Quem nunca sentou de noite no alpendre de um sitio lá no interior pra ouvir de um avô ou parente qualquer aquelas inesquecíveis e "traumáticas" estórias de "malassombro", lobisomem, mula-sem-cabeça, etc. Talvez não entenderá a graça do pequeno artigo. Mas só pra deixar claro: Não estamos pregando crença no sobrenatural.
No fim das palestras ocorridas no segundo dia do Cariri Cangaço 2010 me aproximei para acompanhar algumas entrevistas com o senhor Raimundo Batista de Lima, 65 anos, zelador do sitio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, zona rural de Crato-CE.
Seu Raimundo mora ali há 14 anos numa casa cedida pela prefeitura. Não é descendente de seguidores do beato Zé Lourenço. Mas tinha duas primas que eram viúvas de fanáticos. Estes morreram durante o bombardeio aéreo na Serra dos cavalos.
Fiz uma rápida pergunta ao seu Raimundo à respeito de Assombrações! Na certeza de ouvir um daqueles causos que só tem graça de noite - se é que o mundo dos mortos ainda assusta as pessoas diante do nosso atual cotidiano de violência.
E ouvi: Ele nos conta com firmeza no olhar que... nunca viu... mas que era comum em noites esporádicas ou até durante o dia ouvir gritos de dor, choro de crianças, sons de lenha sendo cortada nos fundos da sua casa. No dia seguinte ele mesmo ia checar o resultado do serviço do misterioso lenhador e... nada encontrava. As árvores estão sempre todas intactas.
Além de dois locais que ele desafia os visitantes mais afoitos: Descerem até o caldeirão à noite ou ir até um certo “Pé de juá” existente na mata próxima ao redor do caldeirão.
Ele conta que certa vez recebeu visita de uns espíritas que após ouvir o mesmo relato desejaram ir até a misteriosa ávore preferencialmente à meia noite, mas que precisariam dele como guia... o velho Raimundo... dispensou o cachê, e justificou:
- Respeito muito os donos do lugar, eu aponto o caminho, e quem quiser que vá sozinho.A doutrina do espiritismo Kardecista explica que: "Quando a passagem se dá de maneira violenta, com muito ódio envolvido, a pessoa desencarnada raramente se desligará do mundo material. O ódio será um elo de ligação com quem provocou mal a esse desencarnado, juntamente com sua sede de vingança e de justiça, o tornará obsessor, irá perturbar a mente e o espírito do(s) encarnado(s) que lhes causou mal. Além de que esse ódio e o ato cometido se tornará uma maldição eterna, e que ambos deverão passar por provas, por sucessivas reencarnações, até que o perdão surja". Fonte: Diário da Tereza
A maioria das centenas de vítimas foram enterradas ali mesmo, nos fundos da igreja e na mata fechada que circunda o palco de uma das maiores tragédias brasileiras.
Parabém a dona Tereza pelo seu texto.
ResponderExcluirEu não duvido dos mortos, pois acho que o "EU" de cada um de nós permanecerá eternamente.
José Mendes Pereira - Mossoró-RN.