quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cangaceiro Cassimiro Honório X José de Sousa

A ação nobre de um rude
 Por Ângelo Osmiro Barreto

Em 1910, durante o período da Semana Santa, o lendário Cassimiro Honório do Navio, velho cangaceiro do alto sertão pernambucano, da afamada região do Navio, promoveu formidável cerco ao seu inimigo José de Sousa.

Melânia, filha de Cassimiro Honório, havia sido “roubada” por José de Sousa. O pai da moça, inconformado com a atitude do jovem sertanejo, arregimenta um grande contingente de cangaceiros e retoma a filha do jovem apaixonado. O episódio cria grande rivalidade entre os dois sertanejos, homens valentes e acostumados às lutas, numa época em que as divergências eram resolvidas à bala. A justiça, pouco ou nada fazia para resolver essas pendengas.

Durante um grande cerco promovido por Cassimiro Honório à fazenda de José de Sousa que durou sete dias, um fato interessante chamou a atenção de todos.

Dentre muitos homens valentes de ambos os lados, um iria se destacar pela sua atitude nobre. José Rajado, sertanejo rude com sangue no olho como se diz até hoje naqueles sertões, brigava entrincheirado ao lado dos comandados de Cassimiro Honório.

Passados três dias de luta renhida, José Rajado escuta um choro de criança vindo de dentro da casa sitiada. O choro persistente chamava a atenção do cangaceiro. Aquela criança aos prantos só poderia estar com fome, pensa o cangaceiro naquele momento da luta. Em ato repentino José Rajado levantou as mãos e aos gritos pediu para que o tiroteio fosse suspenso.

Surpresos com a atitude pouco comum do bravo sertanejo, os contendores pararam os tiros, o silêncio tomou conta do lugar por alguns momentos, o cangaceiro propôs aos sitiados que se prometessem não alvejá-lo, iria ao curral, ordenharia umas cabras e levaria o leite para a criança que estava chorando com fome.

José de Sousa prometeu todas as garantias a José Rajado que confiando na palavra empenhada do inimigo, foi ao curral encheu um balde de leite e deixou-o em frente à porta da casa sitiada. Retornou ao seu local de combate e após estar novamente seguro, o tiroteio recomeçou. O cangaceiro José Rajado, apesar de toda sua rudeza, acabara por praticar um ato da mais alta nobreza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso é bem verdade. Minha avó sempre nos contava essa história, ela é filha de Melania e neta de Cassimiro Honório.