Por Tárcio Oliveira
Nas primeiras décadas do século passado grupos de homens armados, justiceiros e ao mesmo tempo saqueadores amedrontavam o sertão nordestino. Eram os chamados cangaceiros sendo Lampião e seu bando o mais famoso deles. Na nossa região, sertão do Pajeú na divisa com a Paraíba tiveram atuação mais recorrente dois bandos, o do cangaceiro Antônio Silvino e o comandado por Zezé Patriota.
O grupo chefiado por Zezé Patriota teve curta duração e também ganhou fama pela perversidade que praticava. Um exemplo da crueldade com que atuava Zezé Patriota e seu bando aconteceu na zona rural de Tuparetama, na estrada entre o sítio Seixo e a Liberdade.
Para seu azar, o agricultor e pai de família Francisco Fidélis topou com Zezé Patriota e parceiros quando se dirigia para a casa onde morava, no Sítio Melancias. Francisco Fidélis foi reconhecido pelo cangaceiro, que o tinha entre os desafetos. É que anos atrás, numa festa junina, ao disparar um tiro de bacamarte durante as comemorações no terreiro em torno da fogueira (tradição muito presente nas festividades da época) um menino parente de Zezé Patriota fora atingido e falecera. A tragédia foi acidental, mas o cangaceiro jurou vingar a morte do parente. E a oportunidade surgiu naquela tarde no caminho da Liberdade.
Antes de matar o agricultor Francisco Fidélis, os cangaceiros arrancaram suas unhas e seus olhos a ponta de faca, O crime chocou e deixou assustada a população do povoado(***).
Por motivo das investidas dos bandos da cangaceiros na região, por essa época, em 1926 as senhoras Francisquinha Venâncio, Clara Véras e Ritinha Gabriel doaram à Capela do Sagrado Coração de Jesus, na Vila Bom Jesus (hoje Tuparetama) a imagem de Nossa Senhora do Desterro, como pagamento antecipado de uma promessa para ‘desterrar os revoltosos, jagunços e bandidos que revolucionavam a região’. Segundo os mais antigos¹, a comunidade considerou de muito êxito tal promessa, pois com a chegada da imagem da santa, eles se afastaram da região.
Cruz marca o local onde Zezé Patriota foi morto
De fato em 1927 foi morto o cangaceiro Zezé Patriota aos 31 anos de idade na divisa entre Pernambuco e Paraíba. O fato ocorreu em 30 de agosto, pela volante do tenente Alencar.
Há um bom tempo o tenente Alencar fazia diligências para pegar o cangaceiro e a oportunidade finalmente surgiu no dia de feira de Umburanas (hoje, Itapetim) quando encontrou os irmãos de Zezé Patriota, chamados de Caboclinho e Levino Patriota. Caboclinho conseguiu escapar do interrogatório mas Levino foi espancado e forçado a informar o paradeiro de Zezé Patriota.
Vila de Bom Jesus
O tenente seguiu com o policiamento ao encalço do cangaceiro. No caminho cercaram e trocaram tiros com parte do bando de Zezé na fazenda São Pedro indo em seguida para o Sítio Mocambo. Avisado da aproximação do tenente Alencar e sua volante, Zezé Patriota não fugiu. Havia sido baleado na perna num confronto dias antes noutra fazenda e estava com o membro granguenado.
Ao chegar no local onde estava o Zezé Patriota ferido e debilitado, o tenente Alencar certificou-se de que se tratava do cangaceiro procurado e deu ordem para os soldados atirarem. Zezé morreu no local, sem reagir. Contam que ele só foi enterrado dois dias depois, por familiares, no cemitério de Umburanas.
Com informações orais coletadas de Elias Souto (Tuparetama)
e via internet, atribuídas a Bernardo Garappa Ferreira (Itapetim).
(¹) As informações foram dadas por Eutrópia Perazo (Tofinha) e Valfredo Leite,
durante a pesquisa para o Tuparetama, Livro do Município, em 1998 e 1999
Pescado no História de Tuparetama
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