3_d9-KHw7oBSckqFzjD_viqg/s600/394613736_18376968157065603_2745555011144225612_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="522" data-original-width="600" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4hNf35QlOlpW0FsVeynuw55REpa4K4x5091hqM3lDm3THuqWxncAMBlp3EnpL-h9NG_9vFRDWpab-CJJLRoOUswob4mJWs6StLP80lAVDDadfqlAoZu3zyFgtAkXKvCd9PjO8MXuSvazKP6imMsAn6RVhqtJNFbS_lmQ3_d9-KHw7oBSckqFzjD_viqg/w400-h348/394613736_18376968157065603_2745555011144225612_n.jpg" width="400" /></a></div><br /> <p></p><p>"Coqueiro", não se salvaria vivo, pois a delação era uma forma de traição, mesmo aquela, tão específica. Bem Te Vi, o conquistador, este salvou-se da morte, seja por proteção ou por haver fugido assim que soube do intento de Coqueiro – pois há quem defenda as duas versões. <br /> </p><p>Existe alguma divergência sobre como se deram os fatos com o conquistador, mas seja como foi, sabe-se que em algum momento ele fugiu, livrando-se de qualquer ato de violência física. O conquistador não sofreu nada.<br /> </p><p>Mas não foi somente esse assunto que terminou em morte naquele local: ali ainda morreram outras pessoas sob o manto das decisões gerenciais do cangaço. Uma, foi Rosinha, que após a morte do cangaceiro Mariano, viúva, declarou querer sair do cangaço e, a mando de Lampião, foi resgatada da casa dos pais e morta próximo ao Riacho do Quatarvo - imediações do coito.<br /> </p><p>Outro foi o sertanejo Zé Vaqueiro, que encontrou o cangaceiro Novo Tempo, que se arrastara ferido até a Fazenda Paus Pretos (de propriedade do Coronel Antônio Caixeiro, pai do Interventor Eronides de Carvalho, local onde fica a Pia das Panelas).<br /> </p><p>Sabendo do tiroteio que acontecera dias antes, o vaqueiro decidiu executar o cangaceiro, que conhecia muito bem, para ficar com os seus bens, afinal, o fogo da lajinha ocorreu em local diverso ao da Pia das Panelas, onde estavam eles, naquele momento.<br /> </p><p>O plano do vaqueiro deu errado, o cangaceiro não somente sobreviveu ao disparo feito por Zé Vaqueiro, como conseguiu fugir. Dias depois, Novo Tempo já recuperado e com o bando, pegaram Zé Vaqueiro e o executaram às margens do riacho, queimado, após o seviciarem até sua exaustão.<br /> </p><p>Outra morte registrada no local, foi a de Preta de Maria das Virgens, que teve a cabeça esmagada pelo namorado Zé Paulo, que não queria assumir a responsabilidade da gravidez da moça.<br /> </p><p>Os cinco casos relatados têm a traição em diversas perspectivas como ponto comum. Coqueiro, Lídia e Zé Vaqueiro morrem porque traem. Rosinha morre pelo medo que a sua “deserção” causa, dada a possibilidade de traição que rondaria sua reintegração à vida normal, sendo ela conhecedora de coitos e coiteiros. E Preta de Maria das Virgens morre à traição, esta encetada pelo próprio namorado, pai do filho que esperava em seu ventre.<br /> </p><p>É característica da traição marcar a terra com sangue.<br /> </p><p>Sobre cemitérios, conta-se que o local que circunda a Pia das Panelas era antes um Campo Santo/Cemitério indígena. O local sob o Umbuzeiro onde supõe-se estar enterrado o corpo de Lídia de Zé Baiano é recoberto por pedras, que lhe facilitam identificá-lo e o fizeram famoso.<br /> </p><p>Mas sob um olhar mais atento, é possível observar que existem ainda muitas formações de pedras que sugerem ser demarcadoras de local de enterramentos humanos. É fato que, o local já foi remexido para exploração agrícola e, certamente, muitos vestígios arqueológicos já se perderam.<br />Por outro lado, certamente por questões culturais, alguns espaços como o entorno próximo da Pia e o umbuzeiro com o pretenso túmulo de Lídia ainda resistem.<br /><br /><b>EPÍLOGO</b><br /><br />Ao visitarmos locais como esse, de sofrimento e dor – que representam histórias com muito sangue, ao menos para quem crê em vida além da vida – devemos considerar o peso que esses eventos carregam, nesses lugares, de energias ligadas as emoções de quem viveu tais situações. Se não quisermos pensar em energias (se está cético, se pergunte sobre o que se capta do corpo humano em um eletroencefalograma, por exemplo) pensemos no seguinte: quem gosta de reviver momentos ruins? Ou de ouvir pessoas recontando nossas péssimas experiências?</p><p> </p><p>Longe de querer limitar ou ser contra as visitações aos sítios históricos, mas sim deixar aqui uma reflexão sobre como nos portamos nesses locais e como, respeitosamente, devemos nos portar neles.<br />Por fim, o local da Pia das Panelas, além de um sítio de interesse histórico, possivelmente, também se trata de um sítio de interesse arqueológico – cemitério indígena, a despeito de já haver sido bem modificado pela ação da atividade agropecuária nas últimas As décadas. Muitas das pedras, se foram usadas para demarcar sepultamentos, hoje certamente já estão fora do seu local de origem.<br /> </p><p>Mas ainda há um pequeno espaço central – exatamente onde fica o lajedo da Pia das Panelas – preservado, inclusive em seu entorno próximo, assim como o umbuzeiro onde se supõe estar Lídia enterrada, onde encontramos um pequeno ajuntamento de pedras, em padrão que vemos em covas rasas. <br /> </p><p>Agora é a vez do IPHAN. </p><p> </p><p><em></em></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><em><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiit8zP7EpFZhvgfuUQumjLSppZW6A2hYcbx7s72pKmYuBoki8Zn3sLN4VoH2fXNwrBpf3EwkSc94LBQkp65vq2bb8FRPmadlwaWl-68NVg3hVQoZ93cZLUC5ABjvba10hPATTlrl3ACnQra3rjAuspdqAdoMHMJSuRF3cLsNQD4DLl9CkD8MXSTFuj-Ms/s434/eduardo-marcelo-silva-rocha.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="434" data-original-width="327" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiit8zP7EpFZhvgfuUQumjLSppZW6A2hYcbx7s72pKmYuBoki8Zn3sLN4VoH2fXNwrBpf3EwkSc94LBQkp65vq2bb8FRPmadlwaWl-68NVg3hVQoZ93cZLUC5ABjvba10hPATTlrl3ACnQra3rjAuspdqAdoMHMJSuRF3cLsNQD4DLl9CkD8MXSTFuj-Ms/w151-h200/eduardo-marcelo-silva-rocha.png" width="151" /></a></em></div><em>* É tenente coronel da PM/SE e membro da Academia Brasileira de
Letras e Artes do cangaço. (eduardomarcelosilvarocha@yahoo.com.br)</em> <br /> <p></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-52612083377339653592023-10-28T13:10:00.004-03:002023-10-28T13:10:49.896-03:00O cangaço...<p><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">E os <b>mensageiros</b></span><br /> </p><p>Por Luis Bento <br /></p><p>Lampião foi capaz de arregimentar uma legião de colaboradores, uma malha informantes e mensageiros, numa época em que a telefonia ainda engatinhava no Brasil, principalmente no nordeste. Assim construiu uma rede de comunicação tão grande que nenhum outro homem da região foi capaz.<br /> </p><p>No então distrito Macapá atual Jati-CE, morava Joaquim Aureliano Pereira da Silva, "<b>Quinca Pereira</b>" irmão do cangaceiro Sebastião Pereira da Silva, senhor Pereira. No ano de 1919, ele foi procurado pelo padre Cícero Romão Batista a levar uma carta ao irmão. A carta constava o seguinte teor. " Era um pedido ou uma ordem, que o cangaceiro suspendesse as armas, abandonasse as questões entre as famílias: Pereira, Carvalho e fosse se refugiar-se em terras distantes ".</p><p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZPlpII5CHnxU9xvpgD3N4Zz-M-NjQrGud1g9qy9UshyphenhyphenXQhRcKjQxuEFhIVI1cDLW7fW7OtuzCYVrya6Pi3p4knVQLgOZsyeIDxSwrZwXGv_SwTK0BohQSa5AO-M3csRhFHEEeB5ykbLVRsqlWl_83KLVm1TZro528uOORiY_48OKDRCzP2EoH-RHuOC0/s929/Joaquim%20Aureliano%20Pereira%20da%20Silva,%20Quinca%20Pereira%20%20irm%C3%A3o%20de%20senhor%20Pereira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="929" data-original-width="675" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZPlpII5CHnxU9xvpgD3N4Zz-M-NjQrGud1g9qy9UshyphenhyphenXQhRcKjQxuEFhIVI1cDLW7fW7OtuzCYVrya6Pi3p4knVQLgOZsyeIDxSwrZwXGv_SwTK0BohQSa5AO-M3csRhFHEEeB5ykbLVRsqlWl_83KLVm1TZro528uOORiY_48OKDRCzP2EoH-RHuOC0/w291-h400/Joaquim%20Aureliano%20Pereira%20da%20Silva,%20Quinca%20Pereira%20%20irm%C3%A3o%20de%20senhor%20Pereira.jpg" width="291" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Quinca Pereira</b></td></tr></tbody></table><br /><p>Manoel Cunha Moura, <b>Neco Cunha</b>, outro mensageiro do distrito Macapá atual Jati-CE. No dia 2 de março do ano ano de 1926, Lampião passará pelo então distrito com destino a cidade de Juazeiro do padre Cícero. Neco Cunha, pediu a Lampião que a sair do distrito passasse em sua residência, tinha uma correspondência a lhe entregar, uma uma carta de seu ex-chefe Senhor Pereira que já se encontrava refugiado no estado de Goiás. </p><p>A carta tinha o seguinte teor. "era uma carta convite, convidando Lampião a abandonar as armas e se refugiar-se em Goiás ". <br /> </p><p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJHn6ojnUbNF4_vsW6H9jKgnkAsx7olTvx_FlAy8d-vkp6T7PuYe3mi34bD5XJ2MWotyR2aH1Wxolu-v4CdmG4c1P-UyxetmijDUSFLR-4vax4lVFUVM5RkJPkqHKC13916epI9ZCfigP6QjUKTbQkmoH0y4a9IszQ5dyDAwdta7E1E2505eOCoVrh9i4/s739/394511386_1518833875547992_1171622685895636180_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="739" data-original-width="532" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJHn6ojnUbNF4_vsW6H9jKgnkAsx7olTvx_FlAy8d-vkp6T7PuYe3mi34bD5XJ2MWotyR2aH1Wxolu-v4CdmG4c1P-UyxetmijDUSFLR-4vax4lVFUVM5RkJPkqHKC13916epI9ZCfigP6QjUKTbQkmoH0y4a9IszQ5dyDAwdta7E1E2505eOCoVrh9i4/w288-h400/394511386_1518833875547992_1171622685895636180_n.jpg" width="288" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Neco Cunha</b></td></tr></tbody></table><br /></p><p>O mensageiro, foi de suma importância na historiografia do cangaço, Lampião tinha muito respeito por todos, além das correspondências ser preservadas no mais absoluto segredo, ainda contava com excelentes redes de informações.<br /> </p><p>*<i>Luís Bento é Diretor de Cultura.</i></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-70491107089130042292023-10-28T12:56:00.001-03:002023-10-28T12:56:20.336-03:00A Noite " edição de 14 de Dezembro de 1932 <p><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u" dir="auto"><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: verdana;"><b>Informes</b> confusos sobre as <b>mortes</b> de <b>alguns cangaceiros</b></span><br /></span></span></p><p><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u" dir="auto">Por Helton Araújo- Cangaço Eterno<br /></span></p><p><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u" dir="auto">Na matéria do jornal " A Noite " edição de 14
de Dezembro de 1932 ", o periódico traz o seguinte título : " <b>O
BANDITISMO NO NORDESTE</b> ", com o subtítulo " A campanha vae ser feita por
mais de tres mil soldados - " Antônio de Engracia " morreu mesmo, e foi
comido pelos corvos (seguindo a escrita da época).<br /><br /> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg43kJe7vineDS8gCdDsplFagPLi1t6J5dBnBxgqpI7uG5KJhWbjNwfPn7ZLMbQWKOQGpxzCFjzQ-FtRN2gwzPLxO1vQ7zC-G72_gCbkNmeLUQP8ez6ZiRHBvPdRrErdYnqRK8OeEVokdBBv0ElDr8Ykd0k2rps-eVfhiPxPUL8ugCatJi5bssUHzFWXas/s1207/395246953_342697451573963_6730114860437161655_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1207" data-original-width="766" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg43kJe7vineDS8gCdDsplFagPLi1t6J5dBnBxgqpI7uG5KJhWbjNwfPn7ZLMbQWKOQGpxzCFjzQ-FtRN2gwzPLxO1vQ7zC-G72_gCbkNmeLUQP8ez6ZiRHBvPdRrErdYnqRK8OeEVokdBBv0ElDr8Ykd0k2rps-eVfhiPxPUL8ugCatJi5bssUHzFWXas/w406-h640/395246953_342697451573963_6730114860437161655_n.jpg" width="406" /></a></div><br /><p></p><p><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u" dir="auto">Apesar da
péssima resolução da matéria, vou passar para vocês um resumo da
publicação e fazer algumas observações em seus principais tópicos.<br /><br />A
matéria tem início informando que a campanha contra o banditismo está
na região tranquilizando a população que vem sofrendo com as incursões
de Lampião e seu bando nas regiões do sertão baiano e sergipano.<br /> <br />O
periódico informa que há poucos dias a volante comandada pelo tenente
Justiniano travou ríspido combate contra o bando de Lampião, nas
proximidades de Juá, em Santo Antônio da Glória, nessa ocasião foi
morto o cangaceiro <b>Baliza</b> e presa a sua companheira. Aqui fazemos nossa
primeira observação, o periódico não informa o que a tradição oral diz
sobre a história de Baliza, que o mesmo teria sido surpreendido por
Justiniano e seus homens, no momento em que estava em relações sexuais
com sua companheira.<br /><br />A Tradição oral ainda diz que o tenente
Santinho ( Ladislau Reis ) quando se encontrou com a volante do " cabo "
Justiniano ( o jornal diz tenente ) solicitou ao mesmo por ter a
patente maior a condução e recambiamento do cangaceiro. Daí popularmente
sabemos o que aconteceu com Baliza, que foi torturado e morto em uma
fogueira por Santinho e seus homens.<br /><br />Fica claro que o periódico
não apresenta essas informações, destaco ainda, que na tradição oral a
data do acontecimento seria março de 1933, mas o jornal relata que o
fato se deu em dezembro de 1932, ficando aí a inconsistência.<br /><br />Cabe
aos pesquisadores buscarem mais informações se de fato Santinho
torturou e matou Baliza ou se essa história é mais uma entre tantas
outras que caiu nos contos e folclores populares sobre o cangaço.<br /><br />A
matéria segue com mais uma excelente informação, segundo o jornal, as
colunas volantes descobriram que de fato o cangaceiro <b>Antônio de
Engrácia</b> estava morto, cujo acontecimento deixava dúvidas sobre a
veracidade da morte do cangaceiro.<br /><br />Um coiteiro de Chorrochó
preso, disse que Antônio foi gravemente ferido pelo contratado
Hermógenes, sobrinho do fazendeiro sergipano José Ribeiro. Segundo o
coiteiro, Antônio veio a falecer em decorrência de seus ferimentos em
sua própria residência, ainda segundo o coiteiro, seu corpo ficou
insepulto, vindo a ser devorado pelos "corvos".<br /><br />Ele prossegue
informando que as ossadas do cangaceiro foram levadas até Jeremoabo (
não informando quem a levou ), onde ficou em exposição. Aqui faço mais uma
observação, o jornal fala de Antônio de Engrácia, porém segundo as
informações que temos nas pesquisas do cangaço, quem teria sido morto
por Hermógenes, seria o cangaceiro <b>"Antônio de Seu Naro"</b>, sendo assim,
acredito eu, que houve apenas uma confusão de informações, pois Antônio
de Seu Naro também era um Engrácia e também lhe caberia a apresentação
como Antônio de Engrácia.<br /><br />Diante dos fatos, creio eu que a
matéria refere-se ao cangaceiro Antônio de Seu Naro e não de seu parente
Antônio de Engrácia. Nos tempos atuais, aqueles que fazem pesquisas, se
não cruzarem as informações podem fazer uma grande confusão histórica
entre os fatos acontecidos e seus personagens.<br /><br />Gostaria de
associar essa informação das ossadas levadas para Jeremoabo com aquela
matéria que também roda por aí, dos ossos e crânios dos cangaceiros "
Antônio de Engrácia " e Ponto Fino (Ezequiel Ferreira), diante dessa
matéria, acredito que aquelas ossadas sejam de fato Antônio de Seu Naro e
do suposto Ponto Fino.<br /><br />A matéria traz mais algumas ótimas
informações, a primeira é que o sertão baiano contará com o reforço de
mais de 3 mil soldados na campanha contra o banditismo.<br /><br />A
segunda, o Capitão João Miguel conseguiu auxílio mensal de 20 contos de
réis para ajudar os flagelados da seca. Além de mandar construir
estradas de rodagem por vários locais da região.<br /> </span></p><p><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u" dir="auto">Vale lembrar que
isso contradiz o que a tradição oral conta sobre a ação do capitão João
Miguel, o mesmo teria mandado os sertanejos abandonarem suas casas em
uma tática irresponsável na tentativa de dificultar as ações dos
cangaceiros na região, Isso não só favoreceu os cangaceiros como causou
mais sofrimento para os pobres sertanejos, esse fato relatado ficou
conhecido como " A seca de João Miguel "<br /><br />E para finalizar, a
matéria relata que foi aprendido na casa de um coiteiro a metralhadora
que Lampião conseguiu no confronto no Tanque do Touro (onde
supostamente teria morrido Ezequiel Ferreira) contra a volante
comandadas pelo tenente Arsênio Alves, além de outros armamentos e
muitas munições.<br /><br />Encerro esse texto sem querer desmerecer o
trabalho de nenhum dos companheiros de pesquisa, pelo contrário,
reafirmo aqui meu respeito a cada um, meu intuito com essa postagem é
apenas elevar a história ao mais próximo possível da realidade. Deixo
claro também, que não sou dono da verdade e que posso estar errado em
minhas observações, mas fica aí o material para confrontação de
informações e esclarecimentos e dúvidas.<br /></span></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-42275646309681804062023-10-26T01:16:00.000-03:002023-10-26T01:16:25.130-03:00101 anos depois<p><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;"><b>Processo</b> de 1922 <b>revela</b> <b>tocaia</b> de <b>Lampião</b> para <b>matar</b> <b>delator</b> de seu pai</span><br /><br /><i>Por Carlos Madeiro Portal UOL </i><br /><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpp48kvnMBL6gNLmlsRiHRYac_Wo4xSHbaA28-mBNMFfkuwfTxxjf9-b3i5WLu1U57pGrUR8uGPJIfFipKJ8KQTxbOz0zSNB9ZicAsf3bwxy2owFjnfvR64niWABKcqtRbUzFCGqaxwslYYL0Rn81tS3lDKgIh8Tt7rnngVlyTyyXqumRKq7_jVEbEdeY/s480/capa-do-processo-que-denunciou-por-morte-que-vingou-o-delator-do-pai-1695342300627_v2_360x480.jpg.webp" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="360" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpp48kvnMBL6gNLmlsRiHRYac_Wo4xSHbaA28-mBNMFfkuwfTxxjf9-b3i5WLu1U57pGrUR8uGPJIfFipKJ8KQTxbOz0zSNB9ZicAsf3bwxy2owFjnfvR64niWABKcqtRbUzFCGqaxwslYYL0Rn81tS3lDKgIh8Tt7rnngVlyTyyXqumRKq7_jVEbEdeY/w300-h400/capa-do-processo-que-denunciou-por-morte-que-vingou-o-delator-do-pai-1695342300627_v2_360x480.jpg.webp" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"></td></tr></tbody></table><br />Eram por volta das 19h do dia 14 de agosto de 1922, quando Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, dois irmãos e mais um grupo de cangaceiros foram até Água Branca, no sertão alagoano, fazer uma tocaia e cumprir uma missão que juraram a si mesmos.<br /><br />Eles esperavam a passagem de um homem: Manoel Cipriano de Souza, que foi morto com três tiros, um dado por cada um dos irmãos Ferreira.<br /><br /><span style="font-size: large;">Revelação importante</span><br /><br /> <br />Segundo Lampião, foi ele quem delatou o local onde estava seu pai, José Ferreira dos Santos, no dia 18 de maio de 1921. Nessa data, ele foi morto pelo tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão, em Mata Grande, sertão de Alagoas.<br /><br />A morte do pai de Lampião é um episódio marcante para o cangaço. A história conta que os irmãos Ferreira resolveram entrar na vida do crime para vingar os ataques que o pai sofria de um vizinho — que virou inimigo — chamado Zé Saturnino. A morte do pai foi o estopim para eles entrarem no cangaço.<br />Justiça acha processo<br /><br />O processo judicial que denunciou Lampião e mais quatro cangaceiros pelo crime estava guardado no Fórum de Maceió. Ele traz detalhes que eram desconhecidos do crime.<br /><br />O documento foi encontrado recentemente, junto com outros processos, pelo juiz e historiador Claudemiro Avelino. Todas são denúncias que acusam Lampião ou cangaceiros do seu bando por crimes de mortes, roubos e estupros.<br /><br />No assassinato do suposto delator Cipriano foram denunciadas cinco pessoas</p><p> - Lampião<br />- Livino Ferreira, irmão de Lampião<br />- Antônio Ferreira, conhecido como Esperança e também irmão de Lampião<br />- Antônio Rozendo, conhecido como Antônio Gelo<br />- Antônio Bagaço (abaixo)</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvNMqMFxcFb2IVov6D9Ky1EirEwuGKnxIH3-g_OmTS-DSBl-rAX_lJd5hMyjAA3CL9lgGjmojVX_LRYZpq5HHJ4ag5gaDWcr0qvnrg8dquu-9w40ZDJzjDmL1WrNLt_njtyEpe1rX0xeVdoKWElfqXW8tJmw2R2AmWASpmsyD8v7dH1K5P6t-YF7wf3l4/s800/Foto%20de%20Gen%C3%A9sio%20Gon%C3%A7alves%20tirada%20em%201922%20na%20fazenda%20Pedra%20entre%20os%20munic%C3%ADpios%20de%20Triunfo-PE%20e%20Princesa%20Isabel-PB.%20Lampi%C3%A3o,%20Antonio%20Ferreira,%20Antonio%20Rosa%20vulgo%20Antonio%20do%20Gelo%20e%20Livino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="584" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvNMqMFxcFb2IVov6D9Ky1EirEwuGKnxIH3-g_OmTS-DSBl-rAX_lJd5hMyjAA3CL9lgGjmojVX_LRYZpq5HHJ4ag5gaDWcr0qvnrg8dquu-9w40ZDJzjDmL1WrNLt_njtyEpe1rX0xeVdoKWElfqXW8tJmw2R2AmWASpmsyD8v7dH1K5P6t-YF7wf3l4/w468-h640/Foto%20de%20Gen%C3%A9sio%20Gon%C3%A7alves%20tirada%20em%201922%20na%20fazenda%20Pedra%20entre%20os%20munic%C3%ADpios%20de%20Triunfo-PE%20e%20Princesa%20Isabel-PB.%20Lampi%C3%A3o,%20Antonio%20Ferreira,%20Antonio%20Rosa%20vulgo%20Antonio%20do%20Gelo%20e%20Livino.jpg" width="468" /></a></div><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKR9RZPapPjhHJhNgczPAfbqsWTuKyQ6aHJboySftSWd07t1tiFQUc5vGTrpD3kZbfJ1hhAm2WaGTS756Kt2uPV6JDKr9XDgJS_4PVYcogksm1NScZkY88Eg4QslKk8tF_gMXZjprsvxE2ocrHQJhSRYHL2tEfIrTCH-EXfJ3ufYIFzH1pZSZRRqs6vG4/s232/meia-noite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="232" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKR9RZPapPjhHJhNgczPAfbqsWTuKyQ6aHJboySftSWd07t1tiFQUc5vGTrpD3kZbfJ1hhAm2WaGTS756Kt2uPV6JDKr9XDgJS_4PVYcogksm1NScZkY88Eg4QslKk8tF_gMXZjprsvxE2ocrHQJhSRYHL2tEfIrTCH-EXfJ3ufYIFzH1pZSZRRqs6vG4/w400-h388/meia-noite.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Antônio Augusto (Feitosa ou Correia), Antonio Bagaço</b></td></tr></tbody></table><br /><p><br />Em depoimento à polícia, a testemunha Manoel Pedro de Alcântara narrou tudo que houve naquela noite. Diz que ele e Manoel Cipriano estavam cruzando a cancela do Mané, vindos da feira de Água Branca, quando homens armados com rifles o abordaram.<br /><br />Lampião mandou eles descerem dos cavalos e perguntou o nome deles. Cipriano, o primeiro a responder, recebeu logo uma resposta do chefe: "É esse mesmo que estamos esperando."<br /><br />Ao reconhecer seu alvo, ele mandou que a testemunha se afastasse e não saísse até ele dar uma "ordem expressa."<br /><br />Cipriano foi então arrastado para um local ao lado do cavalo em que estava, quando Lampião perguntou sobre o dinheiro que ele levava. Ele tinha apenas 10 mil contos de reis, pouco para a época.<br /><br /><span style="font-size: large;">Tortura e morte</span><br /><br />Outra testemunha do crime, Silvino Antônio dos Santos afirmou à polícia que Cipriano ainda perguntou o que Lampião queria, e disse que "ele daria para salvar a vida."<br /><br />A frase dita por Cipriano, segundo testemunhas que depuseram, foi:<br /><br /></p><blockquote><b><i>"Lampião, não me mate. Deixe eu criar minha família"</i></b>, clamou Manoel Cipriano.</blockquote><br />Não adiantou. Lampião ainda "judiou" de Cipriano (não há detalhes de como) e o sentenciou em seguida.<br /><br /><blockquote><b><i>"Agora você conhece Lampião. Foi você quem indicou onde meu pai estava para o matarem. Agora você é quem vai pagar. </i></b></blockquote><p><br />Lampião então se afasta para trás e dá o primeiro tiro. Os dois irmãos de Lampião que o acompanhavam deram mais dois em seguida.<br /><br /></p><blockquote><i><b>Foram três tiros; no segundo tiro ele caiu por terra.</b></i><br />Manoel Pedro de Alcântara, testemunha.</blockquote><p></p><p> <br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLyCoqBtzFbRFGFchtMdX9pA7LXJqoSsyqBFwwysULd7sOpYfKPJT788rBs4qoszIZx98VWQi6ss_8Gvxn9MmIPs8IFLPlGZ6wyYEN59t97LNTK1gTUwSiplO-BRKl-CtiVL9eSgoKXOkRArDPf6RBVGK1zCd4Luv5yzW9lXh2A9Evyr1emPvePQFdIm4/s750/processo-que-relata-assassinato-de-lampiao-e-seu-bando-esta-guardado-no-forum-de-maceio-1695342945880_v2_750x421.jpg.webp" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLyCoqBtzFbRFGFchtMdX9pA7LXJqoSsyqBFwwysULd7sOpYfKPJT788rBs4qoszIZx98VWQi6ss_8Gvxn9MmIPs8IFLPlGZ6wyYEN59t97LNTK1gTUwSiplO-BRKl-CtiVL9eSgoKXOkRArDPf6RBVGK1zCd4Luv5yzW9lXh2A9Evyr1emPvePQFdIm4/w400-h225/processo-que-relata-assassinato-de-lampiao-e-seu-bando-esta-guardado-no-forum-de-maceio-1695342945880_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Processo está guardado no Fórum de Maceió.</b></td></tr></tbody></table><br /></p><p>Após os tiros, e vendo a vítima no chão, um do cangaceiros disse: "Basta, vamos embora." Foi quando outros integrantes do bando saíram do meio do mato, onde estavam na espreita para dar segurança aos irmãos Ferreira. Na fuga, um dos cangaceiros montou e levou o cavalo da vítima.<br /><br />A morte não foi a única vingança dos irmãos. Após matarem, eles foram até a casa onde morava Cipriano. Ao chegarem, um filho da vítima perguntou aos cangaceiros o que eles queriam e o que tinham sido os tiros na cancela. Lampião então respondeu: "Vá lá examinar."<br /><br />As testemunhas narram que eles em seguida empurraram o filho e entraram na casa, onde quebraram portas, baús, celas, móveis e roubaram "tudo que puderam". Logo depois, fugiram em cavalos.<br /><br /><span style="font-size: large;">Lampião e mais quatro denunciados<br /></span><br />A promotoria pública de Alagoas, após os depoimentos, denunciou Lampião e outros quatro cangaceiros identificados pelas testemunhas no dia 9 de outubro de 1922. Cinco dias depois, o juiz da comarca de Água Branca acolheu e pronunciou (mandou a julgamento) os réus.<br /><br /> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhczlyW1cO1kd5Valu_em8rJRAbRMDfVl3N6mVbvhn5-NhyphenhyphenfRk5nIwGW7GvY_g2bZCOg-USX80QaBYno8LzRS_mhb9U9hKBaC-L7bRNIiXhWzeaWPLFI52TTQH9IH7nRZ8mkT5oBpk2XjxIah2X8uaKN09q_CK3u7dSLpbmEzhUGGtrmBIAjFt3IYYbF9Y/s750/parte-dos-autos-de-1922-em-que-a-promotoria-denuncia-lampiao-e-outros-cangaceiros-1695342654414_v2_750x421.jpg.webp" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhczlyW1cO1kd5Valu_em8rJRAbRMDfVl3N6mVbvhn5-NhyphenhyphenfRk5nIwGW7GvY_g2bZCOg-USX80QaBYno8LzRS_mhb9U9hKBaC-L7bRNIiXhWzeaWPLFI52TTQH9IH7nRZ8mkT5oBpk2XjxIah2X8uaKN09q_CK3u7dSLpbmEzhUGGtrmBIAjFt3IYYbF9Y/w400-h225/parte-dos-autos-de-1922-em-que-a-promotoria-denuncia-lampiao-e-outros-cangaceiros-1695342654414_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Parte dos autos em que a promotoria denuncia Lampião </b></td></tr></tbody></table><br /></p><p><span style="font-size: large;">Só que o processo nunca andou, e ninguém foi julgado.</span><br /><br />Foram dadas várias ordens de intimação dos réus, mas sempre falavam que não os achavam, ou creio que não iam atrás para notificar. Naturalmente, todos tinham medo de Lampião<br />Claudemiro Avelino, historiador e juiz<br /><br />Nenhum dos cangaceiros foi levado a julgamento em nenhuma das denúncias encontradas até aqui em Alagoas.<br /><br />Em 1939, um ano após Lampião ser morto na grota do Angico, em Sergipe, um dos processos foi declarado extinto. "Nós demais processos não achamos isso essa extinção, mas talvez tenha havido uma ordem para que todos fossem arquivados, mas não encontramos", diz.<br /><br />Esse e os outros processos achados fazem parte da pesquisa de Claudemiro, que vai render um livro sobre o cangaço. A obra está em fase final de seleção de imagens para publicação… <br /><br />Todos também serão digitalizados aos poucos e colocados para acesso público.<br /><br /></p><blockquote><b><i>Esses documentos são essenciais, porque sobre o cangaço há muita fantasia e folclore. O processo é um documento primário, original. Ele serve para espantar todas as dúvidas.</i></b></blockquote><p></p><p></p><p><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcoCUGK2msw2ezp3yWYWZNgfeIwQPflw4sXpOUvh_bVbXOPQ8hB3D-G_0gn5b-tVVVxYI13qOT2z6nGeBPhzSEt6XOqKFtNsyNq7ewjnVvJ2rSpZ0dVYNCQdo3krL_7wkk19sqlq1r-yJ8mOckFK-kWQME0FQ3nhls0aJsLBFriA3WXfZ6ESTf3v46UVs/s750/juiz-claudemiro-no-acervo-historico-do-tj-de-alagoas-1695342843379_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcoCUGK2msw2ezp3yWYWZNgfeIwQPflw4sXpOUvh_bVbXOPQ8hB3D-G_0gn5b-tVVVxYI13qOT2z6nGeBPhzSEt6XOqKFtNsyNq7ewjnVvJ2rSpZ0dVYNCQdo3krL_7wkk19sqlq1r-yJ8mOckFK-kWQME0FQ3nhls0aJsLBFriA3WXfZ6ESTf3v46UVs/w400-h225/juiz-claudemiro-no-acervo-historico-do-tj-de-alagoas-1695342843379_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Juiz Claudemiro no acervo histórico do TJ de Alagoas.</b></td></tr></tbody></table><p>Historiador, ele fez um curso de restauração de documentos antigos e passou a analisar cada um deles. O conhecimento sobre o tema o levou a ser chamado para ajudar na montagem do Museu do STF.<br /><br />Também foi ele responsável pelo museu no TJ (Tribunal de Justiça) de Alagoas.Em Alagoas, diz, será montado um laboratório de restauração de documentos históricos.<br /><br /><br /></p>Fonte: Portal UOL<br /><p></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-57915805845146295062023-10-25T11:58:00.002-03:002023-10-25T11:58:32.699-03:00Pias das Panelas<p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;">Um dos <b>cenários</b> mais <b>tristes</b> da <b>saga lampiônica</b></span></span></p><p><i>Texto e fotos Kiko Monteiro</i></p><div class="xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Guiados pelo confrade Manoel Belarmino, No ultimo domingo, 22 de outubro de 2023, eu, junto com o companheiro de expedições Marcelo Rocha, pudemos finalmente conhecer as “Pias das Panelas”. Um pequeno lajedo às margens do Riacho do Quatarvo, antigo território da histórica Fazenda Paus Pretos de Antônio Caixeiro na zona rural de Poço Redondo, Alto Sertão Sergipano.<br /></div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div style="text-align: center;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhG6gKTDaLQ9g7LakxWYNX0V7LRSPQN8yBc-jPtMAc5OzR2_bD9GLeHW9jd-Hk-YTxLXdhiLy1OzCWopgK7mee8NA7xqm_zcHXJpuQXD5BIBJEDGuLdEiuLc3BoTyl_1FX6u6rLn9Cf_fJkVSIedxofJk2ZWfCJfKFZm1wdwcHK8CbDAbv81ImbXTKf98/s1440/394545394_18376968166065603_5510211905830104436_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1253" data-original-width="1440" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhG6gKTDaLQ9g7LakxWYNX0V7LRSPQN8yBc-jPtMAc5OzR2_bD9GLeHW9jd-Hk-YTxLXdhiLy1OzCWopgK7mee8NA7xqm_zcHXJpuQXD5BIBJEDGuLdEiuLc3BoTyl_1FX6u6rLn9Cf_fJkVSIedxofJk2ZWfCJfKFZm1wdwcHK8CbDAbv81ImbXTKf98/w400-h348/394545394_18376968166065603_5510211905830104436_n.jpg" width="400" /></a></div><br /></div><div style="text-align: center;"><b>Nos anos 30 este local passou a ser um dos muitos coitos de Lampião </b></div><div style="text-align: center;"><b>e seus subgrupos naquela região. </b></div><div style="text-align: center;"><b> </b></div><div style="text-align: center;"><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaTSHC4D0f9ji-ccYaNKpUNBihIdeCcwfKZc9wcqIPiKjsmQS-amoBzSvIbmMIMczbRIyxAq7649d_bHXYtgNj7iMF3eYQ9zbNz_l8kBQP37aYRlIiiqF8fsa4laa7T7M6FbWAetuVdbpTLLPz6y6DvHy1LHMVWY62EU8OD-ayEQ8qseKkXFDz_RBWVoQ/s1440/394575962_18376968175065603_5221147153811846112_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1253" data-original-width="1440" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaTSHC4D0f9ji-ccYaNKpUNBihIdeCcwfKZc9wcqIPiKjsmQS-amoBzSvIbmMIMczbRIyxAq7649d_bHXYtgNj7iMF3eYQ9zbNz_l8kBQP37aYRlIiiqF8fsa4laa7T7M6FbWAetuVdbpTLLPz6y6DvHy1LHMVWY62EU8OD-ayEQ8qseKkXFDz_RBWVoQ/w400-h348/394575962_18376968175065603_5221147153811846112_n.jpg" width="400" /></a></div><br /> </b></div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Como bem preveniu o saudoso mestre Alcino Costa, um lugar fúnebre, lúgubre, pois fora palco de tragédias e virou morada eterna de pelo menos 5 almas identificadas. Uma coincidência macabra entre as vítimas que jazem ali é que todas foram mortas pelos seus próprios “parceiros”.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9at7dGIaZJP8YahF5KqyktQBToDtY0SNEu9Zg7rt95SbVM2GUNwF4BXysyQtEDJcFNu1DpmKAL-zRFFuz8aaW8PIwn70-QfjtmkTsFS00-qGz5b5XyO22W7eJe9XFx6KZ9KuLnlb_kK1QDglGGxVF3WvNMMbWpTpFOAhMVNaot5Ihaqtzfv7gMPdOvek/s600/394613736_18376968157065603_2745555011144225612_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="522" data-original-width="600" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9at7dGIaZJP8YahF5KqyktQBToDtY0SNEu9Zg7rt95SbVM2GUNwF4BXysyQtEDJcFNu1DpmKAL-zRFFuz8aaW8PIwn70-QfjtmkTsFS00-qGz5b5XyO22W7eJe9XFx6KZ9KuLnlb_kK1QDglGGxVF3WvNMMbWpTpFOAhMVNaot5Ihaqtzfv7gMPdOvek/w400-h348/394613736_18376968157065603_2745555011144225612_n.jpg" width="400" /></a></div><br /></div><div style="text-align: center;"><b>Esta formação de pedras, embaixo de um velho umbuzeiro, marca a sepultura da cangaceira Lídia. Acusada de adultério, foi morta pelo seu marido, “Zé Baiano” em julho de 1934.</b></div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Após o veredito de Lampião, Zé deixou-a amarrada naquela mesma árvore durante toda a madrugada. Ao amanhecer, aquela que foi considerada a mais bela das cangaceiras, foi morta a pauladas.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWql9PuAwe7cxe5_zb-H-3tGJ3oy-QSd4Df5OeyuPzn3b-vrFlEKu6T6iN0z9uD-oYIA53TRCkxMlNxJIuctG8eaqugNy2ePkhyphenhyphen0RMSu_tPYcIAISXnf41dCcmLg9ScG0nX4ckgnZ_ScIYD7SAwEMcgIAFrMPYp6IhSFkE810CUufM6kov2EADh0YtgM8/s1440/394592512_18376968139065603_4270129916060091038_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1253" data-original-width="1440" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWql9PuAwe7cxe5_zb-H-3tGJ3oy-QSd4Df5OeyuPzn3b-vrFlEKu6T6iN0z9uD-oYIA53TRCkxMlNxJIuctG8eaqugNy2ePkhyphenhyphen0RMSu_tPYcIAISXnf41dCcmLg9ScG0nX4ckgnZ_ScIYD7SAwEMcgIAFrMPYp6IhSFkE810CUufM6kov2EADh0YtgM8/w400-h348/394592512_18376968139065603_4270129916060091038_n.jpg" width="400" /></a></div><br /> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"></div><div dir="auto" style="text-align: start;">O delator da traição, o cangaceiro <b>“Coqueiro II”</b>, pensou que teria a gratidão do bando, mas tombou sob a mira do colega “Gato” e por ali mesmo foi enterrado. </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">A história não esquece de <b>Preta de Maria das Virgens.</b> Nativa daquela mesma região que foi assassinada pelo seu namorado, Zé Paulo. Este, após descobrir que engravidara a moça, para não ser obrigado a casar com a pobre sertaneja, aplaca seu tormento com uma pedra, esmagando a sua cabeça e deixando-a ali. Localizada, é enterrada às margens do Riacho. </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Também em um ponto atualmente impreciso, em 1937, foi morta e sepultada a <b>cangaceira Rosinha</b>, viúva do cangaceiro “Mariano”. Executada pelo seu colega “Pó-Corante” a mando de Lampião, só porque desejava voltar pra casa dos pais… Mas no cangaço, como em qualquer outra organização criminosa, aquilo era considerado uma deserção. Ela sabia demais e assim foi efetuada a queima de arquivo. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6CxSefhfqG7CjjLvb-Fv0h7N8wCHIVvk27ToXZakXWxhwBm1XWS0FMOAdDkwRe-5oXwowpUpTijFspHaCoDQyUr1-9wf06p7Bkos9YK0fKkn7U2XFv4CyWummD-xE14q9-F0lQn62SLJJ3JUuwE6cv6uAPpZcZ0LLakxp04HFvbws2UI72O7msI2lTnI/s1440/394586782_18376968130065603_3493490748350681022_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1253" data-original-width="1440" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6CxSefhfqG7CjjLvb-Fv0h7N8wCHIVvk27ToXZakXWxhwBm1XWS0FMOAdDkwRe-5oXwowpUpTijFspHaCoDQyUr1-9wf06p7Bkos9YK0fKkn7U2XFv4CyWummD-xE14q9-F0lQn62SLJJ3JUuwE6cv6uAPpZcZ0LLakxp04HFvbws2UI72O7msI2lTnI/w400-h348/394586782_18376968130065603_3493490748350681022_n.jpg" width="400" /></a></div><br /> </div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"></div><div dir="auto" style="text-align: start;">E a sentença do vaqueiro e coiteiro <b>“Zé dos Paus Pretos”</b>. </div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto">Aquele
que em finais de 1937 acreditou ter matado o cangaceiro “Novo Tempo”,
depois de encontrá-lo moribundo nas matas ao redor da Fazenda que devia
ser rancho seguro dos cabras de Lampião. Mesmo baleado na cabeça “Novo
Tempo” conseguiu fugir. Recuperado, relatou a traição do colaborador. Zé
foi queimado vivo em uma coivara. Dias d</span>epois os vaqueiros da região encontram o corpo já em estado avançado de decomposição e o enterram-no ali mesmo nas proximidades das Pias das Panelas. <br /><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgLUQXwrR-IJ9T5kH2bGj_8AYTgp76dIX70qnkoOc_ZOesXLql4h57zMrNdOoKUK3zg7mk4YeiUM5agYlnTeKAPC3w0XZOLuNcsIcqhCU6uPwvVB5KE2xPXVjXKD_dqfzOspV7Lmxja3V54WlPJg3rgK9tnug8x3izPd9CPB0AEkm7fVFK-_8UWXoM7bU/s1440/394602419_18376968112065603_176670389006896683_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1253" data-original-width="1440" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgLUQXwrR-IJ9T5kH2bGj_8AYTgp76dIX70qnkoOc_ZOesXLql4h57zMrNdOoKUK3zg7mk4YeiUM5agYlnTeKAPC3w0XZOLuNcsIcqhCU6uPwvVB5KE2xPXVjXKD_dqfzOspV7Lmxja3V54WlPJg3rgK9tnug8x3izPd9CPB0AEkm7fVFK-_8UWXoM7bU/w400-h348/394602419_18376968112065603_176670389006896683_n.jpg" width="400" /></a></div><br /> </div></div><div dir="auto" style="text-align: start;"></div><div dir="auto" style="text-align: start;">Gratidão pela atenção e companhia deste confrade que é grande conhecedor dos fatos que envolvem o Cangaço em Poço Redondo e em toda aquela região.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXlGwm0FDxVmwvHqWMAm-TvmMt6ir-VQxDqp2S_KY-wAz7EnkkGYCRlvtvY9PhUQ8YPAb78g94vDxLVgppYsMCsXMoaXF-NaNj8PIXLeoOH1C0AxGtf3QU39SdgIKLYYSis4Uh6E9Oj8IsGr7bXGvJNre0s-Dn7J2nbPLv0SCNWdGoKkxU5lRX5diO0Zk/s1440/394583068_18376968154065603_7618752523837284817_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1253" data-original-width="1440" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXlGwm0FDxVmwvHqWMAm-TvmMt6ir-VQxDqp2S_KY-wAz7EnkkGYCRlvtvY9PhUQ8YPAb78g94vDxLVgppYsMCsXMoaXF-NaNj8PIXLeoOH1C0AxGtf3QU39SdgIKLYYSis4Uh6E9Oj8IsGr7bXGvJNre0s-Dn7J2nbPLv0SCNWdGoKkxU5lRX5diO0Zk/w400-h348/394583068_18376968154065603_7618752523837284817_n.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Manoel Belarmino, Marcelo Rocha e o autor.<br /></b></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b> </b><br /></td></tr></tbody></table><br /> </div><div dir="auto" style="text-align: start;"><b>ATENÇÃO:</b> É expressamente proibida a reprodução deste conteúdo sem a autorização prévia.<br /></div><p></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-66704286256718565062023-10-10T17:41:00.001-03:002023-10-10T17:41:15.631-03:00Lampião no Rio Grande do Norte<p> <span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">A</span><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;"> </span><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">história do esconderijo da</span><b><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;"> Caverna da Carrapateira</span></b></p>
<header class="entry-header"><br /></header>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27951" data-attachment-id="27951" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="imagem1-1" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/imagem1-1.png?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/imagem1-1.png?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/imagem1-1.png" data-orig-size="830,726" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/imagem1-1-7/" height="560" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/imagem1-1.png?w=830" width="640" /></figure></div>
<p><b>Rostand Medeiros – IHGRN</b></p>
<p>A zona rural do município de Felipe Guerra impressiona tanto os
espeleólogos como os habitantes locais. No tocante a quantidade e a
qualidade das cavernas. Há tempos que esse município se mostra como uma
das mais promissoras áreas no estado do Rio Grande do Norte e com ótimas
possibilidades para o desenvolvimento do turismo espeleológico.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27926" data-attachment-id="27926" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"3.5","credit":"","camera":"NIKON D80","caption":"","created_timestamp":"1219679816","copyright":"","focal_length":"18","iso":"800","shutter_speed":"0.008","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-6" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-6.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-6.jpg?w=312" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-6.jpg" data-orig-size="1296,1371" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-6/" height="400" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-6.jpg?w=968" width="378" /><figcaption><i>Entrda da caverna da Carrapateira, zona rural de Felipe Guerra, Rio Grande do Norte – Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Mas além do seu conjunto de belas cavidades naturais, a região de
Felipe Guerra mantém, mesmo passados quase 95 anos, as memórias e as
lembranças das agruras sofridas com a passagem do bando do cangaceiro
Lampião, em seu ataque a cidade de Mossoró.</p>
<p>Dessas lembranças ficou o registro do medo e as mudanças que os mais
antigos sofreram em suas vidas, com os acontecimentos ocorridos em junho
de 1927. Uma época em que o trabuco falava mais alto que a força da
justiça. Até hoje a tradição oral é transmitida dos que ouviram dos seus
familiares, trazendo para os mais jovens os acontecimentos de um
momento triste da história do sertão potiguar e o interessante em Felipe
Guerra é que muitos possuem uma ou mais história sobre esses
acontecimentos.</p>
<p>E a maioria da sua população sabe da existência destas cavernas
através dos acontecimentos da época do cangaço, pois foi em uma destas
cavidades que alguns habitantes conseguiram um abrigo prático para os
terríveis eventos que ocorriam nas proximidades das suas casas e deixou
na lembrança das pessoas do lugar um respeito muito grande por este tipo
de ambientes natural.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-19829" data-attachment-id="19829" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Em seu aparato de guerra | Crédito: Reprodução – Fonte – http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/brutal-lampiao.phtml#.WWwJ3ojyvXP</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="lampiao2" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/07/lampiao2.png?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/07/lampiao2.png?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/07/lampiao2.png" data-orig-size="1200,630" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2017/07/16/brutal-lampiao-despido-do-mito-cangaceiro-estava-mais-para-narcotraficante-do-rio-que-para-robin-hood/lampiao2-2/" height="210" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/07/lampiao2.png?w=1024" width="400" /><figcaption><i>Lampião em seu aparato de guerra | Crédito: Reprodução – Fonte – <a href="http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/brutal-lampiao.phtml#.WWwJ3ojyvXP" rel="nofollow">http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/brutal-lampiao.phtml#.WWwJ3ojyvXP</a></i></figcaption></figure></div>
<p>Esta é a história daqueles dias incertos e da caverna que ajudou os moradores do lugar.</p>
<p><b>A Pedra de Abelha</b></p>
<p>Em 1927 Felipe Guerra era um pequeno arruado conhecido como Pedra de
Abelha, fincado às margens do Rio Apodi, onde a vida seguia tranquila,
para seus pouco menos de 1.000 habitantes. Eles sobreviviam da cera de
carnaúba, da pequena agricultura e da pecuária. Na época dos invernos
mais fortes, a pequena vila sofria as enchentes provocadas pelo Rio
Apodi, como foi o caso das cheias de 1912, 1917 e a de 1924.</p>
<p>Por esta época Pedra de Abelha era um ponto de passagem de viajantes,
tropas de burros, vendedores, vaqueiros e outros andarilhos que seguiam
a estrada entre a pulsante e rica cidade de Mossoró e a progressista
Apodi.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27930" data-attachment-id="27930" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-4" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-4.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-4.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-4.jpg" data-orig-size="1936,1296" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-4/" height="428" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-4.jpg?w=1024" width="640" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Havia uma pequena feira que crescia a cada ano, sempre em ordem e em
paz, pronunciando uma tendência de progresso para o pequeno lugar. Outra
lembrança de boas perspectivas foi a passagem de alguns homens, de
língua enrolada, que se diziam engenheiros, faziam medições e coletavam
pedras no lajedo do Rosário, na região da Passagem Funda, um lugarejo a
oito quilômetros de Pedra de Abelha. Logo se espalhou a notícia que o
lugar seria transformado em uma grande barragem, que haveria muitos
empregos, que seria maior que a barragem de Pau dos Ferros e que a vida
em Pedra de Abelha iria mudar para melhor. Mas a barragem não veio e a
vida seguiu tranquila.</p>
<p>Junto com os primeiros dias de maio de 1927 chegaram notícias de que a
região oeste do estado do Rio Grande do Norte iria conhecer e sofrer.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27932" data-attachment-id="27932" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"NIKON D50","caption":"","created_timestamp":"1182675741","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-2" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-2.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-2.jpg?w=219" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-2.jpg" data-orig-size="2000,3008" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-2/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-2.jpg?w=681" width="426" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>No dia 10, pela madrugada, o cangaceiro paraibano Massilon Leite e
mais vinte bandidos atacaram Apodi, depois seguiram para Gavião (atual
Umarizal) e na sequência, pilharam a pequena vila de Itaú. Os relatos
comentavam que apenas um cangaceiro foi preso próximo à cidade serrana
de Martins.</p>
<p>Para a ordeira população de Pedra de Abelha, ficou o pensamento de
que, se os cangaceiros haviam atacado Itaú, uma vila praticamente do
mesmo tamanho do seu lugar, por que não atacariam o pequeno povoado à
beira do Rio Apodi?</p>
<figure class="wp-block-image size-large"><img alt="" class="wp-image-24271" data-attachment-id="24271" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="cropped-lamp-em-limoeiro.jpg" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/07/cropped-lamp-em-limoeiro.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/07/cropped-lamp-em-limoeiro.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/07/cropped-lamp-em-limoeiro.jpg" data-orig-size="1024,395" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/cropped-lamp-em-limoeiro-jpg/" height="154" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/07/cropped-lamp-em-limoeiro.jpg?w=1024" width="400" /></figure>
<p>Passou então a existir no seio da população uma forte intranquilidade.</p>
<p>Não que os moradores de Pedra de Abelha não soubessem o que era
violência. Já haviam ocorrido casos de criminosos assaltando viajantes,
pistoleiros contratados por coronéis para impor suas ordens, a
realização de tocaias e o flagelo da vingança. Um dever sagrado entre os
sertanejos. Um dever que filhos de qualquer pai assassinado herdaram. E
seria vergonhoso, seria desonra inominável em uma família enlutada pelo
homicídio, se não aparecesse um vingador um “cabra macho” para cumprir a
sina.</p>
<p>Realmente violência não era novidade naquele recanto perdido do
sertão, mas um grande grupo de cangaceiros era um problema novo por
aqueles lados.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-12179" data-attachment-id="12179" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Lampião – Fonte – lounge.obviousmag.org</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="o-homem-que-fotografou-lampiao.html" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2015/12/o-homem-que-fotografou-lampiao-html.jpg?w=435" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2015/12/o-homem-que-fotografou-lampiao-html.jpg?w=277" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2015/12/o-homem-que-fotografou-lampiao-html.jpg" data-orig-size="435,518" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2015/12/26/lampiao-e-os-escoteiros-venezuelanos-verdade-ou-fantasia/o-homem-que-fotografou-lampiao-html/" height="638" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2015/12/o-homem-que-fotografou-lampiao-html.jpg?w=435" width="536" /><figcaption><i>Lampião – Fonte – lounge.obviousmag.org</i></figcaption></figure></div>
<p><b>No Cangaço</b></p>
<p>Os nomes de cangaceiros antigos como Lucas da Feira e Jesuíno
Brilhante, e de facínoras mais novos (para 1927) como Antônio Silvino,
Sinhô Pereira e Luís Padre, eram muito comentados pelos habitantes mais
idosos e pelos viajantes que procediam da Paraíba, Ceará e Pernambuco.
Mas nos últimos tempos o nome mais comentado, temido e respeitado era o
do famoso Lampião.</p>
<p>O Pernambucano natural de Vila Bela, atual Serra Talhada, com pouco
menos de 30 anos em 1927, já era uma lenda e o seu nome impunha respeito
e terror em grande parte do Nordeste.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27935" data-attachment-id="27935" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"NIKON D80","caption":"","created_timestamp":"1219679536","copyright":"","focal_length":"0","iso":"200","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-5" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-5.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-5.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-5.jpg" data-orig-size="1207,1117" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-5/" height="370" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-5.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Nascido em 4 de junho de 1898, Virgulino Ferreira da Silva vinha de
uma família humilde, mais proprietária de uma pequena fazenda. Seu pai,
José Ferreira, trabalhava como condutor de tropas de burros que
transportavam mercadorias pelos sertões de Pernambuco e Alagoas. Nessas
viagens, Virgulino e seus irmãos passaram a conhecer aqueles caminhos e
mantiveram contatos que seriam preciosos no futuro.</p>
<p>Em 1915, inicia-se um problema com o vizinho José Saturnino,
envolvendo o desaparecimento de animais de criação. Estas desavenças
dariam início à metamorfose de Virgulino em Lampião.</p>
<p>Devido a perseguições, em um prazo de três anos, a família Ferreira
vê-se na contingência de realizar várias mudanças, sendo obrigados a
vender as suas terras e a viver como empregados pelas pressões sofridas.
Devido aos fatos, a mãe de Virgulino acabou falecendo, aparentemente de
um ataque cardíaco. Já seu pai foi assassinado por uma tropa da polícia
alagoana que perseguia os irmãos Ferreira.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-22707" data-attachment-id="22707" data-comments-opened="0" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="LAMPA" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2019/11/f2026-lampa.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2019/11/f2026-lampa.jpg?w=240" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2019/11/f2026-lampa.jpg" data-orig-size="1164,1600" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/lampa/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2019/11/f2026-lampa.jpg?w=745" width="466" /><figcaption><i>Lampião</i></figcaption></figure></div>
<p>É impossível não observar que uma das razões da entrada dos irmãos
Ferreira no cangaço, foi à falta de justiça pelas contínuas perseguições
sofridas, criando uma reação armada que abalou o Nordeste do Brasil ao
longo de vinte anos.</p>
<p>No início, a atuação de Lampião foi em outros bandos, finalmente
assumiu o comando de seus “cabras” em 1922, nesse mesmo ano assaltaram o
casarão da Baronesa de Água Branca, em Alagoas, fazendo aumentar a sua
terrível fama. Em 1924, seus cangaceiros, em conjunto com o paraibano
Francisco Pereira Dantas, o conhecido Chico Pereira, atacam a
progressista cidade de Sousa, no oeste da Paraíba. Em 25 de maio de 1925
Lampião e seu bando</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-14005" data-attachment-id="14005" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Lampião</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"Picasa 2.0","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="4-Lampião gostava de mostrar-se um homeme inteligente perante as câmeras" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2016/04/4-lampic3a3o-gostava-de-mostrar-se-um-homeme-inteligente-perante-as-cc3a2meras.jpg?w=626" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2016/04/4-lampic3a3o-gostava-de-mostrar-se-um-homeme-inteligente-perante-as-cc3a2meras.jpg?w=210" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2016/04/4-lampic3a3o-gostava-de-mostrar-se-um-homeme-inteligente-perante-as-cc3a2meras.jpg" data-orig-size="626,985" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2016/04/17/o-ataque-dos-cangaceiros-de-lampiao-a-antonio-martins-rn/4-lampiao-gostava-de-mostrar-se-um-homeme-inteligente-perante-as-cameras-3/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2016/04/4-lampic3a3o-gostava-de-mostrar-se-um-homeme-inteligente-perante-as-cc3a2meras.jpg?w=626" width="407" /><figcaption><i>Lampião</i></figcaption></figure></div>
<p>Lampião era um guerrilheiro nato, produto de um meio quase selvagem e
atrasado. Possuía a capacidade de articular ataques, fugas
mirabolantes, alianças escusas e uma perícia na manivela e no gatilho do
rifle que parecia “alumiar” à noite, daí o seu famoso apelido.</p>
<p>Em 1926 uma coluna de homens que percorriam o país com a intenção de
derrubar o governo do presidente Arthur Bernardes, comandados por Miguel
Costa e Luís Carlos Prestes, se aproximou e entrou em território
cearense, Para fazer frente a essa situação foi criada uma frente de
defesa contra os chamados Revoltosos na cidade de Juazeiro do Norte,
onde o principal líder político e religioso do lugar, o Padre Cícero,
mandou convocar o chefe cangaceiro que aterrorizava o sertão nordestino
para combater aquele grupo, que entraria para a História do Brasil
conhecido como Coluna Prestes.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-4179" data-attachment-id="4179" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Photo of the leaders of the insurgent group known as “Prestes Column”. This group was led by the Brazilian Army captain Luís Carlos Prestes, who fought against the government structure that existed in Brazil in the latter half of the 1920s. http://rotadosolce.blogspot.com.br</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="luis_carlos_prestes_coluna_prestes_bolivia590" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/luis_carlos_prestes_coluna_prestes_bolivia590.jpg?w=590" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/luis_carlos_prestes_coluna_prestes_bolivia590.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/luis_carlos_prestes_coluna_prestes_bolivia590.jpg" data-orig-size="590,403" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/09/22/cangaco-millenarian-rebels-prophets-and-outlaws/luis_carlos_prestes_coluna_prestes_bolivia590/" height="273" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/luis_carlos_prestes_coluna_prestes_bolivia590.jpg" width="400" /><figcaption>Foto
dos líderes do grupo insurgente conhecido como Coluna Prestes. Esse
grupo foi liderado pelo coronel da Polícia do Estado de São Paulo Miguel
Costa e pelo capitão do Exército brasileiro Luís Carlos Prestes, que
lutou contra a estrutura de governo que existia no Brasil na segunda
metade da década de 1920 – Fonte – <a href="http://rotadosolce.blogspot.com.br" rel="nofollow">http://rotadosolce.blogspot.com.br</a></figcaption></figure></div>
<p>No dia 5 de março, Lampião, à frente de 50 cangaceiros, entra em
Juazeiro. Ele se encontra com o Padre Cícero, recebe uniformes,
armamentos modernos e a sua propalada patente de capitão dos Batalhões
Patrióticos. Ao sair de Juazeiro e seguir para Pernambuco, Lampião é
perseguido pela polícia local. Desapontado, aparentemente decide voltar
para Juazeiro para falar com o Padre Cícero, mas este não o recebe e
Lampião encerra a sua breve carreira de defensor público.</p>
<p><b>Passagem dos Cangaceiros</b></p>
<p>Voltando à pacata Pedra de Abelha na metade de 1927.</p>
<p>Os habitantes do singelo lugar ficaram bem apavorados quando chega a
notícia que em 10 de junho, incentivado por Massilon Leite, Lampião
cruzou a fronteira da Paraíba e entrou no estado Potiguar com cerca de
60 cangaceiros (número que gera muita polêmica até hoje) montados em
cavalos e burros, todos seguindo em direção a Mossoró.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27938" data-attachment-id="27938" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"NIKON D80","caption":"","created_timestamp":"1219683814","copyright":"","focal_length":"0","iso":"800","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-9" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-9.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-9.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-9.jpg" data-orig-size="1936,1296" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-9/" height="268" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-9.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Avançando para o norte, promoveram um verdadeiro bacanal de
destruição, rapinagem e terror. Roubaram, tocaram fogo em diversas
fazendas, assassinaram os que reagiam, entraram em confronto com a
polícia e fizeram alguns prisioneiros, do qual só libertaram mediante
resgate. Lampião e seus cangaceiros realizam os primeiros sequestros
conhecidos no Rio Grande do Norte. A passagem de Lampião e seu bando
durou apenas cinco dias, mas a região oeste potiguar nunca esqueceu este
episódio.</p>
<p>O bando passou ao lado da povoação de Gavião (atual Umarizal) e
continuou depredando as propriedades como Campos, Arção, Xique-Xique e
Apanha Peixe e nesta última propriedade, para a sorte da população de
Pedra de Abelha, o bando foi dividido.</p>
<p>Às sete da noite de 12 de junho de 1927 seguiu o cangaceiro Massilon
Leite para assaltar pela segunda vez a cidade de Apodi, enquanto Lampião
seguia para Mossoró. Em Apodi houve resistência da população, obrigando
Massilon a fugir. Devido a esta divisão, Lampião seguiu adiante por
outra estrada, passando paralelo ao povoado de Pedra de Abelha.
Realmente foi por pouco que a pequena comunidade não foi invadida. </p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-2007" data-attachment-id="2007" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Na zona rural do município de Umarizal visitamos uma das mais belas e bem preservadas propriedades rurais existentes no trajeto, a Fazenda Campos, que foi invadida na manhã de 12 de junho de 1927.</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="OgAAAG13i4iLlvxR_Nh6WCiL8UmyWAmQASHzZI400cN0zxpQ6XeO-A17GS3mD5Fsr3zUNGPKVv5_phoY3deeougNQvMAm1T1UO_tEiUc3UIyRgj6Cn_3ILn5VDuB" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/08/ogaaag13i4illvxr_nh6wcil8umywamqashzzi400cn0zxpq6xeo-a17gs3md5fsr3zungpkvv5_phoy3deeougnqvmam1t1uo_teiuc3uiyrgj6cn_3iln5vdub.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/08/ogaaag13i4illvxr_nh6wcil8umywamqashzzi400cn0zxpq6xeo-a17gs3md5fsr3zungpkvv5_phoy3deeougnqvmam1t1uo_teiuc3uiyrgj6cn_3iln5vdub.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/08/ogaaag13i4illvxr_nh6wcil8umywamqashzzi400cn0zxpq6xeo-a17gs3md5fsr3zungpkvv5_phoy3deeougnqvmam1t1uo_teiuc3uiyrgj6cn_3iln5vdub.jpg" data-orig-size="638,382" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/ogaaag13i4illvxr_nh6wcil8umywamqashzzi400cn0zxpq6xeo-a17gs3md5fsr3zungpkvv5_phoy3deeougnqvmam1t1uo_teiuc3uiyrgj6cn_3iln5vdub/" height="240" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/08/ogaaag13i4illvxr_nh6wcil8umywamqashzzi400cn0zxpq6xeo-a17gs3md5fsr3zungpkvv5_phoy3deeougnqvmam1t1uo_teiuc3uiyrgj6cn_3iln5vdub.jpg" width="400" /><figcaption><i>Na
zona rural do município de Umarizal visitamos uma das mais belas e bem
preservadas propriedades rurais existentes no trajeto da passagem do
bando de Lampião no Rio Grande do Norte, a Fazenda Campos, que foi
invadida na manhã de 12 de junho de 1927 – Foto – Rostand Medeiros.</i></figcaption></figure></div>
<p>Mas se não foi invadida, esse caminho fez o bando cruzar com o
comerciante e fazendeiro Antônio Gurgel do Amaral, proprietário de uma
moderna fazenda em Pedra de Abelha, às margens do Rio Apodi, no atual
Distrito do Brejo. Nesta propriedade foram empregadas muitas pessoas.</p>
<p>Até recentemente o local possuía uma estrutura muito moderna para a
época, inclusive com eletricidade e mecanização. Antônio Gurgel havia
acabado de chegar de uma viagem da Europa, onde buscava trazer matrizes
de novas raças bovinas para desenvolverem-se na sua região.</p>
<p>Assim que soube do avanço dos cangaceiros, seguiu de Mossoró para a
sua fazenda e proteger seus familiares e seus bens. No meio do caminho,
na localidade chamada Santana, foi preso por membros do bando. Era o dia
12 de junho e somente no dia 25, Gurgel seria libertado no Ceará,
juntamente com outra refém. Por ser Gurgel um homem inteligente, de boa
conversa, índole calma e que sempre procurou a tranquilidade junto aos
bandidos, ele nada sofreu.</p>
<p>Durante sua convivência forçada, escreveu um diário que é tido como o
mais completo documento sobre a vida e o dia a dia entre estes
cangaceiros. Lampião lhe deu duas moedas de ouro para serem presenteadas
a sua neta e, como pagamento de uma promessa feita pela sua liberdade,
sua mulher construiu uma capela na Fazenda Santana, que infelizmente foi
demolida, bem como a sede de sua fazenda em Felipe Guerra.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-19422" data-attachment-id="19422" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Antônio Gurgel do Amaral – Fonte – http://www.blogdogemaia.com/detalhes.php?not=1032</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"1.9","credit":"","camera":"SM-J510MN","caption":"?","created_timestamp":"1498212683","copyright":"","focal_length":"3.7","iso":"80","shutter_speed":"0.016666666666667","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="Gu (1)" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/gu-1.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/gu-1.jpg?w=240" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/gu-1.jpg" data-orig-size="2082,2857" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2017/06/23/o-ouro-dos-cangaceiros-para-yolanda/gu-1/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/gu-1.jpg?w=746" width="466" /><figcaption><i>Antônio Gurgel do Amaral – Fonte – <a href="http://www.blogdogemaia.com/detalhes.php?not=1032" rel="nofollow">http://www.blogdogemaia.com/detalhes.php?not=1032</a></i></figcaption></figure></div>
<p><b>A Caverna da Carrapateira </b></p>
<p>Antes até da prisão do coronel Gurgel, com a chegada das notícias
cada vez mais assustadoras, a população de Pedra de Abelha tratou de
procurar refúgio onde houvesse condições. Muitos seguiram para a
fronteira do Ceará, outros foram para propriedades de parentes mais
distantes e outros que conheciam melhor a região, buscaram o abrigo das
cavernas.</p>
<p>É bem verdade que a população do sertão possui um medo respeitoso em
relação às cavernas, mais naquele momento, este medo foi deixado de lado
e a escuridão da caverna passou a ser um abrigo mais acolhedor do que a
incerteza da luz do dia e a presença de cangaceiros na região.</p>
<p>A caverna da Carrapateira fica localizada no Lajedo do Rosário,
próximo ao atual distrito de Passagem Funda e a pouco mais de mil metros
da margem esquerda do Rio Apodi. Entre as várias cavernas deste lajedo,
essa é a que apresenta a maior facilidade de penetração.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27941" data-attachment-id="27941" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-3" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-3.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-3.jpg?w=280" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-3.jpg" data-orig-size="1296,1528" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-3/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-3.jpg?w=869" width="543" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Sua entrada tem formato oval, com quatro metros de altura e possui
desenvolvimento horizontal, no seu início encontram-se alguns blocos
caídos e deslocados, também presentes localmente no interior da caverna.</p>
<p>Chama a atenção a forma como a natureza moldou o túnel principal,
sendo muito largo e alto para os padrões das cavernas nas proximidades.
Sua sinuosidade apresenta contornos de fluxo d’água, marcados nas
paredes bastante lisas, lavradas, de rocha calcária limpa e de cor
amarelada, com níveis de sedimentação à mostra. Os espeleotemas, as
famosas formações rochosas que ocorrem tipicamente no interior de
cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais
dissolvidos na água, criando muitas vezes materiais de rara beleza, são
encontrados nessa cavidade. São escorrimentos de calcita, cortinas,
algumas estalactites e estalagmites. Na parte posterior do corredor
principal, aparecem outros tipos de espeleotema muito comum nas
cavidades da região: o couve-flor.</p>
<p>Conforme adentramos a caverna da Carrapateira, o chão vai
apresentando uma menor continuidade, mostrando reentrâncias, blocos
rolados, até desembocar em uma bifurcação, de onde a caverna segue para
salões mais apertados, seguindo por condutos menores. Neste setor,
tem-se uma clarabóia de poucos metros de altura, aproximadamente três
metros. Por ela pode-se sair do interior com facilidade.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27943" data-attachment-id="27943" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"NIKON D80","caption":"","created_timestamp":"1219682092","copyright":"","focal_length":"0","iso":"800","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-7" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-7.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-7.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-7.jpg" data-orig-size="1936,1296" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-7/" height="268" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-7.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Pelas dimensões do seu interior, pela proximidade com o rio e como na
região encontram-se diversas provas da passagem de grupos de caçadores e
de coletores, entre 5.000 e 2.000 anos atrás, essa caverna é a que
melhor poderia sugerir a possibilidade de algum indício arqueológico.
Contudo, não foram vistos pinturas ou evidências nesse sentido. Sua
litologia é o calcário e até anos recentes não apresenta nenhuma
depredação.</p>
<p>Durante nossas visitas à caverna da Carrapateira não foram
encontrados vestígios da ocupação dos habitantes de Pedra de Abelha na
caverna.</p>
<p>Quando das nossas visitas à região, ouvimos repetidas vezes relatos
de pessoas cujos avós e outros familiares buscaram abrigo nesse local.
Entretanto o tempo, o Senhor de tudo e de todos, chegou à nossa frente,
pois aqueles que buscaram esse local como abrigo já não estavam mais
nesse plano. Mas percebi que o número de pessoas que buscaram esse
abrigo foi pequeno. Além disso, foi possível observar que,
diferentemente de outras pessoas que guardam na memória relatos daqueles
que tiveram experiências com cangaceiros na região, os poucos parentes
daqueles que buscaram abrigo na caverna da Carrapateira, pouco tem a
comentar. </p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27945" data-attachment-id="27945" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"7.1","credit":"","camera":"NIKON D80","caption":"","created_timestamp":"1219683163","copyright":"","focal_length":"13","iso":"800","shutter_speed":"2","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-8" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-8.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-8.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-8.jpg" data-orig-size="1936,1296" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-8/" height="428" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-8.jpg?w=1024" width="640" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Como, para a sorte dos refugiados escondidos na caverna da
Carrapateira, não houve nenhum tipo de contato com os cangaceiros e
quase certamente os que buscaram esse abrigo em 1927 foram poucos, ao
longo do tempo esse tema caiu no esquecimento. Pois no final das contas,
sobreviver naquela região é parte da rotina diária.</p>
<p><b>Fim Do Ato</b></p>
<p>Lampião seguiu seu caminho.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27946" data-attachment-id="27946" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"2.8","credit":"","camera":"DSC-W55","caption":"","created_timestamp":"1251178294","copyright":"","focal_length":"6.3","iso":"100","shutter_speed":"0.033333333333333","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="uyvk-10" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-10.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-10.jpg?w=248" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-10.jpg" data-orig-size="1536,2048" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/uyvk-10/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/01/uyvk-10.jpg?w=768" width="480" /><figcaption><i>Foto – Solón Rodrigues Almeida Netto.</i></figcaption></figure></div>
<p>Na Segunda-feira, 13 de junho de 1927, dia de São Francisco, às 16:30
da tarde, com o céu nublado, os cangaceiros, divididos em três colunas,
atacaram a maior cidade do interior do Rio Grande do Norte. O seu
Prefeito, Rodolfo Fernandes, sem ajuda do governo do estado, conseguiu
reunir desde advogados, dentistas, comerciantes, padres e pessoas
comuns, entrincheirando-os em vários locais.</p>
<p>Os cangaceiros foram derrotados depois de uma hora de combate, não
mataram ninguém e perderam um cangaceiro na hora e outro, o temível
Jararaca, foi ferido e capturado no outro dia. Acabou assassinado pela
polícia local no dia 20 de junho e o mais incrível é que seu túmulo se
tornou um local de peregrinação religiosa popular.</p>
<p>Lampião sofreu a sua mais terrível derrota, comentou que “Cidade com
mais de quatro torres de igreja não é para cangaceiro”. Sem conhecer o
seu tamanho e a sua capacidade de defesa, acabou enganado pela promessa
de Massilon de pouca resistência e muito dinheiro.</p>
<p>O seu ataque a Mossoró causou repercussão em todo país, sendo
noticiado em muitos jornais. Foi um verdadeiro choque, que impulsionou
ainda mais a sua fama. Foi a partir deste episódio que o seu nome ficou
muito conhecido no sul do país.</p>
<p>Após fugir do Rio Grande do Norte, para onde nunca mais voltou, o
bando seguiu para o Ceará, onde pensavam que estariam protegidos e foram
implacavelmente perseguidos. O mesmo ocorreu na Paraíba e em
Pernambuco. Em 1928 cruzou o Rio São Francisco e conseguiu uma sobrevida
de mais dez anos, praticando atrocidades na Bahia, Alagoas e Sergipe,
onde foi morto, com a sua companheira Maria Bonita, na Grota do Angico.</p>
<div class="wp-block-image"><figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-19445" data-attachment-id="19445" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"HP ScanJet 3770","caption":"","created_timestamp":"1214945802","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="Bando de Lampião com prisioneiros em Limoeiro do Norte, junho 1927" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/bando-de-lampic3a3o-com-prisioneiros-em-limoeiro-do-norte-junho-1927.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/bando-de-lampic3a3o-com-prisioneiros-em-limoeiro-do-norte-junho-1927.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/bando-de-lampic3a3o-com-prisioneiros-em-limoeiro-do-norte-junho-1927.jpg" data-orig-size="640,225" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2017/06/23/o-ouro-dos-cangaceiros-para-yolanda/bando-de-lampiao-com-prisioneiros-em-limoeiro-do-norte-junho-1927/" height="141" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2017/06/bando-de-lampic3a3o-com-prisioneiros-em-limoeiro-do-norte-junho-1927.jpg?w=640" width="400" /></figure></div>
<p>Para a população de Pedra de Abelha, sempre que as notícias sobre
Lampião surgiam, voltava as lembranças dos medos e aflições de junho de
1927. Com a sua morte (1938) e o desbaratamento do cangaço (1940), passa
a existir um alívio. Com o passar dos anos, ocorre o natural
desaparecimento das vítimas sobreviventes dos atos cruéis dos
cangaceiros e muitos dos descendentes destas vítimas deixam a região,
emigrando para grandes centros. Falar sobre os fatos da época do cangaço
deixou de ser um tabu.</p>
<p>A partir dos anos 1960, o mito deste cangaceiro o torna um dos
personagens históricos mais famosos da cultura popular brasileira, onde
em muitos lugares do país a figura de Lampião é encarada como símbolo de
nacionalidade e o Cangaço como um expoente da luta da cultura e do povo
nordestino.</p><br /><p>FERNANDES, Raul, A MARCHA DE LAMPIÃO, ASSALTO A MOSSORÓ. 3 ed. Natal, Editora Universitária, 1985.</p>
<p>NONATO, Raimundo, LAMPIÃO EM MOSSORÓ. 5 ed. Mossoró, Coleção Mossoroense, Fundação Vingt-Un-Rosado, 1998.</p>
<p>QUEIROZ, Maria Isaura Pereira, HISTÓRIA DO CANGAÇO, 4 ed. São Paulo, Global Editora, 1991.</p>
<p>CHANDLER, Billy Jaynes, LAMPIÃO, O REI DOS CANGACEIROS, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1980.</p>
<p>FACÓ Rui, CANGACEIROS E FANÁTICOS, GÊNESE E LUTAS, 7 Ed. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1983.</p>
<p>PERNAMBUCANO DE MELLO, Frederico, QUEM FOI LAMPIÃO, Recife, Editora Stahli, 1993.</p>
<p>DELLA CAVA, Ralph, MILAGRE EM JUAZEIRO, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1976. </p><p><br /></p><p>Pescado no <b>Tok de História</b><br /></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-11287426715514794072023-10-09T11:47:00.003-03:002023-10-09T11:47:39.723-03:00Jornais<p> <span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Noite</b> (RJ) - 23 de <b>Abril de 1934</b></span><br /></span><br />O jornal noticiava a morte do cangaceiro <b>Manoel Victor</b>, após 7 anos de estripulias. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6_NFa-QyuHkdozCWq6PKOd11S5_y5qISM8B-o6i_X2qWOnUhn4uzGjQTcta7ZRnzUgzaAGNzBxhucC7llH4mAB4G8kH_XVyv0ldQ5AcUfoNvy2alHBB3GAYJgBCOP5hDZHbQ-qub2e5myXSPRK2oddknBeZb4n2CT8LSwtwmbppWc_NNTjSou1cj1tCQ/s483/387737803_7225899360831968_1690551669215630757_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="483" data-original-width="393" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6_NFa-QyuHkdozCWq6PKOd11S5_y5qISM8B-o6i_X2qWOnUhn4uzGjQTcta7ZRnzUgzaAGNzBxhucC7llH4mAB4G8kH_XVyv0ldQ5AcUfoNvy2alHBB3GAYJgBCOP5hDZHbQ-qub2e5myXSPRK2oddknBeZb4n2CT8LSwtwmbppWc_NNTjSou1cj1tCQ/w325-h400/387737803_7225899360831968_1690551669215630757_n.jpg" width="325" /></a></div><br /><p></p><p>Manoel é considerado por alguns pesquisadores como o único cangaceiro comunista, pois teria se aliado ao partido comunista em 1934. Caso queiram saber mais sobre a história desse bandido que não era do bando de Lampião, pelo contrário, tinha inimizade com ele, basta pesquisar vídeos de canais sérios no youtube que contam a sua biografia. </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgnxSYL5S5_i9QZjrctWqbk-FxrMNSAZGoz1xXrcsFNFum2AkbJv67gC_1YrZMJ1q3W1nlVQ2hjVaBa-NdctaJwNnLeA1O1YV_Dffdh-iEaD-qYlWdYTyxRQN70BxGn4vFBwB_hKREFXYsZCwwYUfHVRWZc1S00lWOMtmZ64hxvlg_dgNj_4atRwD1hBw/s718/Manoel%20V%C3%ADtor,%20morto2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="718" data-original-width="526" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgnxSYL5S5_i9QZjrctWqbk-FxrMNSAZGoz1xXrcsFNFum2AkbJv67gC_1YrZMJ1q3W1nlVQ2hjVaBa-NdctaJwNnLeA1O1YV_Dffdh-iEaD-qYlWdYTyxRQN70BxGn4vFBwB_hKREFXYsZCwwYUfHVRWZc1S00lWOMtmZ64hxvlg_dgNj_4atRwD1hBw/w293-h400/Manoel%20V%C3%ADtor,%20morto2.jpg" width="293" /></a></div> <br /><p></p><p>Na foto estão, da esquerda para direita: Soldado Toinho Rocha, o cangaceiro Manoel Victor já morto, escorado para foto e o soldado Gerôncio Calaça.</p><p> </p><p>Créditos: <b>Guilherme Velame Wenzinger (<i>Facebook Lampião Cangaço e Nordeste</i>)</b><br /></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-52051816640764720792023-10-04T23:21:00.000-03:002023-10-04T23:21:50.739-03:00Anjo Roque na justiça<p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;"><b>Labareda</b> foi <b>julgado</b> em <b>Jeremoabo</b>?
</span></span></p>
<div class="post-header">
<div class="post-header-line-1"></div>
</div>
<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjuGO267k3wNvRCFCJ66G4734qcJJSEBDJa0tFMBFkjEvt0u43dkbnp28zcxr_jPLqUtmg4dtq0UjJ5IdNibyRK6BK2CnQPR8dySAQBhuSxNCgmTZBvdLPTQAxu4mLrk9vUYMPTByLXZs5Vx0CfXDEOvWsyhGYZXJ6I0TjD9e96Nt6qToOlCThqNwe9mHKz" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" data-original-height="1385" data-original-width="1622" height="342" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjuGO267k3wNvRCFCJ66G4734qcJJSEBDJa0tFMBFkjEvt0u43dkbnp28zcxr_jPLqUtmg4dtq0UjJ5IdNibyRK6BK2CnQPR8dySAQBhuSxNCgmTZBvdLPTQAxu4mLrk9vUYMPTByLXZs5Vx0CfXDEOvWsyhGYZXJ6I0TjD9e96Nt6qToOlCThqNwe9mHKz=w400-h342" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>´Anjo´ Roque "Labareda" no xadrez</b><br /></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span> </span>Era alta madrugada do dia
8 de julho de 1939 quando um grupo de homens fortemente armados chega a uma
modesta casa onde viviam os habitantes da fazenda Curral dos Altos, no município
de Bebedouro (Hoje Coronel João Sá – Ba), os bandidos invadem a residência com
facilidade, rendem os ocupantes do imóvel e iniciam a execução de um terrível
plano de vingança.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Logo, tiros de parabélum ecoam pela caatinga imersa na
escuridão da noite, três corpos caem mortos, são Olegário Bispo, filho da dona
da fazenda e dois viajantes, que seguiam para Paripiranga-BA e tomaram a
infeliz decisão de pernoitar ali, foram friamente mortos, eram Antônio Elias e
Nonato Terêncio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O bando segue a sua romaria de crimes, viajam até a
fazenda Logradouro, no mesmo município, e lá assassinam Jovina Maria de Jesus para
logo em seguida, atear fogo em sua residência, deixando para trás uma noite de
crimes, uma cena digna dos momentos finais do cangaço, atuada pelo bando de Ângelo
Roque como uma vingança a uma suposta delação cometida por Josefa Bispo, que
resultou na morte de três integrantes do grupo, inclusive a companheiro do
chefe, Mariquinha.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A descrição que você acaba de ler, foi relatada nos autos
do processo contra Ângelo Roque, Benício Alves dos Santos (Saracura) e Domingos
Gregório (Deus-te-Guie), os cangaceiros que se entregaram em Paripiranga em
abril de 1940 e seguiram para Salvador onde cumpriram pena pelos seus crimes.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma vez estabelecido o roteiro dos crimes que levaram à
condenação dos três cangaceiros acima citados, me dedicarei a narrar os eventos
posteriores, mais especificamente, os episódios ligados ao julgamento desses,
tendo como base os processos de ambos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O primeiro e mais polêmico elemento a ser analisado é o
local da realização do julgamento, visto que, no processo, consta claramente
que o julgamento em si, depoimento de testemunhas, condenação e sentença,
ocorreu na cidade de Jeremoabo entre 1940 e o final de 1942, como indicado no
trecho a seguir: “Sala da sessão do tribunal do júri em Jeremoabo, aos cinco
dias de novembro de 1942”, ou, ao finalizar um ato, o escrivão registra: “Dada
e passada nesta cidade de Jeremoabo aos 12 dias de novembro de 1942”, conforme
imagem abaixo:</span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjeZyP5jaiaoO5h-FMUktms__Yw5qCKDreAq2FPgDptvM_2twK1YM0cSQyn30qXkb1o1MC3OmHh7HDZT8QCW3i7h8oU5MykEJlZAdG6y35I6abOT32al8z1Xpeb7j3a-7PEuJsSjkk2EBIhqiELJeU3UBQvdyzJm3OP2QaoRfUK0AhYoprbhjlA-ounZOvw" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" data-original-height="161" data-original-width="886" height="73" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjeZyP5jaiaoO5h-FMUktms__Yw5qCKDreAq2FPgDptvM_2twK1YM0cSQyn30qXkb1o1MC3OmHh7HDZT8QCW3i7h8oU5MykEJlZAdG6y35I6abOT32al8z1Xpeb7j3a-7PEuJsSjkk2EBIhqiELJeU3UBQvdyzJm3OP2QaoRfUK0AhYoprbhjlA-ounZOvw=w400-h73" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fonte: APEB</td></tr></tbody></table><br /><span> </span><span> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Existem outras
referências no texto que dão margem ao entendimento de que o julgamento em
questão tenha sido realizado, de fato, na famosa cidade de Jeremoabo, contudo,
existem alguns detalhes que precisam ser analisados antes de se chegar a qualquer
conclusão. O primeiro deles, com efeito, é o fato de esse evento, se realizado
em Jeremoabo como consta do processo, não ter deixado nenhuma outra evidência,
nem fotos ou registros em jornais da época nem mesmo ter sido rememorado pela
memória popular.</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pensando por esse
viés, percebemos o quão problemático é o ofício de contar a história, posto que
a fonte para esse trabalho é um documento oficial, assinado por autoridades
conhecidas como, para ficar em um exemplo, o juiz Antônio Ferreira de Brito.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A cronologia dos fatos indica que no dia 04 de fevereiro
do mesmo ano é emitida a Carta de Guia com uma condenação de 30 anos de prisão,
é esse documento que define o número do interno Ângelo Roque da Costa como 1522.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">No
dia 04 de novembro de 1942 sai a condenação pelo assassinato de Olegário Bispo
da Conceição, Antônio Elias e Nonato Terêncio, no dia seguinte, 05 de novembro,
sai a sentença de mais 30 anos pelo assassinato de Jovina Maria de Jesus, na
fazenda logradouro e incendiado à casa dela. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em
12 de novembro de 1942, o Juiz Antônio Ferreira de Brito, decide determinar que
o réu cumpra os 30 anos de prisão apenas por esse homicídio seguido de incêndio,
nesse mesmo dia o escrivão, Manoel Luiz Gonzaga, finaliza o manuscrito </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">É
sabido que em 1941, pelo menos, esses homens já estavam presos em salvador e é
possível que o julgamento em questão tenha sido realizado lá e registrado como tendo
ocorrido em Jeremoabo, mas a hipótese, a meu ver, mais plausível, é que o júri tenha
se reunido de fato em Jeremoabo sem a presença dos réus.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
inconclusão do tema, todavia, não invalida a importância histórica do documento
de posse do Arquivo Público do Estado da Bahia pois, através deste, foi possível
reunir muitas informações acerca dos procedimentos envolvendo os ex-cangaceiros
enquanto estiveram na capital baiana. </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Sabe-se
que os 30 anos de prisão a que foram condenados não foram cumpridos por nenhum
dos três cangaceiros citados, contudo, o que era desconhecido até o presente
momento, era o documento de comutação das penas, emitido pelo gabinete do presidente
Eurico Gaspar Dutra a 18 de setembro de 1947:</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxBslwJb4AsLWduX6riuk_AUEVIf1xtwsKpjafoRuUMcQknJO4FcGz68bkSxVijdoKgRpuWBTFhwCKfEENz-fXcg-F8GOTBoMMvu-MP3s8XrxGTt-zHxing1qOh9ndpovO8PwC3HtM2iGD5KV7xcGP7unTMQT15-nclbms-IGKRFp-66n_szkrNaop3nOM" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" data-original-height="246" data-original-width="886" height="111" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxBslwJb4AsLWduX6riuk_AUEVIf1xtwsKpjafoRuUMcQknJO4FcGz68bkSxVijdoKgRpuWBTFhwCKfEENz-fXcg-F8GOTBoMMvu-MP3s8XrxGTt-zHxing1qOh9ndpovO8PwC3HtM2iGD5KV7xcGP7unTMQT15-nclbms-IGKRFp-66n_szkrNaop3nOM=w400-h111" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fonte: APEB</td></tr></tbody></table><span> </span><span> </span><span> </span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Conforme
se lê no fragmento acima, o presidente do conselho penitenciário, Estácio de
Lima, emitiu relatório favorável à comutação das penas, relatório utilizado
como base para a decisão de comutar as penas dos internos.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3BC5fh0E_HcuQbpExou2iI595ZcutNmH1M23NPHFooR3z0HlHB8tmzOcX2xT2J_7-LBv-Vy1QvERkKSLQbXmEF1yBKvXFcMjuAClHIdy4Hx3tq8SGkbdZuQpNmjbzNbW_m1pVuY-Fjh9I5vZVglWwVrVXP9aq0uoiaLIPDyJn6XlnUvCzjf7Uay2d470/s256/Deus-Te-Guie.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="256" data-original-width="253" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3BC5fh0E_HcuQbpExou2iI595ZcutNmH1M23NPHFooR3z0HlHB8tmzOcX2xT2J_7-LBv-Vy1QvERkKSLQbXmEF1yBKvXFcMjuAClHIdy4Hx3tq8SGkbdZuQpNmjbzNbW_m1pVuY-Fjh9I5vZVglWwVrVXP9aq0uoiaLIPDyJn6XlnUvCzjf7Uay2d470/w395-h400/Deus-Te-Guie.jpg" width="395" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
conversão das penas vai surpreender o leitor, visto que o chefe do bando, Ângelo
Roque, teve sua pena de 30 anos reduzida para 10 anos, ao passo que seus dois
ex-comandados, Saracura e Deus-te-guie, de acordo com o mesmo documento,
tiveram suas sentenças reduzidas para 12 anos cada, pegando dois anos a mais que
o antigo chefe. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a name="_Hlk124365891"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> </span></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Por Moisés
Santos Reis Amaral, Professor há 21 anos do Município de Fátima, Licenciado em
História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira,
Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das
obras: <b>Manual Didático do Professor de História</b>, <b>O Nazista</b> e da <b>HQ
Histórias do Cangaço</b> e dos livros <b>Fátima: Traços da sua História</b>s e <b>O
Embaixador da Paz</b>.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> </span></p>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-insideh: none; mso-border-insidev: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 0cm 3.5pt 0cm 3.5pt;"><tbody><tr style="height: 5.0pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td colspan="2" style="border-bottom: none; border: solid windowtext 1.0pt; height: 5.0pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-right-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt 0cm 3.5pt; width: 254.65pt;" valign="top" width="340">
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Contato</span></b></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border: solid windowtext 1.0pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 91.65pt;" valign="top" width="122">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Fone</span></p>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid windowtext 1.0pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 163.0pt;" valign="top" width="217">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">75 – 99742891</span></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 91.65pt;" valign="top" width="122">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">E- mail.</span></p>
</td>
<td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 163.0pt;" valign="top" width="217">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">moisessantosra@gmail.com</span></p></td></tr></tbody></table>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-79488517676684921892023-09-20T09:07:00.005-03:002023-10-10T17:41:42.171-03:00O ataque a Belmonte<h1 class="content-head__title" itemprop="headline"><span style="font-family: verdana; font-weight: normal;"><b>Primeiro processo</b> em que <b>Lampião</b> aparece como <b>réu</b> é entregue ao acervo da Justiça de Pernambuco</span></h1><p></p><h2 class="content-head__subtitle" itemprop="alternativeHeadline"><span style="font-weight: normal;"><i>Documento marca período em que Lampião assumiu comando do bando que fazia parte, na década de 1920.</i></span></h2><p></p><p>Por Iris Costa, g1 PE </p><p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpXjSX9oVAp6q0LQ_uth2Bo-gObhbFD_E-_rTAlfXRhsSVRVe3a_xBE-4-rhZl4lVYWOw9YGKCtE6QHgPTe-lU1BWaJqlYi1MATlnCs3NTbEoC1Lf4X85iF29SZc0COBCX1r36OvNBCt05s6PmOThPWagdcB00FZjGde7BPCVIPt6DITzpU-q2Xkr_C3k/s1000/desgaste-e-acidificacao.webp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="523" data-original-width="1000" height="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpXjSX9oVAp6q0LQ_uth2Bo-gObhbFD_E-_rTAlfXRhsSVRVe3a_xBE-4-rhZl4lVYWOw9YGKCtE6QHgPTe-lU1BWaJqlYi1MATlnCs3NTbEoC1Lf4X85iF29SZc0COBCX1r36OvNBCt05s6PmOThPWagdcB00FZjGde7BPCVIPt6DITzpU-q2Xkr_C3k/w640-h334/desgaste-e-acidificacao.webp" width="640" /></a></div><br /><p></p><p>A história pernambucana ganhou um novo capítulo nesta semana. Foi entregue ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) o primeiro processo judicial no qual Lampião aparece como réu. São aproximadamente 1.400 páginas escritas à mão, com detalhes da época do Rei do Cangaço.<br /><br />No documento, Virgulino Ferreira da Silva e seu bando são acusados pelo homicídio de Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, um coronel influente e reconhecido líder político da época. O crime, contado em detalhes no processo, aconteceu em 20 de outubro de 1922, em São José do Belmonte, no Sertão do estado.<br /> </p><p>“<i>Luiz Gonzaga veio da cidade de Floresta e se tornou um comerciante próspero em São José do Belmonte. Aconteceram algumas desavenças com as lideranças políticas do município e, devido a isso, uma dessas lideranças contratou o bando de Lampião para fazer essa empreitada contra o comerciante</i>”, explicou o desembargador Alexandre Assunção, presidente da Comissão de Gestão e Preservação da Memória do TJPE.<br /><br />Segundo o magistrado, o processo incluiu muitas pessoas que faziam parte do bando de Lampião. Foram 13 anos em andamento na Justiça até que acontecesse o primeiro julgamento, mas Virgulino nunca chegou a ser condenado.<br /> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8cYzDZt3xSmm6XA_0pVtHqvONS0AfP-B3zXVFzXel9xZVAbFrQ0rbvnvRmrFC2r1StSe44AUHIO97uL74RkQEb9y-5SGGNEY4JJDqtFfZesHg8flH2pT2gXWC0BPQHAhReMGxByn_ayVW12IxGwb2yQfaikcFx2fdWJ2NDhVUVQNJz0gsSDwbyRt5FfA/s1000/processo-lampiao.webp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="573" data-original-width="1000" height="366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8cYzDZt3xSmm6XA_0pVtHqvONS0AfP-B3zXVFzXel9xZVAbFrQ0rbvnvRmrFC2r1StSe44AUHIO97uL74RkQEb9y-5SGGNEY4JJDqtFfZesHg8flH2pT2gXWC0BPQHAhReMGxByn_ayVW12IxGwb2yQfaikcFx2fdWJ2NDhVUVQNJz0gsSDwbyRt5FfA/w640-h366/processo-lampiao.webp" width="640" /></a></div><p></p><p style="text-align: center;"> <b>O nome de Lampião, Virgulino Ferreira da Silva, aparece na página inicial do processo entre os indiciados</b> — Foto: Iris Costa/g1<br /></p><p><br />“<i>Quarenta e duas pessoas foram denunciadas, mas nem todas foram levadas a julgamento porque morreram antes. Eles foram pronunciados, que é a primeira fase do processo de homicídio. Como o material é muito frágil, nós ainda não fizemos a análise completa. Mas já sabemos que aconteceu um julgamento em 1935. Lampião morreu antes da condenação, porque era necessária a presença dele para ocorrer o julgamento”</i>, disse o desembargador.<br /><br />O material do processo foi entregue à Comissão de Gestão da Memória do TJPE e já está em fase de limpeza e conservação. Embora o manuscrito tenha desbotado pela ação natural do tempo, ele ainda apresenta boas condições de leitura e deve ser digitalizado e disponibilizado para consulta pelo Memorial de Justiça.<br /><br />Mônica Pádua é a historiadora chefe do Memorial da Justiça de Pernambuco. De acordo com ela, o processo era procurado por pesquisadores porque marca o início da trajetória de Lampião como líder de um bando de cangaceiros. Até então, ele participava do bando de Sinhô Pereira, seu antecessor no comando.<br /> </p><p> “<i>Lampião deixou de ser um membro de um bando para ser líder de um bando, apesar de ele estar como réu e não ter sido pego. Ele era do bando do Sinhô Pereira, esse processo é justamente no período em que ele passa a ser o líder do bando dele. A gente sabe que ele só foi pego em 1938 quando ele foi morto</i>”, explicou a historiadora.<br /><br />O manuscrito foi entregue ao TJPE pela família do juiz Assis Timóteo, de Triunfo, no Sertão do estado. A chefe do memorial explicou que até o final da década de 1990 não existia nenhum órgão na estrutura do Tribunal para cuidar do acervo histórico. Então era comum que juízes ficassem com o material, como recordação e acervo pessoal.<br /><br />“<i>O Assis Timóteo tinha o cuidado com os acervos da justiça, então ele se preocupou em salvar uma parte dessa documentação que ele via que era preciosa. A gente tem até que agradecer à família por ter preservado esse documento por tanto tempo, já que a gente não tinha essa cultura de preservação desses acervos antigos</i>”.<br /><br />Segundo Mônica de Pádua, ter esse processo no acervo do Memorial de Justiça é uma conquista importante para a consolidação da história brasileira. Após ser disponibilizado digitalmente, qualquer pessoa interessada poderá acessar o documento. Ele também servirá como fonte oficial de pesquisa sobre a história do cangaço.<br /><br />No momento, o material está passando por um processo de limpeza mecânica. “A gente tira todas as ferragens para não ter oxidação das folhas. Depois faz um interfolhamento com papel alcalino, para impedir que as folhas antigas fiquem mais ácidas. Junto com essa fase, as folhas são organizadas em ordem e numeradas", contou Mônica de Pádua. De acordo com ela, o processo pode estar disponível ao público ainda esse mês.<br /><br />“<i>A gente vai dar prioridade a esse processo. Se tudo der certo e não tiver folhas muito rasgadas, em três dias a gente consegue digitalizar. Até final de setembro eu acredito que a gente já consiga colocar isso na internet para o público</i>”, finalizou a chefe do Memorial.</p><p>Pescado no G1 <br /></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-74871642855738175432023-05-14T19:16:00.001-03:002023-10-17T09:55:36.893-03:00Cabra de Labareda<p><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">Alvará de <b>Soltura</b> do Cangaceiro <b>"Deus Te Guie"</b></span><br /></p>
<div class="post-header">
<div class="post-header-line-1"></div>
</div>
<p></p><p><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></p><p><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Achado de Moisés Reis<b><br /></b></span></p><p><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><b>Domingos Gregório dos Santos</b>,
o cangaceiro "<b>Deus te Guie"</b>, foi um dos bandoleiros entregues em 1940 em
Paripiranga, com o grupo de Ângelo Roque. </span>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb-bM4xegzaPmGElmS773yHecusPfDVgg9jdYqf00zucO2HvPr53-Xaep4BGyhx0ga2SaF07yrQobQMyaHHJdFNtzQihsgvU5XSyHWD5aiaSE38_9D3r3NY2ti9DkSWkatK9DqfoZzpJm5ZjakNLzMugChkW47j8eERMIEeEQCoNJCw_UuCwTRIlRw/s1611/Deus-te-guie.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1611" data-original-width="1322" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb-bM4xegzaPmGElmS773yHecusPfDVgg9jdYqf00zucO2HvPr53-Xaep4BGyhx0ga2SaF07yrQobQMyaHHJdFNtzQihsgvU5XSyHWD5aiaSE38_9D3r3NY2ti9DkSWkatK9DqfoZzpJm5ZjakNLzMugChkW47j8eERMIEeEQCoNJCw_UuCwTRIlRw/w526-h640/Deus-te-guie.jpg" width="526" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Juntamente com o chefe e outros companheiros como Saracura,
<b>Cacheado </b>e outros, foram encaminhados para Salvador, julgados e condenados a
diferentes penas pelos crimes cometidos durante os anos de cangaço.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGUnP2zdGCm52xTMo-E_2onCsN2eXCsOA9H-5ZA9Vajyv2H4ksEgfBGJ5fQ6Q-bt6tLO-Ibv1d3OjWdKY5h4AxpivYcAiIGuoEFmWBLpGtiA6HFrhyphenhyphenj4aSnB0fhqTzNfeGftIq_TWQ29ZzFCtYzD_SP-faamdDE0l5EcbaQSgljuu0vvBKlPTRLsL6X44/s2048/Euclides%20Cust%C3%B3dio,%20vulgo%20Cacheado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1296" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGUnP2zdGCm52xTMo-E_2onCsN2eXCsOA9H-5ZA9Vajyv2H4ksEgfBGJ5fQ6Q-bt6tLO-Ibv1d3OjWdKY5h4AxpivYcAiIGuoEFmWBLpGtiA6HFrhyphenhyphenj4aSnB0fhqTzNfeGftIq_TWQ29ZzFCtYzD_SP-faamdDE0l5EcbaQSgljuu0vvBKlPTRLsL6X44/w406-h640/Euclides%20Cust%C3%B3dio,%20vulgo%20Cacheado.jpg" width="406" /></a></span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><b>Euclides
Custódio, vulgo Cacheado, detido na casa de detenção de Salvador no ano
de 1944. Apesar de pouco falado, era extremamente perigoso, após a
morte do cangaceiro Gato, Cacheado passou a executar para Lampião
algumas das missões mais cruéis designadas pelo rei do cangaço.</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Créditos Helton Araújo </span><br /><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">De acordo com o processo ao qual tive acesso, contava, quando
foi preso, com 22 anos de idade, era filho de João Gregório dos santos e
Francisca Maria de Jesus.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><b>Deus te Guie</b> foi recebido na penitenciária do Estado
da Bahia a 15 de fevereiro de 1943 e registrado como prisioneiro de número
1523, sentenciado inicialmente a 10 anos e doze meses de prisão por participar
do assassinato de Olegário Bispo da Conceição, Antônio Elias e Nonato Firmino,
crime ocorrido em 8 de junho de 1939 pelo grupo de Ângelo Roque em Bebedouro. Por
esse triplo homicídio, inclusive, Labareda pegaria 30 anos de prisão, conforme
processo ao qual também tive acesso no arquivo público da Bahia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ainda de acordo com o documento abaixo, Deus te Guie teria amargado
longos 12 anos e dez meses de prisão celular, isto é, regime fechado, na
capital baiana.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">O alvará de soltura do ex-cangaceiro é datado de 12 de
outubro de 1953. Foi essa a data exata que o ex-integrante do temível grupo de
Labareda ganhou a liberdade após pagar a sua dívida com a sociedade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p><br /><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdkEQFK5LNyW9hOuB8cZi7ebtYyGt6jtKtrKym9k8TakIfIIK8GFAF8NL3htm73BwiwfV9DSAPyQAAHziqAhge4XxOLu1yRg8tqajngi3vQhsx3OTn38u-vZdvl0zsNJWhW7C7Mx2MI8oQhEpg-W7aPtlE-F9oB2T1MA7gAVIVbIgsFLLgH9BhE7KEPA/s823/Alvar%C3%A1%20de%20soltura%20Deus%20te%20Guie.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="823" data-original-width="747" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdkEQFK5LNyW9hOuB8cZi7ebtYyGt6jtKtrKym9k8TakIfIIK8GFAF8NL3htm73BwiwfV9DSAPyQAAHziqAhge4XxOLu1yRg8tqajngi3vQhsx3OTn38u-vZdvl0zsNJWhW7C7Mx2MI8oQhEpg-W7aPtlE-F9oB2T1MA7gAVIVbIgsFLLgH9BhE7KEPA/w580-h640/Alvar%C3%A1%20de%20soltura%20Deus%20te%20Guie.jpg" width="580" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Alvará de Soltura de Deus te Guie - Arquivo Público da Bahia.</b></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: left;"> <b>Pescado no</b> <a href="https://historiadefatimaba.blogspot.com/2023/05/alvara-de-soltura-do-cangaceiro-deis-te.html?fbclid=IwAR3YnQzUOKija1lwGrT_2V_hThxY4InQXFYYUkv7lDL4kRvbolVghIH4N9E">Blog do autor</a><br /></div><div style="text-align: left;"> </div><div style="text-align: left;">CONHEÇA O NOVO LIVRO:</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEJdawH_JE-s6uv4SUYJZgDqCJorYBTCb3UJC6XLZNC_mFwMFgjEVn-KSTK6Djgvcxey-TPTfiwws3alvEZ2Py2sNlrkwmd86yBnv_8S5VC-js72pwSPfZEzBLZaXBGsBAJizro_A68DUoCbaRdJXDxFqTiNf3fsg7MDZHO5k5MyPO_z3aWL8_wTLBOA/s2000/Pr%C3%A9-venda%20(3).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2000" data-original-width="1414" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEJdawH_JE-s6uv4SUYJZgDqCJorYBTCb3UJC6XLZNC_mFwMFgjEVn-KSTK6Djgvcxey-TPTfiwws3alvEZ2Py2sNlrkwmd86yBnv_8S5VC-js72pwSPfZEzBLZaXBGsBAJizro_A68DUoCbaRdJXDxFqTiNf3fsg7MDZHO5k5MyPO_z3aWL8_wTLBOA/s320/Pr%C3%A9-venda%20(3).png" width="226" /></a></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-76257673507198275862023-05-14T19:06:00.004-03:002023-10-10T17:42:31.161-03:00Arte<p> <span style="font-family: verdana; font-size: x-large;"><b>Lampião</b> e <b>Maria</b> Bonita, por Marcos Baby</span><br /></p><h3 class="post-title entry-title"><br /></h3>
<div class="post-header">
<div class="post-header-line-1"></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMyw2tgLYYr5aO-Uy1rPbBZl21Rq-lfXdDcsFRf3tgGHCd2OSHS6ozn-b_F01reUHMcSGIXtFuGudpHlog30dEwBZMnRTZ7b6Qr1FfuVgQFy9YFm4YxpJNvI5lsuIb1WejftJDBPqZq5JCt76x61rN-rUf3An2Vmbyr_N30bVEe6F5CY3d0xD8uymM/s550/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20000%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="445" data-original-width="550" height="389" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMyw2tgLYYr5aO-Uy1rPbBZl21Rq-lfXdDcsFRf3tgGHCd2OSHS6ozn-b_F01reUHMcSGIXtFuGudpHlog30dEwBZMnRTZ7b6Qr1FfuVgQFy9YFm4YxpJNvI5lsuIb1WejftJDBPqZq5JCt76x61rN-rUf3An2Vmbyr_N30bVEe6F5CY3d0xD8uymM/w481-h389/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20000%20a.jpg" width="481" /></a></div><p>Decidi fazer a minha versão em bonecos dos ícones da cultura pop nordestina, os cangaceiros <b>Virgulino Ferreira</b>, o "<b><i><a href="https://g.co/kgs/HxSe2d" target="_blank">Lampião</a></i></b>" e a <b>Maria de Déa</b>, a "<i><b><a href="https://g.co/kgs/vPFpS7" target="_blank">Maria Bonita</a></b></i>". Para o <i>Lampião</i> utilizei um corpo e cabeça do <i>Ken</i>, modelos "<i>Fashionistas</i>" e para a <i>Maria Bonita</i>, um corpo e cabeça da <i>Barbie</i> sendo a cabeça um modelo <i>vintage</i>
do início dos anos 2000. Todos ganharam novas maquiagens, cabelos,
penteados e acessórios seguindo como base a caracterização dos atores <b>Nelson Xavier</b> e <b>Tânia Alves</b> respectivamente os personagens protagonistas da minissérie "<i><b><a href="https://g.co/kgs/2UwZ35" target="_blank">Lampião e Maria Bonita</a></b></i>"
da Rede Globo (1982). As roupas foram feitas em malha e tingidas a mão.
Todos os acessórios como bornais, cantis e armas também foram criados
exclusivamente para esse projeto que consumiu ao todo 15 dias de
trabalho. O resultado vocês conferem abaixo:</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFf_ff65VtuoV3bxtChrAoNtXWWSXdvprtgI2rDiihUJv99JKiJZf-Pi_C_FOcxBXYUNezgFGbU-Qa1pohNJox9ZEoEzzLoVqGxuDZJmcn3xIxm0Nx42S7u6uTZKgoKkM-F4rYIf54LHr4_Ula-BWyDLR_3oFBVxL85yB0EW2w-qROk5cux5yfBb3M/s977/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20001%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="977" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFf_ff65VtuoV3bxtChrAoNtXWWSXdvprtgI2rDiihUJv99JKiJZf-Pi_C_FOcxBXYUNezgFGbU-Qa1pohNJox9ZEoEzzLoVqGxuDZJmcn3xIxm0Nx42S7u6uTZKgoKkM-F4rYIf54LHr4_Ula-BWyDLR_3oFBVxL85yB0EW2w-qROk5cux5yfBb3M/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20001%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxTIGdAQt1bMqF5VGl-rEglT0u19_SSD7mtS-LBtphPQVcEf4MRq_KliG1tL1e2CbDOoGfoTpM5U2KEJ_c7kYe_EploHR5IvrAKgol5vIEvg_aoiNE3mcMH0kWTqMZ9GI3JFiRLwlEFoBmKyYuF2j9A5HhmnVpSq4g4cOhJ0vqaaPIfSHLUNHYfxT_/s977/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20002%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="977" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxTIGdAQt1bMqF5VGl-rEglT0u19_SSD7mtS-LBtphPQVcEf4MRq_KliG1tL1e2CbDOoGfoTpM5U2KEJ_c7kYe_EploHR5IvrAKgol5vIEvg_aoiNE3mcMH0kWTqMZ9GI3JFiRLwlEFoBmKyYuF2j9A5HhmnVpSq4g4cOhJ0vqaaPIfSHLUNHYfxT_/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20002%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgZ-WfxuDds1Jr9qpL9q69eU9y1QAuUlNrywJHBjPkyUN64F-TwTszS7u9COmPLgNtLiHadnUsd5jr5jKBJqZQluPuq73J8MCl9Z4TSzo6T0opmnjYgiKi6DX61O54E1DAbh4q_KR5eDkub9DnNHDKGUDwYCuy3qnhlgoa5zS0bw5nRlmDH__ipqwe/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20003%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgZ-WfxuDds1Jr9qpL9q69eU9y1QAuUlNrywJHBjPkyUN64F-TwTszS7u9COmPLgNtLiHadnUsd5jr5jKBJqZQluPuq73J8MCl9Z4TSzo6T0opmnjYgiKi6DX61O54E1DAbh4q_KR5eDkub9DnNHDKGUDwYCuy3qnhlgoa5zS0bw5nRlmDH__ipqwe/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20003%20a.jpg" width="360" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjHWwUEaub8MS5d3nEOnmwf0ZjkYdEE8s66CXlzp9nOISg-WsyIRnCP6OPLlKpZuZgtQeXtbMHDGkOQLiDhJiJq2GwbD6b13o2Ejby5XiGm2NTJT2C9C-q3SpM8JlvBWf-6-Dd0zRiqZE2BoyakYHn6P4TMlBR2pdqKywQ2suXGPsq6UHwJLs4uV1i/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(53)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjHWwUEaub8MS5d3nEOnmwf0ZjkYdEE8s66CXlzp9nOISg-WsyIRnCP6OPLlKpZuZgtQeXtbMHDGkOQLiDhJiJq2GwbD6b13o2Ejby5XiGm2NTJT2C9C-q3SpM8JlvBWf-6-Dd0zRiqZE2BoyakYHn6P4TMlBR2pdqKywQ2suXGPsq6UHwJLs4uV1i/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(53)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguqrgAV-c8Mdt3pNic8SIMpiZsU8qHPxI_6qd1nwGk5cx7nCJreqTqWL9SNRturGXCI_7PDsfx-b9NiDGAQbTccuXF9x2YKBF7OuKEL9ztBtgEpDAT-1KTspYQ4rXgtMINvDw_BE7pU6S3utI2aiQJA0fB3aWmciR_lZ-oK7r0QSC6KzWOub1TKZZw/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(54)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguqrgAV-c8Mdt3pNic8SIMpiZsU8qHPxI_6qd1nwGk5cx7nCJreqTqWL9SNRturGXCI_7PDsfx-b9NiDGAQbTccuXF9x2YKBF7OuKEL9ztBtgEpDAT-1KTspYQ4rXgtMINvDw_BE7pU6S3utI2aiQJA0fB3aWmciR_lZ-oK7r0QSC6KzWOub1TKZZw/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(54)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivzUsA3juU_E7DUedhlFos_lNSYqzaAsjjjDH1o9R2etuTADHQAAZLjhpjCHYm7ONZazFVWy098IXUustmNOSl8wQJhpwuudNhJ1XCYBsVB7fxRQK1W2YF8c1iGRLwfZIf1kiNbNN_AiE01AMgpcpIpdRvIzN0n8kdoVeLtmZjXnXM_A5HcDpjFNnK/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(55)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivzUsA3juU_E7DUedhlFos_lNSYqzaAsjjjDH1o9R2etuTADHQAAZLjhpjCHYm7ONZazFVWy098IXUustmNOSl8wQJhpwuudNhJ1XCYBsVB7fxRQK1W2YF8c1iGRLwfZIf1kiNbNN_AiE01AMgpcpIpdRvIzN0n8kdoVeLtmZjXnXM_A5HcDpjFNnK/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(55)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1oATV-XamHTHuxt3DQytGTrxNkcDAbRStk67Y3NK3pWOV0ca5siCiU0bQb35FHdvxsEVBFUUotTkVGapTbIJzbxqzbOChl7H1bRr2SWW2BpWH7Y53aVgjvstv7xpym8reBuiKatgv_LsUQ22BeZsf9nB0vVFEzMrbuS8hrNyeeg2EkmnCU2q8Qt1J/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(56)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1oATV-XamHTHuxt3DQytGTrxNkcDAbRStk67Y3NK3pWOV0ca5siCiU0bQb35FHdvxsEVBFUUotTkVGapTbIJzbxqzbOChl7H1bRr2SWW2BpWH7Y53aVgjvstv7xpym8reBuiKatgv_LsUQ22BeZsf9nB0vVFEzMrbuS8hrNyeeg2EkmnCU2q8Qt1J/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(56)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKQ9mHy8vQV7YKZeU4ktzQm8zmabfgf6xqIpws4d1Ipgaz5_7JrHoMWzQMD8QnXSlqrFU0ndxyiBApSgoytXECl3iqkbRaPjOjJzRr_iVTInm3F3PsYiJumXOPj_P4neY1dQNSL_nrhfMBtN1RHQrBcRm7wXYGujN_hcGeboijUhQ85GxBf4EJ3Q4x/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(57)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKQ9mHy8vQV7YKZeU4ktzQm8zmabfgf6xqIpws4d1Ipgaz5_7JrHoMWzQMD8QnXSlqrFU0ndxyiBApSgoytXECl3iqkbRaPjOjJzRr_iVTInm3F3PsYiJumXOPj_P4neY1dQNSL_nrhfMBtN1RHQrBcRm7wXYGujN_hcGeboijUhQ85GxBf4EJ3Q4x/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(57)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4u7dBPs-D-TmRVJjHnUKCq3MnVzE6dyejqhx1dgmkmsDFc210Cmu2HHfiB8odTcydr4iY_wwVCO8x_DEWS6FjXTZ2AdgsZoSur5s7I6JswiQg-EiFugdMOT_aCm_Laot3-P0EEz5cQnUscek4ku-9svoWOVncbwp6Gvtw_5y-XTGMTMaPJ0biIjfr/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(58)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4u7dBPs-D-TmRVJjHnUKCq3MnVzE6dyejqhx1dgmkmsDFc210Cmu2HHfiB8odTcydr4iY_wwVCO8x_DEWS6FjXTZ2AdgsZoSur5s7I6JswiQg-EiFugdMOT_aCm_Laot3-P0EEz5cQnUscek4ku-9svoWOVncbwp6Gvtw_5y-XTGMTMaPJ0biIjfr/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004%20(58)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2vfYIOzHvE0aQg_0adijgtv3DocHWGwQ1jJNLzoJyfp4IQHmDF6jLaPY0t_hShxPt__UIzZHBfSVOdmzHM9Q5XZUp-F1rWuDHMSznKN7D7Scm3871wh4S8KWqJBsIWeh69N6x6NH4wpTfLdYtxONQZbRKBcf3dGR5ty_vcPYg9_0QuXUjU2VQt15Q/s977/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004a%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="977" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2vfYIOzHvE0aQg_0adijgtv3DocHWGwQ1jJNLzoJyfp4IQHmDF6jLaPY0t_hShxPt__UIzZHBfSVOdmzHM9Q5XZUp-F1rWuDHMSznKN7D7Scm3871wh4S8KWqJBsIWeh69N6x6NH4wpTfLdYtxONQZbRKBcf3dGR5ty_vcPYg9_0QuXUjU2VQt15Q/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20004a%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCfLLqiY9nOAKEV9BoGVR6U2-nsA3k5yATpPHyrKUEGfb0mr4vdApANFNXc5LQelpYUzq31kaTPSQNMrQjRjFuIOhoFopCVXOSDy42J_RmsiPWpxyUK1RryfO00lefvDD-qUjJyhigDa3eNZCVRiUB1F87c-wxZhKYEgyeT5JgKtuyxlmKUHKZbV1n/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(1)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCfLLqiY9nOAKEV9BoGVR6U2-nsA3k5yATpPHyrKUEGfb0mr4vdApANFNXc5LQelpYUzq31kaTPSQNMrQjRjFuIOhoFopCVXOSDy42J_RmsiPWpxyUK1RryfO00lefvDD-qUjJyhigDa3eNZCVRiUB1F87c-wxZhKYEgyeT5JgKtuyxlmKUHKZbV1n/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(1)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmlmGX0gC_EGQXueK-q6NGt5n-5ZtjmY4QgTuG91uqbiEeJEUfolS5ySufst3rCR_s6sMIkQbCqCFX7d47qJNGev5lmutOvnpJf5CGvsViI7anxuTOLI-SUD-NvgZvCbsUvZw-hDxdHplPuFajIf8Jf282Z4aEqVd-sxcYL_jGOeq65UPlnU6Rucny/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(2)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="550" data-original-width="978" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmlmGX0gC_EGQXueK-q6NGt5n-5ZtjmY4QgTuG91uqbiEeJEUfolS5ySufst3rCR_s6sMIkQbCqCFX7d47qJNGev5lmutOvnpJf5CGvsViI7anxuTOLI-SUD-NvgZvCbsUvZw-hDxdHplPuFajIf8Jf282Z4aEqVd-sxcYL_jGOeq65UPlnU6Rucny/w400-h225/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(2)%20a.jpg" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz5895j6pTIseEXVaTzYf3CATGuP0kEuuD6hJKEtpHkWxYoLXj5DGCP_6KHZErour9VALr0yyvL1eVSqYZPM5a2PgYxurgynSLm6Xu1XgYEyq0Rd8PNovtaNXpY2Xi4lDM8U8qYux5L1AasYndqIXtmJAxe9TIBA9SYaYIs271_Fd73rczS-Sp_a7X/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(3)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz5895j6pTIseEXVaTzYf3CATGuP0kEuuD6hJKEtpHkWxYoLXj5DGCP_6KHZErour9VALr0yyvL1eVSqYZPM5a2PgYxurgynSLm6Xu1XgYEyq0Rd8PNovtaNXpY2Xi4lDM8U8qYux5L1AasYndqIXtmJAxe9TIBA9SYaYIs271_Fd73rczS-Sp_a7X/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(3)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9dNxFs8qjKJj-hcxVDPvJjwodvHXLu7zDQHuz0SyYfLtD-nEMSppGyzJ8KjYiewHzGYp_r3GAqPs0bczIyh0NGdXgv6-nPfQ-fenAqz1cr3SatU8kbfQRir715oVf_Kdsmjiac24jdSFNHX4oynDcgmJu139kqXcL4osWmY1kjTcYBD0tVrGJjRgp/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20005%20(4)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; 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text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOPPWwX6qP1zG4ndRh-xhMACRLPSKc3qLZyICLfAvtYbuhRtmt8ASql_W94n8MgpYybahSSHzhfm-wxom-B_zPjRBCRU0XEd0fiVE6gDhoyCR2hfL-YWkQrDA6vLLSqM394GyGqJ7JWQtyR87yE4RaTQoh4jwFjZj3oMpk6H6UjtH3lr8MvbAblnnN/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(3)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOPPWwX6qP1zG4ndRh-xhMACRLPSKc3qLZyICLfAvtYbuhRtmt8ASql_W94n8MgpYybahSSHzhfm-wxom-B_zPjRBCRU0XEd0fiVE6gDhoyCR2hfL-YWkQrDA6vLLSqM394GyGqJ7JWQtyR87yE4RaTQoh4jwFjZj3oMpk6H6UjtH3lr8MvbAblnnN/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(3)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhO6IAp8dhurIoE_BfUAJZYeL3B0RRD-d6XvTJRWYoEEQUJoKEWWYsUWUdaMECf_Ov8yi2PzPq1RNEbmkqscCnrOmab_C4H2GWfzOw8fLQV8cDEbKwOHkK1M3-d2wcJLW0EW_Zu_2jBAhUGBjqBJaS7I0AtEzYEI55CUW86m-ZJ7_d58mS0l4E8Bjw/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(3a)%20(1)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhO6IAp8dhurIoE_BfUAJZYeL3B0RRD-d6XvTJRWYoEEQUJoKEWWYsUWUdaMECf_Ov8yi2PzPq1RNEbmkqscCnrOmab_C4H2GWfzOw8fLQV8cDEbKwOHkK1M3-d2wcJLW0EW_Zu_2jBAhUGBjqBJaS7I0AtEzYEI55CUW86m-ZJ7_d58mS0l4E8Bjw/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(3a)%20(1)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgltKgy7-ce51g_87FkCgdT82WGMGPycFKKX9OU5nxttHSLcTnh53TpnR4eQYIqZnROSkVVJ_ijEo4gcCKNMpLtTJMlznGIUAovqeH8jqyEJKFAM7HoT0xfduT-t8EvsSSqzlgRySQQiSNZmSlcPKpgf2pgppBR2IdGXA9M3lFgwkHZ0GTGXX76UJ_s/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(3a)%20(2)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgltKgy7-ce51g_87FkCgdT82WGMGPycFKKX9OU5nxttHSLcTnh53TpnR4eQYIqZnROSkVVJ_ijEo4gcCKNMpLtTJMlznGIUAovqeH8jqyEJKFAM7HoT0xfduT-t8EvsSSqzlgRySQQiSNZmSlcPKpgf2pgppBR2IdGXA9M3lFgwkHZ0GTGXX76UJ_s/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(3a)%20(2)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhER1xOl2XJ6UulWYk6GbZDkbbrSZ5BS0b80VycH2DfcCmCTEg2c4LhbM5xM9vYwpY2IilMYrJluTv2V9d_2zr2Jbfe1PLLKkolE2pCI0S_Tjkre3TQsU3bxAb1tIQ8uLXummEzTTG70_3r8z6a5w_jMILYoNO8scMo5XN19coSVw7aWzhhP1x8CRu8/s978/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(4)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhER1xOl2XJ6UulWYk6GbZDkbbrSZ5BS0b80VycH2DfcCmCTEg2c4LhbM5xM9vYwpY2IilMYrJluTv2V9d_2zr2Jbfe1PLLKkolE2pCI0S_Tjkre3TQsU3bxAb1tIQ8uLXummEzTTG70_3r8z6a5w_jMILYoNO8scMo5XN19coSVw7aWzhhP1x8CRu8/w360-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20006%20(4)%20a.jpg" width="360" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga204GOHiMjuXGRETC7xcnCDRtC0ytXFWayDjg8YXSBzWm_6QAU6j9V6SYSrImZKQXRzo-qJzEW-6LA7YL3orHU-CRLLb2EFP6ERrokv-RWgfK3ItQgepAtbz9RwOTEexW5yK8UGABsxgN8BfTYkXnf2mi56cnk_4sjtKQxPACYZCgSc6s5j18IIVv/s688/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20008%20(1)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="688" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga204GOHiMjuXGRETC7xcnCDRtC0ytXFWayDjg8YXSBzWm_6QAU6j9V6SYSrImZKQXRzo-qJzEW-6LA7YL3orHU-CRLLb2EFP6ERrokv-RWgfK3ItQgepAtbz9RwOTEexW5yK8UGABsxgN8BfTYkXnf2mi56cnk_4sjtKQxPACYZCgSc6s5j18IIVv/w512-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20008%20(1)%20a.jpg" width="512" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDGY0mE97-1HigWNtFj-DPPSOd1ljoIEpmEsfOAd8KIP_dhYFl38FQ779HDslEBbifj9epvGizQloEAYMizMdtPphhQgW433oG0MY8UMXCbRpvUVujRd8YbUYfFxJJIxQGmMtWLJloR_PCUkkwBhUmhQVNVZjEGPdEgrW7TU8EBcHTtQaZlFiLV-ee/s688/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20008%20(2)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="688" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDGY0mE97-1HigWNtFj-DPPSOd1ljoIEpmEsfOAd8KIP_dhYFl38FQ779HDslEBbifj9epvGizQloEAYMizMdtPphhQgW433oG0MY8UMXCbRpvUVujRd8YbUYfFxJJIxQGmMtWLJloR_PCUkkwBhUmhQVNVZjEGPdEgrW7TU8EBcHTtQaZlFiLV-ee/w512-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20008%20(2)%20a.jpg" width="512" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid8qDEfeN0vek-qO9_Jm_Ub5oJHMA8-lBQk33CC9--xm4lKe1C21oLewxdshdxE5h0j5S2KSPDJKONI5dKAQKrzedox8QNvZNtzInkdMSJE3YBMGy9AXx7CEk5xLPr86z1S_uUNbZhQN7eOciwGYeH1KfZNe70pfTtEIfHWOjMUkOA-ifyQ0YKP2WK/s688/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20008%20(3)%20a.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="688" data-original-width="550" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid8qDEfeN0vek-qO9_Jm_Ub5oJHMA8-lBQk33CC9--xm4lKe1C21oLewxdshdxE5h0j5S2KSPDJKONI5dKAQKrzedox8QNvZNtzInkdMSJE3YBMGy9AXx7CEk5xLPr86z1S_uUNbZhQN7eOciwGYeH1KfZNe70pfTtEIfHWOjMUkOA-ifyQ0YKP2WK/w512-h640/Lampi%C3%A3o%20e%20Maria%20Bonita%20bonecos%20Marcus%20Baby%20008%20(3)%20a.jpg" width="512" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">pescado no <a href="https://bonecosdobaby.blogspot.com/2022/05/lampiao-e-maria-bonita-bonecos-de.html?fbclid=IwAR2OOVqpeasYCrpiyOAeBzTgDqS_u19Y6JwrvyKCiLlVU-yga9TSVwwnDRA" target="_blank">blog do artista</a><br /><br /></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-74522087039763361072023-01-15T23:57:00.005-03:002023-01-15T23:57:41.597-03:00Banditismo no Nordeste brasileiro<p align="left"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;">Trecho de <b>‘Guerreiros do sol’</b>, de <b>Frederico</b> Pernambucano de Mello, relançado pela Cepe Editora<strong class="contentlock"> </strong></span></span></p><p align="left"><strong class="contentlock"> <br /></strong></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><strong class="contentlock"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9VjR27KBMHJZ8WN32C-F4P8tlmmms_IRteNcMUO9tMp9JK-XHBJEAnJhnygEkQ0rom6UZNXmni4qOTMywt38F3OhfqYK1MnwuWHk4zpVMT5dA7BC5BPHEcW8Er4ikMJSA0gHnm1c8xwpJM_9_b85C7p-U5MSbz3Zf8N3S0IFdpnqQQJRMnat4jAcH/s1222/5229.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="775" data-original-width="1222" height="406" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9VjR27KBMHJZ8WN32C-F4P8tlmmms_IRteNcMUO9tMp9JK-XHBJEAnJhnygEkQ0rom6UZNXmni4qOTMywt38F3OhfqYK1MnwuWHk4zpVMT5dA7BC5BPHEcW8Er4ikMJSA0gHnm1c8xwpJM_9_b85C7p-U5MSbz3Zf8N3S0IFdpnqQQJRMnat4jAcH/w640-h406/5229.jpg" width="640" /></a></strong></div><p></p><p style="text-align: center;"><strong class="contentlock"></strong>Volante pernambucana do tenente
Sinhozinho Alencar, em Belmonte, Pernambuco, 1926. Notar o à vontade
das crianças em meio às armas dos soldados Foto <b>Cortesia de Valdir Nogueira</b></p><p align="left"><strong class="contentlock"> </strong></p><p align="left"><strong class="contentlock">CANGAÇO: DO ENDÊMICO TOLERADO AO EPIDÊMICO REPELIDO</strong></p><p align="left"><strong class="contentlock"></strong>Vejamos agora o cangaceiro, indiscutivelmente a personagem mais destacada e complexa de todo o elenco que estamos analisando.
</p><div class="matler-text"><p>Em estudo de comparação entre as culturas dos dois grandes ciclos
nordestinos, afirmou Câmara Cascudo que o ciclo da cana-de-açúcar não
poderia ter produzido o cangaceiro.<sup>1</sup> À parte algum exagero
retórico que a assertiva parece conter, não resta dúvida de que o homem
do cangaço disputa com o próprio vaqueiro a primazia no representar do
modo mais completo o conjunto dos atributos e qualidades que
caracterizam o homem do ciclo do gado. As noções de independência,
improvisação, autonomia e livre-arbítrio conheceram nele seu cultor
máximo. Ninguém o excedeu no dar asas soltas ao aventureirismo e ao
arrojo pessoal. Ninguém mais que ele soube gozar e sofrer, a um só
tempo, as peculiaridades do viver nômade. Foi, a ferro e fogo, senhor de
suas próprias ventas, atuando — como se diria com expressão do velho
Nordeste colonial — sem lei nem rei.</p>
<p>Ao contrário do que teimam em afirmar certos intérpretes, não é
possível surpreender uma relação de antagonismo necessária entre
cangaceiro e <em>coronel</em>, tendo prosperado — isto sim — uma
tradição de simbiose entre essas duas figuras, representada por gestos
de constante auxílio recíproco, porque assim lhes apontava a
conveniência. Ambos se fortaleciam com a celebração de alianças de apoio
mútuo, surgidas de forma espontânea por não representarem requisito de
sobrevivência nem para uma nem para outra das partes, e sim, condição de
maior poder. Por força dessas alianças, não poucas vezes o bando
colocava-se a serviço do fazendeiro ou chefe político, que se convertia,
em contrapartida, naquela figura tão decisivamente responsável pela
conservação do caráter endêmico de que o cangaço sempre desfrutou no
Nordeste, que foi o coiteiro. </p><p>Sobre o relacionamento — muito mais
convergente que divergente — do cangaceiro com o proprietário rural, é
interessante assinalar uma outra opinião de Graciliano Ramos, contida em
seu livro <em>Viventes das Alagoas</em>. Com a autoridade de ter sido
ele próprio, durante largos anos, um ativo vivente de uma Alagoas que
era chão e tempo de cangaço, sustenta Graciliano que a aliança
mostrava-se “vantajosa às duas partes: ganhavam os bandoleiros, que
obtinham quartéis e asilos na caatinga, e ganhavam os proprietários, que
se fortaleciam, engrossavam o prestígio com esse negócio temeroso”.<sup>2</sup></p>
<p>Deve restar bem claro que o relacionamento não produzia vínculo de
subordinação exclusiva para qualquer das partes. A característica
principal do cangaceiro, vale dizer, o traço que o faz único em meio aos
demais tipos já aqui analisados, é a ausência de patrão. Mesmo quando
ligado a fazendeiros, por força de alianças celebradas, o chefe de grupo
não assumia compromissos que pudessem tolher-lhe a liberdade. A
convivência entre eles fazia-se de igual para igual, agindo o cangaceiro
como um fazendeiro sem terras, cioso das prerrogativas que lhe eram
conferidas pelo poder das armas, sem dúvida o mais indiscutível dos
poderes.</p>
<p>Houve cangaços dentro do cangaço — convém timbrar aqui. Em nosso estudo <em>Aspectos do banditismo rural nordestino</em>,
publicado pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais em 1974,
tivemos oportunidade de identificar modalidades criminais bem distintas,
abrigadas sob o rótulo indiferenciado de cangaço.<sup>3</sup></p>
<p>Com base no que já havia sido sentido e acusado de forma não
sistemática por autores como Câmara Cascudo, Irineu Pinheiro, Coriolano
de Medeiros, Gustavo Barroso, Ariano Suassuna e, principalmente, Xavier
de Oliveira,<sup>4</sup> foi possível isolar, dentro do quadro geral do
cangaço nordestino, formas básicas perfeitamente caracterizadas, com
traços peculiares inconfundíveis, capazes de atribuir colorido próprio
exclusivo e fácil distinção entre si. Os que conhecem, ainda que
superficialmente, a história do nosso banditismo rural sabem que a
existência criminal desenvolvida por um Lampião, por exemplo, não pode
ou, ao menos, não deve ser confundida com aquela levada a efeito por um
Sinhô Pereira ou um Jesuíno Brilhante. No campo subjetivo, diferiam as
motivações, os interesses, as aspirações, como diferiam os gestos, as
limitações e as atitudes, no plano objetivo. Diversos foram os fatores
que condicionaram a adoção do viver pelas armas em cada modalidade, como
diversa se mostraria sempre a medida da conduta no respeito a certos
valores, no comedimento das ações e na própria violência empregada.</p>
<p>São em número de três essas formas básicas: o cangaço-meio de vida; o
cangaço de vingança e o cangaço-refúgio, tais como as intitulamos no
estudo citado.</p>
<p>A primeira forma caracteriza-se por um sentido nitidamente
existencial na atuação dos que lhe deram vida. Foi a modalidade
profissional do cangaço, que teve em Lampião e Antônio Silvino os seus
representantes máximos. O segundo tipo encontra no finalismo da ação
guerreira de seu representante, voltada toda ela para o objetivo da
vingança, o traço definidor mais forte. Foi o cangaço nobre, das gestas
fascinantes de um Sinhô Pereira, um Jesuíno Brilhante ou um Luís Padre.
Na terceira forma, o cangaço figura como última instância de salvação
para homens perseguidos. Representava nada mais que um refúgio, um
esconderijo, espécie de asilo nômade das caatingas, como dissemos no
trabalho mencionado.</p>
<p><img height="728" src="https://revistacontinente.com.br/public/uploads/data/files/Lampiao.png" width="533" /><br /><em>Lampião. Foto: Lauro Cabral de Oliveira, cortesia de Raul Fernandes, <br />Natal, Rio Grande do Norte</em></p>
<p>Se deixarmos de lado já agora as distinções — a serem estudadas com
rigor ao longo do capítulo seguinte — fixando-nos na acepção de
abrangência mais ampla da palavra cangaço, acepção que traduz apenas as
linhas essenciais do fenômeno, tais como, o seu caráter grupal, a sua
ambiência rural e o seu traço marcante da não subordinação a patrões ou
chefes situados fora do bando, veremos que essa forma criminal conhece
tradição bem antiga, sendo mesmo uma das mais antigas dentre todas as
modalidades que floresceram e, em alguns casos, ainda florescem na
região, especialmente em sua área seca.</p>
<p>Aprendida do índio, ao longo das primeiras escaramuças com que o
colonizador português procurou firmar sua presença no solo que lhe
cumpria conquistar, a guerrilha — essa mimética e eficientíssima forma
de guerra sem cerimônias ou protocolos, de estonteantes avanços e
recuos, emboscadas e negaças — cedo se poria a serviço do próprio
colonizador, tanto se prestando a causas nobres, como a da Restauração
Pernambucana de 1654, por exemplo, como a alimentar a técnica criminal
trazida do Velho Mundo por alguns dos primeiros povoadores, em parte —
como se sabe — sentenciados remetidos aos novos domínios pela Coroa
portuguesa. </p><p>Com efeito, a necessidade de sustentar combates numa terra
de topografia frequentemente irregular, coberta de vegetação de
densidade variável mas de presença contínua, exuberante nas matas, nos
canaviais e nos mangues das areias e do massapê litorâneos, encapoeirada
e espinhosa nas faixas agrestadas ou propriamente sertanejas, terras às
quais mostravam-se estranhos os grandes espaços abertos à europeia,
responsáveis pela formação de toda uma doutrina militar clássica, impôs
ao colonizador uma atitude de humilde atenção para com os modos de
guerrear dos nativos. E ainda que tais modos parecessem, a princípio,
pouco dignos a olhos reinóis, porque baseados em procedimentos
traiçoeiros, à luz dos quais a emboscada e o assalto revelavam-se
procedimentos recomendáveis, e o movimento de retirada, longe de merecer
censuras, impunha-se sobre avanços temerários e mesmo sobre
entrincheiramentos pouco práticos, vão sendo assimilados e desenvolvidos
empiricamente por um imperativo de respeito à ecologia da terra por
conquistar. </p><p>Crescentemente, vai-se produzindo a assimilação de técnicas
militares indígenas pela gente luso-brasileira, a ponto de, no século
XVII, já ser comum a essa gente “a consciência de uma arte ou estilo
militar próprio do Brasil e melhor adaptado às suas condições do que
qualquer outro”.<sup>5</sup> </p><p>Os movimentos de resistência ao holandês
invasor, muito particularmente os que se desenvolvem após 1644, assistem
à vitória sobre os padrões europeus da chamada <em>guerra brasílica</em>, ou <em>guerra do mato</em>,
que nada mais era que uma guerra volante em que a espingarda de
pedernal preferia aos mosquetes e arcabuzes de mecha facilmente
inutilizados pela chuva e de difícil emprego nos assaltos; onde o
desprestígio das europeíssimas praças-fortes resultava da convicção de
que não há lugar mais protegido do que o mato; onde a estrepitosa
cavalaria cedia lugar ao cauteloso caminhar a pé, e onde, finalmente, os
valores tradicionais da ética militar, como a bravura, a lealdade e a
honradez, viam-se substituídos pela mais completa velhacaria. Num ponto,
em especial, as lições indígenas mostraram-se preciosas, para além dos
aspectos do viver e do guerrear ecológicos que comentamos. </p><p>Trata-se da
fundamentalíssima arte de rastejar no mato os passos e vestígios de
qualquer natureza da passagem do inimigo. Numa pedra mal rolada, galho
deslocado, folha levemente acamada ou de colorido esmaecido, e não só na
impressão de marcas plantares, os rastejadores iam buscar todo um
roteiro de descoberta do inimigo, fornecendo ainda aos perseguidores
informações adicionais às vezes sofisticadas, como a disposição física
dos marchadores, se iam lépidos ou estropiados, leves de peso ou
carregados, se levavam feridos, se estavam sóbrios ou haviam feito uso
do álcool, sutilezas nada desprezíveis na urdidura de planos de ataque
ativos ou de emboscada. Nas suas <em>Memórias diárias da guerra do Brasil</em>,
Duarte de Albuquerque Coelho fala com entusiasmo do “capitão índio João
de Almeida”, por demonstrar este “filho da terra” notável habilidade em
“descobrir e assegurar os caminhos”. </p><p>Também a um outro memorialista das
guerras com os holandeses, frei Manuel Calado do Salvador, não passaria
despercebida a importância da contribuição militar do rastejador. Ele
refere um certo capitão Francisco Ramos, índio ou mameluco, assinalando
tratar-se de “um dos mais espertos homens em diligência que há no Estado
do Brasil, para tomar o rastro e descobrir emboscadas e andar por entre
os matos e de ânimo e valor para qualquer perigosa facção, e sobretudo
grande espingardeiro e mui certo no atirar”.<sup>6</sup></p>
<p>Quase três séculos depois, este rastejador estará presente nas
campanhas de repressão ao cangaceirismo como uma espécie de periscópio
de que dependiam as volantes a cada passo. Ranulpho Prata nos dá um
retrato muito vivo de seu papel e de sua condição nos primeiros anos da
década de 1930. Vale a pena, num parêntese ao assunto geral que estamos
comentando, reproduzir-lhe o depoimento autorizado de sertanejo
contemporâneo dos fatos que narra e com os quais nos fornece um perfil
irretocável dessa figura fundamental para a compreensão da arte
guerreira de cangaceiros e de <em>macacos</em>, seus perseguidores:</p>
<p><em>Ganha quatro mil-réis diários e, à testa das volantes, que se lhe
entregam de corpo e alma, numa cega confiança à proverbial lealdade
sertaneja, ele as conduz meses a fio em marchas incessantes pelo
deserto. O bom ou mau êxito das batidas depende dele, exclusivamente. É
tudo na coluna porque é a visão, maior do que o cérebro, no sertão
ínvio. Detém-se, de repente, em lugar onde a vegetação rala e o solo
entorroado e pedrento nada evidenciam a olhos vulgares. Esbarra,
acocora-se, examina com simples toque de dedo grosso, seixos e
cascalhos, “assunta” de mão no queixo, “magina” minutos, e, volvendo a
face tostada de sóis, onde chispam olhos vivazes, conta ao tenente, em
fala remorada, o seu achado, apontando, com segurança inabalável, a
pista do bando. Segue-a a tropa pressurosa, com o batedor à frente,
“escanchado” no rastro. </em></p><p><em>Sem perdê-la, trazendo-a sempre debaixo dos
olhos atentos, a marcha se estira por dias e semanas, até que as feras
humanas, acuadas longe, ofereçam combate, negaceiem e escapem em fuga
precípite. Recomeça novo trabalho de pesquisa de rumo, descobrimento de
novo rastro, seguindo-se a caminhada exaustiva que tem como remate
escaramuça quase sempre descompensadora. </em></p><p><em>Não é adivinho nem mágico,
porém, o matuto privilegiado. Ele enxerga “realmente” vestígios,
baseia-se, nas suas afirmativas, em indícios tangíveis, concretizados em
pequena folha machucada, cinza de cigarro ou borralho, um fósforo,
toiças de capim acamado, pegadas de levíssimo desenho. </em></p><p><em>O mais é ilação,
agudeza, experiência de gerações, trabalho de inteligência vivacíssima e
o que eles chamam o “dom”. Ao debruçar-se sobre um rastro diz se é
fresco, isto é, recente ou se velho, de dias, e de quantos dias.
Pormenoriza estupendamente, adiantando se após o grupo passou gente que
lhe é estranha, e dissociando os sexos. E não é só pegada humana que o
batedor descobre e segue. Rasteja todos os animais, avantajando-se,
muita vez, aos próprios cães, dando, muito antes deles, com o rastro da
caça que lhes atrita no focinho para avivar-lhes o olfato. Segue os
pequenos animais, o preá, de pata minúscula, o teiú, que mal acama a
vegetação sob o seu peso leve, o tatu-bola, todo delicadeza, a pisar o
chão com sutileza de quem traz veludo nos pés. As próprias abelhas são
“rastejadas” nos ares, seguidas no seu pesado voejo, mato adentro, até
os troncos onde têm as suas “casas”. Para neutralizar, porém, a ação do
rastejador, os bandidos contrapõem artimanhas e ardis. Com o fito de o
desnortear, passam a andar trechos e trechos de caminho a um de fundo,
todos a pisarem cuidadosamente a mesma pegada, simulando um só viajor.
Invertem as alpercatas, ficando os calcanhares para a frente, produzindo
atrapalhação de rumo. Quando sentem a tropa perto, pega não pega,
trepam nas cercas e a firmarem-se como equilibristas desengonçados,
varam quilômetros e quilômetros, suspensos do solo, onde não ficarão
vestígios delatores. Vezes outras, em estradas largas, um deles
desloca-se do grupo, e armado de espesso e folhudo galho de árvores,
segue-o à distância, apagando sinais da marcha, “baraiando” o rastro.</em><sup>7</sup></p>
<p>Não esquecer também que essa forma especial de guerra “oferecia a
única maneira de utilização militar da camada mais ínfima e
economicamente marginalizada da população local, mestiços ociosos,
malfeitores, foragidos da justiça d’El-Rei, inábeis para a disciplina
das guarnições como antes já se tinham revelado refratários à rotina dos
engenhos”.<sup>8</sup></p>
<p>Eis aí a eficiente escola militar informal em que se graduariam tanto
o heroico “capitão de emboscadas” da guerra contra os holandeses,
responsável, muito mais do que o soldado do Reino e mesmo o veterano de
Flandres, pelo terror da gente batava, quanto o “facinoroso” e
“desprezível” chefe de bandidos, o cangaceiro <em>avant la lettre</em>.
Nas mãos de um e outro, a sabedoria comum representada pela assimilação e
pelo aperfeiçoamento de um ecológico modo de brigar indígena, ao qual
se juntariam seletivamente alguns dos modernos artefatos e processos
militares europeus para a consolidação de uma ainda tão pouco teorizada
arte militar brasileira, que irá mostrar-se aplicável, <em>mutatis mutandis</em>,
com a mesma eficiência diabólica, em trópicos de ecologia bem
diversificada, no úmido da guerra contra o holandês, tanto quanto no
seco das lutas de Canudos, mais de dois séculos depois, quando a gente
de Antônio Conselheiro novamente ensinará ao nosso soldado que aqui não
se combate à europeia.</p>
<p>Descrevendo os primeiros tempos da capitania de Duarte Coelho,
Oliveira Lima refere várias vezes a insegurança que a caracterizava,
pela irrefreada atuação de criminosos em correrias sem fim. No século
XVII, ainda mais intensa revela-se a ação de “salteadores” e “bandidos”,
segundo palavras do mesmo cronista.<sup>9</sup> Ao longo do período de
colonização holandesa no Nordeste, vamos surpreender o nosso banditismo
caboclo enriquecido pela presença de estrangeiros, desertores das tropas
de ocupação, sendo de franceses e holandeses o contingente mais
expressivo que se mesclava aos aventureiros da própria terra e aos
negros fugitivos. E não ficamos nisso, apenas. Houve mesmo chefes de
grupo que eram holandeses. Assim o caso do célebre Abraham Platman,
natural de Dordrecht, ou ainda, de um certo Hans Nicolaes, que agia na
Paraíba à frente de trinta bandoleiros por volta do ano 1641. Três anos
após esta data, em 1644, os manuscritos holandeses fazem referência a um
outro chefe de bandidos que já se tornara notório: Pieter Piloot,
igualmente holandês.<sup>10</sup> Eram os <em>boschloopers</em>, salteadores ou, literalmente, “batedores de bosque”, da designação holandesa do século XVII.</p>
<p><img height="765" src="https://revistacontinente.com.br/public/uploads/data/files/3---capa-revista.png" width="533" /><br /><em>Na esteira das depredações na Bahia, a melhor revista nacional à época<br /> coloca Lampião na capa, em maio de 1931, valendo-se de fotografia<br />de cinco anos antes. Foto de Lauro Cabral de Oliveira. <br />Foto: Cortesia, arquivo Nirez, Fortaleza, Ceará</em></p>
<p>O século XVIII não fugiria à tendência até aqui vista, mostrando-se
pródigos os registros históricos no que diz respeito ao assinalamento de
violências cometidas por bandidos. Não esquecer que foi na segunda
metade desse século que o bandoleiro pernambucano José Gomes, o célebre
Cabeleira, desenvolveu sua atividade, tão rica em peripécias que viria a
fazer dele o primeiro desses campeadores a ser perpetuado pela
literatura erudita da região e não apenas pela popular, campo este
último em que sua presença legendária vem atravessando séculos, em
versos como o pernambucaníssimo:</p>
<p><em>Fecha a porta, gente<br /></em><em>Cabeleira aí vem<br /></em><em>Matando mulheres<br /></em><em>Meninos também</em></p>
<p>Ou as seguintes formas variantes, igualmente populares:</p>
<p><em>Feche a porta, gente<br /></em><em>Cabeleira aí vem<br /></em><em>Fujam todos dele<br /></em><em>Que alma não tem</em> </p>
<p><em>Fecha a porta, gente<br /></em><em>Fecha bem com o pau<br /></em><em>Ao depois não digam<br /></em><em>Cabeleira é mau</em></p>
<p><em>Corram, minha gente<br /></em><em>Cabeleira aí vem<br /></em><em>Ele não vem só<br /></em><em>Vem seu pai também</em><sup>11</sup></p>
<p>No século XIX, presentes os mesmos fatores e condicionamentos,
assiste-se ao mesmo panorama de insegurança do século anterior, mas com
uma novidade: o sertão, que já se acha à época razoavelmente povoado,
embora dispondo de uma economia pecuária apenas incipiente, além de
envolvida em luta tenaz contra processo de decadência prematura cujos
primeiros sinais datam de fins do século XVIII, começa a se converter no
cenário por excelência do banditismo, até porque, no litoral, a
colonização florescia em todos os sentidos, permitindo uma repressão
mais eficaz como fruto da estruturação social que crescentemente se
aperfeiçoava.</p>
<p>É evidente que com o deslocamento do foco central do banditismo para o
sertão, onde aliás ele viria a receber o batismo de “cangaço” ou
“cangaceirismo”,<sup>12</sup> não desapareceria o banditismo litorâneo. O
que se quer dizer é que, a partir da primeira metade do século XIX, as
evidências históricas demonstram que essa forma de criminalidade passa a
se desenvolver no sertão em ritmo idêntico ao da sua decadência no
litoral. E mais: no sertão viria o cangaço a se requintar notavelmente,
tanto sob o aspecto quantitativo quanto sob o qualitativo, pelo aporte
de uma rica tradição de violência, muito própria — como vimos — do ciclo
do gado, de que este sertão não foi apenas cenário, mas condicionante
ecológico-cultural decisivo.</p>
<p>Fornecendo ao banditismo um nome próprio de sabor regional, um tipo
de homem vocacionado à aventura, um meio físico de relevo adequado à
ocultação, coberto por malha vegetal quase impenetrável, e uma cultura
francamente receptiva à violência, o sertão não poderia deixar de se
converter no palco principal do cangaço.<sup>13</sup> Principal, mas não
exclusivo, havendo algum exagero nas palavras de Graciliano Ramos
quando diz do cangaço ser “fenômeno próprio da zona de indústria
pastoril, no Nordeste”.<sup>14</sup> A nosso ver, mais certo anda
Gustavo Barroso, para quem “não somente nessas zonas sertanejas existem
cangaceiros”. Barroso amplia ainda mais a sua concepção ao sustentar que
“os bandidos não são produtos exclusivos das terras brasileiras do
Nordeste”, isto porque “em todos os povos têm existido com denominações
diversas”.<sup>15</sup></p>
<p>Também a Câmara Cascudo essa uniformidade universal do banditismo não
passou despercebida, entendendo ele que “o cangaceiro não é um elemento
do sertão” e sim uma figura que “existe em todos os países e regiões
mais diversas”.<sup>16</sup> Entre os estudiosos estrangeiros que se
ocuparam do banditismo rural de suas e de outras terras, poderíamos
apontar, filiado a essa linha universalista, o italiano de uma Itália
tão fortemente contaminada em sua época pelo banditismo, que foi
Garofalo, autor do clássico <em>Criminologia</em>.<sup>17</sup> A esses
registros já históricos de Garofalo, de Barroso e de Cascudo, datados,
respectivamente, de 1891, 1917 e 1934, veio juntar-se, nos dias
correntes, o de Hobsbawn que, em seu livro <em>Bandidos</em>, lançado em
1969, reafirma a tese da universalidade. “Geograficamente, o banditismo
social se encontra em todas as Américas, na Europa, no mundo islâmico,
na Ásia meridional e oriental, e até na Austrália”, diz Hobsbawn, com
base em amplo estudo comparado.<sup>18</sup></p>
<p>Não somente a realidade do fenômeno se mostra assim abrangentemente
universal em suas características estruturais: o mito que sobre este
vai-se formando, em decorrência do adensamento da gesta que envolve o
nome dos mais bem-sucedidos <em>capitães</em>, parece ser o resultado de
processo igualmente invariável e universal, e que visto sob ângulo
particularizado, com base no estudo do caso nordestino, apresenta duas
facetas tão curiosas quanto frequentes: a de seu surgimento ainda em
vida da personagem celebrada — não raro isto se dá muito cedo na
carreira do bandido — e a da sua permanência e mesmo crescimento após a
morte dessa personagem. Não havendo, após isto, novas façanhas a
comentar, a permanência faz-se muitas vezes às custas de um desprezo
cada vez maior pelos temas deste mundo, em benefício do sobrenatural, em
cujos domínios o cangaceiro desaparecido passa a conviver
sem-cerimoniosamente com os residentes do céu e do inferno.<sup>19</sup></p>
<p>A despeito do que há de exato na fixação desse caráter universal — e,
portanto, nem originária nem exclusivamente sertanejo ou nordestino ou
brasileiro — do cangaceirismo e do processo de mitificação que parece
acompanhá-lo invariavelmente, convém não esquecer o enorme papel do
nosso sertão, com todas as contradições e peculiaridades da cultura
pastoril, na formação da imagem que temos hoje do fenômeno cangaço. A
imagem que ficou, e se conserva de modo mais generalizado em nossos
dias, é cronologicamente a última. É a da década de 1920, com seu auge:
1926. Esta é a imagem de um cangaço gigante, cangaço do mosquetão, do
parabelo, da bala de aço furando pé-de-pau e exigindo trincheira de
pedra, do bando de 150 homens, do ataque a cidade de luz elétrica, das
primeiras páginas quase diárias dos jornais, da orgia — até financeira —
dos trovadores populares, da frequência às conversas do Catete e do
Monroe, dos três, dos cinco, dos sete Estados da Federação. Aqui, sim,
está-se diante de um cangaço tipicamente sertanejo e talvez a este e só a
este tenha-se referido Graciliano Ramos quando disse ser fenômeno
próprio da nossa zona pastoril. No Nordeste, com esse volume todo, de
fato foi. Mas pelo volume, não pela forma, fique sempre claro.</p>
<p>Do casamento de modalidade criminal de si mesma rica em violência —
como é o caso do cangaço — com ambiente natural e social profundamente
predisposto a esta — caso da área sertaneja do Nordeste — resultaria o
surgimento, a partir do meado do século XIX, de um banditismo rural cada
vez mais desenfreado, findando por levar a região a clima que beirava o
socialmente convulso, nas duas últimas décadas daquele século, e que
foi capaz de produzir, na primeira metade do seguinte, sagas criminais
de dimensões nunca vistas em qualquer outro período anterior da história
do Nordeste, como as de Antônio Silvino e principalmente a de Lampião.</p>
<p><img height="488" src="https://revistacontinente.com.br/public/uploads/data/files/25.png" width="640" /><br /><em>Cartaz
distribuído no governo Frederico Costa, da Bahia, no meado de 1930, em
vias de ser apeado pelo movimento revolucionário. Em 1938, morto
Lampião, o tenente Bezerra receberá esses 50 contos de réis, em Salvador
— valor de 10 automóveis novos — e mais outro tanto no Rio de Janeiro,
da Perfumaria Lopes. Recuperação de imagem por Sandra Rodrigues</em></p>
<p>Convém particularizar melhor o assunto, o que faremos através da
indicação de dois momentos máximos de recrudescimento do cangaço,
selecionados a partir dos vários registros que compõem a história do
fenômeno no Nordeste, na qual ele figura quase ininterruptamente como
ocorrência de sentido crônico em largas áreas da região, desde as
primeiras etapas do esforço colonizador.</p>
<p>Embora as indicações impliquem sempre em algum subjetivismo
indesejável, cremos não se mostrar historicamente temerário apontar o
ciclo da grande seca “dos dois setes”, no século XIX, e a já referida
década de 1920, no passado, como dois momentos nos quais o paroxismo da
ação desenvolvida pelos grupos em armas faz com que a habitual
cronicidade do cangaço se aqueça até o ponto de ceder lugar à instalação
de quadro agudo, muito próximo de uma convulsão social generalizada.</p>
<p>A importância de que se assinalem esses dois momentos, nos quais o
fenômeno evolui do ordinário-endêmico para o extraordinário-epidêmico,
está no fato de ter sido sempre possível à sociedade sertaneja — e dela
não excluímos aqui o componente representado pelo poder público —
conviver, sem maiores traumas, ou, ao menos, sem traumas insuportáveis,
com o cangaço. Não custa relembrar que a sociedade surgida da pata do
boi, da luta permanente contra o meio hostil e da afirmação cruenta
sobre os primitivos habitantes era uma sociedade violenta, que vivia sob
a égide do épico, naquela atmosfera “admirável nos seus efeitos
dramáticos” a que se referiu Caio Prado Júnior ao comentar precisamente o
tipo humano da pecuária setentrional no Brasil.<sup>20</sup></p>
<p>Ninguém mais que o cangaceiro encarnou esse épico tão querido,
dando-lhe vida ante os olhos extasiados do sertanejo. Por força disso,
ajusta-se perfeitamente à realidade uma representação da sociedade
pastoril do Nordeste em que o contingente populacional se mostre
dividido entre os que apenas convivem bem com o cangaceiro e os que —
como geralmente se dava com os jovens — chegam francamente a admirar-lhe
os feitos guerreiros.</p>
<p>A palavra à idoneidade do poeta sertanejo Francisco das Chagas
Batista, contemporâneo e biógrafo de um grande do cangaço como Antônio
Silvino, para retratar com fidelidade o ambiente sertanejo e neste, a
imagem social do cangaceiro:</p>
<p><b><em>Ali se aprecia muito<br /></em><em>Um cantador, um vaqueiro<br /></em><em>Um amansador de poldro <br /></em><em>Que seja bom catingueiro<br /></em><em>Um homem que mata onça <br /></em><em>Ou então um cangaceiro</em><sup>21</sup></b></p>
<p>Os surtos de cangaço epidêmico, em cuja etiologia acham-se sempre
presentes fatores de desorganização social e de consequente inibição das
atividades repressoras, tais como, revoluções, disputas locais,
agitações de fundo místico ou político ou social, lutas de família e
principalmente as prolongadas estiagens, provocavam o rompimento do
equilíbrio que permitia à sociedade sertaneja viver, produzir e
continuar crescendo lado a lado com o cangaceiro, com base em
compromisso tácito de coexistência.</p>
<p>Falando inicialmente de um tempo de cangaço apenas endêmico, em que
“cangaceiros bonachões preguiçavam”, mandando aqui e acolá emissário que
“chegava à propriedade e recebia do senhor uma contribuição módica”,
Graciliano Ramos, em artigo contemporâneo ao segundo dos momentos
epidêmicos aqui analisados, assinala que “tudo agora mudou”, denunciando
em seguida que “os bandos de criminosos, que no princípio do século se
compunham de oito ou dez pessoas, cresceram e multiplicaram-se” e que
“já alguns chegaram a ter duzentos homens”. E ele próprio conclui que,
em consequência disso, “as relações entre fazendeiros e bandidos não
poderiam ser hoje fáceis e amáveis como eram”.<sup>22</sup></p>
<p>Nada de diverso se passou durante o outro apogeu mencionado, o que
corresponde ao período da seca de 1877-79, em que também se rompe o
especialíssimo compromisso de coexistência que ligava o sertanejo ao
cangaceiro, por força de uma admiração mal-disfarçada pela liberdade
selvagem que este último encarnava e que lhe permitia materializar, no
aqui e no agora do cotidiano, o conteúdo talvez mais forte do arquétipo
mental do sertanejo do Nordeste: o individualismo arrogante, aventureiro
e épico, plantado ali nos primeiros momentos da colonização e
conservado sem contraste, ao longo de séculos, pela ausência de
contaminação externa que o isolamento sertanejo proporcionou. Mas nada
disso importa agora. </p><p> Com o rompimento do compromisso, impõe-se ao
sertanejo denunciar o cangaceiro mais próximo, o que passa em sua porta,
malsinar o cangaço em geral, protestar, fazer tudo o que estiver ao seu
alcance para obter a restauração de um clima que, se não chegava a ser
jamais de inteira e completa segurança individual e da propriedade, era
ao menos tolerável, no relativismo das garantias oficiais deficientes,
sob cujo império mambembe sempre viveu o sertão. A seca de 1877-79,
talvez a maior de todos os tempos, representa momento bem eloquente no
demonstrar esse jogo de substituição momentânea do banditismo endêmico
pelo epidêmico mais desabrido, a suscitar empenhos de governo igualmente
especiais, em consequência do alarido do povo, multiplicado pela
imprensa. Na fala com que encerrou a primeira sessão e abriu a segunda,
da legislatura da Assembleia Geral do Brasil do ano de 1879, lamentava o
Imperador a quebra “em alguns lugares” da “segurança individual e da
propriedade”. “Às causas notórias — dizia ele aos parlamentares — por
mais de uma vez trazidas ao vosso conhecimento, acresceram outras
provenientes da calamidade da seca e consequente mudança da condição e
hábitos da população. O governo empenha-se em combater essas causas e
acredita que cessando os efeitos daquele flagelo e mediante a enérgica
repressão ao crime, seja mantida a segurança individual e respeitada a
propriedade”.<sup>23 </sup> </p><p>Na superposição das causas extraordinárias
oriundas da seca, e como tal transitórias, àquelas de caráter ordinário e
crônico — “causas notórias”, segundo as imperiais palavras — contém-se
toda a estrutura da criminalidade rural tornada epidêmica. A história
nos mostra que esse beijo trágico une condições socioculturais básicas a
uma causalidade episódica deflagradora. </p><p>À fixidez das primeiras,
opondo-se à mutabilidade da segunda, que tanto pode ser uma seca como
uma agitação política ou qualquer outra convulsão socialmente traumática
responsável pelo afrouxamento das estruturas sociais e consequente
inibição do aparelho repressor. Não esquecer o importante indicador
representado pela quebra nesses momentos do compromisso tácito de
coexistência entre o homem do sertão e o cangaceiro, capaz de eclipsar a
admiração daquele por este e de, em decorrência, decretar uma perigosa —
para os cangaceiros, já se vê — suspensão de determinadas atitudes
comissivas ou omissivas com as quais o sertanejo exercia uma espécie de
militância tácita e difusa em favor do cangaço endêmico, vale dizer, do
cangaço moderado e tolerável dos tempos normais. Citando Bournet, autor
do <em>La criminalité en Corse,</em> de 1887, afiança Garofalo que “na
Córsega, a criminalidade endêmica, uma ou outra vez comprimida por uma
forte repressão, ressurge sempre que esta afrouxa”.<sup>24</sup> </p><p>Como
entender essa realidade irmã gêmea da nossa e de tantas outras que vimos
acima senão pela admissibilidade de uma colaboração popular ao
banditismo, representada ao menos por uma conduta omissiva? Ainda assim,
pareceu-nos bem clara a ideia de que antes de demonstrarmos a quebra,
por ocasião dos surtos epidêmicos, do especialíssimo compromisso que
unia o homem pecuário do Nordeste ao cangaceiro, cumpria-nos evidenciar
ao menos alguns aspectos dessa mais que complexa aliança, além de, como é
natural, demonstrar a sua própria existência. </p><p>Aliás não é outra coisa o
que vimos fazendo nestas últimas páginas: mostrar o quanto o cangaceiro
realizava os valores de uma sociedade peculiar em muitos de seus
aspectos, abafada pelo isolamento, agredida por todo um conjunto de
fatores naturais e sociais hostis, além de inviabilizada crescentemente,
sobretudo a partir de fins do século XVIII, por processo de decadência
econômica que negava ao homem maiores oportunidades de ascensão pelas
vias ditas normais ou legais, fornecendo ao mesmo tempo a esse homem uma
via atapetada por inegável chancela cultural — que era o cangaço —
através da qual ele poderia saciar os humaníssimos requerimentos de
mando, prestígio, patrimônio e notoriedade, exercendo uma “profissão”
cheia de aventuras, nada monótona, sedutora mesmo, pelo que nela é
oportunidade de protagonizar o épico tão do gosto do sertanejo. </p><p>Que as
especificidades socioculturais sertanejas mostravam-se capazes de
empurrar os temperamentos jovens e mais vibrantes na direção do cangaço,
não temos qualquer dúvida. Mas daí a cair neste vai um passo, a ser
dado pela predisposição psicológica. Porque havia sempre os recursos
heroicos da resignação e da fuga, capítulo este último em que a maniçoba
do Piauí, a seringueira do Amazonas e o industrialismo de São Paulo, ao
menos no período que corresponde aos dois surtos epidêmicos de cangaço
aqui comentados e em ordem de sucessão no tempo, desempenharam papel de
não pouca expressão. </p><p>Assim, parece-nos exagerado ver no cangaço o que a
passionalidade de Manuel Bonfim o conduziu a ver: caminho “inevitável” e
“único” para uma “população forte e a quem a ordem normal nenhuma
possibilidade oferece de boa atividade social e política”.<sup>25</sup> </p><p>Certo na essência, ou seja, no caráter criminógeno da sociedade
sertaneja por tantos de seus aspectos, o sergipano nos parece pouco
sensato na dose.</p>
<p>Os que conhecem os fatos históricos do cangaço e os a este vinculados
diretamente, como os que resultam da reação oficial à sua existência,
sabem não ser fácil encontrar registros diretos dessa colaboração dada
pelo sertanejo ao bandido. Na boca da polícia tais registros sempre
pareceram desculpa para os reiterados insucessos, o que não deixava, em
algumas ocasiões, de ser verdade. Em todo caso, por basicamente
suspeitos, não surgiram em profusão e, quando surgidos, não mereceram
muita importância. Igual impedimento tocava aos políticos, só que por
uma outra razão: a de não desagradar a um eleitorado que jamais poderia
encarar racionalmente sua condição de colaborador, não o do tipo
específico, o coiteiro — não é a este que nos estamos referindo aqui —
mas o genérico, aquele que, espécie de coiteiro cultural do cangaço, fez
da sociedade sertaneja toda ela uma sociedade coiteira, a justificar
frase que ouvimos de velho e ilustre sertanejo que mascateara, ainda
menino, no Pajeú de 1914, Gerson Maranhão, que insistia em afirmar que
“naquela época, todo mundo era cangaceiro”. E explicava: “todo mundo
tomava partido pelo cangaceiro”. (…)<img alt="" height="18" src="https://revistacontinente.com.br/public/uploads/data/files/c-continente.jpg" width="13" /><br /> <br /> <strong>FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO</strong>
possui formação em História e Direito, sendo procurador federal
(aposentado). Na Fundação Joaquim Nabuco, integrou a equipe do sociólogo
Gilberto Freyre, de 1972 a 1987, período em que se especializou, sob a
orientação deste, no estudo da História Social do Nordeste do Brasil,
com maior foco em seus conflitos.</p><p><strong class="contentlock">Publicado originalmente pela <a href="https://revistacontinente.com.br/edicoes/265/banditismo-no-nordeste-brasileiro">Revista Continente</a></strong> <br /></p> </div><p> </p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-57228119589319643102022-12-19T11:00:00.001-03:002022-12-19T11:16:45.717-03:00LIVRO<p><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: verdana;"><b>A Guerra Total de Canudos</b> sob um olhar pernambucano</span> </span><br /></p><header class="entry-header">
<h2 class="entry-title"></h2>
<div class="entry-meta">
<span class="entry-format">Por Autor – Anco Márcio Tenório Vieira – Publicado originalmente na Revista Suplemento Cultural, outubro/novembro de 1997, págs. 4 a 9.</span></div><div class="entry-meta"><span class="entry-format"><br /></span> </div>
</header>
<div class="entry-content">
<figure class="wp-block-image size-large"><img alt="" class="wp-image-29099" data-attachment-id="29099" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="imagem1" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/imagem1.png?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/imagem1.png?w=289" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/imagem1.png" data-orig-size="678,773" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2022/08/09/a-guerra-total-de-canudos-sob-um-olhar-pernambucano/imagem1-58/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/imagem1.png?w=678" width="562" /></figure>
<p>O blog <b>TOK DE HISTÓRIA</b> resgata para seus leitores uma interessante reportagem de 1997, onde o escritor Frederico Pernambucano de Mello, trouxe muitas informações sobre a Guerra de Canudos, com base em uma extensa pesquisa para um livro que foi lançado naquele ano. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-24745" data-attachment-id="24745" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"2.9","credit":"","camera":"FinePix S8200","caption":"","created_timestamp":"1453900996","copyright":"","focal_length":"4.3","iso":"200","shutter_speed":"0.017857142857143","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="dscf9580-copy-2-2" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/09/dscf9580-copy-2-2.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/09/dscf9580-copy-2-2.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/09/dscf9580-copy-2-2.jpg" data-orig-size="2720,2668" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/dscf9580-copy-2-2-2/" height="392" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/09/dscf9580-copy-2-2.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Rostand Medeiros e Frederico Pernambucano de Mello.</i></figcaption></figure></div>
<p><i>Sendo reconhecidamente o maior especialista brasileiro em
cangaço, com uma obra que se tornou leitura obrigatória para todos os
que se dedicam ao tema, o historiador Frederico Pernambucano de Mello
publica, aos 50 anos de idade, o seu sexto livro: Que foi a Guerra Total
de Canudos (Editora Stahli). </i></p><p><i>Se há surpresa para os que o tinham
somente como um pesquisador do banditismo no Nordeste, maior ela será ao
constatar que este livro de 317 páginas não é apenas mais um, entre
centenas, a tratar de Canudos. Nele, vamos encontrar uma revisão crítica
das muitas verdades difundidas e aceitas ainda hoje sobre o que foi a
Guerra de Canudos, bem como dados até então inexplorados pelos
especialistas da área. </i></p><p><i>Um deles, a participação, em campo de batalha,
dos soldados do Norte e do Nordeste, em particular, os de Pernambuco. 0
livro, que chegará às livrarias até meados de novembro, também reabilita
alguns personagens e textos que estavam esquecidos pelos pesquisadores:
a figura de Tereza Jardelina de Alencar (única mulher a compartilhar r
do círculo íntimo do Conselheiro); o lado humano e romântico do general
comandante da 4“ expedição, Artur Oscar; a obra do general e
ex-governador de Pernambuco, Dantas Barreto; o livro de cabeceira do
Conselheiro: A missão abreviada, do padre José Manuel Gonçalves Couto
(obra muito aludida, mas até hoje pouco analisada); entre tantos outros
detalhes esquecidos nas dezenas de relatos, documentos, atas e ofícios
produzidos durante a Guerra. </i></p><p><i>Apesar dos inúmeros convites que vem
recebendo para participar de eventos alusivos ao centenário de Canudos,
no Brasil e no exterior — artigos para jornais, palestras em
universidades, conferências para os vários comandos militares do
Exército, seminário em Colônia (Alemanha) — Frederico Pernambucano nos
concedeu esta entrevista, realizada na sua sala de trabalho, no antigo
sobrado que pertenceu a Delmiro Gouveia — localizado no tradicional
bairro de Apipucos, no Recife — hoje, sede do Instituto de Documentação,
da Fundação Joaquim Nabuco, onde exerce o cargo de Superintendente. </i></p><p><i>Em
sua sala, rodeado de retratos, quadros (entre eles, um Vicente do Rêgo
Monteiro), peças e documentos que nos remetem ao ciclo do cangaço
nordestino, ele discorreu sobre o que foi a Guerra Total de Canudos.</i></p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-29077" data-attachment-id="29077" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="whatsapp-image-2022-08-09-at-15.28.05" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/whatsapp-image-2022-08-09-at-15.28.05.jpeg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/whatsapp-image-2022-08-09-at-15.28.05.jpeg?w=232" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/whatsapp-image-2022-08-09-at-15.28.05.jpeg" data-orig-size="696,991" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2022/08/09/a-guerra-total-de-canudos-sob-um-olhar-pernambucano/whatsapp-image-2022-08-09-at-15-28-05/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/08/whatsapp-image-2022-08-09-at-15.28.05.jpeg?w=696" width="450" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>O livro Guerra Total de Canudos, de Frederico Pernambucano de Mello.</i></figcaption></figure></div>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Poucos temas da nossa história
republicana foram tão estudados como o da Guerra de Canudos. São
centenas de ensaios, artigos e livros que tentam explicar o que de fato
teria motivado a mais sangrenta guerra civil brasileira. Ante tudo o que
já foi dito e publicado sobre o assunto, por que o senhor, que é um
especialista em cangaço, decidiu escrever também sobre este tema?</i></b><b></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello</b> — Em primeiro lugar,
porque para ser, ou pretender ser, especialista em cangaço é preciso
ter uma grande a finidade com o quadro geral da história regional do
Nordeste. E aí entra, como ponto de prioridade, a história das vastidões
rurais do Nordeste, sobretudo a história da região sertaneja. O
conflito de Canudos, na minha visão, se coloca como o episódio máximo
desse grande abismo gerador de exotismo em nossa história, que é o do
desenvolvimento paralelo de culturas, de sociedades, e de homens
litorâneo e sertanejo. </p><p>A sociedade no litoral se desenvolvendo de
maneira lenta (porém, constante), pelo aporte de inovações, de dados
novos que chegavam pelos navios, vindas da Europa, e a partir de um
determinado momento, pelos Estados Unidos, enquanto que o Sertão, desde a
metade do século XVII, quando se inicia propriamente a sua colonização,
com homens que estavam indo do litoral, mais propriamente do Recife,
outros contingentes que vinham da Bahia, da Casa da Torre, muito
rapidamente entraram em decadência. No caso do Recife, o exército de
desempregados que resultou da vitória sobre os holandeses, em 1654. E
como nós sabemos, esse exército de desempregados foi recompensado pela
Coroa Portuguesa. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-23762" data-attachment-id="23762" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="canudos" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/canudos.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/canudos.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/canudos.jpg" data-orig-size="1600,893" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2011/03/06/os-potiguares-e-a-guerra-do-fim-do-mundo/canudos-2/" height="223" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/canudos.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Tropas federais que participaram da Guerra de Canudos.</i></figcaption></figure></div>
<p>Não com dinheiro, que ela não tinha, mas com datações de sesmarias,
no Agreste e no Sertão (na Mata os engenhos já tinham sua titulação de
propriedade). Esses homens penetram o Sertão juntamente com baianos e
com paulistas, da Vila de São Paulo (que era, na época, miserável, e não
dava riqueza nenhuma, a não ser a preação de índios), e se fixam no
Piauí e nas zonas mais a Oeste do Estado da Paraíba. Esses três
contingentes, caracterizando uma forma de colonização dura, cruenta e
que muito cedo, repito, entra em decadência, fazendo com que os valores
sertanejos, que eram os valores do quinhentismo e do seiscentismo da
cultura portuguesa, ficassem mumificados ali e jazessem intocáveis até
eu diria, metade do século atual. Isso na língua, nos costumes, na moral
— inclusive sexual — na condução patriarcal da família, na
religiosidade, em todos os aspectos que caracterizam a cultura. Canudos
é, portanto, o paroxismo dessas fricções que surgem entre duas culturas
que não se encontravam, que não se reconheciam. </p><p>O traço mais saliente
disso nos é dado pelo tenente-coronel Dantas Barreto que, durante à
noite, em Canudos, no meio da sua tropa, ele, na barraca, ficava ouvindo
a conversa dos soldados — não por intuito negativo, mas para saber o
que a sua tropa pensava — e ouvia estarrecido um soldado dizer para o
outro: “quando eu voltar ao Brasil, vou fazer isso ou aquilo”. </p>
<figure class="wp-block-image aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-7641" data-attachment-id="7641" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Monumento de Antônio Conselheiro, no Parque Estadual de Canudos<br />
LUCIANO ANDRADE/</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="30694" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30694.jpg?w=308" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30694.jpg?w=219" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30694.jpg" data-orig-size="308,465" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2013/11/02/canudos/attachment/30694/" height="759" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30694.jpg?w=308" width="503" /><figcaption class="wp-element-caption">Monumento de Antônio Conselheiro, no Parque Estadual de Canudos
LUCIANO ANDRADE/</figcaption></figure>
<p>Tão estranhos eram a olhos litorâneos o homem do Sertão, com as suas
barbas longas, sua roupa, hábitos e costumes originais, sua maneira de
se conduzir. De passagem, lembro Kari Jaspers, no seu tratado de
psiquiatria: “O estado de consciência do homem primitivo é alguma coisa
inteiramente diversa da doença mental.” Nós não tínhamos, nos homens de
Canudos, doença mental, mas um estado de consciência primitivo, mantido
nas características primitivas da mumificação sertaneja. Fanatismo,
banditismo, misticismo: todas essas peculiaridades do Nordeste que o
fazem atraente para turistas, estudiosos, pesquisadores etc., e brotam
dessa espécie de Fenda de Santo André, que é a dicotomia Litoral/Sertão.</p>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Os Sertões, de Euclides da Cunha,
tornou-se, ao longo dos últimos 95 anos, a obra de referência e a versão
mais “balizada” sobre Canudos. A imagem que temos de Canudos é, de uma
certa forma, a que foi fixada por Euclides da Cunha em sua obra. A nossa
pergunta é: quais são, no seu entender, os principais equívocos
cometidos por Euclides ao escrever sobre Canudos e que os seus
contemporâneos (como Dantas Barreto, por exemplo) não cometeram, apesar
de muitas dessas testemunhas oculares da Guerra terem tidos, nos últimos
cem anos, suas obras relegadas?</i></b></p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-28619" data-attachment-id="28619" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="can-3h" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-3h.jpg?w=362" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-3h.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-3h.jpg" data-orig-size="362,301" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/can-3h/" height="333" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-3h.jpg?w=362" width="400" /></figure></div>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— A impressão que eu
sinto quando releio O5 Sertões (para minha felicidade eu tenho até uma
primeira edição, de 1902, que Euclides não reconhecia muito como
oficial, porque precisou corrigir lá uns advérbios, aperfeiçoamentos
obsessivos de estilista que ele foi) é de quem, ao final, sai de uma
peça de teatro, com muita grandeza, nobreza, profundidade, tragédia, que
se assiste com a tentação de estar ajoelhado diante daquele drama. </p>
<p>Mas é evidente que as noções geográficas e físicas de Teodoro
Sampaio, a ciência de Nina Rodrigues, os grandes inspiradores de
Euclides no plano científico, especialmente os autores estrangeiros (que
talvez ele não conhecesse tão bem para citá-los com a desenvoltura com
que cita); toda essa ciência, realmente, está muito envelhecida.
Ademais, Euclides ficou apenas cerca de dez dias no chamado teatro de
operações. Ficou pouco tempo. </p><p>Não se sentiu bem, não esteve à vontade, e
a observação direta dele é pouca. Ele, então, teve que se valer de
autores que já tinham produzido obra – especialmente <i>Última expedição a Canudos</i>,
de Dantas Barreto – e comete erros, por conta disso, não só por não ter
estado muito tempo no teatro de operações, mas por depender também de
outros autores que estudaram o tema, e por ter fontes jornalísticas nem
sempre confiáveis, vários deslizes ligados aos fatos da Guerra. Por
conta dessas limitações na percepção — Afrânio Peixoto há muito já disse
que <i>Os Sertões</i> não é o livro do que ficou nas vistas de
Euclides, mas é o livro do impacto da Guerra na alma de Euclides, nas
concepções que ele tinha — é um livro, de certo modo, personalíssimo,
revelador do interior de Euclides. É o livro também da sua decepção com a
República. </p><p>Ele chega, no cenário dos combates, republicano, inflamado
pela pregação jacobina, militarista, e sai de Canudos decepcionado com
aquela perspectiva que se esboçava para uma nova ditadura militar no
País. No entanto, o grande problema de Euclides foi a sua incapacidade
de compreender a figura sertaneja do Conselheiro, de encadeá-lo num
processo que vem desde quando começam as missões no Sertão, com
capuchinhos, com oratorianos, com homens — no plano pessoal — de moral
ilibada, que combatiam a igreja colonial brasileira (repleta de padres
amancebados, funcionários públicos pagos pela Coroa, dentro da
instituição do padroado real). </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-28623" data-attachment-id="28623" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="can-10" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-10.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-10.jpg?w=235" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-10.jpg" data-orig-size="1682,2359" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/can-10/" height="400" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-10.jpg?w=730" width="285" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Antônio Conselheiro</i></figcaption></figure></div>
<p>E à margem dessa igreja colonial, que era o oficialismo do tempo,
surgem vocações de missionários, como o capuchinho frei Vitale da
Frecarolo, na passagem do século XVIII para o século XIX, que morre
jovem, em 1820. O frei é uma figura mística que fascina o Sertão,
pregando o maravilhoso, aquilo que fazia com que o sertanejo deixasse de
ver tudo o que havia de limitado à sua volta — uma natureza maninha,
uma dificuldade material imensa — para se empolgar com as realidades. as
visões bíblicas, as passagens perenais que o misticismo podia
proporcionar. Esse homem, como o quê, é seguido, a partir de 1853, por
uma espécie de segundo segmento, representado pelo padre oratoriano José
Antônio Pereira Ibiapina, que junta ao misticismo de frei Vitale o
obreirismo. Porém, o obreirismo dele talvez fosse até maior. </p><p>Há
registros de repreensões dadas pelo padre Ibiapina aos seus beatos,
porque eles estavam julgando que a sua missão estava feita apenas na
oração. Ele dizia: “não”. Tem que ser na obra, na intervenção sobre a
natureza, na caridade, na ajuda material ao próximo e nas obras pias,
lembremo-nos que Antônio Conselheiro bebe dessas fontes. Não só o
maravilhoso de frei Vitale como do obreirismo do padre Ibiapina, e junta
a tudo isso um terceiro segmento estrangeiro – muito divulgado no
Brasil, através de uma obra terrível, cheirando a enxofre, que era o
livro Missão abreviada, do padre, também oratoriano de Goa, na índia,
Manuel José Gonçalves Couto, que poderia ser resumida numa frase: “o
mundo está podre, mas tão podre que já não há salvação”.</p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27137" data-attachment-id="27137" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"1.8","credit":"","camera":"SM-N981B","caption":"","created_timestamp":"1628877730","copyright":"","focal_length":"5.4","iso":"250","shutter_speed":"0.025","title":"","orientation":"1","latitude":"-5.7987913","longitude":"-35.2115111"}" data-image-title="canudos-1964-24" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-24.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-24.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-24.jpg" data-orig-size="2425,1548" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-24/" height="255" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-24.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Ruínas em Canudos!</i></figcaption></figure></div>
<p>Euclides da Cunha não compreende Antônio Conselheiro; criado, moldado
nesse ambiente secular, e parte para interpretá-lo de maneira fácil, a
partir de questões psiquiátricas. De uma psiquiatria, ã época, muito
presunçosa — lembremos que é desse período que data Lombroso, Erico
Ferri e outros proponentes de esquemas simplórios, reducionistas de
interpretação da conduta humana. E ele, então, com Riva, Maudsley
pretende esclarecer tanto os casos individuais de patologia mental,
quanto os casos coletivos. Nisso, de fato o seu livro hoje não tem mais o
que nos dizer. </p><p>Foi minha preocupação, nesse meu novo estudo, mostrar o
Conselheiro, antes de tudo, como sertanejo e, como tal, um homem situado
no seu chão, no seu tempo, e em volta dele, desse tempo, os homens que
no plano místico, como frei Vitale, padre Ibiapina e Manuel Gonçalves
Couto, lideram o misticismo maravilhoso, o ombreirismo impenitente e as
escatologias de tragédias que são dadas pela <i>Missão Abreviada</i>.</p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-4475" data-attachment-id="4475" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Soldats de l’armée brésilienne pendant la guerre</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="guerra-de-canudos" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos1.jpg?w=400" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos1.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos1.jpg" data-orig-size="400,238" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/12/01/mouvements-messianiques-et-banditisme-social-dans-le-nordeste-bresilien/guerra-de-canudos-2/" height="238" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos1.jpg?w=400" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Soldados do Exército Brasileiro ao final da Guerra.</i></figcaption></figure></div>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Seguindo ainda essa trilha da
religiosidade, gostaria que o senhor nos dissesse o que aqueles vinte e
cinco m il sertanejos encontraram na figura do Conselheiro que os
levaram a abandonar tudo e segui-lo, e também como se manifestava a
autoridade religiosa do Conselheiro no dia-a-dia do Arraial?</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— Antônio
Conselheiro, cearense de Quixeramobim, pardo, bastardo, mas nascido numa
família aguerrida, que era a família Maciel (em luta permanente contra a
família Araújo), nasce com essas duas grandes desvantagens sociais. Ele
é um homem que sai colecionando derrotas na sua vida, mas se recupera,
para a produção de um conjunto de obras úteis para a sociedade em que
vivia, através da pregação religiosa de frei Vitale, já morto, do
testemunho vivo, ao seu tempo, do padre Ibiapina, parecendo até que o
acesso a Missão abreviada só vem no momento seguinte — porque houve uma
fase nele que era francamente de auxílio ao povo, à terra, sobretudo aos
menos favorecidos. Curiosamente o Conselheiro nunca se disse um Deus. </p><p>Pelo contrário, ele mandava que se levantasse da sua presença quem se
ajoelhava e tentava beijar-lhe os pés ou as mãos, dizendo claramente:
levante-se. Deus é outra pessoa. E quando perguntavam quem ele era, ele
dizia: eu sou apenas um peregrino em busca dos mal-aventurados. Ele era
um homem de definições absolutamente claras, ilibado nos seus costumes,
pobre, que não amealhava valores, o que entrava por um bolso saía pelo
outro para os pobres. Essa característica se choca, na visão do
sertanejo, com o que era visto na igreja colonial brasileira: o padre
com família constituída, às vezes morando na casa principal do vilarejo,
apresentando publicamente a mulher, os filhos, entregues à simonia mais
desenvolta, dominando o processo político (lembremos que, à época, as
eleições eram feitas nas igrejas). </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-4158" data-attachment-id="4158" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>In the foreground, a typical house of the place. Photo Flávio de Barros – http://www.passeiweb.com</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="canudos_conselheiro_casa" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/canudos_conselheiro_casa.jpg?w=515" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/canudos_conselheiro_casa.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/canudos_conselheiro_casa.jpg" data-orig-size="515,338" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/09/22/cangaco-millenarian-rebels-prophets-and-outlaws/canudos_conselheiro_casa/" height="262" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/canudos_conselheiro_casa.jpg" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Canudos. Foto Flávio de Barros – <a href="http://www.passeiweb.com" rel="nofollow">http://www.passeiweb.com</a></i></figcaption></figure></div>
<p>Enfim, essa Igreja um tanto desmoralizada sofre um impacto com esses
missionários que se apresentavam com a moral ilibada, desinteressados de
valores e preocupados com o lado místico. É assim Conselheiro, e
ninguém o incomoda enquanto assim foi; o peregrino que construía
estradas — algumas das quais ainda existentes no Sertão -, capelas,
igrejas, cemitérios, açudes, barreiros, inspirando a formação de ordens
sacras. </p><p>Só em 1892, quando ele se insurge, já no período republicano,
contra a cobrança de impostos e, perseguido pela polícia e alvejado por
alguns soldados da Bahia, foge com os seus seguidores para fundar o
Arraial do Belo Monte de Canudos, que ficava arredado das zonas povoadas
do Sertão, só então é que começa a se formar aceleradamente, alguém
diria que até dentro de um processo de patologia social — não sei —, em
quatro anos, o que viria a ser a segunda cidade da Bahia, a maior e a
mais populosa depois de Salvador. </p><p>Ela surge do nada, onde apenas existia
um povoado de cinquenta choupanas em decadência, para a pujança de seis
mil e quinhentos casebres, dos quais mil e seiscentas casas boas, com
telhas e algumas até com piso de taco. Com uma economia pujante, feita à
base de cultura de subsistência, onde estava presente o ofício da
confecção do tecido, da rapadura, e da produção dos couros de bode e
carneiro para exportação. Nesses quatro anos é que o Conselheiro se
transforma num ímã social, porque ele cria um tipo de ajuntamento pio
onde não era admitida a presença de delegado, promotor, juiz,
prostitutas, bares abertos. alcoólatras. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-27122" data-attachment-id="27122" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"1628854054","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="canudos-1964-11" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.jpg?w=283" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.jpg?w=229" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.jpg" data-orig-size="283,407" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-11/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.jpg?w=283" width="445" /><figcaption class="wp-element-caption"><i><b>Antônio Bruega, ex-combatente da Guerra de Canudos</b>, </i></figcaption><figcaption class="wp-element-caption"><i>clicado por Audálio Dantas em 1964.</i></figcaption></figure></div>
<p>Cria uma sociedade moralmente limpa, com um certo coletivismo dos
meios de produção, afinado com o que ele tinha aprendido com a cultura
indígena das tabas do Sertão. E mais: a capacidade que ele teve ao se
tornar uma figura aguerrida em relação ao meio circundante, atraindo
para si negros libertos de 1888, os decepcionados com a República, os
caboclos do Sertão, os vários remanescentes de tribos indígenas – como
os dos rodellas, kiriri, e várias outras que se associaram a ele no
Arraial -, e ao manter o burgo de Canudos à margem da politicagem aldeã.
Canudos é a soma desses fatores sociais e econômicos aos fatores
físicos. </p><p>Localizado num trecho do Vaza Barris, que era uma grande zona
de drenagem das chuvas daquela zona sertaneja, com a possibilidade de se
ter uma boa cultura de legumes, de cereais, Canudos era, como disseram
várias testemunhas, uma vasta criação de boi, de bode, de cabra, etc. </p><p>Todos esses fatores conspiraram para que o Conselheiro mostrasse o rumo
de uma colonização diferente daquela que estava sendo levada a efeito
pela Coroa, na fase Imperial, e pela República, nos anos mais recentes;
um caminho novo de vida que, no entanto, paradoxalmente, era um caminho
de passado, era um caminho de volta aos bons velhos tempos da vida
arcaica, dos primórdios da colonização.</p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27143" data-attachment-id="27143" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="canudos-1964-11" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.png?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.png?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.png" data-orig-size="1483,499" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-11-2/" height="135" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-11.png?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Canudos na década de 1940.</i></figcaption></figure></div>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Há alguma relação entre a moral
religiosa apregoada pelo Conselheiro, aceita sem nenhum questionamento
pelos jagunços, e a forma como estes se comportavam frente ao inimigo?
Lembro aqui, por exemplo, o fato (revelado em seu livro) dos jagunços só
reagirem às investidas das tropas do Exército quando eram atacados.</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— Canudos tem um
período curto de vida. Evidente que nós estamos falando de um
ajuntamento urbano que rapidamente cresce em complexidade. Muito cedo,
uma liderança política baiana, sertaneja, como era o barão de Jeremoabo,
começa a escrever artigos para a imprensa da Bahia, se queixar das
lideranças políticas do Estado, de que não havia mais fazenda que
pudesse ter a sua vida normal, uma vez que já não havia mais
mão-de-obra, toda ela drenada pelo Conselheiro para o seu projeto de
teocracia no Belo Monte. Era uma teocracia, efetivamente, o que havia no
Belo Monte. </p><p>Porém, nota-se claramente que o Conselheiro já não
conseguia mais administrá-la. Primeiro, porque estava envelhecendo,
achacado por doenças; segundo, porque já não era possível administrar
sem delegar poderes, sem especializar tarefas e atribuí-las a pessoas de
sua confiança. É quando se nota, que ele, fiel a uma velha tendência
ainda dos tempos de peregrino (desde quando funda o Belo Monte que ele
perde esse caráter de peregrino, ele fica sedentário, e ao optar por ser
sedentário, assume uma postura de rei espanhol da antiguidade,
aparecendo pouco ao seu povo, valorizando as suas aparições, que era
sublinhada por foguetório imenso, emoções, desmaios, dobres de sinos
etc.), se faz cercar das pessoas de sua confiança, os seus conterrâneos,
os chamados cearenses. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-27147" data-attachment-id="27147" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="canudos-1964-14" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-14.png?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-14.png?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-14.png" data-orig-size="761,532" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-14/" height="280" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-14.png?w=761" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i><i>Como
se encontrava na década de 1940 o canhão inglês Withworth de 32 libras,
a famosa “Matadeira”, utilizado pelo Exército em Canudos e destruído
corajosamente pelos seguidores de Antônio Conselheiro.</i></i></figcaption></figure></div>
<p>Quando digo os chamados, é porque aí estavam os que nasceram no
Ceará, como ele, mas também os tangidos, em geral, pela seca. Na época,
para a imprensa do Centro-Sul, em particular a carioca, cearense era uma
espécie de sinônimo de nordestino vítima da seca. Então ele cria, no
seu projeto teocrático, uma estrutura de poder que repousava nos seus
iguais, nos sofridos como ele, nos mal-aventurados como ele, e esses
homens eram sempre os cearenses. Sempre ele tem um cearense como
lugar-tenente. </p><p>Cearense era a sua inspiração divina, o padre Ibiapina.
Cearense foi a única mulher, Teresa Jardelina de Alencar, a mais bonita e
a mais vaidosa do Arraial, conhecida como a “Pimpona” que – sustenta
Dantas Barreto, tendo ouvido de jagunços lá em Canudos — privava não
apenas do círculo íntimo do Conselheiro, mas também com quem o
Conselheiro conversava, sofrendo dela alguma influência. </p><p>E isso é
estranho, principalmente quando sabemos que diante de qualquer mulher
que aparecesse, a atitude do Conselheiro era sempre de permanecer de
vistas baixas. Mas a autoridade do Conselheiro, em primeiro lugar,
provinha da pureza da sua vida privada e da sua pregação, do
desprendimento em face dos valores. Ele era um pregador insinuante, uma
palavra persuasiva, um grande autor de catequese, um grande
evangelizador, possuía todos os atributos que se espera de um místico
para levar a sua pregação a um ponto de sucesso. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-23778" data-attachment-id="23778" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"HP ScanJet 3770","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="digitalizar0006" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0006.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0006.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0006.jpg" data-orig-size="3926,2060" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/digitalizar0006-3/" height="210" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0006.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Oficiais do Exército Brasileiro e uma moradora de Canudos ferida em uma padiola.</i></figcaption></figure></div>
<p>A sua autoridade era uma autoridade indiscutível, teocrática,
absoluta, lembrando a dos aiatolás mais recentes no Irã, cujas ordens
ninguém discutia. E ele teve ocasião de manifestar essa sua autoridade
de maneira drástica. Vou dar apenas aqui um registro. Quando ele chega a
Canudos, encontra lá uma família grande de pequenos comerciantes: os
Mota Coelho. Mas ele trazia consigo um cearense de sua confiança, uma
grande vocação de comerciante, que era Antônio Vilanova. Por convite do
Conselheiro, Vilanova começa a bancar o comércio no Arraial do Belo
Monte. Muito cedo se choca com as pretensões mercantis dos Mota Coelho. </p><p>Conselheiro, que sabia que o seu projeto de poder dependia da sua rede
de cearenses, manda lentamente exterminar a família Mota Coelho. Só não
morrem os que fogem, um dos quais assenta praça na polícia da Bahia, e
dá entrevista para os jornais explicando toda essa tragédia que se
abatera sobre sua família. Então, era uma autoridade incontrastável, que
preenchia todos os vazios, mas era uma autoridade que começava a se
esgotar diante do volume que o Arraial estava tomando. Então, grande
parte do poder já tinha resvalado para o célebre João Abade, que era uma
espécie de Ministro da Guerra; para o seu primeiro general, o
pernambucano Pajeú, natural da Baixa Verde, que foi o seu grande
cabo-de-guerra; e as funções de Casa da Moeda e Juiz de Paz atribuídas
ao citado Antônio Vilanova.</p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27118" data-attachment-id="27118" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"1628853299","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="canudos-1964-10" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-10.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-10.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-10.jpg" data-orig-size="1789,1621" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-10/" height="362" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-10.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Ruínas em Canudos.</i></figcaption></figure></div>
<p>Não obstante, o seu poder ainda era tão grande que, apesar de alguns
dos seus guerreiros terem pretendido adotar uma estratégia ofensiva,
quando viram que o Exército estava tropeçando nas próprias pernas, nada
disso foi feito. Não porque faltasse ao sertanejo a intuição militar de
fazê-lo. Pelo contrário. Essa intuição militar sobrava no sertanejo. </p><p>O
próprio exército admite isso. Acontece que o Conselheiro era radical na
pregação de que o papel militar deles era de defender o Belo Monte. Não
fazia parte da estratégia do Conselheiro derrotar o Exército. Fazia
parte defender o mundo sertanejo que ele compreendia de uma concepção
litorânea que lhe era completamente estranha. E em Canudos, o que há de
mais dramático é que os litorâneos, em nenhum momento, compreenderam os
sertanejos, e os sertanejos não tinham como compreender os litorâneos.</p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-540" data-attachment-id="540" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"2.8","credit":"","camera":"DSC-P32","caption":"","created_timestamp":"1175598800","copyright":"","focal_length":"5","iso":"100","shutter_speed":"0.033333333333333","title":""}" data-image-title="DSC01789" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc01789.jpg?w=315" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc01789.jpg?w=315" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc01789.jpg" data-orig-size="315,178" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2011/03/06/os-potiguares-e-a-guerra-do-fim-do-mundo/dsc01789/" height="226" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc01789.jpg" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Foto de uma nota do jornal natalense A República de 1897, sobre o desenrolar da Guerra.</i></figcaption></figure></div>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Como se dava a organização militar
dos jagunços — suas táticas de guerra, seus armamentos etc. — para que
eles pudessem enfrentar o Exército e saírem vitoriosos em três das
batalhas? Ainda dentro da pergunta, quais foram as principais falhas
táticas cometidas pelas expedições militares?</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— O conhecimento
militar dos jagunços claramente não eram alguma coisa que exultasse de
uma verdade revelada. Quando acontece a 1ª Expedição Militar, do tenente
Pires Ferreira, os jagunços, que se chocam com essa expedição no
povoado baiano de Uauá, perdem uma quantidade enorme de adeptos. É
verdade que conseguem colocar a tropa do Exército para correr, mas
enquanto os militares perdem cerca de dez homens, os jagunços perdem
cerca de cem ou mais. Eles ainda não conheciam bem o sistema de combate. </p><p>A partir da 2ª Expedição, de Febrônio de Brito, eles começam a receber,
de permeio com a população, cangaceiros famosos que vinham de
Pernambuco, da Bahia, e começam também a aprender alguma coisa
observando os próprios militares. O que é preciso lembrar, ao contrário
do que dizia Euclides da Cunha, é que a 1ª Expedição Militar, a de 1896,
já era equipada a fuzis Mannlicher, modelo 1888, e não a Comblain, que
era um fuzil mais antiquado e não era uma arma de repetição. Os jagunços
começam a aproveitar essas armas e aprendem a fazer uso delas
maravilhosamente. É curioso assinalar que, apesar, de desde a 2ª
Expedição, os jagunços disporem de fuzis do Exército, eles não abandonam
os seus bacamartes. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-23772" data-attachment-id="23772" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"Picasa 2.7","camera":"HP ScanJet 3770","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="digitalizar0001-2-9" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0001-2-9.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0001-2-9.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0001-2-9.jpg" data-orig-size="1600,837" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/digitalizar0001-2-9/" height="209" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/digitalizar0001-2-9.jpg?w=1024" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Outro grupo de militares.</i></figcaption></figure></div>
<p>O bacamarte é uma arma que provocava um tiro fragmentário, com
pregos, pelouros de chumbo, pequenas pedras de hematita, muito
abundantes no local, enfim, que era usado muitas vezes para fazer uma
varredura, ou manter uma posição. Os jagunços tinham uma consciência –
que pode ser coisa arcaica, mas que na verdade é uma caraterística até
de guerra moderna — de que o seu bacamarte tinha um uso militar. Eles
combinam maravilhosamente o uso do bacamarte com o uso dos fuzis
recolhidos do Exército. Atuavam numa ordem tática admirável. </p><p>Com
formação diluída, piquetes de 12 a 20 homens, manobrando em formação e
desfazendo aquela formação rapidamente. Os que seriam comandantes de
companhia, na linguagem militar, que eles chamavam de cabos de turma,
usavam apitos para dar as vozes de comando. E nas distâncias maiores, em
que o apito não era audível, eles usavam o bacamarte, com tiro de
pólvora seca, para formar e desmanchar as linhas de atiradores, promover
o ataque de flanco, promover a retaguarda, e fustigar, enfim, a tropa
militar de todas as maneiras. </p><p>Os remanescentes das 2ª e 3ª Expedições
trouxeram para o litoral uma crônica sobre o modo de combater dos
jagunços que era aterrorizadora, porque eles diziam o seguinte: nos
comboios, os jagunços atiravam logo nos cavalos. Aí imobilizavam os
comboios e, facilmente, não tinham mais pressa, a partir desse momento,
de destruir os homens que seguiam juntos com aqueles comboios. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-23776" data-attachment-id="23776" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"1311088780","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="5-30-de-julho-de-1897-2" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/5-30-de-julho-de-1897-2.jpg?w=457" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/5-30-de-julho-de-1897-2.jpg?w=147" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/5-30-de-julho-de-1897-2.jpg" data-orig-size="740,1657" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/5-30-de-julho-de-1897-2/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2020/06/5-30-de-julho-de-1897-2.jpg?w=457" width="286" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Jornal dos Estados Unidos comentando a vitória das forças legais em Canudos.</i></figcaption></figure></div>
<p>Chegavam ao requinte de retirar a farda dos soldados mortos,
vestirem-se com essas fardas, penetrarem nas linhas do Exército, e
disseminarem o pânico completo, atirando quase à queima roupa nos
soldados que supunham estar sendo alvejados por seus próprios
companheiros. Enfim, usavam de todas as velhacarias. Há um
correspondente do Jornal do Brasil, na época, que diz: os jagunços se
vestiam de folhas, traziam chocalhos ao pescoço, para mais
insidiosamente penetrarem nas linhas dos soldados e poderem matá-los. E o
que mais se vê da crônica militar é a consideração de que o jagunço era
invisível. De fato, há aí um campo extraordinariamente rico. </p><p>O jagunço,
já em 1897 (sintonizado com uma virtude militar que só seria teorizada
em termos finais, e colocada em prática, sistematicamente, em 1904,
pelos japoneses, na Guerra Russo-Japonesa, mais especificamente na
Campanha da Mandchuria), com a sua mescla azul desbotada e a sua túnica
de algodãozinho, muitas vezes fiado nas rocas e nos fundos do próprio
Arraial, ofereciam cores que, segundo os manuais militares, desaparecem
da vista humana entre cento e cinquenta e duzentos e trinta metros. </p><p>Enquanto isso, o nosso Exército, fazendo uso do azul ferrete, nas
túnicas, e do vermelho escarlate, nas calças, se fazia visível ao
jagunço em distâncias superiores aos setecentos e até compatíveis com os
mil metros de afastamento do atirador. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-547" data-attachment-id="547" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Jornal “A Republica”, 10 de dezembro de 1897.</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"2.8","credit":"","camera":"DSC-P32","caption":"","created_timestamp":"1177065370","copyright":"","focal_length":"5","iso":"100","shutter_speed":"0.025","title":""}" data-image-title="DSC02996" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc02996.jpg?w=320" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc02996.jpg?w=258" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc02996.jpg" data-orig-size="320,410" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2011/03/06/os-potiguares-e-a-guerra-do-fim-do-mundo/dsc02996/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc02996.jpg" width="499" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Jornal
“A Republica”, 10 de dezembro de 1897 – A tropa de potiguares do 34º
Bataslhão que seguiu para Canudos retornou para Natal no vapor “Una”, o
mesmo que os transportou oito meses antes. Às onze e meia da manhã, em
torno de 4.000 pessoas aguardavam o desembarque, depois seguiram para a
Matriz para uma missa, havendo uma quase interminável seção de discursos
no quartel e finalmente os veteranos para as suas casas. Os jornais
comentam, com uma sutileza típica da impressa na época, que muitos
soldados voltaram “doentes e inutilizáveis”. No outro dia a tropa e a
população da cidade inauguraram o monumento aos mortos da guerra no
cemitério do Alecrim.</i></figcaption></figure></div>
<p>O Exército de homens do Norte e do Nordeste, e também de sulistas,
era, basicamente, de litorâneos, salvo pelo Batalhão de Polícia da
Bahia, composto por barranqueiros do São Francisco, homens que Euclides
considerava ajagunçados. Esses eram diferentes, eram, inclusive,
eficientes na guerra contra os homens de Conselheiro. Mas os litorâneos,
ao chegarem ao Sertão, não viam como se apropriar das riquezas
sertanejas, que não são à flor da pele. Quem chega na caatinga pensa que
vai morrer de fome em pouco tempo, mas o catingueiro sabe que tem por
si o mel de abelha, que lhe permite o suprimento calórico fabuloso, as
várias formas alimentares, inclusive de fauna e de flora, que a olhos
especializados se oferecem com facilidade. </p><p>O Exército não enxergava nada
disso, não conseguia tirar daquela terra as riquezas necessárias, e
padece de fome grave. Houve um grande descuido, da parte dos comandantes
militares, em todas as expedições, quanto ao aprovisionamento de
munição, aquilo que hoje se chama de logística. No entanto, é
imperdoável a ausência dessa logística, porque ela já era muito antiga,
como imperativa a qualquer força expedicionária que vá combater
território inóspito. Mas no Exército Brasileiro dessa época prevalecia a
ideia de que toda força expedicionária teria que se valer dos recursos
locais, e assim era, mesmo quando se tivesse a certeza de que esses
recursos locais eram inexistentes. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-548" data-attachment-id="548" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"2.8","credit":"Picasa 2.0","camera":"DSC-P32","caption":"","created_timestamp":"1177930037","copyright":"","focal_length":"5","iso":"100","shutter_speed":"0.04","title":""}" data-image-title="DSC04625" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc04625.jpg?w=193" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc04625.jpg?w=193" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc04625.jpg" data-orig-size="193,289" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2011/03/06/os-potiguares-e-a-guerra-do-fim-do-mundo/dsc04625/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/03/dsc04625.jpg" width="427" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Na
edição de “A Republica” de 17 de julho, estão listados os nomes dos
mortos, seus beneficiários e suas patentes. Ao ler a lista, salta aos
olhos um fato interessante; dos 41 integrantes do 34º Batalhão de
Infantaria listados pelo jornal como mortos no conflito, não há um único
oficial. No total são 3 sargentos, 9 cabos, 3 anspeçadas (patente
atualmente extinta), 3 músicos (corneteiros) e 23 soldados.</i></figcaption></figure></div>
<p>Outro problema do Exército era a excessiva liberdade que os chefes
militares tinham de polemizar entre si. A Guerra de Canudos foi
extremamente permeada por um número enorme de correspondentes de guerra
dos jornais do Centro-Sul e da Bahia. Havia um deles, capitão honorário
do Exército, José Benício, do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro,
que era com uma pena numa mão e, com a outra, um mosquetão. Como
historiador, eu só encontro a Guerra do Vietnã, recentemente, para
comparar com o que foi a presença íntima da imprensa nas linhas de fogo,
mandando informes de Canudos a cada instante. Havia linha telegráfica
de Monte Santo transmitindo esses artigos para Queimadas, de Queimadas
para Salvador, e de Salvador para o Rio de Janeiro, e os chefes
militares ficavam, através dos seus artigos, polemizando pela imprensa. </p><p>Um caso dramático foi o do chefe supremo da 4ª Expedição, o general
Artur Oscar, que manda dizer à imprensa do Rio que o inimigo era, no
mínimo, de quatro mil combatentes, e o coronel Carlos Teles, comandante
da 4ª Brigada de Infantaria, que escreve para o mesmo jornal, em
desmentido, e afirma que os jagunços não passavam de seiscentos homens.
Isso causa um impacto enorme na imprensa. </p><p>Eram dois chefes militares, um
subordinado ao outro, mas que abrem polêmica pela imprensa no momento
mesmo em que os combates se feriam. A outro caso, o do tenente Marcos
Pradel de Azambuja que responde ao tenente-coronel José de Siqueira
Menezes, desmentindo, até de maneira dura, um artigo que tinha sido
mandado por este. Era o tempo do chamado bacharel soldado. A Escola
Militar tinha um curriculum enciclopédico, onde se discutiam os temas da
Revolução Francesa, e ninguém discutia a matéria técnica conexa à arte
militar. Então, essa ausência de ensinamento de técnicas militares vem
também dificultar a aplicação das ordens de comando no campo de batalha.</p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27141" data-attachment-id="27141" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"1377812531","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="canudos-1964-25" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-25.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-25.jpg?w=276" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-25.jpg" data-orig-size="966,1154" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-25/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-25.jpg?w=857" width="536" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Foi em Canudos que o gênio de Euclides da Cunha criou a frase “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. E é mesmo!</i></figcaption></figure></div>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Existe um episódio em Canudos,
praticamente desconhecido, que é o da participação dos soldados
pernambucanos na Guerra de Canudos. Ressalta-se muito a participação dos
gaúchos na 4’ Expedição, organizada pelo general Artur Oscar, mas se
tem esquecido dos soldados nortistas e nordestinos. O senhor, de maneira
pioneira, estuda essas participações. Comente um pouco a presença
desses soldados no campo de batalha.</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— Em cem anos de
bibliografia sobre Canudos, o que se passou para o público foi a ideia
de que, além de um conflito entre litoral e Sertão, teria havido,
também, em Canudos, um conflito entre Norte e Sul. O Norte, termo
genérico que englobava na época o Nordeste, representado pelos jagunços,
e o Sul, representado pelo Exército. Então, eu pude verificar – e é um
dos pontos de pioneirismo do estudo que estou apresentando – que as
tropas que intervieram na fase mais penosa da Guerra, que é a fase
inicial, a partir de 25 de junho, com os primeiros combates a 27 e 28
também de junho, são tropas do Norte e do Nordeste. </p><p>Do Recife — que foi
uma cidade particularmente lançada em todos os episódios da Guerra —
parte, escolhido pelo presidente da República, o comandante supremo, o
general Artur Oscar, para o teatro de operações, à frente de uma força
expedicionária portentosa, tão logo corre a notícia, mais ou menos a 7
de março, da morte do coronel Moreira César (ele morrera a 3 de março,
mas a notícia só chega à imprensa em tomo do dia 7). </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-7644" data-attachment-id="7644" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Vista do mirante de Canudos, a estátua de Antônio Conselheiro, no Parque Estadual de Canudos, na Bahia<br />
LUCIANO ANDRADE/AE</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="30693" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30693.jpg?w=310" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30693.jpg?w=220" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30693.jpg" data-orig-size="310,465" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2013/11/02/canudos/attachment/30693/" height="809" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2013/11/30693.jpg?w=310" width="539" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Vista do mirante de Canudos, a estátua de Antônio Conselheiro, no Parque Estadual de Canudos, na Bahia LUCIANO ANDRADE/AE</i></figcaption></figure></div>
<p>O general era um carioca, agauchado pelo longo período de permanência
na fronteira Sul do Brasil, e um herói de verdes anos da Guerra do
Paraguai. Mas esse homem morava no Recife com a sua esposa, dona Maria
Helena, figura marcante em todos os passos da sua vida. Artur Oscar
parte do Recife com o 14º Batalhão de Infantaria, que era de Pernambuco,
e o 27º Batalhão de Infantaria, da Paraíba. Poucos dias depois, recebe o
aporte do 34° Batalhão, do Rio Grande do Norte; do 35º, do Piauí; do
2º, do Ceará; do 5°, do Maranhão; e do 40°, do Pará. </p><p>Em seguida, o 26°,
de Sergipe, e o 33°, de Alagoas. Ao lado de três batalhões gaúchos, é
essa tropa, inicialmente, quase que esmagadoramente predominante de
nordestinos e nortistas, que intervém na Guerra. Por Recife passam
quantidades imensas de tropas. A cidade se alegra, se engalana, se
prepara para receber maravilhosamente, ao longo dos meses de março e
abril, essas tropas que passavam, e se converte no que, um pouco naquela
ideia que foi desenvolvida com a Segunda Guerra Mundial, em relação a
Natal, no Rio Grande do Norte, em uma espécie de trampolim da vitória da
Guerra. No dia 15 de março sai daqui o comandante supremo, no mesmo
navio, com tropas do Norte e do Nordeste. </p><p>O engano de se supor que o
exército era, todo ele, de sulistas, é que, na fase final da Guerra,
muitos meses depois de iniciada a ação, as tropas vão sendo substituídas
pelas tropas frescas vindas do Sul, e acontece que, em um determinado
momento, já a seis dias do final da Guerra, esses sulistas estavam em
bom contingente. Alguns, até chegados recentemente. </p><p>E ao chegarem, com
eles segue o fotógrafo Flávio de Barros, contratado pelo ministro da
guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, para fazer a cobertura dos
lances finais da Guerra. Assim, a iconografia da Guerra remete o
historiador apressado à crença de que o Exército era todo aquele
contingente de homens de bombachas, tomando chimarrão, com chinelas à
beduíno, quando, na verdade, o grande suporte da Guerra é de nordestinos
e de nortistas.</p>
<figure class="wp-block-image size-large"><img alt="" class="wp-image-28621" data-attachment-id="28621" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"1516308236","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="can-6" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-6.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-6.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-6.jpg" data-orig-size="1145,526" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/can-6/" height="184" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-6.jpg?w=1024" width="400" /></figure>
<p><b><i>Suplemento Cultural — Estou lembrando que no livro No
calor da hora; a Guerra de Canudos nos jornais, de Walnice Nogueira
Galvão (1977), a pesquisa para nos jornais da Bahia. A autora deixa sem
levantamento, assim, tudo o que também se publicara nos outros
periódicos do Norte e Nordeste. Eu pergunto se há algo de exclusivo que
os jornais pernambucanos registraram e que passou desapercebido pelos
outros jornais da época.</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello – </b>Há uma riqueza
muito grande nos jornais pernambucanos por uma circunstância afortunada.
É bem verdade que tanto os jornais do Sul quanto os de Pernambuco
reproduzem bastante matérias transcritas dos jornais da* Bahia. Eram
feridos que desciam para Salvador e eram ouvidos pelos repórteres, ou
eram ouvidos em Queimadas, na ponta da linha do trem, ou até mesmo em
Monte Santo. </p><p>Mas no Recife aconteceu uma coisa curiosa. Dada a união
romântica, muito bonita, do general Artur Oscar com a sua esposa, dona
Maria Helena, ele se permitia mandar telegramas quase diários para ela,
relatando cada passo dos combates. Consequentemente, muito cedo a
imprensa de Pernambuco descobre que era na casa do general que estava
uma das melhores fontes de notícias frescas sobre o teatro de operações.
E aí há uma verdadeira orgia de informações patrocinadas pela esposa do
general. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-28617" data-attachment-id="28617" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="can-7" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-7.jpg?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-7.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-7.jpg" data-orig-size="812,541" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/can-7/" height="267" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2022/04/can-7.jpg?w=812" width="400" /></figure></div>
<p>Ela recebia os telegramas, lia e passava para a imprensa, e essa
imprensa muito frequentemente vinha a público agradecer a generosidade
de dona Maria Helena, “sem cujo concurso a nossa redação estaria
completamente à mingua de notícias”. Então, o diferencial positivo da
imprensa do Recife é de natureza romântica e doméstica, porque passa
pelo amor do general pela sua esposa, e pela generosidade dessa esposa
em alimentar de informações a imprensa da cidade a que ela tanto amava. </p><p>Eu tive o cuidado, no livro, de colocar uma grande quantidade desses
telegramas, que começam sempre de maneira muito bonita: “Monte Santo,
data tal, Maria Helena, saudades”, e aí segue seu relato. Essa fonte
alternativa, romântica, muito simpática, e muito insuspeitada de
informações, não há em nenhum outro ponto do Brasil, era privativa do
Recife. Para esta cidade ele volta ao final da Guerra, desdenhando de
ser recebido no Rio de Janeiro pelo presidente da República, o que
causou um grande <i>frisson</i>. Ele vem de Salvador para o Recife,
onde recebe as mais retumbantes homenagens que um chefe militar possa um
dia sonhar em receber.</p>
<p><b><i>SC — Morre no Recife?</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— Não, morre no Rio,
mas já anos depois. Ele vai morrer em 1903, seis anos depois da Guerra,
já reformado e morando no Rio de Janeiro.</p>
<p><b><i>SC — No apêndice do seu livro temos verbetes biográficos
dos homens da Guerra. Traçando a trajetória de vida desses que foram os
artífices da Guerra — militares e civis — o senhor encontrou algum dado
revelador, até então desconhecido?</i></b></p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-4486" data-attachment-id="4486" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="guerra-de-canudos-flavio-de-barros6" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos-flavio-de-barros6.jpg?w=412" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos-flavio-de-barros6.jpg?w=230" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos-flavio-de-barros6.jpg" data-orig-size="412,590" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/12/01/mouvements-messianiques-et-banditisme-social-dans-le-nordeste-bresilien/guerra-de-canudos-flavio-de-barros6/" height="720" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerra-de-canudos-flavio-de-barros6.jpg?w=412" width="503" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Ruínas da Guerra.</i></figcaption></figure></div>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— O livro tem um
apêndice com três contribuições que eu reputo de importância para a
compreensão da Guerra. O primeiro é o memorial deixado pelo frei João
Evangelista de Monte Marciano, um italiano chegado ao Brasil, em 1872,
que esteve no Arraial, em 1895, tentando, através da pregação religiosa,
dissolver o Arraial, que já era considerado pela Igreja Católica como
uma força contrária ao ultramontanismo de Roma, porque se formava ali
uma Igreja popular. Por exemplo, uma instituição de igreja popular era a
“beija das imagens”. Isso vinha do padre Ibiapina. </p><p>Terminada a
solenidade, o Conselheiro ia beijando imagem por imagem. A Igreja
Católica, na sua ortodoxia, não reconhecia esse ato como fazendo parte
da liturgia. Também o papel da República se voltando contra aquele
irredentismo de Canudos. Tudo isso está no relatório do frei Monte
Marciano. Ao lado disso, eu tive o cuidado de, em mais de dois anos de
investigação, purificar a informação sobre as armas empregadas na
Guerra. Isso parece irrelevante, mas na verdade tem um grande papel,
porque a bibliografia centenária da Guerra nos remete a uma grande
confusão. </p><p>Ainda recentemente, instituições sérias têm publicado
verdadeiros disparates nesse campo, apontando armas que jamais foram
utilizadas ali, ou enaltecendo o papel de canhões, como as baterias
Canet, que morreram virgens, porque chegaram em Monte Santo e de Monte
Santo não foram levadas para o teatro de operação, e, no entanto, são
apontadas como sendo as grandes armas de importância em Canudos. Então
houve essa preocupação de purificar a informação militar sobre os
petrechos bélicos, e chegar a um grau de confiança que parece bastante
aceitável. </p><p>Por fim, uma biografia das figuras envolvidas na Guerra. E aí
há revelações bem curiosas. Uma delas é a figura de Teresa Jardelina de
Alencar de quem já falamos anteriormente. Foi possível também
verificar, nesse cotejo das figuras da Guerra, que um nome avultava em
meio a todos os demais: o do então tenente-coronel Dantas Barreto. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-4460" data-attachment-id="4460" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Antônio Conselheiro dépeint par la presse à l’époque de la Guerre de Canudos</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="cd4278f109af61c4487f26cd94244dd6282" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/cd4278f109af61c4487f26cd94244dd6282.gif?w=351" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/cd4278f109af61c4487f26cd94244dd6282.gif?w=218" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/cd4278f109af61c4487f26cd94244dd6282.gif" data-orig-size="351,531" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/12/01/mouvements-messianiques-et-banditisme-social-dans-le-nordeste-bresilien/cd4278f109af61c4487f26cd94244dd6282/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/cd4278f109af61c4487f26cd94244dd6282.gif?w=351" width="423" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Antônio Conselheiro na Guerra de Canudos.</i></figcaption></figure></div>
<p>Pernambucano de Bom Conselho, herói da Guerra do Paraguai, para onde
segue com 15 anos de idade, volta como alferes por bravura, e que na
Guerra de Canudos, onde chega, a 25 de junho, comandando o 25° Batalhão
de Infantaria, vindo do Rio Grande do Sul, em pouco tempo é elevado ao
comando da 3° Brigada de Infantaria. É o idealizador do
entrincheiramento mais importante, que teve o nome de Linha Negra, e
fica por ser o expugnador da Igreja Nova, que era o baluarte máximo dos
jagunços. Esse homem fica do primeiro ao último dia da Guerra, o que é
uma raridade, em trincheiras insalubres, fétidas, atacadas pela varíola,
infestadas de muquiranas e de piolhos, onde a desinteria grassava a
cada instante e onde, muito frequentemente, os oficiais passavam apenas
seis dias, porque caíam doentes. </p><p>Dantas, por ser sertanejo e de origem
humilde, fica do primeiro ao último dia da Guerra e pratica as façanhas
mais importantes. </p><p>No plano militar é, ao meu ver, o grande herói da
Guerra. Também será esse homem que produzirá, entre os seus
contemporâneos, a obra literária mais vasta sobre a Guerra de Canudos,
embora inteiramente esquecida, apesar de a Última Expedição a Canudos,
de 1898, ser o livro mais citado por Euclides da Cunha em <i>Os Sertões</i>. Mas o Dantas nos deixa também os livros <i>Destruição de Canudos</i>, de 1912, e <i>Acidentes da Guerra</i>, de 1914. <i>Acidentes da Guerra</i>
é o primeiro romance histórico, escrito por militar, abordando aspectos
da Guerra, inclusive o perfil mental do coronel Moreira César. </p><p>É uma
figura que compreendeu que o Conselheiro era um pregador persuasivo, era
um homem, como ele dizia, de vistas superiores, um grande condutor da
sua gente. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-4136" data-attachment-id="4136" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Drawing depicting Antonio Advisor and disseminated via newspapers and books in southern Brazil in the late nineteenth century – http://culturapauferrense.blogspot.com.br</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"HP pstc4400","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="antonio_conselheiro" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/antonio_conselheiro2.jpg?w=411" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/antonio_conselheiro2.jpg?w=212" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/antonio_conselheiro2.jpg" data-orig-size="411,640" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/09/22/cangaco-millenarian-rebels-prophets-and-outlaws/antonio_conselheiro-4/" height="640" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/antonio_conselheiro2.jpg" width="411" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Imagem de Antônio Conselheiro em jornais da época – Fonte – <a href="http://culturapauferrense.blogspot.com.br" rel="nofollow">http://culturapauferrense.blogspot.com.br</a></i></figcaption></figure></div>
<p>É a Dantas Barreto que nós devemos a convicção — e não a Euclides,
jamais a Euclides — de que o Exército não se bateu em Canudos contra
nenhum idiota, nem nenhum doente mental. Porque a ideia que se tem que
Conselheiro seria um paranoico, um desequilibrado — como disse Euclides:
um neurótico vulgar — é que o nosso Exército, que perde em Canudos
cinco mil soldados, tinha tido um papel estranho de não conseguir vencer
um homem com todas essas qualidades negativas. Na verdade, Dantas
mostra claramente que o Conselheiro tinha virtudes de condottiere das
massas.</p>
<p><b><i>SC — O seu livro também trata dos excessos da Guerra de Canudos. Quais foram esses excessos?</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— Muito se fala
sobre os excessos da Guerra de Canudos. De fato, é uma Guerra
absolutamente sem quartel. Mas os excessos foram de parte a parte.
Normalmente, nós vemos mais o excesso do Exército, ao não permitir
prisioneiros masculinos, quase todos eles degolados ao final da Guerra;
ao patrocinar uma diáspora de crianças, os chamados jaguncinhos, que
eram doados pelo comandante supremo a quem os solicitasse. </p><p>O próprio
Euclides da Cunha levou um desses meninos, que viria a ser um professor
primário em São Paulo. Outros deram a essas crianças destinos menos
nobres. As mocinhas, às vezes de 12, 13 anos, eram estupradas
impunemente pelos soldados. Formaram-se comitês de auxílio. Um deles,
chefiado pelo jornalista Lelis Piedade, que encaminhou, em Salvador,
algumas dessas crianças para um destino melhor, mas, no geral, órfãs,
elas sofreram uma diáspora, foram espalhadas por todo o país. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-full is-resized"><img alt="" class="wp-image-4142" data-attachment-id="4142" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Euclydes da Cunha – http://www.estadao.com.br</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="euclides(1)" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/euclides1.jpg?w=292" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/euclides1.jpg?w=292" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/euclides1.jpg" data-orig-size="292,280" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/09/22/cangaco-millenarian-rebels-prophets-and-outlaws/euclides1/" height="384" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/09/euclides1.jpg" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Euclydes da Cunha – <a href="http://www.estadao.com.br" rel="nofollow">http://www.estadao.com.br</a></i></figcaption></figure></div>
<p>Os homens adultos, degolados, com as carótidas cortadas, ao estilo da
fronteira, ao estilo uruguaio, da malagataria, e argentino, da
província de Corriente, bebido no Rio Grande do Sul, desde o levante
Federalista de 1893. Mas também do lado jagunço, o retalhamento a facão
dos feridos da 1ª e 2ª Expedições, e da 3ª, do coronel Moreira César — o
próprio Moreira César, juntamente com o capitão Salomão da Rocha e o
coronel Tamarindo, foram retalhados a facão. Era uma guerra sem
condescendência, de parte a parte. </p><p>Com relação ao Exército, é
interessante dizer, porque quase não há investigação nesse sentido, de
que, já em 1900, o Exército assumia uma posição de censura aos excessos
de conduta praticados por um de seus membros, o general Artur Oscar, na
condução da Campanha de Canudos. </p><p>Esse fato nos vem da seguinte
revelação: nesse ano de 1900, o general Artur Oscar se dirige
oficialmente ao Senado da República pedindo a instituição de uma
comenda, com o que seriam galardoados os militares participantes da
Campanha de Canudos. O Senado abre vistas do processo ao Exército, e o
Exército envia o assunto ao Estado Maior. Presidia o Estado Maior o
general João Tomás da Cantuária, considerado um militar brilhante na
época. </p><p>E o parecer do general é um primor de equilíbrio, ao dizer que o
Exército Brasileiro, oficialmente declarado ao Senado da República, não
era favorável a instituição de uma comenda, devido aos excessos
praticados numa Guerra que, em final de contas, era um conflito de
brasileiros contra brasileiros, realizado inteiramente no âmbito de um
Estado da Federação. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-4480" data-attachment-id="4480" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Le corps d’Antônio Conselheiro retiré de son tombeau par les militaires pour se faire photographier</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="guerradoscanudos" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerradoscanudos.jpg?w=451" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerradoscanudos.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerradoscanudos.jpg" data-orig-size="451,284" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/12/01/mouvements-messianiques-et-banditisme-social-dans-le-nordeste-bresilien/guerradoscanudos/" height="252" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/guerradoscanudos.jpg?w=451" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Corpo de Antônio Conselheiro.</i></figcaption></figure></div>
<p>Então, o que se pode ver do episódio de Canudos é o Exército punindo e
limitando o próprio Exército. E esse pequeno ponto de luz é sempre
interessante que se tenha em vista, no momento em que, costumeiramente, o
mais fácil, o mais sensacional, é apenas mostrar a sistematização da
degola praticada pelos militares, em Canudos.</p>
<p><b><i>Suplemento Cultural – Euclides conclui Os Sertões dizendo
que “ali estavam, no relevo de circunvoluções expressivas [do
Conselheiro], as linhas essenciais do crime e da loucura…”. O senhor, de
certa forma, conclui o seu livro discordando dessa assertiva, quando
transcreve os resultados científicos que, em dezembro de 1897, o médico
Nina Rodrigues revelou ao país. Para este, não havia “nenhum a anomalia
que denunciasse traços de degenerescência” no Conselheiro. Porém, como
fizera Euclides, antes, o senhor deixa o leitor mais uma vez curioso,
pois fica sem saber qual foi a reação das autoridades e do povo
brasileiros com o tão esperado laudo de Nina Rodrigues, depois de tudo,
que se tinha dito e escrito na imprensa contra o Conselheiro.</i></b></p>
<p><b>Frederico Pernambucano de Mello </b>— É verdade.
Observe-se que Os Sertões é um livro que cria uma ideia de um
Conselheiro monstruoso. E por conta talvez dessa crença que existia, e
que Euclides captou e terminou por traduzir em seu livro, ao terminar a
Guerra, no dia seguinte, 6 de outubro de 1897, foram feitas escavações
numa área ao lado da Igreja Nova, e onde se sabia ter residido o
Conselheiro até a sua morte. Rapidamente, foi encontrada uma área de
areia fofa, onde se pôde exumar o cadáver de um homem de um metro e
sessenta de altura, pardo, desprovido de dentes nas maxilas, vestido com
uma batina de mescla azul, e envolto em lençóis brancos e esteiras de
cera de carnaúba. Cabelos ainda fortemente escuros, negros, a barba
apenas um pouco grisalha, o nariz já parcialmente comido pelos vermes, e
que era Antônio Conselheiro. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large is-resized"><img alt="" class="wp-image-4461" data-attachment-id="4461" data-comments-opened="1" data-image-caption="<p>Représentation publiés dans les journaux dans le sud du Brésil, montrant Antônio Conselheiro et sa lutte contre le Brésilien République</p>
" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":""}" data-image-title="350px-Conselheiro_Revista_Ilustrada" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/350px-conselheiro_revista_ilustrada.jpg?w=350" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/350px-conselheiro_revista_ilustrada.jpg?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/350px-conselheiro_revista_ilustrada.jpg" data-orig-size="350,334" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/2012/12/01/mouvements-messianiques-et-banditisme-social-dans-le-nordeste-bresilien/350px-conselheiro_revista_ilustrada/" height="382" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2012/12/350px-conselheiro_revista_ilustrada.jpg?w=350" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Representação dos jornais brasileiros mostrando Antônio Conselheiro contra a República Brasileira.</i></figcaption></figure></div>
<p>Um médico da Expedição, chefe do corpo sanitário, que era lotado
aqui, no Recife, e sai daqui junto com o general Artur Oscar, o
major-médico José de Miranda Cúrio, que operava, fazia amputações,
conversando o tempo todo com os amigos, contando piadas, e ali fazia 20,
30 amputações de pessoas que chegavam feridas ao Hospital de Sangue,
entende de cortar a cabeça do Conselheiro. Remove a massa encefálica,
coloca cal para conservação, encerra-a numa urna, e leva ele próprio
para Salvador a cabeça do Conselheiro, para que ela fosse periciada pela
grande sumidade da ciência nacional, Raimundo Nina Rodrigues. </p><p>Este
recebe o crânio e se permite trocar ideias com o maior psiquiatra
brasileiro do seu tempo, Juliano Moreira. </p><p>Eles analisam exaustivamente o
crânio do Conselheiro do meado de outubro até o meado de novembro,
quando, então, para surpresa geral, inicialmente deles próprios, depois
da Nação, eles revelam que o crânio de Antônio Conselheiro não
apresentava nenhuma anomalia que pudesse responder pela sua suposta
criminalidade, pela sua violência, pela sua conduta irredenta. Ele tinha
o crânio normal, tinha até traços superiores, porque era um
dolicocéfalo, mesorrino. </p><p>A partir dessa proclamação, que é feita com
grande surpresa por Nina Rodrigues, inicia-se no país um grande complexo
de culpa nacional, que só tem feito crescer, nesses cem anos passados,
desde quando a Guerra terminou. Conselheiro não era um criminoso. </p>
<div class="wp-block-image">
<figure class="aligncenter size-large"><img alt="" class="wp-image-27116" data-attachment-id="27116" data-comments-opened="1" data-image-caption="" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="canudos-1964-8" data-large-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-8.png?w=636" data-medium-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-8.png?w=330" data-orig-file="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-8.png" data-orig-size="1002,584" data-permalink="https://tokdehistoria.com.br/canudos-1964-8/" height="233" src="https://tokdehistoria.files.wordpress.com/2021/08/canudos-1964-8.png?w=1002" width="400" /><figcaption class="wp-element-caption"><i>Cruzeiro de Canudos na década de 1940.</i></figcaption></figure></div>
<p>Conselheiro era apenas um homem diferente, o outro, uma concepção de
vida sertaneja que estava inteiramente desconhecida e ignorada no
litoral e que, graças a isso, a Guerra não teve por si nenhuma tentativa
diplomática de acomodação, de diálogo, de entendimento, e foi até o
fim, terminando apenas com o que Dantas Barreto chamou “superação
absoluta de um contendor pelo outro”. Mas assim mesmo, o Exército que
sai vitorioso da guerra, perde um 1/3 do seu efetivo no campo de
batalha. O efetivo do Exército à época, nominal, por lei, era de vinte e
dois mil homens, mas, na prática, esse efetivo nunca supera quinze mil. </p><p> E mesmo esse contingente foi mesclado com forças policiais do Pará, do
Amazonas, de São Paulo e da Bahia. Auxiliado também por tropas
pernambucanas, que não combateram em Canudos, mas que receberam a missão
de etiquetar toda margem esquerda do Rio São Francisco, para impedir um
dos grandes perigos que o Exército considerava, que seria a adesão do
outro grande arraial místico nordestino, que era Juazeiro do Norte, no
Ceará, tendo à frente o padre Cícero, um homem tão poderoso que
levantaria, estalando um dedo, oitocentos homens em armas, no momento em
que desejasse. </p><p>O Exército temia que esses jagunços do padre Cícero
pudessem se deslocar para o Sul, atravessar o São Francisco e ganhar o
Arraial do Belo Monte, se solidarizando com o Conselheiro. Coube ao
Estado de Pernambuco criar, para isso, um corpo provisório de polícia,
com cerca de trezentos homens, e tornar inviolável essa fronteira de
Pernambuco para com a Bahia e Alagoas e impedir, portanto, a
possibilidade de auxílio, em homens e em gêneros, para a luta que se
feria no Belo Monte.</p>
<ul><li><b>Anco Márcio Tenório Vieira</b> é jornalista, em 1997 era doutorando em Literatura Brasileira na UFPB.</li></ul>
<div class="sharedaddy sd-rating-enabled sd-like-enabled sd-sharing-enabled" id="jp-post-flair"><div class="sharedaddy sd-sharing-enabled"><div class="robots-nocontent sd-block sd-social sd-social-icon-text sd-sharing"><h3 class="sd-title">Fonte: Tok de História<br /></h3></div></div></div></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-1764974284577583012022-11-22T11:47:00.005-03:002022-11-22T11:47:44.727-03:00A vida após o cangaço<p> <span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;">João Maria e Zé <b>Rufino</b>? </span></span><br /></p><p> Por Moisés Reis<br /></p><p>Em carta escrita pelo padre Renato Galvão no dia 4 de outubro de 1954 endereçada ao deputado João da Costa Pinto Dantas, encontramos o curioso dia em que João Maria de Oliveira, adversário político do padre naquela ocasião, quase precisou se entender com o famoso matador de cangaceiros, o tenente José Osório de Farias, conhecido com Zé Rufino.</p><p></p><p style="text-align: center;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMJAfC42_Tse6G6YINYNDFdivTy8rhNsecrdfA8ZoIwYjataLgWnAeJXNLuGGAxK4rYgwXxnJOFoZI8ljWyK0xgFshNlpnI-Akwo9jbeP5dpc60rewKfylzwoIhox7I7kZGkJj0h0geDcJd2PG0ygXyap6vEPZk7WhJJFk-9JlvA3HaBlnFLOfxm3F/s2103/memoria-do-cangaco373.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1399" data-original-width="2103" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMJAfC42_Tse6G6YINYNDFdivTy8rhNsecrdfA8ZoIwYjataLgWnAeJXNLuGGAxK4rYgwXxnJOFoZI8ljWyK0xgFshNlpnI-Akwo9jbeP5dpc60rewKfylzwoIhox7I7kZGkJj0h0geDcJd2PG0ygXyap6vEPZk7WhJJFk-9JlvA3HaBlnFLOfxm3F/w400-h266/memoria-do-cangaco373.jpg" width="400" /></a></p><p style="text-align: center;"> <b>Zé Rufino, em imagem de Thomas Farkas</b><br /></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTNDCwbi6mVe8zwFjW06Cx0rPicq6-xRo8G5Aim389BWJW53LP9ho1aKEpxwXurRqu-ab_ZA3bhAWtkvc0ca-Nh_o1yfyBq1wwoOviWN8QG5X9vpYr2eila-_O0qBhEjZ830ISmvCfs8X6mxMf307yE3tLbjdAVrGq6pxTjoLx7LtqjrjRrBu65ZNy/s242/CORONEL%20JO%C3%83O%20MARIA%20DE%20CARVALHO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="219" data-original-width="242" height="362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTNDCwbi6mVe8zwFjW06Cx0rPicq6-xRo8G5Aim389BWJW53LP9ho1aKEpxwXurRqu-ab_ZA3bhAWtkvc0ca-Nh_o1yfyBq1wwoOviWN8QG5X9vpYr2eila-_O0qBhEjZ830ISmvCfs8X6mxMf307yE3tLbjdAVrGq6pxTjoLx7LtqjrjRrBu65ZNy/w400-h362/CORONEL%20JO%C3%83O%20MARIA%20DE%20CARVALHO.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><b>Coronel João Maria de Carvalho</b><br /></div><div> <br /><p></p><p>Para entender o contexto, é preciso lembrar que naquele ano (1954) o cangaço já havia acabado e Zé Rufino gozava de enorme prestígio pelos seus feitos durante os tempos do combate ao banditismo. Naquela data, acontecia a eleição para prefeito de Cícero Dantas, pleito vencido por João Batista de Andrade Souza, da UDN com 1374 votos, e a seção eleitoral de Fátima, que funcionava no atual Colégio Estadual N. S de Fátima, era famosa pelas confusões entre os grupos políticos rivais.<br /><br />Sabendo disso, o Padre Renato buscou se precaver e solicitou junto às autoridades a presença de ninguém menos que Zé Rufino, a fim de garantir que os trabalhos corressem dentro da normalidade.<br /><br />Acontece que o famoso oficial, por alguma razão, não atendeu ao chamado do Padre e a problemática seção eleitoral ficou sem a autoridade policial desejada pelo vigário.<br /><br /> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_32TPoapiTjO9m-YpvgfASor1J2id292Wl6cnVxlg0Vwl0JNjVyUPkN5JWqgjLj-GPiIe8tpAbHAVYArU1yG43oZEqLt1eZ9eyyFEoYaFwetfUqJwLbudgIdTrpF_noZYwLT7xpq2Dyiv/s217/Mons+Inaugura%25C3%25A7%25C3%25A3o+do+Instituto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="217" data-original-width="160" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_32TPoapiTjO9m-YpvgfASor1J2id292Wl6cnVxlg0Vwl0JNjVyUPkN5JWqgjLj-GPiIe8tpAbHAVYArU1yG43oZEqLt1eZ9eyyFEoYaFwetfUqJwLbudgIdTrpF_noZYwLT7xpq2Dyiv/w295-h400/Mons+Inaugura%25C3%25A7%25C3%25A3o+do+Instituto.jpg" width="295" /></a></div><br /><p></p><p>O que se segue, de acordo com o relato do religioso na dita carta é um caos promovido pelo então soldado João Maria e um certo subdelegado João Neves. Ainda de acordo com o relato da carta, Dona Ludi era a presidente da mesa e João Maria teria usado isso em seu favor, coagindo eleitores adversários e espalhando boatos de pânico provocado o retorno antecipado de eleitores que não votaram. </p><p>Eram 600 votantes naquela seção que, devido aos contratempos provocados por João Maria e o Subdelegado, tiveram apenas três horas para concluírem a votação em cédula da época o que, naturalmente, provocou alta abstenção em uma seção que tinha muito mais votos para o candidato do Padre. Diante disso, O vigário finaliza a carta pedindo a intervenção do deputado no sentido de anular a votação e realizar novo pleito.<br /><br />O fato a ser registrado aqui é um quase encontro entre a mais famosa liderança política de Fátima e um personagem importante da história do cangaço. Encontro que só não aconteceu (ao menos não dessa vez) pela ausência de Zé Rufino.<br /><br />Obviamente esse texto não visa atacar a imagem de nenhum dos personagens envolvidos nessa história, o que busco, tão somente, é trazer o relato aos leitores do blog e deixar o registro de mais um episódio da nossa história. </p><p><br /></p><p><b>Pescado em</b> <a href="https://historiadefatimaba.blogspot.com/2022/11/joao-maria-e-ze-rufino.html?fbclid=IwAR1IhzFSmGS9a-Rr9JHNETMqBAk1EAFUiP6n2n37-f11uazznUp0dmbALYQ">Blog História de Fátima</a><br /></p></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-28643357043081140062022-11-12T10:01:00.002-03:002022-11-12T10:01:42.586-03:00Gleuse Ferreira <div><p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;"><b>Bisneta</b> de <b>Lampião</b> e Maria Bonita <b>lidera</b> novo 'bando' da <b>família</b></span></span><br /><br />Por Claudia Castelo Branco TAB, UOL<br /><br />Paulo Serdan, 55, presidente da Mancha Verde, foi pego de surpresa quando advogados o procuraram num dia de julho. Eram representantes da família Ferreira — a família de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita. <br /><br />No Carnaval de 2023, a agremiação paulista, atual campeã, vai levar à avenida o desfile "Oxente: sou xaxado, sou Nordeste, sou Brasil", que revisita tradições do sertão nordestino, onde nasceu o xaxado, dança do cangaço na qual a espingarda marcava o ritmo da pisada — o nome vem do barulho das alpercatas, o xa-xa, na areia. O que a Mancha Verde não sabia é que a única filha de Lampião e Maria Bonita, Expedita, 90, está viva.<br /><br />A conversa com os advogados foi amigável, visto que o desfile tem caráter cultural, não comercial. "É nossa família. Nós só queremos ser protagonistas também", diz a arquiteta Gleuse Ferreira Nunes de Oliveira, 41, bisneta do casal que liderou o cangaço. Gleuse tem viajado de Aracaju, onde mora, para São Paulo. Num domingo de novembro, ela chegou ao barracão da Mancha Verde no Bom Retiro carregando Bento, um chihuahua enfeitado com lenço no pescoço.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKTe3bjkv3WQvZWbodQLbJAsaZdfV_FVIoq9xVegQTw15fR7Ml0PqaOFfD1YM87mlrLaCr5v63CUUvtmWOBiOIeK_vkYy_FF5t9JxmASzggLcYsJJ1ZEC-uS82MqNMtGAxdLNa06Xz2wxchhjZgeHUfj0TZdc_CvnZ-FwH0mklj-hw5TYJnvm6Ijza/s1170/gleuse-ferreira-bisneta-de-lampiao-e-maria-bonita-em-sao-paulo-1668028247441_v2_1170x540.jpg.webp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="1170" height="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKTe3bjkv3WQvZWbodQLbJAsaZdfV_FVIoq9xVegQTw15fR7Ml0PqaOFfD1YM87mlrLaCr5v63CUUvtmWOBiOIeK_vkYy_FF5t9JxmASzggLcYsJJ1ZEC-uS82MqNMtGAxdLNa06Xz2wxchhjZgeHUfj0TZdc_CvnZ-FwH0mklj-hw5TYJnvm6Ijza/w400-h185/gleuse-ferreira-bisneta-de-lampiao-e-maria-bonita-em-sao-paulo-1668028247441_v2_1170x540.jpg.webp" width="400" /></a></div></div><div style="text-align: center;"><b>Gleuse Ferreira, bisneta de Lampião e Maria Bonita, </b></div><div style="text-align: center;"><b>no barracão da Mancha Verde, em São Paulo.</b><br /></div><br /><div><p>"Muita gente não sabe que existimos. Ou pensam que a gente tá lá no sertão, no meio do mato", conta, enquanto observa a estrutura de um Lampião gigante. "É esse aqui o meu?", pergunta — a convite da escola, a arquiteta será responsável pela decoração de um dos carros.<br /><br />A família Ferreira é pequena, formada por mulheres animadas, aposentadas, viúvas ou solteiras — "o segredo da felicidade", segundo Expedita. Ela é mãe de Iza, Gleuse, Vera e Deja. Gleuse, 66, decidiu batizar a filha caçula, a arquiteta, com o próprio nome; e também é mãe de Karla, 43, que mora em Londres. "E a gente só anda agarrada, é uma folia", dizem. Certa vez, o marido de Expedita foi para o hospital, e um dos médicos não gostou de ver o quarto lotado de visitas. Vera, 67, logo reagiu: "Olha, a gente veio de um bando e vamos continuar em bando aqui dentro".</p><p style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSkmpUPC8sUnPpE_JjLR-dYObiIJcwZ7XSLCXnokmiXYEpBKf8-cimjUDsoZMb2hGcGq2WuKFUaKBj14jB-Mxd6YB7tdT902OfbrShzfaMHY6C2Crcz2AYCL_MPrSaZHSMqeimXxfABCnCy6MG6c2XxPTQqWj801qJ6GLGbxYb4kSLjKmaEM9ttf6I/s750/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668031477353_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSkmpUPC8sUnPpE_JjLR-dYObiIJcwZ7XSLCXnokmiXYEpBKf8-cimjUDsoZMb2hGcGq2WuKFUaKBj14jB-Mxd6YB7tdT902OfbrShzfaMHY6C2Crcz2AYCL_MPrSaZHSMqeimXxfABCnCy6MG6c2XxPTQqWj801qJ6GLGbxYb4kSLjKmaEM9ttf6I/w400-h225/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668031477353_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a> </p><p style="text-align: center;">'É nossa família. Nós só queremos ser protagonistas também', diz Gleuse Ferreira </p><p style="text-align: center;">Imagem: Pryscilla K./UOL.</p><p><b><span style="font-size: large;">Outros Carnavais </span></b><br /><br />Ao contrário de cangaceiros nobres do passado, os Ferreira não eram proprietários de terra e não tinham finanças fora do cangaço. Após a morte dos pais, na grota do Angico (SE), Expedita recebeu de herança uma mecha de cabelo de Lampião, morto em 1938. Passou anos escondida e com medo, tanto que o sobrenome só foi para sua certidão em 2016. O olhar torto ao bando de Lampião mudou na década de 1980, quando se iniciou uma nova leitura da trajetória do cangaço. Hoje, o acervo da família vem sendo trabalhado também sob nova perspectiva. Vera lembra até hoje de uma viagem para São Paulo que fez na adolescência, com a mãe e a historiadora Marta Machado, e encontrou ex-cangaceiros. Todos levantaram-se em respeito à Expedita, o que a fez pensar que o avô não era o vilão que sempre ouviu dizer. Decidiu então ir viver no sertão, em busca de respostas.</p><p style="text-align: center;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIxtQctbxaec3Opz7hAFx0RLlMECJveP1ogYOuiWmh7w4m9LKiS35twhu4KX_Wd3AFXMkgN6XIjLp7izb9JTs4LackwUW-aY3MdHTNLorx76WGTGWlKHNsgNylsH95xE6xSVKVLxDbxjqirQwy2tJcOEqgKQYpA6Mba4ouIsJpzDIY_jJWcObXV7xM/s750/o-bando-da-arquiteta-gleuse-ferreira-a-mae-tambem-gleuse-a-bisavo-expedita-a-tia-iza-e-a-prima-luana-1668032184445_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIxtQctbxaec3Opz7hAFx0RLlMECJveP1ogYOuiWmh7w4m9LKiS35twhu4KX_Wd3AFXMkgN6XIjLp7izb9JTs4LackwUW-aY3MdHTNLorx76WGTGWlKHNsgNylsH95xE6xSVKVLxDbxjqirQwy2tJcOEqgKQYpA6Mba4ouIsJpzDIY_jJWcObXV7xM/w400-h225/o-bando-da-arquiteta-gleuse-ferreira-a-mae-tambem-gleuse-a-bisavo-expedita-a-tia-iza-e-a-prima-luana-1668032184445_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></p><p style="text-align: center;"><b>O 'bando' da arquiteta Gleuse Ferreira: a mãe Gleuse, a bisavó Expedita, a tia Iza e a prima Luana. </b><b>Imagem: Pryscilla K./UOL.</b></p><p> </p><p>No livro "Lampião e Maria Bonita - uma história de amor e balas", o jornalista Wagner Gutierrez Barreira conta que os antigos cabras de Lampião se renderam em acordos com a polícia, outros abandonaram o cangaço, fugiram ou simplesmente tocaram a vida. A maioria cumpriu pena e muitos receberam indulto nos anos 1950. </p><p>Na prisão, ganharam fama de tranquilos e alegres. "Quem entrava pro cangaço entrava com um sentimento de Justiça", observa Gleuse Ferreira, a bisneta. Diversas versões ficaram famosas sobre o que foi o bando, com relatos e informações contraditórias — muitas delas, fictícias. "[Lampião e Maria Bonita] são personagens que ultrapassam a própria realidade", comenta o carnavalesco André Machado, 37, exibindo entre suas referências para o Carnaval o livro "Bonita Maria do Capitão", de Vera Ferreira, a neta. De herói a vilão, há de tudo no imaginário ao redor de Lampião, incluindo um livro que diz que o sertanejo era gay. Também há controvérsias sobre a origem do apelido de Maria Bonita, mas é fato que foi no semiárido nordestino que Virgulino encontrou Maria de Déa, recém-separada, que abandonou tudo para seguir o amor de sua vida.</p><p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ8DC7fcSt6BYn-lmabYeNOLjD3zPuEy6KjlW4iRsUt_Co2yzvHviuPpFiMRbQwTzNpxkIaaIXx31F24Lu7xsX-IC8CzleiLRWqcXgBBDVgD2MnxFv5OY5jfFrUbeR5soU_NbplrQSdmHZaFj5xbfpX-wpX6bZDepjdq0idltp_66EZf3G_X2rEGRM/s750/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668028655877_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ8DC7fcSt6BYn-lmabYeNOLjD3zPuEy6KjlW4iRsUt_Co2yzvHviuPpFiMRbQwTzNpxkIaaIXx31F24Lu7xsX-IC8CzleiLRWqcXgBBDVgD2MnxFv5OY5jfFrUbeR5soU_NbplrQSdmHZaFj5xbfpX-wpX6bZDepjdq0idltp_66EZf3G_X2rEGRM/w400-h225/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668028655877_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bastidores do barracão da Mancha Verde para o Carnaval de 2023.</td></tr></tbody></table><p style="text-align: center;"></p><p><br /><b><span style="font-size: large;">Viva o Nordeste</span></b></p><p><br /> "O Nordeste merece ser celebrado", comenta Paolo Bianchi, 47, diretor de Carnaval da Mancha Verde, que lembra do primeiro encontro entre as Ferreira e a diretoria no dia 7 de setembro. Parecia que já se conheciam há muito tempo. "Elas perceberam que a Mancha é uma família e sentiram-se acolhidas. Porque também existe um preconceito com escola de samba, a nossa que é vinculada a uma torcida, então?" </p><p><br />Para o desfile, a arquiteta levará referências de Piranhas, no sertão de Alagoas, onde as cabeças de Lampião e companhia foram expostas pela primeira vez. A Imperatriz Leopoldinense, no Rio de Janeiro, é outra escola que levará à avenida (no caso, a Sapucaí) um enredo sobre "visões delirantes dos cordéis nordestinos que contam histórias fantásticas sobre a chegada de Lampião ao céu e ao inferno".<br /><br /></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7miSu9HNIJeZqz7-4GenrPgjlbwdkYfHMjg82Kk_mr24TRWRmHMDbuGG6u49QJcHEr37kypnxdEZaoPx5kyzsHzrw5hYi3Pph2VIREhsrOll6jIrtk_J4ruUFo0ngBch_qGU7QCpbW0vWv_hf09dndiKv8vrLAT1P42k0D7qfCD7n7KkGTv8nuNyA/s750/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668031420126_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7miSu9HNIJeZqz7-4GenrPgjlbwdkYfHMjg82Kk_mr24TRWRmHMDbuGG6u49QJcHEr37kypnxdEZaoPx5kyzsHzrw5hYi3Pph2VIREhsrOll6jIrtk_J4ruUFo0ngBch_qGU7QCpbW0vWv_hf09dndiKv8vrLAT1P42k0D7qfCD7n7KkGTv8nuNyA/w400-h225/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668031420126_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Imagem: Pryscilla K./UOL.</b></td></tr></tbody></table><p style="text-align: center;"> <br /></p><p> Entre Rio e São Paulo, o bando estará muito à vontade na caatinga entre xique-xiques, mandacarus e facheiros cenográficos. "O Carnaval é uma coisa gigantesca, vejo como oportunidade para as pessoas conhecerem minha avó", afirma Gleuse, que confessa ficar incomodada ao ouvir que muita gente desconhece que Expedita existe. A família palpita, principalmente Vera. Ela logo apontou que os tons terra não eram muito usados pelos cangaceiros, que preferiam azul. "Tinha muita coisa colorida. Muitos lenços. Os bornais [bolsas carregadas no corpo] eram todos decorados. Tem gente que fala que o 'biso' foi o estilista, mas não foi. Foi Dadá [companheira do cangaceiro Corisco]. Todo mundo era muito enfeitado. Muitos brincos, anéis, colar", diz Gleuse.</p><p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifIv8uiTUItYJ3H3BQUu1wsZsJXYF53pcn6NLsGVe41BZnCqh8fV09MrPC0ijLURkWjYfucyfGD4j4R3T2U9U-TQ6tgKxx9BkyLZBmDZ0L_ZswmGoVwxuJTz9n4L9yU7o9_zuuPiiI5ZAKXwQj2X202Hd5179YOZXcshTt7WYpAjheWQ-Ai2JcpCvY/s750/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668031374297_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifIv8uiTUItYJ3H3BQUu1wsZsJXYF53pcn6NLsGVe41BZnCqh8fV09MrPC0ijLURkWjYfucyfGD4j4R3T2U9U-TQ6tgKxx9BkyLZBmDZ0L_ZswmGoVwxuJTz9n4L9yU7o9_zuuPiiI5ZAKXwQj2X202Hd5179YOZXcshTt7WYpAjheWQ-Ai2JcpCvY/w400-h225/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668031374297_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Imagem: Pryscilla K./UOL.</b></td></tr></tbody></table><p style="text-align: center;"> <br /></p><p>Além das escolas de samba, o advogado da família, Alex Ferreira, 32, conversou com estúdios que estão com novos projetos envolvendo Lampião e Maria Bonita — entre eles, uma série documental. Eles também não sabiam que a família existia. "Existem. São mulheres de classe média, esclarecidas e que moram em Aracaju. Nós reforçamos isso nas conversas. Não para impedir, mas para proteger os interesses da família.".<br /><br />Gleuse, que vem estudando licenciamento, defende que atividades assim devem ser impulsionadas, mas muitas empresas já utilizaram comercialmente a imagem do casal sem nunca procurá-las. Desde março, o escritório Cândido Dortas, de Aracaju, representa as Ferreira. Há cerca de um mês, elas conseguiram a autorização do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) para comercializar a marca da família, liderada pela bisneta. "Devem achar que ando por aí vestida de Maria Bonita ou com um facão no bolso", brinca.<br /><br />A história de Lampião e Maria Bonita continua viva, mas entre as Ferreira paira uma preocupação sobre a continuidade da família: nenhuma das três bisnetas tem filhos. "Se acabar, acabou. Pronto", diz Expedita, bastante pragmática. Na verdade, hoje ela está mais preocupada em aprender o samba-enredo da Mancha Verde para 2023.</p><p></p><p></p><p style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4vNw7H3bcvPvv7Hzh8Gv1v951DYswQd-XZdT_SSVxO_Hzu3dI8WD43GnahiIpb9V4xAv5aCa6qp6vvqhFoQvHiL1c9eO87mwXMvzrUObjGGKeVX1nrBXcrXaO5uyeKJkXwxPifDbvk9fAtaCLdMQdrcIQedMZh3Q3yYGC8NpU-8329OF9_Cj4x25i/s750/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668028453849_v2_750x421.jpg.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="421" data-original-width="750" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4vNw7H3bcvPvv7Hzh8Gv1v951DYswQd-XZdT_SSVxO_Hzu3dI8WD43GnahiIpb9V4xAv5aCa6qp6vvqhFoQvHiL1c9eO87mwXMvzrUObjGGKeVX1nrBXcrXaO5uyeKJkXwxPifDbvk9fAtaCLdMQdrcIQedMZh3Q3yYGC8NpU-8329OF9_Cj4x25i/w400-h225/bastidores-do-barracao-da-mancha-verde-para-o-carnaval-de-2023-1668028453849_v2_750x421.jpg.webp" width="400" /> </a></p><p style="text-align: center;"><b> 'O Nordeste merece ser celebrado', afirma Paolo Bianchi, diretor de Carnaval da Mancha Verde Imagem: Pryscilla K./UOL.</b></p></div>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-34825211158059582592022-11-07T10:42:00.000-03:002022-11-07T10:42:04.186-03:00Cangaceiros <p><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: verdana;">João <b>´Coxó´</b></span></span><br /></p><p style="text-align: center;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisLoUzJ5-AWwwTYa8WyAFWcNamL-L4i5DkDl0_W8pjOpAEfDCbdmbTWcRQom_SqCMgi00ukQgk-G6Lqn2f0cLhCBlDjmix1Dkh9W5sZj745n26SIauVbT3QMH163anApd4sZv9QiIqUJK-2CAsXXzh8MdhwcSHx96PQH0MnPPn5RKUIxELumPV-nzy/s671/Jo%C3%A3o%20Cox%C3%B3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="671" data-original-width="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisLoUzJ5-AWwwTYa8WyAFWcNamL-L4i5DkDl0_W8pjOpAEfDCbdmbTWcRQom_SqCMgi00ukQgk-G6Lqn2f0cLhCBlDjmix1Dkh9W5sZj745n26SIauVbT3QMH163anApd4sZv9QiIqUJK-2CAsXXzh8MdhwcSHx96PQH0MnPPn5RKUIxELumPV-nzy/s16000/Jo%C3%A3o%20Cox%C3%B3.jpg" /></a></p><p>O cangaceiro "João Coxó", preso no ano de 1935 no local conhecido por "Brejão". Foi detido por membros da força volante de Garanhuns(PE), após um assalto cometido pelo bando de Lampião no povoado "Serrinha". </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihakMT5Yu3rE9sozDE_RxaXnHINb7qqBBKERu9OA66vnPVqdrgoajWF6r1YZ265NvCrY_bqLEcLwA8O0aSA6LV3WV0JpfopO4zLmsIobetrnqzojRU6rGrWoqNNn7c8mxrQhy_FsM-gSXMP0eWFTwcHHmxPO0Cs3__wBFgDuv0EJeXSR3d4bb08Cd9/s825/314630496_6071590139596235_4163981147178393361_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="825" data-original-width="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihakMT5Yu3rE9sozDE_RxaXnHINb7qqBBKERu9OA66vnPVqdrgoajWF6r1YZ265NvCrY_bqLEcLwA8O0aSA6LV3WV0JpfopO4zLmsIobetrnqzojRU6rGrWoqNNn7c8mxrQhy_FsM-gSXMP0eWFTwcHHmxPO0Cs3__wBFgDuv0EJeXSR3d4bb08Cd9/s16000/314630496_6071590139596235_4163981147178393361_n.jpg" /></a></div><br /><br /><p>Foto retirada do jornal Diário da Manhã(PE) - Edição de 04 de Agosto de 1935.</p><p>Créditos: Guilherme Velame Wenzinger <br /></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-46424531793130173482022-11-01T10:40:00.004-03:002022-11-01T10:40:59.143-03:00O LAMPIÃO ACESO RECOMENDA<p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;"><b>Luma</b> Hollanda apresenta seu mais novo rebento: "<b>Lugares de Memória</b>" do Cangaço</span></span><br /> </p><p>Assim como todo muçulmano precisa um dia ir a Meca, todo ´Cangaceirologo´ precisa um dia ir ao Angico; a Maranduba, a Malhada Caiçara, a Passagem das Pedras, a Patu e especialmente aos primeiros cenários do cangaço, que foram reunidos em um só trabalho pela pesquisadora e escritora pernambucana Luma Hollanda.</p><p></p><p></p><p><br /> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBxLnNuW8CNtkabWZLqc_ZKemFRlisrqhFzeeCqLDiC427tzsloSgDdkGuGs5pIP4AdKYVXCMKO0S1CWJTLN9Q97Ngh2QKxK7B-EA2ftUychQ4093tZe82IZtB0oYQWXGBQ4fUvxh1JlU/s984/313436063_10217746768260585_7873857539452246874_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="984" data-original-width="720" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBxLnNuW8CNtkabWZLqc_ZKemFRlisrqhFzeeCqLDiC427tzsloSgDdkGuGs5pIP4AdKYVXCMKO0S1CWJTLN9Q97Ngh2QKxK7B-EA2ftUychQ4093tZe82IZtB0oYQWXGBQ4fUvxh1JlU/w468-h640/313436063_10217746768260585_7873857539452246874_n.jpg" width="468" /></a></div><br /><p></p><p>Este livro, primeiro escrito sobre o tema, apresenta a proposta geral, da constituição de uma memória coletiva do Cangaço e por meio de políticas de preservação, implementar literalmente os possíveis <b>"Lugares de Memória" do Cangaço - Recortes geo-históricos do sertão nordestino.</b></p><p> <br />Como recorte espacial, foram pesquisadas as cidades de nascimento e morte do cangaceiro Jesuíno Alves de Melo Calado, o “Jesuíno Brilhante” (1844-1879); do pórtico da cidade de Patu; da antiga cadeia pública de Pombal; do Memorial da Resistência à Lampião e do Museu Lauro da Escóssia, estes últimos situados na cidade de Mossoró/RN, dentre outros, os quais servem de locais de visitação e turismo.</p><p><br />Enfatiza, ainda, em sua valiosa obra, uma correlação de pensamentos entre os escritores Rui Facó e o Eric Hobsbawn, os quais possuem pontos confluentes sobre o banditismo social, alicerçado no meio rural, primitivamente.</p><p><br />O livro conta com <b>177 páginas</b> e <b>35 fotos coloridas,</b> algumas identificadas como possíveis "Lugares de Memória".</p><p> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi52fP6MWjPoQEL-pRb98K-IhoOBE0FMrUi7JzI0dlv99X7wq6faKO1lcHZSOq8TqF06FP6CzDNXe_nCh5phaHrjqMRMu2S2XPAZNcJ0NH19ntOPrFHjTTmnkSpEQBqJQwsVxcXdfgOl8f4DKFkm8txxttEbGZLPGqkDYI99MVEJWyVnd7f67wtVWm_/s720/312055768_5771699692912319_1989989523795283421_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="720" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi52fP6MWjPoQEL-pRb98K-IhoOBE0FMrUi7JzI0dlv99X7wq6faKO1lcHZSOq8TqF06FP6CzDNXe_nCh5phaHrjqMRMu2S2XPAZNcJ0NH19ntOPrFHjTTmnkSpEQBqJQwsVxcXdfgOl8f4DKFkm8txxttEbGZLPGqkDYI99MVEJWyVnd7f67wtVWm_/w200-h200/312055768_5771699692912319_1989989523795283421_n.jpg" width="200" /></a></div>Está sendo vendido com valor promocional de pré-lançamento até 04/11: <b>R$ 60</b> (sessenta reais) com frete incluso. 📲 Contatos p/ aquisição: <b>(83) 99684-1036 / (83) 98230 7108.</b><p></p><p><br /><i> </i></p><p><i>Luma Hollanda é Conselheira Consultiva do Seminário Cariri Cangaço, Sócia da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) coautora do livro “Nas Trilhas do cangaço de Jesuíno Brilhante” (2013) e “Histórias do Baú da Vovó”.</i></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-54476473696085993352022-10-28T11:26:00.003-03:002022-10-28T11:26:55.177-03:00Sinhô Pereira<p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;">Ex-<b>chefe</b> de <b>Virgulino</b> visita <b>Bom Nome</b></span></span><br /></p><p>Por Valdir Nogueira<br /></p><p>Os infindáveis conflitos entre Pereiras e Carvalhos surgidos na época imperial atravessaram o século 19 e se estenderam ao período republicano. Na primeira década do século 20, Luis Padre (primo de Sinhô Pereira) tem seu pai assassinado em um dos confrontos. O irmão de Sinhô Pereira, Né Pereira (Né Dadu), começou a liderar um grupo da família promovendo a vingança em intermináveis conflitos que seguiam sem parecer ter fim.</p><p><br />Ora, certa ocasião, Né Pereira recrutou Zé Grande, cuja alcunha era “Palmeira” para seu bando. Zé Grande era ex-jagunço dos Carvalhos. Passou um tempo preso e após fugir, foi pedir guarida aos Pereiras. Talvez Né Pereira acreditasse que ganharia um grande trunfo, já que o jagunço conhecia detalhes dos seus antigos patrões. No entanto, a história foi outra: Né Pereira tirava um cochilo, quando Zé Grande, aproveitando a oportunidade, o assassinou. Conta-se que ainda levou o chapéu e o punhal de Né Pereira para mostrar aos Carvalhos, na Fazenda Umburanas.</p><p><br />Foi o estopim. Ocasionando na entrada, de vez, de Sinhô Pereira e Luis Padre no Cangaço. Com fúria e revolta pela impunidade, montaram um bando numeroso e com muita sede de vingança. A partir de então os conflitos ganharam proporções muito mais intensas.</p><p> <br />Foi nesse cenário que Sinhô Pereira recebeu a visita de Virgulino Ferreira e seus irmãos. No entanto, em 1922, após uma série de escaramuças Sinhô Pereira resolveu por fim ao seu legado no Cangaço, tendo passado então o comando do bando a Lampião, ordenando ao mesmo, porém, que ninguém da família Pereira seria jamais incomodada por cangaceiros. Virgulino prometeu e cumpriu.<br />Financiados por Isidoro Conrado e Né da Carnaúba, Sinhô Pereira e Luis Padre viajaram para Goiás, com a chance de recomeçarem a vida. E, sem explicar detalhes, Sinhô Pereira afirmou que não foi nada fácil.</p><p><br />Os anos se passaram e cada um seguiu seu rumo. Luis Padre manteve-se em Goiás. Sinhô Pereira foi para Minas Gerais, onde viveu até cumprir seu ciclo. Morreu em dezembro de 1979. Antes, em fevereiro de 1971, esteve, após 49 anos, no Pajeú, seu torrão natal. Cercado de lembranças e emoções boas e ruins visitou Serra Talhada, antiga Vila Bela, São José do Belmonte e Bom Nome.</p><p> </p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsF1pF28GGI-Mt70erK_f0LBHLo1at9IfxgdI-kK95PZenos8u2b9GvcyUuDu6f-TzjNC-eoijhhVjujCLZui9iNT0qtsQ3wZyGiV8yyhZfi5qxId9cRcVhX8aokS1wIuymYsg6Obs8V16WfGxE8DqmjMKCyWHIUWsPhSgkVEKEJSr1sehk4gaZczU/s2048/313313610_5730972213629127_1786408352637211851_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1489" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsF1pF28GGI-Mt70erK_f0LBHLo1at9IfxgdI-kK95PZenos8u2b9GvcyUuDu6f-TzjNC-eoijhhVjujCLZui9iNT0qtsQ3wZyGiV8yyhZfi5qxId9cRcVhX8aokS1wIuymYsg6Obs8V16WfGxE8DqmjMKCyWHIUWsPhSgkVEKEJSr1sehk4gaZczU/w466-h640/313313610_5730972213629127_1786408352637211851_n.jpg" width="466" /></a></div><br /> <b>Sinhô Pereira
(de óculos) com seus primos José Napo, Antônio e Jacinto Napo, filhos do
Sr. Napoleão Alves de Araújo e dona Verdelina Pereira Valões, que era
sobrinha de Né Pereira (Né Dadu). Fev. de 1971. </b><br /><p></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-15204702216381040322022-10-26T11:49:00.001-03:002022-10-28T11:27:31.541-03:00VÍTIMAS<p><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: verdana;"><b>Coronel Joaquim</b> de Cipó, BA</span></span><br /></p><p>Créditos Guilherme Velame Wenzinger<br /></p><p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTfu4AOj5hzndTVkcqCU_Hnydd-jHszyeyGaAM_j79NxiyzoFVdV95aa0miQ53mICOe03NkhxeJ02a_GRQREZav5QUQsHGaHepCNYnMb9IipoKl4xd4qaCGPucQswPluGuQ_yqj_9w6JFVeAtG4u1pHzZtiLtVy2PjMHuwdQR5vFMqvlzD-SQeUu6u/s1134/Cel.%20Joaquim%20Jos%C3%A9%20Santanna,%20civil%20morto%20na%20tentativa%20de%20invas%C3%A3o%20de%20Lampi%C3%A3o%20a%20cidade%20de%20Cip%C3%B3%20BA%20em%2030%20de%20Julho%20de%201930.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1134" data-original-width="717" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTfu4AOj5hzndTVkcqCU_Hnydd-jHszyeyGaAM_j79NxiyzoFVdV95aa0miQ53mICOe03NkhxeJ02a_GRQREZav5QUQsHGaHepCNYnMb9IipoKl4xd4qaCGPucQswPluGuQ_yqj_9w6JFVeAtG4u1pHzZtiLtVy2PjMHuwdQR5vFMqvlzD-SQeUu6u/w404-h640/Cel.%20Joaquim%20Jos%C3%A9%20Santanna,%20civil%20morto%20na%20tentativa%20de%20invas%C3%A3o%20de%20Lampi%C3%A3o%20a%20cidade%20de%20Cip%C3%B3%20BA%20em%2030%20de%20Julho%20de%201930.jpg" width="404" /></a></div><br /><p></p><p>Cel. Joaquim José Sant´Anna, civil morto na tentativa de invasão de Lampião a cidade de Cipó (BA) em 30 de Julho de 1930. </p><p>Nessa oportunidade, o bando foi colocado para fora por uma guarda civil montada na cidade, a qual se juntou a força local. Dois anos depois, precisamente no mês de agosto de 1932, Lampião travaria mais um combate na cidade, com o ten. Ladislau na fazenda Cajazeira.<br /><b> </b></p><p><b>Fonte da foto:</b> <i>Livro "Os Dramas Dolorosos do Nordeste - A luz cerca da verdade" de Pedro Verne de Abreu.</i></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7904713212348601041.post-84622524652160290472022-10-26T10:31:00.001-03:002022-10-28T15:48:13.270-03:00Lançamentos<p><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: x-large;">Mais uma <b>catalogação</b> da lavra de <b>Bismarck</b> Martins</span></span><br /></p><p>Temos a satisfação de comunicar aos amantes do tema, o início das vendas e pré-lançamento do novo trabalho de Bismarck Martins:<b> "FORÇAS VOLANTES! - OS HOMENS QUE COMBATERAM LAMPIÃO, DE A a Z".</b><br /> </p><p> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3UyEwPGP3CmHoucQGL56k0jx34N3K_Edts5TaHYUgE9alD0YCO7jtgODQmiOQLYHF0RokbHXwJHPJL9Z1wrIxsN7wLsQt-UOcf8qdXX-_DpCwUY-DfG6x47Z12uR7K9LkxSaChaWHeTpX0KT9_48PRGvk5IjJIGfkNRU7qc97WOARbd_TjNn9TUvU/s1289/312754699_10217684475903315_4180064920695872797_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1289" data-original-width="898" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3UyEwPGP3CmHoucQGL56k0jx34N3K_Edts5TaHYUgE9alD0YCO7jtgODQmiOQLYHF0RokbHXwJHPJL9Z1wrIxsN7wLsQt-UOcf8qdXX-_DpCwUY-DfG6x47Z12uR7K9LkxSaChaWHeTpX0KT9_48PRGvk5IjJIGfkNRU7qc97WOARbd_TjNn9TUvU/w446-h640/312754699_10217684475903315_4180064920695872797_n.jpg" width="446" /></a></div><br /><p></p><p>Trata-se da <b>primeira</b> e necessária reunião destes personagens da saga em um único trabalho. Eu, particularmente, tenho o "<i>Cangaceiros de A a Z</i>" como um dos livros mais consultados e acredito que será a parelha ideal .<br /><br />O livro conta com <b>524 páginas</b>; 1.557 volantes identificados e <b>227 fotografias</b> que passaram por minucioso crivo de especialistas.<br /><br />Valor? <b>R$ 70</b> (setenta reais). Obs. valor exclusivo para lote promocional de 200 primeiros exemplares ou até o dia <b>4/11</b> quando encerra a promoção.<br /><br />Interessado? Entre em contato direto com o autor pelo <b>(83) 98111-5282 </b>zap ou ligação <b>(81) 99609-5282.</b><br /></p>Kiko Monteirohttp://www.blogger.com/profile/17297003321107352016noreply@blogger.com0