sábado, 29 de agosto de 2009

Blog parceiro

Conheça o "Vitrine da Armaria"

Senhores, já anexamos à nossa cartucheira o link deste excelente espaço para quem deseja saber mais sobre armas e munições utilizadas na era do cangaço tanto por Cangaceiros quanto policiais. Mais uma vez recomendamos à pesquisa e artigos do confrade Fábio Carvalho " Senhor das armas" (Foto) que nos trouxe material inédito e pouco abordado nos livros do gênero. Vitrine da armaria? É essencial.
Clique aqui

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mané Véio


Data e causa do falecimento do famoso Volante

Recebemos da leitora Marylu uma importante informação via comentário para nossa matéria sobre Manoel Marques da Silva o célebre "Mané Véio".

Primeiro confira o artigo clicando AQUI

Ela nos revelou que Euclides Marques da Silva nome adotado por ele, faleceu aos 92 anos de idade - saciado de dias - na cidade de Pires do Rio - Goias - em 09. 01. 2003 ao lado de sua terceira esposa - a goiana Nori Alves Marques da Silva. Hoje residente na capital. No mesmo comentário consta número de telefone para pesquisadores que desejarem manter contato para maiores informações.


Nossos sinceros agradecimentos pela valiosa contribuição!


Att Kiko Monteiro

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

De repente, Cangaço


Projeto "Na trilha do cangaço", dos poetas repentistas Valdir Teles e Sebastião da Silva.

Cangaceiro Cassimiro Honório X José de Sousa

A ação nobre de um rude
 Por Ângelo Osmiro Barreto

Em 1910, durante o período da Semana Santa, o lendário Cassimiro Honório do Navio, velho cangaceiro do alto sertão pernambucano, da afamada região do Navio, promoveu formidável cerco ao seu inimigo José de Sousa.

Melânia, filha de Cassimiro Honório, havia sido “roubada” por José de Sousa. O pai da moça, inconformado com a atitude do jovem sertanejo, arregimenta um grande contingente de cangaceiros e retoma a filha do jovem apaixonado. O episódio cria grande rivalidade entre os dois sertanejos, homens valentes e acostumados às lutas, numa época em que as divergências eram resolvidas à bala. A justiça, pouco ou nada fazia para resolver essas pendengas.

Durante um grande cerco promovido por Cassimiro Honório à fazenda de José de Sousa que durou sete dias, um fato interessante chamou a atenção de todos.

Dentre muitos homens valentes de ambos os lados, um iria se destacar pela sua atitude nobre. José Rajado, sertanejo rude com sangue no olho como se diz até hoje naqueles sertões, brigava entrincheirado ao lado dos comandados de Cassimiro Honório.

Passados três dias de luta renhida, José Rajado escuta um choro de criança vindo de dentro da casa sitiada. O choro persistente chamava a atenção do cangaceiro. Aquela criança aos prantos só poderia estar com fome, pensa o cangaceiro naquele momento da luta. Em ato repentino José Rajado levantou as mãos e aos gritos pediu para que o tiroteio fosse suspenso.

Surpresos com a atitude pouco comum do bravo sertanejo, os contendores pararam os tiros, o silêncio tomou conta do lugar por alguns momentos, o cangaceiro propôs aos sitiados que se prometessem não alvejá-lo, iria ao curral, ordenharia umas cabras e levaria o leite para a criança que estava chorando com fome.

José de Sousa prometeu todas as garantias a José Rajado que confiando na palavra empenhada do inimigo, foi ao curral encheu um balde de leite e deixou-o em frente à porta da casa sitiada. Retornou ao seu local de combate e após estar novamente seguro, o tiroteio recomeçou. O cangaceiro José Rajado, apesar de toda sua rudeza, acabara por praticar um ato da mais alta nobreza.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Opinião

O período das entregas 
 

O confrade orkutiano Geziel Moura compartilhou conosco não somente e opinião sobre a necessidade de se abordar um capítulo muito importante para o estudo e compreensão do cangaço. Bem como a resposta do confrade Sérgio Dantas.

De pé: Barreira, Santa Cruz, Vila Nova , Peitica. 
sentados: Pancada, Vinte e cinco e Cobra Verde 

 

Eu enquanto estudante do cangaço sempre defendi que tal pesquisa poderia ser mais específica, explico:

Alguns autores já se arvoraram neste enfoque como por exemplo, Maria Cristina Mata Machado e seu livro "As táticas de guerra dos cangaceiros", Frederico Pernambucano em seu "Estrelas de couro" ainda no prelo, Oleone Coelho e seu "Lampião na Bahia" . Assim, tais autores fizeram um recorte razoável de parte da temática cangaceirista e com um bom aprofundamento as discutiram, fugindo da generalização superficial que se leva as repetições de sempre como: Lampião em angicos morreu ou não?, Lampião bandido ou herói ? etc.etc..

Diante disso suponho que o período da anistia dos cangaceiros conhecida como "as entregas" seria um interessante objeto de investigação por parte dos pesquisadores, pois tal momento se configura na minha ótica lacunas dentro da pesquisa Lampiônica. 

SD corresponde: Cabra pessoalmente eu acho que o estudo do cangaço ainda tem algumas lacunas não estudadas com a devida profundidade, dentre elas o período das entregas, não sei dizer que dificuldades existem para escrever sobre este período tão interessante e que culminou com o fim deste movimento no nordeste, mas pouca coisa já li sobre este processo de anistia. Cabras como Moreno e Zé Sereno fugiram e nunca pagaram por seus crimes? Fico me perguntando não existia buscas? Seria muito proveitoso elucidar como realmente ocorreu essas entregas.

*Legenda da fotografia: "A rendição do grupo de Pancada". De pé: Barreira, Santa Cruz, Vila Nova , Peitica. Sentados: Pancada, Vinte e cinco e Cobra Verde.

 

 Bônus:

José Calixto da Silva, o "Peitica

 

URCA se prepara para o Cariri Cangaço

A academia abre suas portas para os cangaceirólogos 

A URCA - Universidade Regional do Cariri através da Pró-Reitoria de Extensão, realizou nesta terça-feira, dia 25, reunião com Grupo de Trabalho sob a coordenação da Professora Arlene Pessoa; para definir as atividades da URCA dentro do Cariri Cangaço. A reunião contou com as presenças dos professores Fernando Pinto, Alexandre Lucas, Ana Cristina;da secretária de Cultura de Crato, Danielle Esmeraldo, do Assessor Yarley Tavares e do produtor cultural Kaika Luiz.

Na oportunidade foi discutido a realização de mini-cursos, mostra de vídeo e cinema sobre o cangaço pelo IMAGO, palestras no salão de atos da Urca e ainda exposição na Universidade de acervo do escritor Hilário Luceti.

Também ficou definida a criação de uma Comissão Interna da URCA para o Cariri Cangaço, formado pelo prof. Carlos Rafael, Profa. Ana Cristina, Prof. Antonio José, Prof. Bendimar, Prof. Glauco Vieira, Profa. Lireda, Profa. Roberta, Profa. Fernanda, Profa. Otilia e Profa. Renata.

O Cariri Cangaço terá dentro de sua programa, também a apresentação de trabalhos acadêmicos.

Vale ressaltar que o Seminário já movimenta a região com a realização do maior concurso de redações já promovido no cariri.

Alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio das escolas públicas e privada dos municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Brejo Santo, Jardim e Aurora, já começam a se inscrever para participar do concurso. Os temas serão:

- Lampião e Padre Cícero; As Mulheres no Cangaço; A Violência no Tempo do Cangaço; Lampião no Nordeste; O Cariri no Cangaço.

As redações serão analisadas por equipes dos municípios e os vencedores,além de premiação de livros sobre o tema, terão seus trabalhos publicados no livro onde constarão os anais do Seminário.

Os municípios participantes estão promovendo uma grande Mostra de Cinema e Vídeo para os alunos interessados, como forma de fomentar a pesquisa; no último dia 19, o lançamento aconteceu com exibição de filmes no Teatro Patativa do Assaré - SESC, promoção da SBEC e Prefeitura de Juazeiro do Norte;

No último dia 20 foi a vez do município de Crato realizar o seu lançamento com Mostra de Vídeos no auditório do Centro Cultural da Rffsa, reunindo alunos do ensino fundamental II da rede pública e no último dia 24, no mesmo local, reunindo alunos da rede estadual ligados ao Crede 18.

O Seminário Cariri Cangaço, reunirá no mês de setembro mais de 70 pesquisadores e estudiosos da temática no Brasil; aos alunos interessados, procurar a sede das secretarias municipais de cultura de Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha.

Informações adicionais, através do Blog: www.cariricangaco.blogspot.com
Gabriel Henrique: Assessoria de Imprensa



I SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO
De 22 a 27 de Setembro de 2009
Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Entrevistas memoráveis

O Ex Cangaceiro "Balão" falou à Revista Realidade, em Novembro de 1973

Na casinha, branca de janelas azuis, em Monte Belo, subúrbio de São Paulo, mora Guilherme Alves, o ex-cangaceiro Balão.

Ajudado por um de seus 25 filhos, nascidos de três casamentos, ele se concentra sobre os volantes da Loteria Esportiva espalhados pela única e modesta mesa. Antigamente, "volantes" para Guilherme tinha outro significado. - eram as patrulhas policiais que ele e Lampião enfrentaram nas caatingas.

Tempos ruins que Guilherme, 63 anos, lembra com detalhes — e dos quais guarda sinais concretos: oito anéis nos dedos e uma bala encravada na perna.

Eis o seu relato:

No ano passado eu estava subindo uma ladeira em São Paulo, quando um policial, já velho, começou a me olhar. Eu me esquivei, mas ele falou com uma voz fina, de caboclo: `Eu o conheço. “Não digo de onde, porque você vai achar ruim”. Depois, rindo: "Uma vez matei dois cabras seus na Várzea do Juá. Você é o ex-cangaceiro Balão".

Que olho! Aquilo acontecera havia mais de trinta anos. Entrei para o cangaço em 1929 e fiquei até ver Lampião com uma bala na testa, em 1938. Eu Morava em Paulo Afonso, na Bahia. Uma tarde passou pela minha casa uma força do sargento Inocêncio, de Alagoas.

Meu pai e meu irmão foram mortos e eu fugi com meu primo, o Azulão, que já estava no cangaço. Minha vida de cangaceiro começou num tiroteio, em Aroeira, contra a volante de Mané Neto. Eu tinha 19 anos. Lampião havia me dado 615 balas e, quando a luta terminou, perguntou-me: "E as balas?"
"Só tenho cinco”, respondi. "E as outras?" "Por aí, capitão, voando atrás dos macacos.", Ele riu e me admitiu.
Vivi de fogo em fogo durante 9 anos. A gente aprende a brigar: Soldado morria porque vinha de peito aberto. Cangaceiro não dá o peito nem as costas, briga de quina. Um homem de quina é uma faca. Também não brigávamos sem preparo. Só atraíamos a volante depois de construir a trincheira. E lá ficávamos, ajoelhados ou em pé, escorando firme o coice da espingarda.

Se matei muitos não sei. Quem mata é o mosquetão, e o Capitão Lampião é quem ordena. A gente obedece, vai atirando. Se o tiro pega, ouve-se o grito: "Ai, Nossa Senhora! Valei minha mãe". Vi uns filmes de cangaceiros. Tudo falso. Todo mundo bonito, a cavalo, como mocinhos. Nós andávamos quase sempre a pé, calçando alpercatas.

A mulher foi a perdição do cangaço:

Enquanto não apareceu mulher no cangaço, o cangaceiro brigava até enjoar. Depois, diante de qualquer perigo, logo se podia ouvir: "Ai, corre, corre!" Quando entrei, Lampião tinha duzentos homens, separados em grupos para despistar as volantes. Muitos dos "oficiais" já tinham mulheres: Corisco, Luís Pedro, Pancada. No fim, até os cabras. Elas não lutavam. Uma única vez vi uma delas brigar como um homem, Foi Dadá, no dia em que o seu marido, Corisco, caiu baleado nos dois braços.

Maria Bonita usava uma pistola Mauser, de 11 tiros, mas também não atirava nada. Não era bonita: baixinha, grossinha, pernas meio tortas, cintura fina, quadris bem largos, atrás era batidinha como uma tábua. Tinha o rosto cheio, redondo, andava com botas de couro de bode, bem coladas nas pernas. Usava saia de couro abaixo dos joelhos e uma blusa de couro. Ela sempre tentava me derrubar, a gente brincava muito. Lampião não ligava. Olhava e recomendava: "Depois não vão se zangar".

Aos poucos, o bando foi ficando cheio de mulheres. E homem de batalha não pode andar (Relação) com mulher. Se o cangaceiro tem uma relação sexual, perde o poder da oração (uma espécie de amuleto), e seu corpo fica como uma melancia: qualquer bala atravessa. Por isso, antes, seriam necessários alguns cuidados:

O cangaceiro deve tirar a oração do corpo e entregá-la a um amigo por quinze dias. E antes de usá-la. Novamente precisa tomar um bom banho, lavar bem as roupas do pecado.

Nasceram muitas crianças, enquanto eu estive no cangaço. As mães davam à luz à noite, e mal o dia clareava, estavam correndo da polícia. E, que eu saiba, nunca perderam um filho. As crianças eram entregues a algum padre ou fazendeiro, e os pais prometiam ir buscá-las um dia — se sobrevivessem.



Lampião andava todo furado de balas. Eu pensava: é oração, ele não morre mais. Lampião era alto, magro, as pernas secas. Lia e rezava muito. Só ele e Corisco sabiam ler. O bando sentava-se sob as árvores, ouvia suas explicações sobre o que estava escrito na Bíblia, principalmente no Velho Testamento. De madrugada todos se reuniam de novo para rezar o ofício sagrado.

Aprendi o Padre-Nosso com Lampião. Ele dizia ser essa a única oração ensinada por Deus e que todo o resto fora inventado pelo povo. Repartia a comida com suas próprias mãos, em porções iguais. Às vezes passávamos fome. Chegamos a ficar uma semana comendo só raiz de imbuzeiro.

Até hoje o povo pensa que Lampião matava por qualquer coisa. Mas nunca o vi mandar matar alguém a sangue frío. E as fazendas por ele destruídas eram dele mesmo. Lampião havia comprado as terras em sociedade com um tal de Petro de Alcântara Reis: Tronqueira, Cachoeirinha, Formosa. Mas Petro as registrou apenas em seu próprio nome. Lampião zangou-se. Eu mesmo ajudei a matar muito gado a tiro, na Cachoeirinha. Petro fugiu para Alagoas.

Os fazendeiros que se recusavam a dar dinheiro ou gado para o bando nunca eram mortos, mas Lampião expulsava da fazenda todos os vaqueiros. Eles só podiam voltar com sua permissão.

Uma vez me perdi do bando e fiquei um ano nas caatingas de Bebedouro, Jeremoabo, Cipó de Leite, sem ver uma alma viva. No começo eu estava com Anjo Roque e sua mulher. Ele, porém, era ciumento e nos separamos. Fiquei só. Pensei em me entregar, mas seria morte certa. Vaguei pela caatinga como um porco-do-mato, comendo raiz de imbuzeiro, folhas e carne de bode. Do cipó de mucunã tirava a água: a gente corta, assopra e ela vai caindo, avermelhada, mas doce. Quem não conhece o truque morre de sede pisando na água.

Cangaceiro não vive só de briga. Lampião sabia tocar uma gaita de oito baixos como ninguém. E seus homens gostavam de dançar. Uma vez, na Fazenda Cuiabá, ficamos oito dias e oito noites dançando. Nessas ocasiões todos se enfeitavam, e já cheguei a ver cangaceiro tomando banho morno, - preparando-se para o baile. Havia preferência pelos enfeites de ouro. Muitos levavam moedas esterlinas no chapéu.

Maria Bonita ia carregada de ouro, em voltado pescoço, prendia o lenço com várias alianças e usava até dois anéis em cada dedo. Ah, era bonito. E o perfume, então! Todos os cangaceiros usavam — e não economizavam. Madeira do Oriente e principalmente um chamado trina, que durava até seis meses, no corpo. As volantes às vezes achavam o nosso rastro só pelo cheiro.

A traição de Pedro, e a morte de Lampião:
"Nunca pensei que Lampião morresse."
Estávamos acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5 da manhã e mandou um dos homens reunir o grupo para refazer o oficio Nossa Senhora. Enquanto lia a missa, em voz alta, todos nós ficamos ajoelhados, ao lado das barracas, respondendo "amém" e batendo no peito na hora do "Senhor Deus".

Um caboclo na selva de Pedra
Doc. O ultimo dia de Lampião

Terminado o oficio, Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas, quando ele se abaixou no córrego, veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas pedras a 20 metros da barraca de Lampião. Pedro de Cândido, um dos nossos, havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio até a posição das camas.

Numa rajada de metralhadora serrou a ponta minha barraca. Meu companheiro Merguião, levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado, com jeito coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo, calcei uma alpercata. A do pé esquerdo não quis entrar, e eu a pendi também no ombro.

Quando levantei vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de Merguião. De repente, ele estava com o cano de sua arma encostada minha perna, e eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e fomos formar uma cruz junto ao corpo de Merguião. Levantei-me devagar. O soldado estava morto, e minha perna não fora quebrada.

Então vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa. Moeda, Tempo Duro; Quinta-feira, todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Nove homens e duas mulheres. Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras. Mas foi encontrada e degolada viva. Não havia tempo para chorar. As balas batiam nas pedras soltando faíscas e lascas, ouviam-se; os gritos por toda parte, um inferno. Luis Pedro ainda gritou: "Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião". Não conseguiu, caiu atingido por uma rajada. Corri até ele, peguei seu mosquetão e, com Zé Sereno, consegui furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus.

No rancho do Minduim encontramos os cangaceiros: Cobra Verde, Novo Tempo, Candeeiro, todos feridos. De lá fomos para a Fazenda Cuiabá. , Muitos se entregaram. Eu resolvi seguir com um grupo, para Pinhão, onde estava Corisco. Mas no caminho fomos cercados pela: forças do sargento Zé Luis. Os cangaceiros Cruzeiro, Amoroso, Zé de Vera foram mortos.

Consegui esconder-me ate escurecer e então comecei a descer, seguindo o rio. Os soldados, porém, não haviam desistido logo eu os senti na minha pista Resolvi tentar driblá-los. Voltei e consegui outra vez furar o cerco No caminho derrubei um soldado que gritou, antes de morrer: "Pelo amor de Deus, eu não tenho culpa!" Depois contei mais de quinhentos buracos de bala, na minha roupa e nos bornais.

Como é que gente não morre?

Em Pinhão encontrei Corisco, Zé Sereno e Anjo Roque. Corisco era chamado também, de Diabo Louro; brigava muito. Nunca si entregou. Zé Rufino o matou. E como são as coisas: Dadá, mulher de Corisco, foi quem mais tarde colocou a vela nas mãos de Zé Rufino, que morreu pedindo perdão.

O descanso da guerra na cidade grande:

— Estávamos cansados de brigar. Ficamos nos divertindo em Pinhão, passeando dançando. Era a despedida - íamos nos entregar. Fomos bem recebidos em Jeremoabo, pelo capitão Aníbal. Não ficamos presos, mas apenas detidos. O capitão Aníbal era nosso amigo e algumas vezes chegou a desviar as volantes para evitar um encontro. Tive até privilégio de ter até um ordenança, à minha disposição, chamado Doutor.

Depois de soltos, tivemos de nos acostumar aos poucos com a civilização. Nas caatingas de Sergipe vi pela primeira vez um zepelim. Parecia um fim de mundo. Nesse tempo, em 1939, diziam que o mundo todo estava em guerra, e eu me apavorei: "Corre, gente, é um bombardeio".

Todos se esconderam numa moita de mucunã. Numa cidade, Anjo Roque não deixou um homem ligar o rádio perto de bando: “Essa máquina é de prender, vai nos deixar sem movimento!"

Viajei muito. Trabalhei em Minas, como pagador da estrada de ferro. Um serviço perigoso na época, mas nenhum assaltante se meteu comigo. Depois morei muito tempo em Marília, no interior de São Paulo, e finalmente vim para a capital. Há algum tempo comecei a trabalhar numa construção. Tomava o trem às três e meia da madrugada e entrava no serviço as oito na Lapa. Havia perigo de desabamento, no poço que estávamos cavando, e eu já avisara o engenheiro. Mas ele não ligou.

Um dia aconteceu: veio tudo abaixo. Eu, que enfrentara tanto fogo sem sofrer um arranhão, quebrei a espinha, cinco costelas e perdi oito dentes. A espinha nunca mais sarou. Tenho a impressão de estar com ela atravessada por uma porção de agulhas. Segundo o advogado do INPS, a firma, terá de me indenizar.


"Até agora, nada, e já faz um ano. 
Mas vou deixando. Eu sou caboclo, não me afobo, eu espero".

Esse depoimento do "Balão" é muito interessante, pois traz muitas informações importantes, sobretudo s/ o combate de Angicos, local da morte de Lampião.

Um abraço a todos e obrigado pela atenção.
Ivanildo Silveira
NATAL/RN

Bônus


Aspecto recente da fazenda Cuiabá em Canindé do São Francisco/SE, local citado por Balão em que estiveram vários cangaceiros, após o "combate de Angicos". 

Observem o estado de abandono, em que se encontra a casa sede da fazenda pertencentes aos "Britos" (grandes coiteiros ):
 

Cortesia do escritor/pesquisador do cangaço, Dr. Sérgio A. S. Dantas.


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

No Cariri Cangaço tem

Missão Velha - a cachoeira e o torno de Lampião

Quem visita pela primeira vez o Cariri cearense se surpreende com o conjunto de belezas que ali se escondem. O município de Missão Velha; porta de entrada do cariri cearense; o mais novo anfitrião do CARIRI CANGAÇO; guarda verdadeiras pérolas, resultado da maravilhosa Providencia Divina; suas belezas naturais encantam a todos que por ali chegam. Os verdes canaviais, as inúmeras nascentes, as fontes de água límpida e as famosas Cachoeiras de Missão Velha. Por essas bandas Virgulino passava boa parte do seu tempo de “descanso”, por aqui, dizem “que tinha amigos poderosos; Cel. Santana, Cel. Juvêncio, Cel. Isaias Arruda”.

Aqui também é a sede da Usina e Fundição Linard, com sua tecnologia de ponta em fundição e ferramentaria, tendo seu fundador Antônio Linard uma estória ou história, curiosa, em relação a Lampião e o primeiro torno que o referido empreendedor sertanejo adquiriu ainda nos idos da década de vinte para iniciar seus negócios. Venha conhecer as maravilhas de Missão Velha e a “história do Torno de Lampião” em setembro no CARIRI CANGAÇO, bem aqui no sul do Ceará.


I SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO  
De 22 a 27 de Setembro de 2009
Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Percorrendo os caminhos de Lampião pelo RN

Diário de bordo do "Vaqueiro" Rostand Medeiros



Amigos!
Gostaria de dividir com vocês o trabalho que atualmente realizo e têm relação com o cangaço de Lampião.

Bom, entre os dias 11 e 15 de agosto, estive percorrendo as áreas rurais por onde o bando de Lampião, entre a PB e o RN, como parte de uma consultoria que presto ao SEBRAE, dentro do projeto “Território Sertão do Apodi - Nas Pegadas de Lampião” www.sertaodoapodi.com.br

Estive desde São João do Rio do Peixe, Uiraúna (PB), Luís Gomes, Major Sales, Paraná e Marcelino Vieira (RN). Em relação à Paraíba, que não é o foco do projeto, a idéia foi visitar locais apenas para conhecer. Existem locais onde a preservação é mantida de forma excepcional (caso da fazenda Canadá, em Uiraúna) em outros as mudanças são inevitáveis.

Infelizmente no caso do RN, pelo menos até onde eu fui, trago uma triste notícia; está tudo sendo destruído. As velhas sedes da Fazenda Nova (onde o idoso Cel. Joaquim Moreira foi seqüestrado), Bom Jardim, Diamantino e a centenária sede da fazenda Aroeira (onde dona Maria Lopes foi levada pelo bando), ou não existem mais, ou as mudanças foram tão radicais que as alterações descaraterizaram totalmente estes locais.

Percebi que comparando o caminho que estou percorrendo, com o período da pesquisa realizada por Sérgio Dantas, para o seu livro “Lampião no Rio Grande do Norte”, muita coisa mudou e de forma rápida.

A Fazenda Nova foi inteiramente derrubada para a construção de uma mega e moderna sede de fazenda, até mesmo uma capelinha construída pelo Cel. Moreira, como forma de agradecimento pela sua liberdade, onde se diz que estavam expostas as cordas usadas pelos cangaceiros para mantê-lo preso, veio abaixo.

Percorrendo estes caminhos (geralmente em motaxis) percebi que de forma geral a população da região, principalmente os que moram nestes locais, próximos a eles, e nas pequenas cidades, sabem dos ocorridos, mas sem riqueza de detalhes.

Isto só encontrei nos mais velhos, onde a maioria não vivenciou os fatos, mas escutaram dos pais e avós.

Aonde eu chego existe uma informação quase unânime, acompanhada de uma certa tristeza na voz das pessoas que comentam “-Se você tivesse vindo antes, fulano que viu tudo lhe contava direitinho, mas (o informante) já morreu”.

Percebo que as pessoas associam a passagem do bando de cangaceiros como algo importante na história dos seus locais, mas para eles nada do que ocorreu em suas regiões tem uma maior relevância global. Percebi que esta relevância está associada, quase que exclusivamente, à resistência ocorrida em Mossoró.

Um fato comum é que os mais jovens "ouviram falar", mas não sabem muito.

Na fazenda Baixio (Em Luís Gomes), encontrei a D. Maria do Céu Leite (sobrinha dos irmãos cangaceiros Massilon e Manuel Leite) que comentou triste o gradual desconhecimento dos mais jovens da sua região em relação a passagem do bando de cangaceiros. Percebi que neste locais, quanto mais o tempo passa, mais a informação está difícil de ser conseguida e apurada e cada vez mais, trabalhos como o de Sérgio Dantas, passam a ter valor pelo resgate.

Para elaboração desde trabalho, utilizo a bibliografia existente, onde o livro de Sérgio Dantas, nosso amigo, se destaca. Inclusive durante os dias em que estive viajando e até ontem mesmo, estive conversando com Sérgio Dantas, onde ele vem acompanhando este trabalho que realizo, trocamos idéias, informações e lhe trago notícias de pessoas que ele conheceu nestes caminhos.

Triste é que por onde tenho andado, cada vez mais o esquecimento está se tornando o lugar comum.

Blogs como este, são ferramentas salutares em meio a um mundo cada vez mais digitalizado, mas está nos locais onde tudo ocorreu, tem um sabor diferente. Percorrer estes locais me permite novos pensamentos, novos reconhecimentos dos fatos históricos, sempre aproveitando quem veio antes. Quanto ao 4x4, pode até ser, mas nada que uma boa moto trail, ou um bom jumento com sela não possam alcançar.

Um abraço Rostand Medeiroswww.sertaodoapodi.com.br


Foto: Em Cajazeira - PB com Francisquinha Martins, neta do cangaceiro "Sabino Gomes", ou Sabino Gorê, ou se preferir Sabino das Abóboras. Batalhadora pela história, é funcionária da prefeitura desta cidade paraibana e uma pessoa muito gentil e atenciosa.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Já está na rede

Blog do Cariri Cangaço


Acesse agora www.cariricangaco.blogspot.com conheça um pouco mais sobre o evento e a sua importancia para o estudo do cangaço. Localize o link INSCRIÇÕES faça a sua firmando participação ou apresentação de trabalho acadêmico (Avia macho, as vagas são limitadas).

domingo, 16 de agosto de 2009

Cangaceiro Corisco

Certidão de óbito

Algumas considerações:

1º) Certidão de óbito lavrada em 27 de maio de 1940;
2º) Data e hora da morte: 25/maio/1940 ás 17:00 hs
3º) Local: Outrora, Cidade de Djalma Dutra. Hoje Miguel Calmon/BA
4º) Profissão: Bandido (Ora, não existe essa profissão no Ministério do Trabalho..rsrsrsrs
5º) Estado Civil: Solteiro - Errado- Corisco era casado no religioso com Dadá
6º) Que deu como causa da morte: Tiros de metralhadora no abdomem (errado - esse foi o meio - A morte se deu devido a anemia aguda, choque hipovolêmico; lesões de grandes vísceras..etc..
7º) Corisco não teve assistência médica...
8º) Enterrado no Cemitério da Consolação da cidade de Miguel Calmon/BA

Um abraço a todos
IVANILDO SILVEIRA 

sábado, 15 de agosto de 2009

A polemica da paternidade parte "2"


Fonte de absoluta credibilidade acaba de nos informar que o exame de DNA realizado para comprovação de paternidade de Lampião para com o Sr. Ananias Gomes "o pretão" (Foto) deu NEGATIVO.  

Ele é irmão de Maria Gomes de Oliveira "Maria Bonita". Vamos aguardar maiores informaçãoes e possível declaração da Sra. Expedita Ferreira, mais do que nunca a única e legítima filha do rei do cangaço.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Zé Rufino em entrevista

O HOMEM QUE MATOU O CANGACEIRO "CORISCO"
Por Ruy Guerra*
Adendos de Ivanildo Silveira

O sol do meio-dia fazia da praça de Jeremoabo/BA um imenso deserto.

Lembro-me que tudo se passou naquele ano triste de 1962, ano da morte de Miguel Torres, no acidente desse mesmo jipe agora ali estacionado, coberto de poeira, junto da única loja aberta naquele vazio do mundo.

Só não me lembro como foi que o coronel Rufino surgiu, sentado no bar, esfíngico, vestido de uma camisa e calça caqui, sem atinar muito bem o que queríamos dele. Nós, igualmente calados, sem outro intuito que o de trocar umas palavras com o homem que matou Corisco.

Mas dali para a frente tudo ficou marcado em mim com uma nitidez que chega a assustar. Cada gesto, cada palavra, cada silêncio, foi ficando através do tempo mais depurado, mais definido, mais exato. Não há um detalhe, uma palavra, um sentimento, de que eu não tenha a serena convicção que foi assim, rigorosamente como tudo se passou.

Pedi um cerveja, que chegou morna.

O coronel Rufino, e não sei porque isso devia me surpreender, pediu um sorvete de morango. O Miguel Torres, por uma dessas maldades da memória, deixou de estar presente. Houve um silêncio largo, desses silêncios de quando estranhos se medem e se perguntam a si mesmos como começar essa aventura que é a de se conhecer.

Do coronel Rufino eu sabia tudo o que me parecia importante saber: que era o maior caçador de cangaceiros ainda vivo, que há muito estava aposentado, que era natural dali mesmo, daquele sertão. De nós, imagino, ele sabia apenas que fazíamos cinema e pensávamos filmar por aquelas bandas. E não parecia particularmente interessado em saber mais. Aceitava o encontro como a inevitável curiosidade que desperta quem traz a marca de ter matado o cangaceiro mais mítico de toda a história do cangaço.

Com movimentos pausados, de quem tem toda a velhice diante de si para gastar, ia sorvendo seu sorvete de morango.

O que mais me marcou naquele encontro, logo de saída, foi isso mesmo: o sorvete de morango. A cor desmaiada do sorvete barato, a colherzinha vagabunda na mão grossa, seca, veienta, com o dedo mindinho ridiculamente afastado dos outros dedos.
Por que um sorvete, e ainda mais de morango?

Por causa desse insólito sorvete me custou a lançar a conversa.

Comecei com perguntas banais das quais já conhecia as respostas, e que não justificam o desvio que havíamos feito por aquelas poeiras calorentas do sertão para aquele eventual encontro. Se ele, coronel Rufino, havia comandado muitas volantes atrás de cangaceiros. Se toda a sua vida se havia dedicado a essa caça, se havia perseguido Lampião. Se havia dado voz de sangrar a muito bandido.

A cada pergunta, Rufino ia monossilabicamente confirmando, pausado, aparentemente mais atento ao sorvete de morango que ao óbvio questionário.

- E Corisco? O senhor matou Corisco?
- Matei.

O Coronel Rufino não era um homem alto, nem tinha nada que à primeira vista pudesse impressionar alguém que não soubesse do seu passado. Nos seus, imagino, sessenta e tantos anos, não se sentia nele um grama de gordura. Tinha um rosto marcadamente nordestino, sem emoções visíveis, uns olhos fendidos preparados para os exageros da luz da caatinga e uma voz surpreendentemente jovem.

Parecia desinteressado, embora cortês. Senti que ele estava, não ansioso, mas determinado a terminar o encontro com o final do seu, para mim já irritante, sorvete de morango.

Foi essa certeza e o sentimento da idiotice das minhas perguntas que me fizeram perguntar de supetão gratuitamente:

- O senhor, coronel, torturou muita gente?

- O coronel Rufino parou de comer o seu sorvete, a mão pesada, suspensa no ar, a meio caminho.
Pela primeira vez senti que pensava rápido, embora o tempo durasse. Depois, delicadamente, pousou a colher. Até então ele nunca me havia encarado, e continuou assim.
Limitou-se a olhar a imensa praça vazia, assustadoramente amarelada pela crueza do sol.

- Seu João!

A voz continuava controlada, e embora o tom não tivesse aparentemente subido, atravessou a distância. Foi então que eu notei que um camponês desgarrado estava passando.

O homem entrou no bar. As alpercatas de couro sem ruído, o chapéu de palha agora respeitosamente na mão, um olhar rápido para os forasteiros.

- Sim, coronel? O coronel falou num tom macio, quase afetuoso.
- Seu João, o senhor me conhece há muito tempo, não é verdade?
- Conheço sim, coronel.
- Quem sou eu?

Uma leve estranheza na voz do camponês.

- O senhor?... O senhor é o coronel Rufino.
- Eu persegui muito cangaceiro, não persegui? - Perseguiu, coronel.
- Eu matei muito cangaceiro, não matei? - Matou, coronel.

A voz de Rufino continuou, inalterada.

- Eu torturei muito cangaceiro, não torturei? A voz do coronel Rufino parecia ainda mais mansa, mais paciente.
- Eu torturei muito cangaceiro, não torturei? Os olhos do camponês correram por nós, intrigados.
- Não, coronel... Não, senhor.
- Obrigado, seu João. Pode dispor!

Com um leve aceno de cabeça para todos o camponês afastou-se. O coronel Rufino esperou que o homem desaparecesse no sol da praça e só então me encarou, pela primeira vez.
Os olhos fendidos sem expressão, talvez por isso mais inquietantes, aprisionando os meus. A voz sempre igual, mas onde se podia sentir agora, nítida, uma intensa paixão.

- "Toda a minha vida eu persegui cangaceiro. Prendi muitos, também dei fuga a muito pobre-diabo que se meteu nessa vida por injustiça que sofreu. Mas matei muitos, muitos mesmo. De bala, de faca, de todo o jeito. Era a minha profissão".

Levantou a mão, espalmada, à altura do rosto. Essa mesma mão, que até então tinha servido para comer aquele irritante sorvete de morango. Foi uma pausa curta, mas guardo aqueles breves instantes como os de uma indefinível angústia.

- "Mas esta mão, esta mão que o senhor está vendo aqui, nunca tocou o rosto de um homem, fosse quem fosse, nem do pior bandido. Porque homem a gente mata, sangra..."

Passou a mão suavemente pela própria cara.

- Mas tocar o rosto de um homem, só sua mulher e o barbeiro têm o direito de tocar".

O coronel Rufino retomou a colher e continuou a comer o interminável sorvete de morango. Lembro-me de ter sentido um imenso alívio, como se tivesse vindo de muito longe. E tinha, como compreendi mais tarde.

Daí para diante não me lembro de mais nada. Não sei como nos separamos, se trocamos mais alguma palavra - o que duvido - além de alguma banal despedida. Mas ao longo dos anos comecei a relembrar e a contar, obsessivamente, este encontro. Não com o sentimento de ter escapado de algum perigo - embora ainda hoje não esteja muito certo disso -, mas com a desconfortável convicção de ter ido tão fundo naquele sertão para ingenuamente insultar um homem na sua hospitalidade, na sua memória, no seu mundo.

Texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 1993, e reproduzido do livro "20 Navios", de Ruy Guerra. Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1996, prefácio de Chico Buarque, 228 páginas.

# RUY GUERRA: Cineasta, escritor, dramaturgo, compositor (parceiro de Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime etc..), ator..etc..

ADENDOS IMPORTANTES:

*Corisco, morto em 25/05/1940, na fazenda Pulgas (Djalma Dutra - Hoje cidade de Miguel Calmon/BA).
*O famoso cangaceiro estava aleijado dos braços.
*Segundo a literatura cangaceirista, nessa ocasião, Corisco tinha numa mala, cerca de 300 contos de réis e dois quilos de Ouro.
*Após alguns dias do enterro de Corisco, foram retirados "o baraço direito e a cabeça", sendo levados para Salvador, onde permaneceram no Museu Estácio de Lima, em exposição, por mais de 30 anos, quando, finalmente, em meados do ano de 1969, foram enterrados no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana.
* 20/02/1969 - Morre o Cel. Zé Rufino, vitimado por um infarto no miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva.
*Devido a má conservação, a cabeça de Corisco entrou em processo químico de saponificação irredutível, adquirindo um aspecto Pavoroso:
*Em 1972, a ex cangaceira "Dadá", procedeu a exumação dos ossos de "Corisco", na cidade de Miguel Calmon/BA, levando-os para serem sepultados em jazigo da família, no cemitério Quinta dos lázaros/Salvador-BA, onde já se encontravam a cabeça e o braço do famoso cangaceiro.

CRONOLOGIA - DADÁ X CORISCO
10/08/1907 - Nasce Cristino Gomes da Silva Cleto, Corisco, "O DIABO LOIRO", na Serra da Jurema, perto de Mata Grande, Alagoas. Filho de Manoel Gomes da Silva Cleto e Firmina Cleto.
25/04/1915 - Nasce Sérgia da Silva Chagas, Dadá, em Belém, Pernambuco, ás margens do Rio São Francisco, ano de terrível seca no sertão. Filha de Vicente Ribeiro da Silva e Maria Santana Ribeiro da Silva.
1916 - Corisco abandona a casa de sua familia e, vive uns tempos na cidade de Laranjeiras, Sergipe.
1923 - Corisco serve ao Exército, em Aracaju, capital de Sergipe.
05/07/1924 -Ele participa do levante militar do tenente Maynard de Araujo.
Julho/1924 - Corisco pratica um crime e deserta na Lagoa do Monteiro, Paraiba.
1927 - Ela rapta Dadá ( também apelidada de Sussuarana ) da casa de seus pais, na garupa de um cavalo, e a leva para a residência da sua tia Vitalina, nos ermos da caatinga, ainda menina, moça. Ela tem ódio dele. Depois, transforma-se numa paixão.
1929 - Primeira foto de Corisco com Lampião, em Ribeira do Pombal, Bahia.
22/12/1929 - Ele e Lampião estão presentes na Chacina de soldados, em Queimadas/BA.
24/04/1931 - Nasce o primeiro filho, Josafá, que morre dois meses depois. A criança nasce sob intenso tiroteio do Tanque do Touro contra o tenente Arsênio.


20/01/1932 - Lampião invade a cidade de Olindina/BA e Corisco está presente no bando.
Março/1932- Após uma ano embrenhado na caatinga de Santa Maria/BA, reencontra-se com Lampião.
01/05/1932 - Nasce a primeira filha de Corisco e Dadá. A criança não suporta a vida dura das persigas policiais e morre na caatinga do Raso da Catarina/BA.
11/03/1934 - Nasce o menino Luiz, em Pernambuco,mas não resiste á vida áspera e morre.
1935 - Nasce Silvio Hermano Bulhões, novo varão, na Fazenda Beleza, de João Machado/AL, e é entregue ao padre Bulhões, para criá-lo. Esse filho está vivo, até hoje, sendo formado em Economia.
10/10/1937 - Nasce Maria Celeste, na Fazenda Mogiana/AL, que vive hoje, em Salvador.
23/10/1937 - Corisco, juntamente com o cangaceiro Gato, comanda um violento ataque á cidade de Piranhas/AL, tentando resgatar a cangaceira Inacinha.
28/07/'938 - Massacre do Angicos/SE, quando morrem Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. Corisco não está presente, nem Dadá.
02/02/1939 - Nasce Maria do Carmo, na Fazenda Lagoa da Serra/SE, que vive hoje em Salvador/BA.
Outubro/1939 - Corisco aleija os braços,no combate com as volantes, na Lagoa da Serra.
25/05/1940 - Corisco é assassinado pela volante do Tenente José Rufino, na Fazenda Cavaco, distrito de Barra do Mendes/BA, quando tentava fugir para nova vida fora do cangaço. Dadá é baleada e amputam depois sua perna direita. A cabeça e o braço direito de Corisco são decepados e levados para Salvador. Os restos mortais ficam enterrados naquela cidadezinha.
13/02/1969 - São sepultados,no cemitério das Quintas/Salvador, as cabeças de Corisco, Lampião, Maria Bonita, Canjica, Zabelê e Azulão, após vários anos expostos publicamente, no Museu Nina Rodrigues, numa barbárie pseudocientifica.
13/07/1977 - A cabeça, braço e o restante dos ossos de Corisco são reunidos numa mesma urna e sepultados na Quadra São Judas Tadeu, túmulo 8-A, no cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador/BA.
1994 - Morre Dadá, em Salvador/BA

FONTE
: " Dadá", de José Umberto Dias, pgs. 97/98.

Um abraço a todos.

Ivanildo
, Natal/ RN

A origem do nome "Lampião"

Qual a origem do vulgo "Lampião"?



O Sr. Daniel Alexandre participante da comunidade Lampião- Grande Rei do Sertão fez uma pergunta bastante pertinente entre pesquisadores e curiosos sobre a origem de Lampião.

Alguem sabe a origem da família de Lampião? , e por que o nome de Lampião, Virgulino Ferreira da Silva é diferente do nome do pai dele José Ferreira dos Santos, me parece que a mãe dele Maria Sulena da Purificação também não era Silva era dos Lopes, de onde veio esse sobrenome Silva? 

Se alguns de nossos leitores também têm esta dúvida nosso reverendo Ivanildo tem resposta mais aproximada para o fato do sobrenome.

Prezado Daniel:

1º) Eu, conversando certa vez com um escritor famoso do cangaço, o mesmo me informou que já foram encontrados 06 (seis) nomes diferentes para a mãe de Lampião. Tal fato se deve, às falhas das pessoas que cuidavam com os livros de registro (nascimento, batismo..etc.), e em virtude da própria pessoa que ia fazer o registro, que erroneamente, informava a grafia diferente, do nome da genitora de Lampião.

2º) Segundo algumas literaturas cangaceirista, o pai de Lampião, o Sr. José Ferreira, tinha origem nos sertões dos inhamuns cearense, onde deixou parentes.

3º) Existem várias teorias para explicar a origem do apelido "Lampião", mas a mais aceita, é a de que quando Virgulino estava no Grupo de Sinhô Pereira, segundo o escritor Frederico Pernambucano, o apelido Lampião, teria surgindo em face do Rei Vesgo, ter usado um lenço no rifle, que servia de peia, transformando-o, numa arma de alta repetição, semelhante a uma metralhadora, e, consequentemente, emitia um grande clarão, que segundo os companheiros, se parecia um "Lampião". Dai, o apelido.

Sobre a utilização desse Lenço, foi muito interessante, mas Lampião usava, também, uma peia de sola, que tinha, inclusive mais resistência. Vamos pedir ao nosso Fábio Carvalho "Senhor das armas", que explique, como se procedia a utilização desse artifício na arma.

Fábio atende o chamado:   
Caros amigos, grato pela lembrança de meu nome o “Fábio baiano”, como vosso humilde consultor de material bélico.

Uma versão desta estória de fato é contada como a origem do nome “Lampião”, pois dizem que ainda no tempo de Sinhô Pereira durante um combate com uma volante, Virgulino teria atado um lenço no punho e no gatilho de uma Winchester 44 (ver acima foto de uma Mod. 1873 "papo amarelo", assim com o movimento para ciclar a ação desta arma, o típico vaivém da alavanca, conseguiu manter uma cadência de fogo quase que semi-automática (Nunca de “rajadas” pois mecanicamente seria impossível), depois do combate ria e dizia que a boca do cano de seu “rifle” parecia um lampião. (e se tal estratagema deu certo teria usado depois uma peia Como cita o amigo Padre Ivanildo?)

Não posso afiançar se é verdade, mas é possível, pois ressalto que no manejo de armas deste tipo (carabinas com sistema de alavanca), deve-se justamente ter o cuidado de tirar o dedo do gatilho quando se volta fechando a alavanca, para evitar um disparo involuntário ou mesmo acidental (e tenho notícias de alguns) quando se fecha a ação da arma, coisa que Virgulino fez de propósito e automaticamente!!! (outra versão do nome “Lampião” é que durante uma bebedeira num bar, alguém teria perdido um cigarro ou coisa que o valha no chão escuro, e Virgulino manobrando e disparando sua arma para iluminar o ambiente teria dito: acende “Lampião”...)

Abraços a todos.

Colaboradores: Ivanildo Silveira e Fábio Carvalho

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CARIRI CANGAÇO INFORMA

NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ACADEMICO
A INSCRIÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS PARA O CARIRI CANGAÇO DEVERÁ SEGUIR AS NORMAS E DETERMINAÇÕES ABAIXO E SEREM ENVIADAS PARA O E-MAIL:
academicoscariricang@hotmail.com

NORMAS

1. INSCRIÇÕES E APRESENTAÇÃO DE TRABALHO

a) O período de inscrições para apresentação de trabalhos no “Cariri Cangaço” será de 31 de Julho à 31 de Agosto de 2009. (Vagas limitadas!!!)
b) Os trabalhos serão avaliados de 01 a 15 de Setembro de 2009.
c) Os trabalhos aceitos serão divulgados em 16 de Setembro de 2009 através de seu e-mail e relação nos sites autorizados.
d) Os autores terão 15 minutos para apresentação do trabalho e 5 minutos de tolerância.
e) Os trabalhos serão apresentados simultaneamente no dia 26 de Setembro de 2009 (Sábado) das 15 às 17horas na URCA - Universidade Regional do Cariri na cidade do Crato – CE, para os Pesquisadores e Público em Geral distribuídos pela temática definida.

2. COMUNICAÇÃO ORAL
a) Será considerada Comunicação Oral, Ensaios, Estudos e Resultados de Pesquisa abordando temáticas novas ou já estabelecidos na área do estudo sobre o Cangaço.
b) Só serão aceitos para sessão de Comunicação Oral trabalhos completos, que deverão ser encaminhados na ocasião da inscrição.
c) O Texto para Sessão de Comunicação Oral deverá ter formato de artigo, com problemática anunciada e desenvolvida, conclusões e referências bibliográficas, estruturado em torno de 8 (oito) a 12 (doze) páginas. A digitação e a formatação do texto devem seguir as orientações abaixo.
d) O Resumo da Comunicação Oral deverá conter em torno de 8 (oito) a 12 (doze) linhas no máximo, em espaço simples. Conter no final três palavras-chave.
e) As citações e as notas devem seguir as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
f) As referências devem ficar localizadas ao final do texto, contendo exclusivamente as obras citadas.
g) Os quadros, tabelas, gráficos, figuras (fotografias ou desenhos) devem vir após as referências, com indicação de fonte e créditos (quando for o caso).
h) Digitação e Formatação das Comunicações Orais:
• Formato de arquivo: "doc" ou "pdf";
• Fonte: Times New Roman, tamanho 12;
• Papel tamanho A4;
• Margem superior e inferior com 2,5 cm;
• Margem esquerda e direita com 3 cm;
• Espaçamento entre linhas: 1,5 cm;
• Alinhamento: Justificado;
• Páginas numeradas a partir da segunda (no alto, à direita);
• Nome do arquivo com o texto a ser anexado na submissão, deve conter as primeiras palavras do título do texto;
• Título em maiúsculo/negrito com alinhamento centralizado;
• A identificação da autoria principal seguirá após o título do artigo alinhado à direita.
i) O material aceito para apresentação e/ou publicação será utilizado em sua versão original, ou seja, os arquivos enviados não são passíveis de substituição e/ou modificações posteriores. A revisão do(s) trabalho(s) é de responsabilidade do(s) autor (es).
j) Exigir-se-á a presença do autor principal do trabalho para a sua apresentação.
l) Cada autor poderá inscrever apenas 1 (um) trabalho (Comunicação Oral) autor principal e 1 (um) em co-autoria.
m) Não haverá taxa de inscrição.
n) Os autores no ato da Inscrição de suas Comunicações Orais autorizam à Organização do Cariri Cangaço a incluí-las em CD-ROM, para que sejam distribuídas pelos meios definidos pela curadoria, como também autoriza a divulgação e publicação dos referidos trabalhos pelo Cariri Cangaço em outros meios que a organização definir.

Observação l: Seguirá em nota de rodapé o nome do Projeto/Pesquisa, Grupo de Pesquisa, co-autores, etc.
Observação II: Os trabalhos que não atenderem às normas de formatação serão automaticamente eliminados.
Observação III: Os autores deverão fazer as inscrições de seus trabalhos a partir das Temáticas a seguir, encaminhando as referidas inscrições com referencia direta ao GT correspondente.

LISTA DOS GTs
GT1. Cangaço e Cangaceiros: História e Memória
GT2. Cangaço e Caatinga
GT3. Cangaço e Gênero
GT4. Gangaço e Religiosidade
GT5. O Cangaço na musicalidade brasileira
GT6. O Cangaço nos múltiplos olhares
GT7. Lampião: Mito e Realidade

Ex:Inscrição de Trabalho
Nome do Proponente: José Lopes
GT 2 Cangaço e Caatinga
Trabalho: ”A relação espacial dos cangaceiros com o seu habitat natural”

o) A Curadoria do Cariri Cangaço definiu Grupo de Trabalho Acadêmico; formado por pesquisadores da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e professores da Universidade Regional do Cariri-URCA, para a devida análise dos Trabalhos Inscritos.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS E DÚVIDAS
ENTRAR EM CONTATO COM:
COORDENADOR DO GT ACADÊMICO PROFESSOR HUGO RODRIGUES academicoscariricang@hotmail.com

Notícias do Cariri Cangaço

Visita à Barbalha
 

Barbalha novamente foi palco de visita do Grupo de Coordenação do Cariri Cangaço. Com as presenças dos pesquisadores Aderbal Nogueira, Leandro Cardoso Fernandes e Wilton Dedê, alem de técnicos das prefeituras de Barbalha e Missão Velha e do coordenador do evento, Severo Barbosa, foram visitados os principais pontos de ligação da cidade com o cangaço.

O centro histórico; com seus casarões seculares, as praças, as ruelas pro onde o então Virgulino, futuro Capitão, passou, além do famoso Alto do Leitão, palco da chacina de Lua Branca “Marcelino” e seus companheiros. A visita técnica foi uma iniciativa dos organizadores do evento como preparativos para o Cariri Cangaço em setembro.




I SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO
De 22 a 27 de Setembro de 2009
Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha.

Testemunhas vivas

LEMBRANÇAS LUMINOSAS DE UM "CANDEEIRO"  
 
Manoel Dantas Loyola sobreviveu a Angicos. Na época do cangaço, era conhecido como Candeeiro. Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirma que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto. 


Hoje com 93 anos de idade, Candeeiro vive como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atende pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: "seu Né". No primeiro combate com os "macacos", Candeeiro foi ferido na coxa. "Era muita bala no pé do ouvido", lembra. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.


"CANDEEIRO":
Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano.

"Lampião não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. Quando soube que eu era de Buíque/PE, comentou: "sua cidade me deu um homem valente, Jararaca'".
Candeeiro diz que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido. Ele destaca que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita. Em Angicos, comentou que o local não era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado. No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio.

"Desci atirando, foi bala como o diabo" . "Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco".
Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costuma dizer que foi "história de sofrimento". Mas ainda é possível perceber a admiração por Lampião.

"Parecia que adivinhava as coisas", lembra. Só não quis ouvir o alerta dado na véspera da morte, em 1938".

Transcrito por Ivanildo Silveira 
Natal, RN

OBS: Ivanildo não nos indica o autor, somente a fonte: Diário de Pernambuco. 

Cangaço pra gente pequena

A História de Lampião Junior e Maria Bonitinha 

Livro de Januária Cristina Alves - Desenhos de Marco Carillo

Segundo uma de suas mais renomadas biógrafas, Aglae Lima de Oliveira, em seu livro "Lampião Cangaço e Nordeste" (Ed. O Cruzeiro, RJ, 1970), Virgulino Ferreira, o Lampião, em sua infância, foi um menino como outro qualquer: brincava, fazia e vendia artefatos de couro na feira de sua cidade, inventava poemas e dançava xaxado.

É este o Lampião que Januária Cristina Alves retrata neste livro. Ela conta, com muito humor e imaginação, a história deste menino e, para isso, utiliza toda a licença poética que um texto infantil possibilita, incluindo elementos do folclore nacional, dança, música, bonecos, dentre outros. Além disto, seu texto inteligente e dinâmico faz referências históricas explícitas ao personagem, porque é fruto de uma pesquisa cuidadosa e de um profundo respeito pelas inúmeras versões que uma mesma história pode ter.

A História de Lampião Júnior e Maria Bonitinha está em sua 2ª edição e já foi adaptada para o teatro tendo ficado em cartaz por 3 anos em São Paulo e durante 1 ano viajando pelo Nordeste. O livro já foi adotado por algumas escolas principalmente pela riqueza de detalhes com que descreve personagens do Folclore nacional, como por exemplo a caipora e a sereia.

A História de Lampião Júnior e Maria Bonitinha faz parte do selo Bonobo Kids, da editora Novo Século.

Sobre a autora:
Januária Cristina Alves é jornalista, mestre em Comunicação Social e escritora, com 22 livros publicados.

Serviço

"A História de Lampião Júnior e Maria Bonitinha"
Januária Cristina Alves 
Editora Novo Século 

Páginas: 48

Preço: R$ 34,90

domingo, 2 de agosto de 2009

Quem for ao Cariri vai conhecer:

OS MISTÉRIOS; O MITO E A REALIDADE DA FAZENDA PADRE CÍCERO

Amigos do Cariri Cangaço, Nestes últimos dias estivemos visitando um dos municípios anfitriões de nosso seminário; Missão Velha; e qual não foi nossa surpresa ao sermos apresentados a uma história simplesmente incrível, nos contada pelo vigário do município, Padre Ivo, fomos apresentados à Fazenda Padre Cícero; Essa história, o mito, a realidade e os mistérios que a ligam ao cangaço de Virgulino Ferreira, estarão bem aqui, quando setembro chegar, no Cariri Cangaço.


A pouco mais de 6 km do centro da simpática cidade de Missão Velha, localiza-se uma estruturada fazenda no meio da caatinga, seu nome: Fazenda Padre Cícero. O nome da Fazenda é também o nome de seu primeiro proprietário, o sacerdote cratense Padre Cícero Romão Batista que a construiu no ano de 1909 e que tinha como seu primeiro administrador o polêmico médico baiano, Dr. Floro Bartolomeu. Quem visita a casa principal se surpreende com as histórias contadas e pelo grande número de evidencias que a ligam ao fenômeno do cangaço; as torneiras preparadas para a defesa da propriedade...


o quarto destinado ao sacerdote, o quarto onde “lampião passava horas de descanso”, enfim. Os mistérios, o mito e a realidade que representam a ligação da Fazenda Padre Cícero ao cangaço de Virgulino Ferreira – Lampião, estará presente no Cariri Cangaço 2009, aqui mesmo em setembro, no sul do Ceará.



Abraço Fraterno a todos!
Manoel Severo

I SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO
De 22 a 27 de Setembro de 2009
Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha.