sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Morro do Chapéu em alerta

Lampião vem aí nêgada!!!

Por: Rubens Antonio

21 de outubro de 1929, no “Diario de Noticias”:
Lampeão e Corisco continuam a fazer inquietas e sobresaltadas as populações sertanejas da zona centro do Estado.

A POLICIA ADOPTA NOVO PLANO

Consoante o texto do telegramma transmittido ao sr. Chefe de Policia pelo delegado de Morro do Chapéo, Corisco e o grupo sob o seu commando foram batidos no municipio de Morro do Chapéo, tendo a luta se travado ás 11 horas da noite de ante–hontem, sabbado.

– A força policial, composta de quinze praças e auxiliada por civis devidamente armados, sob a direcção do delegado, encaminhou–se corajosamentepara o ponto, onde se suspeitava surgisse o grupo sinistro, entretendo–se ahi o tiroteio, durante tres horas consecutivas, até que os cangaceiros fugiram, batidos, deixando armamentos, munições, cantis etc.

CORISCO BATIDO EM MORRO DO CHAPEO

Convencida, agora, de que os bandidos se acham effectivamente divididos em dois grupos, do que lhe deu certeza terem occorrido, nas mesmas horas, o tiroteio de Morro do Chapéo e a façanha de Quebrado, a Chefia da policia, ao que sabemos, vae mudar de plano, já tendo, nesse sentido, telegraphado aos commandantes das forças volantes, dando as necessarias instrucções, a serem observadas dagora por deante.

Aguardemos, portanto, os resultados da nova estrategia, dentro de oito dias em plena execução.

Correspondência de Lampeão para o coronel Benta, de Morro do Chapéu: 
"Ilm. Sr. Cel. Antonio de Benta.

Estimo suas Saudações.
Cel., paçando eu nestas midiações Não fiz prano de paçar por ahi divido a lhi respeitar pois seio que o Sr. É um homem muito de Bem e seio que não mi É contaro apois não pretendo faer mal alguns, a estas ondas por este mutivo espero e confio no S.,. apois tenho muitas Boas informações de si, para commigo portanto não tome por prevenção esta paçage minha por aqui sinto mui não lhi mandar uma lembrança apois V.S. conhece minhas condições. Quero receber uma lembrança de ci espero e confio muito no Sr. dispaxe este logo que vou viajando. Disponha deste menor amigo
Virgulino Ferreira Lampeão.
 mande mi alguma noticia si já tem do sertão, mesmo Lampião."

 
Localização de Morro do Chapéu 
e algumas outras referências do Cangaço.


Mapa da região de Morro do Chapéu, com a localização da Fazenda Cercado, onde os cangaceiros pernoitaram, antes de desistir da incursão à Chapada Diamantina e se retirarem. Foi o ponto mais a sul, na Bahia, a que chegaram. Somente o subgrupo de Azulão conseguiu ir mais a sul, mais tarde, cerca de 20 quilômetros, em outro sítio.


Coronel Antonio de Souza Benta, pintado pelo artista Prisciliano Silva, por encomenda pelo farmacêutico José Aurelino Brito. Nascido em 1868, preparou Morro do Chapéu para resistir a Lampeão. que chegou a 21 km da cidade, em 1929. Esta pintura mostra sua aparência à época do evento.
(Imagem gentilmente cedida por Antônio José Dourado Rocha).

Acima, o coronel Antonio de Souza Benta, à época em que bloqueou a passagem de Lampeão. Ao seu lado, o coronel Francisco G. Matos, o Chico Matos, comerciante, comprador e revendedor de diamantes, primo do coronel Horácio de Matos.
(Imagem gentilmente cedida por Antônio José Dourado Rocha).

Depoimento de senhor que prefere ainda não identificar, de Morro do Chapéu:

"De Lampião tem um caso interessante... quando ele esteve em Morro do Chapéu, e não conseguiu passar... O major Arnóbio Soares Bagano foi personagem de um interessante encontro com o Lampião, na sua fazenda Garapa, bem às margens do rio Jacaré. Em 9 de julho de 1929, quando o bando de Lampião, pernoitou na Fazenda Cercado, que dista vinte e um quilômetros da cidade de Morro do Chapéu...

Em seguida, achando que tinha uma armadilha para ele, em Morro do Chapéu, preparada pelo coronel Benta, que tinha mesmo se armado e se preparado para combatê–lo, fugiu, em direção a Sento Sé... Passando pelo Garapa, nas margens do rio Jacaré, pregou um grande susto ao major Arnóbio Soares Bagano, que fazia a sesta dormindo em uma rede de caroá, amarrada em uma árvore...

Ele foi despertado com alguém balançando a rede assim, pela corda... O major virou e ficou sentado na rede, olhando... Depois de algum tempo disse:
– Com quem estou falando?
– Tá falando com o capitão Virgulino Ferreira, o Lampião!
O major, fingindo surpresa, perguntou:
– É esse que mata mais que Deus? Me dá então um abraço apertado pra ver se eu morro logo!
Aí, com essa brincadeira, o major Bagano descontraiu o ambiente... Ainda mais que foi logo avisando:
– Não tenha receio! Estão chegando uns rapazes, mas são empregados da fazenda e não há perigo...
O major Bagano ofereceu coco, laranja e comida a Lampião e aos cangaceiros... e ficaram de prosa... Os cangaceiros gostaram de um rifle... pegaram e levaram, mas pagaram.
Em seguida, quando iam embora, pegaram dois animais da fazenda e Lampião disse:
– Esses vão voltar... mas os que os macacos tomarem não voltarão...
E partiram."


Velório de Coronel Antônio de Souza Benta. em 1946. No centro da foto, ao fundo e ao lado direito do caixão, com veste quadriculada, sua esposa Honestina Virgilia Benta.


Pescado no essencial Cangaço na Bahia

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

No coito de "Vinte e Cinco"


Uma visita a um dos últimos guerreiros de Lampião

Por João de Sousa Lima


José Alves de Matos, o ex-cangaceiro Vinte e Cinco é um dos três últimos cangaceiros vivos. Ainda lúcido tem uma memória privilegiada e apesar dos seus 95 anos de idade, sempre recebe visitas em sua residência na capital alagoana para falar do seu tempo de cangaceiro. Ele lembrou de nosso ultimo encontro há exatos seis anos.
 
José Alves de Matos nasceu em Paripiranga, Bahia, na fazenda Alagoinha. Teve vários primos  e sobrinhos com ele no cangaço, tais como: Santa Cruz, Pavão, Chumbinho, Ventania e Azulão. No dia que entrou para o bando de Corisco o seu sobrinho Santa Cruz entrou no grupo de Mariano.

 Corisco e Vinte e Cinco em plena atividade,
posaram para Benjamim Abrahão em 1936/37.

Vinte e Cinco discutiu com Dadá e saiu do grupo de Corisco para o grupo de Lampião. Podemos vê-lo em foto ao lado de Corisco e em outro momento ao lado de Lampião. Quando da morte de Lampião Vinte e cinco havia ido com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões e umas munições.

Vinte e Cinco vem de uma família numerosa, sendo oito irmãos e seis irmãs e depois seu pai casou novamente e nasceram mais cinco homens e três mulheres. Quando acabou o cangaço e se entregou com alguns companheiros em Poço Redondo, Sergipe acabou ficando preso por quatro anos em Maceió e dentro da cadeia começou a estudar, quando recebeu o alvará de soltura conseguiu entrar no estado como Guarda Civil, conseguindo a vaga através de um amigo. 
 
 Período das entregas: "25", sentado ao centro de óculos escuros.

Quando o governador Ismar de Góis  Monteiro descobriu que ele havia sido cangaceiro convocou o secretário de Justiça do Estado, o senhor Ari Pitombo e disse que não podia ficar com ele na guarda pois ele havia sido cangaceiro, o secretário procurou o chefe da guarda, o major Caboclinho e o major disse que ele era entre os 38 guardas o melhor profissional que ele tinha. 

 Vinte e Cinco, Cobra Verde e Santa Cruz
(Santa Cruz era sobrinho de Vinte e Cinco, filho de sua irmã Joaninha, esse cangaceiro era irmão do também cangaceiro Zepellin)

O Secretário resolveu fazer um concurso entre eles e José Alves contratou duas professoras, esqueceu as festas e curtições e foi estudar bastante o que lhe rendeu o primeiro lugar na primeira fase, na segunda fase se classificou entre os melhores e quase foi reprovado na parte de tiro, pois era acostumado com o Parabéllum e teve que atirar com um "38", só passando depois que atirou com o parabélum e acertou o alvo, depois de duas sequências de erros com a outra arma. 

Hoje José Alves de Matos é aposentado como funcionário público estadual.

 João de Sousa Lima, José Alves de Matos e Josué Santana.
 
 José Alves com sua família, a esposa  Mariza, as filhas Dilma e Dalma, o Genro Givanildo,  a Neta Juliana, o neto João Pedro e a bisneta Maria Eduarda.

José Alves e a esposa Mariza
  

 Pesquei no Blog do primo João

----------------------------------------------------------------------------------------------------
Adendo Lampião Aceso

Via comentário o confrade Fábio Menezes nos chamou a atenção para um possivel lapso de memória do "Vinte e Cinco": Quando ele se refere que no dia 28 de julho estava numa missão acompanhado dos irmãos "Atividade" e "Velocidade... Quanto ao cabra "Velocidade" é bem provável, mas e o companheiro Atividade? morto desde o 5 de junho de 1938? Como apresentado na pesquisa de Ivanildo Silveira Leia aqui comungando com outros tres autores, entre estes: Bismarck Martins, Elise Jasmin na página 146 do seu livro "Cangaceiros" com foto e legenda cedida por Frederico Pernambucano de Mello.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cangaço é...

Um vício!


By Jean Cavalcanti



Aperitivo Jurubeba Cangaceiro do Norte 



Cachaça Maria Bonita
In Salobra Cachaças


Acredite, são belas garrafa de pinga em cerâmica.
"Cachaça cangaceira"
"Aguardente Cangaceira"
Produzida pelo alambique da Fazenda de Sebastião Carvalho
em Paulo Afonso, BA
In www.joaodesousalima.com







O conteúdo fica ao critério de cada um!
By Leticia Rodrigues

  
Imburana, amburana ou ainda umburana, é uma madeira muito encontrada no nordeste brasileiro e usada para armazenar cachaça. Se a madeira é nordestina, também é a figura feminina desse rótulo. A força da mulher do cangaço é a identidade dessa cachaça de Curvelo, Minas Gerais.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Manoel Pau Ferro, vulgo 'Atividade'


O cangaceiro "capador"
Por Ivanildo Silveira


Manoel Pau-Ferro, conhecido pela alcunha de “Atividade", era  alagoano do município de Pão de Açúcar, sendo irmão do cangaceiro "Velocidade". O cabra "atividade”, inicialmente, pertenceu ao grupo de "Corisco ", posteriormente, com a criação de subgrupos, passou a integrar o de "Pancada ", que passou a ser seu líder...

Esse cidadão, tinha uma grande habilidade na castração de pessoas, que o fazia, com a maior  eficiência e naturalidade....

Foi assassinado pelo, também cangaceiro “Barreira”, que influenciado pela promessa de anistia acabara de aliar-se aos Volantes, e, como prova de submissão, entrega ás autoridades  a cabeça de "Atividade". fato ocorrido em 05 de junho de 1938, na região de Caboclo, Pão de Açúcar, estado de Alagoas.

O cangaceiro  "Barreira", e a cabeça dependurada de "Atividade"
...seu ex-“companheiro”

FONTE: Foto de Frederico Pernambucano de Melo
INFORMAÇÕES: Livro “O Cangaceirismo no Nordeste ", do autor  Bismarck Martins de Oliveira

Abraço a  todos
Ivanildo Alves  Silveira
Colecionador do cangaço
Natal/RN

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Reedição de Livros históricos


O cangaço de Gustavo, mais imortal que nunca!

Reeditados pela ABC de Fortaleza já estão à venda os livros "Almas de Lama e de Aço" e "Heróis e Bandidos" de Gustavo Barroso. Advogado, contista, ensaísta, político e romancista fortalezense Gustavo Barroso (1888-1959). Diga-se de passagem è também o escritor brasileiro com maior número de títulos e condecorações, varias vezes presidente da Academia Brasileira de Letras.


Gustavo Dodt Barroso 
Em 1917, Gustavo Barroso, num excelente trabalho, estudou essa época, essa ambiência, essas causas, com uma penetração sociológica pouco comum àquele tempo. Situando o habitat do banditismo nordestino entre o vale do Cariri e o rio São Francisco, estendendo-se da serra do Quicuncá à do Martins, daí às faldas da Borborema e aos contrafortes da Baixa Verde e dos Dois Irmãos, região que aglutina as fronteiras de sete Estados - Pernambuco, Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Sergipe - o escritor nordestino soube analisar o homem e o meio para, a seu modo, embora um tanto ou quanto controverso, apontar as principais causas que originaram e alimentaram, por mais de cinco décadas, o flagelo do cangaço no chamado polígono das secas. A complexidade do fenômeno não deixa de ser uma decorrência das causas também complexas que, sem obedecer a nenhuma lei social, caminharam, de mãos dadas, com os efeitos a tal ponto de se misturarem, num processo sociológico de interação.
 
O clima, a fome, o analfabetismo, a cachaça, o jogo, a falta de comunicação motivada pelo problema da distância, o sadismo das forças policiais, o poder absoluto dos coronéis chefes políticos, a injustiça social, a decadência do Tribunal do Júri funcionando como mamulengo dos poderosos, o rígido código de honra dos sertanejos, o culto a bravura e ao heroísmo, a cumplicidade do homem do campo em troca de proteção e as questões de terra foram causas que motivaram os primeiros passos dos que abraçaram a vida do cangaço.
Fonte: MAIOR, Mário Solto; GASPAR, Lúcia. Cangaço: algumas referências bibliográficas. Recife: 20 - 20 Comunicação e Editora, 1999, 86 p.
---------------------------------------------------------------------------

A obra " Almas de lama e de aço, 2ª Ed. Editora ABC, 2012 - 117 pág. foi publicada em 1930, pela Cia Melhoramentos de São Paulo. Estava esgotada, há muito tempo no mercado, seu valor chegou a ser estimado, , em "hum mil reais", a unidade. Porem com o relançamento você pode ter em sua estante por R$ 35,00 (Trinta e cinco reais) Com frete incluso.


"Heróis e bandidos: Os cangaceiros do Nordeste" 197 páginas.
Editado originalmente em "1917" pela Livraria Francisco Alves. Assim como Almas de Lama e de aço tornou - se um material raríssimo e "caríssimo" duvidas? Clique aqui . Agora relançado está acessível por R$ 40,00 (Quarenta reais) com frete igualmente incluso.

 ------------------------------------------------------------------------------
Tomem a liberdade de comparar nossa oferta com a de outros sebos, e façam seus pedidos através do nosso E-mail franpelima@bol.com.br ou pelo tel. (83) 9911 8286 (TIM) - (83) 8706 2819 (OI)

Att. Professor Pereira
Cajazeiras/PB