Antonio Vilela conta a saga da valente serrinha do Catimbau contra o cangaço
Por Ronaldo Cesar
O professor e historiador Antônio Vilela está lançando seu novo livro sobre o cangaço: "Lampião - De Mocinho a Bandido - A saga de Serrinha do Catimbau contra o Cangaço".
A obra foi produzida pela Editora Bagaço, em Recife, e tem orelhas escritas por Jairo Luiz, sócio da SBEC - Sociedade Brasileira para o Estudo do Cangaço.
É um exemplar obrigatório para quem quer saber mais sobre as histórias dos cangaceiros.Sinceramente, o melhor trabalho de Antônio Vilela, em todos os sentidos, pesquisa, escrita e edição.
O livro custa R$ 35 (Trinta e cinco reais) com frete incluso. Peça-o através do e-mail: incrivelmundo@hotmail.com
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Das cores das vestes
Uma questão que se elevou é em relação às cores das vestes dos cangaceiros.
Por: Rubens Antonio
Sobre as cores das vestes dos cangaceiros afirmou-se muito pelo kaki e muito pelo azul.
Um mergulho na documentação da época, aponta, finalmente, uma luz para o caso, sendo este o estado atual do conhecimento documental da época. Ambas cores foram usadas, conforme as conveniências e necessidades.
Os registros da década de 1920, em fases de caatinga predominantes, seguem este padrão:
Já um registro de um momento da década de 1930, quando o grupo estava acoitado nas matas de Sergipe e Alagoas, surge este registro:
As antigas vestes dos cangaceiros, em suas fases baianas, foram guardadas pelos auxiliares do professor Estácio de Lima, quando das suas prisões, no final da década de 1930 e início de 1940.
Mais tarde, estiveram expostas no Museu Estácio de Lima, no Instituto Lima Rodrigues.
O professor Lamartine de Andrade Lima, testemunha que eram todas bege - kaki.
O que parece ser a melhor referência a ser seguida, neste momento, é que
- para os momentos e as ações nas áreas de caatinga, o kaki era o registro dominante.
- para os momentos vividos em Alagoas e Sergipe, quando em matas de outras características, o azul emergiu como opção mais camufladora, muitas vezes superando o antigo padrão.
- para os momentos das ações na Bahia, predominantemente em áreas de caatinga, sempre o kaki permaneceu como o registro dominante, mesmo nos estertores com Cangaço.
E esta adaptação às matas de Sergipe e Alagoas, profundamente diferentes da caatinga do Raso da Catharina, também passou a ser seguida pelas volantes. Em jornal de 1933:
Pescado no Açude do cumpadi Rubi
Por: Rubens Antonio
Sobre as cores das vestes dos cangaceiros afirmou-se muito pelo kaki e muito pelo azul.
Um mergulho na documentação da época, aponta, finalmente, uma luz para o caso, sendo este o estado atual do conhecimento documental da época. Ambas cores foram usadas, conforme as conveniências e necessidades.
Os registros da década de 1920, em fases de caatinga predominantes, seguem este padrão:
Já um registro de um momento da década de 1930, quando o grupo estava acoitado nas matas de Sergipe e Alagoas, surge este registro:
As antigas vestes dos cangaceiros, em suas fases baianas, foram guardadas pelos auxiliares do professor Estácio de Lima, quando das suas prisões, no final da década de 1930 e início de 1940.
Mais tarde, estiveram expostas no Museu Estácio de Lima, no Instituto Lima Rodrigues.
O professor Lamartine de Andrade Lima, testemunha que eram todas bege - kaki.
O que parece ser a melhor referência a ser seguida, neste momento, é que
- para os momentos e as ações nas áreas de caatinga, o kaki era o registro dominante.
- para os momentos vividos em Alagoas e Sergipe, quando em matas de outras características, o azul emergiu como opção mais camufladora, muitas vezes superando o antigo padrão.
- para os momentos das ações na Bahia, predominantemente em áreas de caatinga, sempre o kaki permaneceu como o registro dominante, mesmo nos estertores com Cangaço.
E esta adaptação às matas de Sergipe e Alagoas, profundamente diferentes da caatinga do Raso da Catharina, também passou a ser seguida pelas volantes. Em jornal de 1933:
Pescado no Açude do cumpadi Rubi
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Gustavo Barroso
Escritor se manifestou a favor do sepultamento das cabeças
Por Raimundo Gomes
Após ser morto em julho de 1938, Lampião e demais cangaceiros foram decapitados e tiveram as cabeças levadas pela polícia. As mesmas foram exibidas em vários locais, foram parar no instituto Nina Rodrigues em Salvador,onde após serem mumificadas, ficaram expostas à visitação pública por mais de três décadas.
Depois de algum tempo, familiares do cangaceiro,inclusive um primo advogado, entraram na justiça requerendo o direito ao sepultamento da cabeça do bandoleiro.
O que eu não sabia é que, já em 1959, Gustavo Barroso fora a favor de que a exibição pública desses restos mortais acabasse e que a cabeça de Lampião fosse entregue aos parentes para o sepultamento.
Leia abaixo a matéria publicada pelo Jornal do Brasil edição de 13 de maio de 1959.
Depois de muita luta, o objetivo dos familiares do cangaceiro será alcançado só em 1969 e a cabeça de Lampião, Maria e demais cangaceiros), será sepultada no cemitério Quinta dos Lázaros,em Salvador.
Atualmente as cabeças de Lampião e Maria encontram-se em Aracaju, sob a guarda da família Ferreira Nunes.
Por Raimundo Gomes
Após ser morto em julho de 1938, Lampião e demais cangaceiros foram decapitados e tiveram as cabeças levadas pela polícia. As mesmas foram exibidas em vários locais, foram parar no instituto Nina Rodrigues em Salvador,onde após serem mumificadas, ficaram expostas à visitação pública por mais de três décadas.
Depois de algum tempo, familiares do cangaceiro,inclusive um primo advogado, entraram na justiça requerendo o direito ao sepultamento da cabeça do bandoleiro.
O que eu não sabia é que, já em 1959, Gustavo Barroso fora a favor de que a exibição pública desses restos mortais acabasse e que a cabeça de Lampião fosse entregue aos parentes para o sepultamento.
Leia abaixo a matéria publicada pelo Jornal do Brasil edição de 13 de maio de 1959.
Depois de muita luta, o objetivo dos familiares do cangaceiro será alcançado só em 1969 e a cabeça de Lampião, Maria e demais cangaceiros), será sepultada no cemitério Quinta dos Lázaros,em Salvador.
Atualmente as cabeças de Lampião e Maria encontram-se em Aracaju, sob a guarda da família Ferreira Nunes.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Cariri Cangaço Piranhas 2015
Até recentemente talvez muitos não imaginassem que um tema como o fenômeno de banditismo do Cangaço, sempre tão controverso, tão espinhoso, que produz tantas discussões apaixonadas, que mexe com tantas emoções (muitas delas terrivelmente dolorosas), conseguisse reunir pessoas em um evento onde ocorressem interessantes debates e instrutivas visitas aos locais onde aconteceram os fatos.
Mas este evento existe, já acontece há seis anos e é um grande sucesso. Estou comentando sobre o Cariri Cangaço, que recentemente encerrou mais uma edição em Piranhas, Alagoas. E eu estive lá!
Mesmo sendo o Cangaço um fenômeno que existiu exclusivamente no Nordeste do país, durante os dias 25 e 28 de julho eu tive a grata oportunidade de me reunir com pessoas vindas de 16 estados do Brasil. Eram pesquisadores, escritores, professores, estudantes universitários, artistas, documentaristas, cineastas e curiosos.
Durante os quatro dias do evento aconteceram palestras com os temas “Piranhas e suas histórias”, “Um Estudo Multidisciplinar sobre o Cangaceirismo”, “Uma Viagem Fotográfica pelo Cangaço”, “A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes”, “Arqueologia do Cangaço”, entre outros.
A maioria das palestras ocorreu em Piranhas, principalmente no moderno Centro Cultural Miguel Arcanjo. No local também ocorreram apresentações do Grupo Musical Armorial e do Teatro do Cordel da Rabeca, este último com o espetáculo “O Amor de Filipe e Maria e a Peleja de Zerramo e Lampião”.
Em relação à bela cidade alagoana de Piranhas, conhecida como “Lapinha do Sertão”, é indiscutível que ela recebeu a todos de braços abertos e com extrema atenção. Uma parte da organização esteve sob a competente batuta do empresário Celso Rodrigues e de Patrícia Brasil, sua distinta esposa e secretária de cultura e turismo do município de Piranhas. Além deles inúmeras pessoas da região trabalharam arduamente para que os debates e as apresentações sobre a história dos cangaceiros e de suas vítimas fossem democratizados de maneira ímpar.
Já sobre as visitas é inegável que todas foram extremamente interessantes. Mas, pessoalmente, adorei a visita realizada no local do Combate de Maranduba. E a razão foi está ao lado do Dr. Lamartine de Andrade Lima.
Aí vou ter que fazer uma paradinha para comentar que este tranquilo alagoano de nascimento, que mora em Salvador a muitos anos, possui entre seus títulos e realizações o fato de ser um orgulhoso Oficial Superior Médico da Marinha do Brasil, ter realizado o Curso Superior da Escola de Guerra Naval, ser detentor da Medalha do Mérito Almirante Tamandaré, da Medalha Militar de Prata, da Medalha de Ouro do Memorial da Medicina Brasileira, ser Professor Honorário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Professor-Assistente de Medicina Legal da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, Assistente Voluntário de Medicina Legal da Universidade Federal da Bahia, Perito Médico-Legal do Instituto “Nina Rodrigues”, além de ser um dos mais respeitados estudiosos do cangaço no Brasil. Ligado intelectualmente ao mestre Estácio Luiz Valente de Lima – criador do Museu do Cangaço e cientista que escreveu o “Mundo estranho dos Cangaceiros” – livro clássico sobre o tema, o Dr. Lamartine também realizou criteriosos estudos sobre o assunto, baseados em persistente pesquisa e na convivência que teve com inúmeros cangaceiros, presos em Salvador, e acompanhados pelo Dr. Estácio.
Após a realização da visita ao local onde existe uma cruz que marca o ponto principal do Combate de Maranduba, eu e o amigo Kiko Monteiro seguimos para a Capela de Santa Luzia, padroeira da comunidade, com a intenção de esperar o amigo Ivanildo Silveira e seguirmos viagem. Mas ali encontramos o Dr. Lamartine em animada palestra com dois agricultores da região. Debatiam sobre um local denominado “Fogo dos Homens”, onde presumivelmente ocorreu um desdobramento do Combate de Maranduba.
O tempo estava chuvoso, do jeito que os agricultores nordestinos gostam, mas isso não impediu que o Dr. Lamartine convidasse os agricultores, o amigo Kiko e eu, para visitarmos o dito local que ficava a cerca de dois quilômetros de distância. Seguimos no seu carro e logo desabou o maior toró, mas mesmo assim o Mestre nem se importou.
Esperamos um tempo a chuva aplacar, enquanto o Dr. Lamartine dava uma verdadeira aula sobre os caminhos naturais das chuvas no sertão, analisando empiricamente a direção das gotas, a velocidade do vento e outras condicionantes.
Pouco tempo depois a chuva diminuiu e podemos chegar ao local do “Fogo dos Homens”. E aí eu tive a grata oportunidade de ter uma aula com alguém que sabe ensinar e sabe o que está falando!
O Dr. Lamartine seguiu pelo campo protegido por uma sombrinha e escutava com paciência e interesse os relatos dos agricultores. Eles informaram que ao longo dos anos, quando aravam a terra neste local, sempre encontravam cápsulas deflagradas. Ele questionou os locais onde mais eles encontravam estes restos de munições de fuzis, os pontos onde existiram árvores mais antigas e resistentes que serviram para a defesa dos cangaceiros, ou policiais. Seguia visitando os marcos indicados por aqueles homens simples, sempre ouvindo mais que perguntando.
Ao final, na parte mais elevada do local, a partir das informações recebidas daqueles simples nordestinos, o Dr. Lamartine fez uma memorização muito acurada do que foi publicado sobre o Combate de Maranduba, realizou sucinta análise do uso militar do terreno em que nós encontrávamos, dos pontos existentes para uma defesa satisfatória, dos possíveis pontos de disparos, dos locais favoráveis a emboscadas, rotas de fuga e etc.
Em mais de uma hora naquele local eu tive uma intensa e profunda aula sobre táticas de combate e a arte da guerra como jamais tive em toda minha vida.
Como diz meu amigo Sousa Neto, “Uma coisa é ler sobre um combate, a outra é está no local onde tudo ocorreu e assim conseguir um melhor entendimento dos fatos”. E eu complemento – E muito melhor é está em um local desses ao lado de um Mestre como o Dr. Lamartine de Andrade Lima.
Voltando a Semana Cariri Cangaço 2015. Este evento também contou com a participação do estado de Sergipe, através da inauguração do Memorial Alcino Alves Costa, no município de Poço Redondo. O sergipano Alcino Costa (já falecido) foi um escritor, pesquisador e memorialista que conviveu com inúmeros cangaceiros e vítimas deste fenômeno, a quem tive o privilégio e a honra de conhecer em 2010.
Não podemos olvidar que este encontro foi realizado em parceria com a SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará e o Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço.
Paralelo a Semana Cariri Cangaço 2015 ocorreu mais uma edição da Missa do Cangaço, na Grota do Angico, local da morte de Lampião e Maria Bonita em 1938. A Grota do Angico fica localizada na divisa dos municípios de Poço Redondo e Canindé do São Francisco, já a missa tem o objetivo de homenagear o aniversário de morte de Lampião, Maria Bonita e nove outros membros do seu bando, bem como também de preservar e manter viva a história do Cangaço.
Este evento foi promovido pela jornalista Vera Ferreira, neta deste famoso casal de cangaceiros. Pessoalmente foi um momento muito positivo me reencontrar com Vera Ferreira, a quem não via já fazia um bom tempo e a quem tanto eu admiro!
Como está descrito no blog do Cariri Cangaço ( http://cariricangaco.blogspot.com.br/ ) – “A cada edição o numero de expectadores e convidados especiais só aumenta, em cada sede, em cada cidade, mais do que um evento, mais que uma reunião de escritores e pesquisadores, mais que um responsável conjunto de palestras, painéis debate histórico, mais do qualquer coisa, traduzimos nosso Cariri Cangaço como um espetacular encontro de amigos”.
Pescado no Sítio do autor
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Novidades na praça
O romance “A Volta do Rei do Cangaço,” de Junior Almeida, mantém vivo o mito de Lampião
Iniciado em 2011 o romance "A Volta do Rei do Cangaço" ficou pronto em março deste ano. Mesmo antes do livro impresso, a obra foi inscrita no I concurso Pernambucano de Literatura em 2012, onde recebeu menção honrosa.
O livro
Neste livro de sabor regional o mais famoso cangaceiro nordestino não foi morto pela polícia em Sergipe, em 1938. Alguém foi assassinado em seu lugar, mas prevaleceu a versão das “volantes” e do governo.
Lampião, na verdade, foi atingido por uma espécie de maldição e ainda está vivo, sem nem ao menos envelhecer. Já morou em vários lugares do Nordeste e usou diversos nomes. Atualmente usa o nome de Luiz Ribeiro, é coronel da Polícia Militar de Pernambuco e mora num recanto escondido no município de Capoeiras, no Agreste do Estado.
O romance faz uma viagem ao passado, relembrando os tempos do cangaço e da violência, tanto por parte dos bandoleiros como da polícia. No presente, Virgulino Ferreira, com outro nome interage com militares de alta patente e até com o governador do Estado.
Um historiador, obcecado pela vida misteriosa dos cangaceiros, desconfia que Lampião não morreu em Angicos e começa a fazer investigações por conta própria, enfrentando a descrença de muitos e os perigos dessa busca pela verdade.
“A Volta do Rei do Cangaço” retrata o interior das pequenas cidades do Nordeste, mostra as ligações de Lampião com o padre Cícero Romão e nos apresenta o cangaceiro como uma espécie de justiceiro, capaz ainda hoje de recorrer a violência quando é preciso enfrentar uma desfeita ou punir algum bandido.
Nº de Páginas: 313. Adquira esta obra diretamente com seu autor pelo email euclidesalmeidaa@hotmail.com. Valor R$ 35 (com frete incluso).
Iniciado em 2011 o romance "A Volta do Rei do Cangaço" ficou pronto em março deste ano. Mesmo antes do livro impresso, a obra foi inscrita no I concurso Pernambucano de Literatura em 2012, onde recebeu menção honrosa.
O livro
Neste livro de sabor regional o mais famoso cangaceiro nordestino não foi morto pela polícia em Sergipe, em 1938. Alguém foi assassinado em seu lugar, mas prevaleceu a versão das “volantes” e do governo.
Lampião, na verdade, foi atingido por uma espécie de maldição e ainda está vivo, sem nem ao menos envelhecer. Já morou em vários lugares do Nordeste e usou diversos nomes. Atualmente usa o nome de Luiz Ribeiro, é coronel da Polícia Militar de Pernambuco e mora num recanto escondido no município de Capoeiras, no Agreste do Estado.
O romance faz uma viagem ao passado, relembrando os tempos do cangaço e da violência, tanto por parte dos bandoleiros como da polícia. No presente, Virgulino Ferreira, com outro nome interage com militares de alta patente e até com o governador do Estado.
Um historiador, obcecado pela vida misteriosa dos cangaceiros, desconfia que Lampião não morreu em Angicos e começa a fazer investigações por conta própria, enfrentando a descrença de muitos e os perigos dessa busca pela verdade.
“A Volta do Rei do Cangaço” retrata o interior das pequenas cidades do Nordeste, mostra as ligações de Lampião com o padre Cícero Romão e nos apresenta o cangaceiro como uma espécie de justiceiro, capaz ainda hoje de recorrer a violência quando é preciso enfrentar uma desfeita ou punir algum bandido.
Nº de Páginas: 313. Adquira esta obra diretamente com seu autor pelo email euclidesalmeidaa@hotmail.com. Valor R$ 35 (com frete incluso).