segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Cangaço e imprensa

Padim Ciço e Lampião na revista Careta

Por: Raimundo Gomes
(Fortaleza,CE)

Em maio e agosto de 1926 a revista humorística Careta, publicou várias charges fazendo críticas severas ao Padre Cícero por ter recebido Lampião e seu bando em Juazeiro, em março daquele ano, com o intuito de combater a Coluna Prestes.

Como já mencionei, acredito que Lampião só tenha atendido ao convite, quando viu a assinatura do Padre Cícero, embora a logística, a estratégia militar dessa ideia tenha partido do médico e Deputado Federal Floro Bartolomeu, seu braço armado desde a sedição do Juazeiro em 1914.

Mas como Floro adoeceu e morreu antes de Lampião chegar a Juazeiro, sobrou pro velho padre receber sozinho Lampião e aguentar todas as consequências depois.

Não devemos esquecer, que o Presidente do Brasil, Artur Bernardes, diante de um mal maior representado pela Coluna Prestes, é provável que soubesse do convite de Floro a Lampião para combatê-la. Naquele momento de março de 1926, Lampião estava indiretamente a serviço do Governo Federal???


Daí a charge na edição de 8 de maio à chama-lo de bandido oficial. Sem contar que Lampião ao sair de Juazeiro, estava armado e municiado com o que havia de mais moderno nos almoxarifados do Batalhão Patriótico de Juazeiro. Quando a charge foi feita, fazia apenas dois meses desse acontecimento e a crítica, principalmente a "sulista, "infernizava a vida do velho padre dia e noite.

Basta conferir logo abaixo a edição de 14 de agosto de 1926.
Padre Cícero como suplente, de Floro passa automaticamente a Deputado Federal. Porém desde a visita do rei dos cangaceiros será duramente criticado por todo o País sendo chamado de "ordenança de Lampião".

 A charge de forma exagerada diz que assim como Lampião conduziu o padre à Câmara Federal, facilmente o conduzirá agora ao Senado.


Charge para a edição de 9 de Julho de 1927.
Fazia menos de um mês que Lampião atacara Mossoró, no dia 13 de junho. A charge faz alusão clara aos desentendimentos entre as policias de três estados, Paraíba, Rio Grande Norte e Ceará, que o cercaram no Ceará e sua eliminação era dada como certa, mas no entanto Lampião conseguiu mais uma vez furar o cerco, deixando-os a ver navios.

Os comandantes das volantes da Paraíba e do RN culparam o Major cearense Moisés de Figueiredo, que por sua vez culpou seu subordinado, o tenente Firmo, dizendo que seu ataque fora precipitado, feito antes que se completasse o cerco total aos cangaceiros.

Após esse episódio, o Major Moisés Figueiredo foi duramente acusado de ter recebido dinheiro de Lampião, para deixá-lo escapar,ou de querer agir sozinho, para assim obter para si os louros da vitória sobre o rei do cangaço. No mesmo ano de 1927,o major escreveu um livro, LAMPIÃO NO CEARÁ, onde procurava defender-se de todas as acusações.




Na charge de 15 de setembro de 1928 a revista, cobrava providências, o fim do cangaceiro. Anunciando que Lampião "tornou" à invadir a Bahia.



Lampião entrou na Bahia pela 1ª vez,exatamente no dia 21 de agosto de 1928, acompanhado de apenas cinco dos 75 cangaceiros que atacaram Mossoró em junho de 1927. Eram eles: Ezequiel Ferreira da Silva, seu irmão, apelidado de "Ponto Fino"; Mariano Laurindo granja, "Mariano"; Antonio Juvenal da Silva, "Mergulhão"; Luís Pedro Cordeiro, "Luís Pedro"; e Virgínio Fortunato da Silva, "Moderno", cunhado.

Quando a revista diz que "invadiu novamente" em setembro, comete ledo engano, pois desde que o Rei do Cangaço entrara naquele estado, ele por lá permanecia.

Na edição de 27 de dezembro de 1930 Lampião está ironizando que a revolução, ou golpe de 1930, liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas, que havia derrubado todos... menos à Lampião.


Realmente, de início, Vargas que havia assumido o governo provisório do Brasil no dia 1º de novembro daquele ano junto com militares leais destituem o Presidente Washington Luís, impedem que Júlio Prestes, o Presidente eleito, assuma e na sequência, destituem todos os Governadores de estado, nomeando interventores em seus lugares.

Célebres foras da lei

Na Edição de 14 de novembro de 1931. Lampião recebe um conselho do gângster Al Capone, que lhe sugere a organizar o bando e que agir politicamente na capital lhe trará mais dividendos do que suas ações no sertão.



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