segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Relançamento na Praça

Sangue, terra e ”. 

Este é o título de um livro que conta a história do coronel Manoel Gonçalves de Abrantes, do município do Lastro, localizado na região polarizada por Sousa, no Alto Sertão da Paraíba. O autor do livro é o defensor público aposentado José de Abrantes Gadelha, que, na segunda edição (publicada em dezembro de 2018) dá continuidade à história de um homem influente que, segundo o advogado Johnson Gonçalves de Abrantes- da mesma família - marcou época na vida política, econômica e social de toda uma região.


O livro foi publicado pela Editora A União, em João Pessoa. A primeira edição foi publicada em Sousa, no mês de agosto de 1983. “Sangue, terra e pó” é um documentário romanceado que remonta à época do cangaço no sangrento Sertão da Paraíba. O autor aborda na obra fatos como o estado de sítio a que foi submetida a cidade de Sousa no dia 26 de junho de 1924, e a entrada de Lampião e seu bando na Paraíba na manhã de 10 de junho de 1927, pela Fazenda Canadá “após passarem pela Fazenda Exú, de propriedade de Zé Maria, roubando uma burra com toda arreação, dirigindo-se à Fazenda Nova, encravada no município de Luiz Gomes, no Rio Grande do Norte”.

Invasão à cidade de Mossoró

Outro fato abordado no livro por José Abrantes Gadelha diz respeito à invasão da cidade de Mossoró, pelo bando de Lampião, conforme noticiou na época o Jornal Correio do Povo da seguinte forma: “O maior grupo de cangaceiros do Nordeste assalta nossa cidade, sendo destroçado após 4 horas de renhida luta. A bravura dos nossos civis ! Os bandidos são chefiados por Lampião, Sabino, Massilon e Jararaca. Como morreu o bandido Colchete e como foi ferido e aprisionado Jararaca, o maior sicário do Nordeste”. – Notícias e notas diversas.

O livro reproduz uma entrevista dada pela senhora Maria José Lopes, esposa do coronel José Lopes, rico fazendeiro que residia no Sítio Aroeiras, no município de Luiz Gomes.

Ela foi sequestrada às 11 horas do dia 10 de junho de 1927 e passou 16 dias como refém do bando. A entrevista foi reproduzida do Jornal “O Mossoroense”. A obra de José de Abrantes Gadelha reproduz um memorando do juiz de Direito de Sousa, Archimedes Souto Maior, escrito no dia 2 de agosto de 1924 e levado ao conhecimento do governador Solon de Lucena, narrando o ataque de integrantes do bando de Lampião à sua casa.

“Após cerrado tiroteio de fuzilaria constante e profuza, derribaram as portas, penetrando até o quarto de dormitório, onde fiquei a braços com os bandidos, em grande grupo, cuja fúria levava-os a apontarem as armas e punhais contra mim, apesar das implorações de minha esposa que lhes prometia dinheiro, com que, desde logo, se contiveram”, diz o memorando encaminhado pelo juiz ao governador.

Banditismo, coronelismo e política partidária
José Abrantes Gadelha também expõe, na segunda edição do seu livro, fatos sobre a política no Sertão, notadamente no município de Sousa, nas primeiras décadas do século XX, em que reinavam absolutos apenas dois partidos: Conservador e Liberal. Aqueles partidos atraiam as paixões dos eleitores em torno de nomes dos chefes políticos que mandavam e desmandavam na política local.

As narrações históricas abrangem o banditismo, o coronelismo, a política partidária, o enfrentamento ao bando de Lampião, a proteção (por parte de alguns coronéis) ao mesmo bando. Também aborda como o Sertão foi ocupado e povoado, a origem do nome da cidade de Sousa e destaca os governadores da Paraíba até o fim do golpe militar de 1964, em 1985, com fatos sobre a prisão de Antônio Mariz pelo Exército e a interferência de João Agripino na sua liberdade.

Sobre o coronel Manuel Gonçalves, diz o autor, que ele passou dias e dias percorrendo localidades na Paraíba e no Ceará em busca do bando de Lampião. Acompanhado de dez homens bem armados, Manuel Gonçalves tentou, com essa empreitada, resgatar a senhora Maria José, “das garras de Lampião”. Não conseguiu êxito na sua missão por falta de apoio do Governo do Ceará.

Fonte: Repórter PB

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