quarta-feira, 13 de junho de 2012

Games

Universitários recém-formados expõem game "Guerra no Sertão" na Espanha

Obra de brasileiros, que tem o cangaço como tema, é selecionada por júri internacional para compor a II Muestra de Estudiantes BID10

Por Larissa Drumond, iG São Paulo

Estudantes recém-formados de Design de Games criaram o jogo “Guerra no Sertão” como trabalho de conclusão de curso, em 2008. E mal sabiam que, dois anos depois, ele seria selecionado por um júri composto por especialistas de vários países para ser exposto na II Muestra de Estudiantes BID2010, em Madri, na Espanha. O trabalho será exibido em formato audiovisual no prédio da Central de Design do Matadero de Madri, onde será a II Bienal Ibero Americana de Design – que segue até 31 de janeiro. Mas o público não poderá interagir. “Os visitantes verão apenas imagens do trabalho, mas está publicado na internet para jogarem depois”, afirma o professor Delmar Galisi, da Universidade Anhembi Morumbi, que orientou e inscreveu o projeto.

A ideia era usar uma temática ligada à cultura brasileira. “Queríamos fazer algo sobre nosso país. Estávamos em dúvida entre índios ou cangaço, porque ambos possuem muitos elementos ricos culturalmente. Tiramos cara ou coroa para decidir”, conta Bruno Barbosa Ramalho, que faz parte do grupo Picolargo – ainda composto pelos alunos Alex Canduço, José Alexandre Paiva Castro, Rafael Padovani e Vinícius Gouveia.


O objetivo do jogo é fazer o cangaceiro ficar cada vez mais famoso

Este foi o primeiro jogo completo desenvolvido pelo grupo, com exceção do primeiro – de tabuleiro. “Os outros eram apenas demonstrações, pois jogos mais complexos não são fáceis de fazer”, diz Bruno. “Para o ‘Guerra no Sertão’, nos inspiramos em games antigos, em que o maior objetivo é alcançar certa pontuação. É como o Pac-Man, o Space Invaders e esses jogos de fliperama”, comenta José Alexandre.

Ao todo, foram nove meses de produção – cinco destinados a pesquisa e projeto de criação e outros quatro ao desenvolvimento. Mesmo antes do início do ano letivo, o grupo já havia colhido informações para que a batalha sertaneja ficasse pronta a tempo.

Acessibilidade
Critério também importante é a acessibilidade. Os usuários jogam sem a necessidade de instalar programas no computador. “Não queríamos que fosse mostrado apenas como um projeto acadêmico e que não saísse desse âmbito”, explica o aluno. “O objetivo era que o maior número de pessoas pudesse jogar; por isso, escolhemos a web. Quanto menos barreiras, melhor”, continua.

Eles ainda dizem que o PC ainda é a plataforma que se encaixa melhor. Computador e internet bastam. “Fazer o jogo para algum console se tornaria um obstáculo para a maior parte das pessoas”, explicam. Mas isso não impede que o jogo seja portado, no futuro, para celulares, que já possuem algumas facilidades para o desenvolvimento em flash. Ou até para o XBOX Live e o Playstation Network.



 "Pesquisamos bastasnte para ficar o mais original possível" 
diz Bruno Barbosa

Press start
“Guerra no Sertão” é um típico jogo de estratégia, que possui combate e coleta de recursos. A jornada, disponível apenas em português, acontece com o cangaço servindo como pano de fundo. “O grupo percebeu que há muita sincronia entre os games de estratégia e o contexto sertanejo do começo do século XX. Por outro lado, é casual, acessível e não precisa ser manipulado por especialistas”, revela o professor.

O jogador controla um cangaceiro que tem de sobreviver no sertão. Quanto mais tempo o personagem sobreviver, mais famoso será – e, consequentemente, a pontuação será maior. O objetivo é obter fama, que cresce de acordo com o número de batalhas vencidas e o tempo de saque nas vilas. Para isso, é preciso comprar mantimento, enfrentar o ataque da polícia e, claro, assaltar os vilarejos. O nível de dificuldade do jogo aumenta conforme a versão virtual do “Lampião” derrota um exército da polícia e se fortalece. É assim que o jogo fica mais complicado, até o personagem morrer e a pontuação ser registrada no ranking.

Segundo os criadores, as regras foram criadas para que o game fosse realmente sobre o cangaço, e não apenas rotulado como um determinado gênero – ação, corrida ou luta. E foram atrás. “Pesquisamos bastante para identificar elementos dentro do tema e ficar o mais original possível”, compartilha Bruno.


Da esquerda para a direita: Bruno, Rafael, 
Vinícius e José Alexandre

Select
O “Guerra no Sertão” já esteve em outras exposições, como a Life Online of Life, na Galeria Olido (SP) neste ano. Também foi selecionado para o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) 2009, onde foi considerado um dos melhores projetos multimídia da história do evento, e para a Bienal Iberoamericana. Neste ano, ainda foi vencedor do Festival de Jogos Independentes na categoria “PC”, por voto popular, no Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital (SBGames).

A partir de dezembro, todas as obras farão parte de uma exposição virtual da BID10, que poderá ser acessada pelo site oficial. O lado negativo é que os próprios designers não verão a reação do público espanhol. “A organização de Madri não previu o envio de passagens”, finaliza o professor.

Pesquei no IG jovem

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Kiko,
Como "é que nóis joga esse trein"?
Tem mais alguma notícia sobre o lançamento de jogo. Ou não será disponibilizado para o público e ficará só nesse campo de exposições?
Abraços,
Felipe
Macaé/RJ

Kiko Monteiro disse...

Felipe acredito que este ainda é um protótipo que está concorrendo em campeonatos de softwares mundo afora.
Torcem para que alguma grande corporação se interesse e compre o projetro produzinjdo em massa para os arcades.

Abraçando