Por Coroné Severo
O tempo parece correr solto, como nunca antes em nosso sertão... Alias não só em nosso sertão querido do nordeste, mas também pelos lados do sul, bem lá pelas bandas de baixo de nosso Brasil, mais precisamente do Paraná de nosso estimado e querido Zanotti... E nunca dantes na história deste país houve uma integração cultural tão grande como em tempos de agora. Esse imenso Brasil, de muitas culturas e tradições; continental como poucos, se debruça sobre si mesmo e consolida os laços que nos unem a todos. Coube-me fazer a apresentação da presente obra deste mesmo Zanotti, querido e estimado amigo, quero dizer: Luiz Roberto Zanotti.
A vida nos resguarda inúmeras surpresas; receber em nosso pedaço de chão, no Cariri do Ceará, terra de Padre Cícero; um paranaense da gema que se dizia apaixonado pelas coisas de nosso sertão, até parecia um pouco estranho, entretanto esse tal de Zanotti foi chegando de mansinho, bem devagar e de repente tomou conta não só da situação, mas e principalmente do coração de todos que fazem a família Cariri Cangaço; evento de cunho histórico-científico, turístico e cultural, que reúne as mais destacadas personalidades da pesquisa e estudo do fenômeno Cangaço Nordestino; em sua terceira edição. Foram seis dias que consolidaram a admiração e respeito por esse cidadão paranaense, nordestino, brasileiro do mundo.
Em nossas andanças pelo sertão tórrido, pelas veredas das caatingas de nosso Ceará, percebeu-se rapidamente a grande afinidade de Zanotti com a grande e maravilhosa Mata Branca; habitat natural de seu objeto de estudo: Cangaço. O sorriso aberto e sincero mostrava-nos um homem reencontrando alguns caminhos perdidos, mostrava um brasileiro disposto a conhecer mais de perto uma saga que marcou gerações e pontuou em nossa história como marco de toda uma geração de homens e mulheres que habitaram essas terras muitas vezes esquecidas e por algum tempo; longo tempo, quase vinte anos; comandada por Virgulino, o "Cego véi" que se tornou Capitão, o Capitão Lampião, Rei do Cangaço.
Não seria necessário dizer da natureza do cangaço e o que ele representou para as sociedades rurais de nosso nordeste, sobretudo nos idos entre 1915 a 1940, é por demais conhecido por todos que estudam os fenômenos sociais e suas repercussões, talvez também não fosse necessário dizer da grande influência que o fenômeno acabou legando as mais variadas manifestações culturais de nossa terra e gente: Na comida, na medicina, na estética, nas artes em geral; pintura, artesanato, música, dança, teatro... E foi a partir de um espetacular trabalho de um talentoso cearense; Marcos Barbosa e o seu Auto de Angicos, que retrata através da dramaturgia os momentos imediatamente anteriores ao horror vivido pelo casal mais famoso do cangaço, Lampião e Maria Bonita, antes da morte na Grota do Angico em Sergipe; que um surpreendente Zanotti desenvolveu sua obra em Lampião - Texto, Tela e Palco.
Isento dos padrões muitas vezes habituais da abordagem do rei de todos os cangaceiros: Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, que navegam entre o estereótipo de herói ou bandido, o trabalho zeloso de Zanotti nos remete a um olhar transversal, versando sobre aspectos muitas vezes deixados de lado por trabalhos que buscam tratar da mesma temática. A peça nos transporta às mais variadas e pertinentes reflexões sobre o comportamento humano, a partir da ênfase de seu personagem principal, Capitão Lampião; dessa forma só me resta dizer o quanto foi importante para nós do Cariri Cangaço, da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e do GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, contribuir, mesmo que de forma humilde com esse capítulo ímpar da dramaturgia brasileira. Parabéns Zanotti e parabéns aos leitores e espectadores....bom espetáculo.
Manoel Severo
Cariri Cangaço
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Serviço
Lampião - Texto, Tela e Palco. 307 páginas. Custa R$ 50,00 (Cinquenta reais) com frete incluso. "A venda é exclusiva" envie seu pedido via email para Professor Pereira: franpelima@bol.com.br ou se preferir ligue (83) 9911 8286.
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