Por Carol Prado
Foto: Divulgação
Foi-se o tempo em que os joguinhos eletrônicos eram terrenos exclusivos de guerreiros medievais, robôs intergaláticos e outros personagens bem distantes da realidade de carne e osso. Sem negar suas origens, a empresa baiana de tecnologia Soterotech decidiu levar figuras típicas do hiperrealista sertão nordestino ao mundo dos bits. Um cangaceiro, um calango e um carcará dão o tom do jogo “Cangaceiro de Badogue”, apresentado neste sábado (16/03) e domingo (17/03) durante o Gamepólitan, evento que transformou o Centro de Convenções da Bahia em um verdadeiro parque de diversões digitais.
Fotos: Carol Prado / Bahia Notícias
O game narra a história de Lino, um destemido personagem inspirado no histórico Lampião, que, depois de ver sua amada raptada por um maléfico carcará, luta contra todos os obstáculos para recuperá-la, sempre acompanhado de seu poderoso badogue. “A ideia surgiu em 2009, antes mesmo do nascimento da empresa, em um grupo de jogadores. Hoje, todos os produtos que a gente desenvolve têm traços dessa cultura regional, que é muito rica e pouco explorada”, explicou Diego de Potapczuk, um dos diretores da Soterotech. Segundo ele, o software desenvolvido para tablets e smartphones ainda está em fase de testes e deve chegar ao mercado no segundo semestre deste ano, quando poderá ser baixado, no mundo todo, através da Apple Store e Google Play, lojas de aplicativos da Apple e Android, respectivamente. “Queremos fazer um lançamento global e levar a cultura nordestina pro mundo inteiro através do game”, almejou, em entrevista ao Bahia Notícias.
As expectativas da empresa são boas, principalmente depois do sucesso de Lino no Centro de Convenções. O administrador de empresas, Vítor Carneiro, por exemplo, acompanhava o filho gamer e não tirava os olhos das aventuras do cangaceiro. “Isso é ótimo para tirar um pouco a criançada da linha de jogos japoneses e reforçar nossa cultura regional”, opinou.
Com seu Cangaceiro de Badogue, a Soterotech representa apenas uma das várias experiências do promissor mercado baiano da criação gráfica. De acordo com Ricardo Silva, organizador do Gamepólitan, é notável o crescimento do número de desenvolvedores independentes de jogos no estado. “Ainda temos pouquíssimas empresas de tecnologia consolidadas, mas os criadores estão se empenhando na criação de grupos independentes para colocar em prática seus projetos. O governo também tem dado um apoio muito grande a esse mercado, até para possibilitar a exportação dos jogos brasileiros para o mundo todo através de meios online”, afirmou. Muitos dos profissionais do entretenimento digital estão na Saga, única escola de artes, jogos e animação da Bahia, que recebe, em média, 1,5 mil alunos interessados em ingressar no setor por ano. “O mercado está crescendo, de fato, e a tendência é melhorar cada vez mais.
A própria realização de eventos como o Gamepólitan já ajuda bastante porque promove o encontro dos desenvolvedores e possibilita a parceria com empresas”, elogiou Oswaldo Peixoto, gerente geral da empresa.
Por tudo isso, pequenos empreendedores em potencial, como João Pedro Bittencourt, só têm o que comemorar. O menino de 11 anos passa cerca de três horas por dia em frente ao PC, mas com uma boa desculpa para livrar-se da bronca dos pais: “Quero jogar bastante para me tornar um criador de jogos no futuro”, esquivou-se.
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