quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Cruzaram as peixeiras

O encontro de Vulcano e Lampião

Quando Vulcano esteve aqui
Trazia o cetro de Agamenão
Julgando-o sua obra prima
Quis agradar a Lampião

Esse recusou ligeiro
Vós me cê não sabe não?
Coisa fina tem aqui
Nas tendas do meu sertão

E disse logo em seguida
Intimando a divindade
Não é só tão mais bonito
Como de muito mais qualidade

Pra reinar nessas paragens
Não se usa mais de cetro
O punhal é que define
Entre o errado e o certo

Buscando se recompor
Das investidas do capitão
Retrucou o deus horrendo
Em tom de provocação

Não fosse o meu esforço
Na boca de um vulcão
Teriam seus ferrageiros
O metal pra produção?

Lhe digo ainda mais
Não trabalho só o ferro
Ao bronze a prata e ao ouro
Dedico maior esmero

Dando ao deus ouvidos moucos
O cangaceiro Lampião
Explicou a divindade
O porquê de sua opção

Pois fique o deus sabendo
Só me serve o que é de agrado
Dez cetros desse não compram
Uma só faca lá de Pasmado

Cabo de prata incrustado
Seja com ouro ou marfim
Ponta de espada alemã
É o quanto basta pra mim



Suplantado em seu oficio
Pelo povo do sertão
Suplicou o deus disforme
Por um pouco de instrução

Com um sorriso no rosto
Virgulino foi sincero
Se queres ser o melhor
É com João Jorge do Pau Ferro

Ao tomar as suas aulas
Com o mestre do sertão
Viu como era engenhoso
O processo de produção

Terminada sua tarefa
Foi ter com o capitão
Lhe dizendo cabisbaixo
Em tom de decepção

Eu vi o que eles fazem
Tentei, não é fácil não
Aceite como presente
Esta simples imitação

Agradeceu ainda ao cangaceiro
Por aquela oportunidade
De ter tido contato
Com jóias de verdade

Lampião ficou perplexo
com a lembrança oferecida
Mas dela não tomou posse
Dizendo já de saída

A divindade é dedicada
E se rendeu a humildade
Peça como esta que fez
É coisa de majestade.

Tome este punhal de volta
Um produto original
E ofereça a Agamenão
Como seu cetro real.

Deixando a nossa terra
Pleno de satisfação
Retornou o deus corcunda
Pro frescor de seu vulcão

Texto e arte de Ernane R. C. Cunha
Especialmente para o Lampião Aceso.

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Quem gota serena era Vulcano? 

Vulcano (Hefesto na mitologia grega) era o deus romano do fogo, filho de Júpiter e de Juno ou ainda, segundo alguns mitólogos, somente de Juno com o auxílio do Vento.

Foi lançado aos mares devido à vergonha de sua mãe pela sua disformidade, foi, porém, recolhido por Tetis e Eurínome, filhas do Oceanus. Noutras versões, a sua fealdade era tal mesmo recém-nascido, que Júpiter o teria lançado do Monte olimpo abaixo. A esse facto de deveria a sua deformidade, pois Vulcano era roxo.

Sua figura era representada como um ferreiro. Era ele quem forjava os raios, atributo de Júpiter. Este deus, o mais feio de todos, era o marido de Vênus ( a Afrodite grega), a deusa da beleza e do amor, que, aliás, lhe era tremendamente infiel.

No entanto, Vulcano forjou armas especiais para Eneias, filho de Vénus de Anquises de Tróia e para Aquiles quando este havia emprestado para Pátroclo,que por sua vez a perdeu para Heitor.

Em certa altura, Vulcano preparou uma rede com que armadilhou a cama onde Vénus e Marte mantinham uma relação adúltera. Deste modo o deus ferreiro conseguiu demonstrar a infidelidade da sua esposa, que no entanto foi perdoada por Júpiter.

In Wikipedia .

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