por Paulo Goethe
No especial do Jonal Diário de Perambuco produzido em 2008 sobre os 70 anos da morte de Lampião, uma das coisas mais legais dos quatro cadernos publicados no mês de julho daquele ano foi criar as histórias em quadrinhos idealizadas para fechar a contracapa de cada edição. Da ideia à concepção, restou pouco tempo para a execução. O diretor de arte Christiano Mascaro indicou o ilustrador Greg Holanda para a empreitada.
Nunca havia feito texto para quadrinhos e confesso que não é fácil. É preciso ter uma memória visual para que o texto dê margem às imagens do artista. Greg foi fera. Com pouco mais de uma semana, ele conseguia concluir uma história. Os temas seguiram uma ordem cronológica. A primeira narrativa de página inteira, Terror em Água Branca, destaca o primeiro grande ataque de Lampião. No município alagoano de mesmo nome, ele conseguiu roubar as joias da baronesa e ficar conhecido em todo o Nordeste.
A segunda história, A morte veio de rede, retrata o drama vivido por Lampião ao perder o seu irmão, Antônio Ferreira, num acidente depois de uma grande batalha. Ao se levantar de uma rede, disputada com o cangaceiro Luiz Pedro, Antônio Ferreira morreu de um disparo acidental. Lampião, ao invés de matar Luiz Pedro por causa da brincadeira mortal, diz que ele vai ocupar o lugar do irmão. E isto se dá até o momento do ataque em Angicos. Promessa é promessa.
O terceiro episódio, Amor sangrento, narra o drama da morte de Lídia, a companheira de Zé Baiano, considerado o mais brutal dos cangaceiros, o ferrador de mulheres. Por ter sido flagrada traindo o marido brabo com Bem-te-vi, ela se recusou a se entregar a Coqueiro, o cangaceiro delator. Bem-te-vi nunca mais foi visto, Coqueiro foi executado por ser traíra, e Lídia ficou para enfrentar seu destino. Dizem que Zé Baiano chorou depois de matar a mulher a pauladas. Dizem.
A última história, Vingança do “diabo”, narra a reação de Corisco ao saber da morte de Lampião. Ele mata e corta as cabeça de uma família inteira que julgava ter delatado o maior dos bandoleiros. Seis pessoas são degoladas e as cabeças enviadas para o tenente Bezerra, o homem que comandou o ataque em Angicos. Pode-se ver claramente a evolução da parceria com Greg. As imagens estão com mais riqueza de detalhes.
Tanto foi assim que Greg conseguiu o terceiro lugar no Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro com Vingança do “diabo”, na categoria "Desenho de humor". Não sei onde viram o humor, mas o desenho estava lá. Vocês é que podem julgar. Sou suspeitíssimo para elogiar.
Sobre o autor: Paulo Goethe, 44 anos, no Diario de 1990 a 1997 e desde 2001
Pesquei no: Diário de Pernambuco
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