Acervo Lampião Aceso
"Livre o Nordeste do maior de seus bandoleiros", publicou O GLOBO em sua primeira página do dia 29 de julho de 1938, há 81 anos, quando o jornal noticiou a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. O fim do famoso cangaceiro ainda seria motivo de manchetes nos dias seguintes, à medida que chegavam à redação mais informações sobre a emboscada na qual o criminoso foi morto pelos policiais comandados pelo Tenente João Bezerra. No dia 1 de agosto daquele ano, O GLOBO publicou um depoimento do soldado que alvejou Lampião, na madrugada do dia 28 de julho, na fazenda Angicos, no sertão sergipano.
Lampião segurando um exemplar do jornal O Globo
Segundo o relato do policial Antonio Honorato da Silva, o cangaceiro estava acabando de acordar quando foi morto por ele. Lampião tinha ao lado a sua mulher, Maria Bonita, que também não foi poupada, mesmo após se render. O casal e mais nove integrantes do bando foram mortos naquela tocaia.
- Vi Lampeão erguer-se, tinha no rosto um pavor enorme. Levei o fuzil ao rosto e mirei bem. A mulher estendeu os braços, pedindo clemência. Nesse instante, fiz fogo. Ele baqueou e eu acompanhei a queda com outros dois tiros. Estou satisfeitíssimo e sou o homem mais feliz do mundo - descreveu Antonio Honorato da Silva, em depoimento enviado por telégrafo.
Honorato apresenta para Melchiades da Rocha
o fuzi que derrubou Lampião
Acervo Lampião Aceso
Naquele mesmo dia 1 de agosto, o jornal divulgava mais informações sobre o chamado Rei do Cangaço, que, durante cerca de 18 anos praticou todo tipo de roubo e assassinatos em sete estados do Nordeste, sempre acompanhado de seu bando. De acordo com relatos de pessoas próximas a ele, Lampião vinha manifestando a vontade de sair da vida de crimes, depois de comprar propriedades agrícolas em Sergipe. Mas, àquela altura, o pernambucano já estava sendo procurado, vivo ou morto, pelas autoridades de diferentes estados.
"Chegam agora novos detalhes da maneira por que os cangaceiros foram surpreendidos", relatou O GLOBO. Segundo a reportagem, enviada de Maceió, Alagoas, os policiais foram informados de que os bandidos estavam acampados na fazenda Angicos, onde hoje fica o município de Poço Redondo, em Sergipe. Eles cercaram o acampamento do bando no meio da noite, "colocando metralhadoras em todos os flancos, enquanto dois soldados atirariam isoladamente em Lampião e Maria Bonita".
Por volta das 5h da manhã, pouco antes de amanhecer, os soldados avançaram pelo mato sobre as barracas. Quando viu os "volantes", o líder do grupo se levantou e, surpreso, foi alvejado na boca, na nuca e na cintura. "Maria Bonita fez um gesto de suplica, tentando impedir a morte do amante, e caiu sob rajadas de balas", descreveu o jornal. Mesmo depois de ver o líder morto, seus comparsas revidaram fogo, mas os soldados levaram a melhor. Alguns integrantes do bando fugiram, mas pelo menos nove foram mortos naquele confronto.
Maria e Lampião
Em seguida, os soldados decapitaram os corpos de Lampião, Maria Bonita e outros bandidos. Os corpos mutilados foram deixados a céu aberto, mas as cabeças foram salgadas e carregadas em latas de querosene, sendo expostas em várias cidades desde o local da emboscada até Maceió. A começar pelo município de Piranhas, onde os policiais deixaram as cabeças à mostra na escada de acesso à prefeitura.
Pesquei no O Globo
3 comentários:
O soldado mentiu lampião foi vítima de bala perdida. De cada 10 soldado entrevistado 9 matou lampião.
Covardes, frouxos. Bezerra é um desonrado. Pegar um homem ainda dormindo na covardia. Se fosse o meu bravo Manoel Neto ele não faria passado essa vergonha. Se fosse Odilon Flor eu duvido que ele tivesse cometido uma desonra dessas.
Frouxo era lampião que só se garantia com o bando das hienas
Postar um comentário