Por: José Romero Araújo Cardoso
A fazenda Abóboras está situada entre os municípios pernambucanos de Serra Talhada e Triunfo. Além da sede, destacam-se as pequenas propriedades ao redor, pertencentes ao espólio central, como a Pereiro, Xique-xique, etc.. Pertenceu ao "Coronel" Marçal Florentino Diniz, sendo permutada pelo sítio Baixio, em Princesa (PB), com o casal José Pereira Lima - Alexandrina Pereira Lima, sua filha e sobrinha do esposo. Zé Pereira transformou-a em importante empresa rural, grande produtora de algodão e de outros produtos sertanejos, exportados pela poderosa família Pessoa de Queiroz.
As Abóboras e o seu entorno se transformaram em valhacouto de Lampião. O cangaceiro a frequentava regularmente, talvez como forma de dar vazão ao seu imaginário e concepção de homem de projeção social, como sempre desejou.
Sabino Gório nasceu e foi criado nesta fazenda mantendo contatos ininterruptos com famanazes do banditismo rural sertanejo. Era homem da confiança de Marcolino Pereira Diniz.
Ao contrário do que Leonardo Motta e Rodrigues de Cavalho enfatizaram, Sabino das Abóboras, conforme revelaram Zacarias Sitônio e Hermosa Góes Sitônio, não entrou para o cangaço devido morte de um irmão de nome Gregório. Asseguraram que a inserção do temido pernambucano nas hostes do banditismo rural sertanejo, cuja participação na tentativa de ataque a Mossoró, em junho de 1927, foi enfática, se deu em razão do assassinato de um primo legítimo de nome Josino Paulo, surdo-mudo martirizado por Clementino Quelé, o célebre "tamanduá vermelho" das pilhérias dos cangaceiros.
A razão para o trucidamento do inocente Josino Paulo deveu-se à morte de um irmão do valente Quelé, vitimado por balas disparadas por irmão da vítima, de nome José Paulo.
No combate que definiu a entrada de Sabino das Abóboras no perigoso mundo do cangaço, Quelé se encontrava acamado, vitimado por bexiga. Conforme os entrevistados, o famoso guerreiro de Santa cruz da Baixa Verde (PE) se deslocou, como um raio, até uma das fazendolas que circundam as Abóboras, com o propósito deliberado de levar avante vingança, não se importando a quem atingia.
Poucos cangaceiros foram tão cultivados, fora o chefe Lampião, do que Sabino Gório, cuja presença no cangaço a cultura popular se encarregou de perpetuar, a exemplo da trova divulgada pelas quebradas do sertão, a qual dizia:
"Lá vem Sabino mais Lampião, chapéu quebrado, fuzil na mão".
Entrevistas Pessoais:
SITÔNIO, Hermosa Góes. João Pessoa (PB), 10 de agosto de 1991.
SITÔNIO, Zacarias. João Pessoa (PB), 10 de agosto de 1991.
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor da UERN.
2 comentários:
Sou bisneto de sabino, grande e valente homem da paraiba, nunca um disordeirou ou ladrão, lutava pelo amor de seus famíliares, lembro-me de várias estórias que minha vó contava sobre ele. almeidakikojr@hotmail.com
Um dos cangaceiros mais perversos,teve uma morte a altura!
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