segunda-feira, 16 de julho de 2012

Novo livro na praça

"Cangaço, uma ampla bibliografia comentada", de Melquíades Pinto Paiva

Por Renato Casimiro



Lançado em Fortaleza, o mais novo livro do prof. Dr. Melquíades Pinto Paiva (Ed. IMEPH, Fortaleza. É uma obra de grande fôlego que vem sendo construída e atualizada em muitos anos de vivência do autor com fontes bibliográficas brasileiras e estrangeiras, especificamente sobre o fenômeno do cangaço. Não bastasse o primor de seu texto, a obra se apresenta como um requinte de execução editorial e gráfica.  Sobre seu conteúdo, damos a palavra à profa. Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros, Antropóloga, professora da UERJ, Doutora em Ciências Sociais, com Pós-doutorado em Antropologia, que escreveu o prefácio da obra. “Durante muito tempo lido com um cientista muito afoito e cheio de ricas informações sobre nossa cultura ancestral - o mundo sertanejo. Chegando porém ao tema cangaço, logo afirma: “Este assunto para mim é hobby.

Leio sobre isto, mas minha especialidade é outra; meus estudos se realizam em biologia, engenharia de pesca, ecossistema das caatingas, expedições científicas e outros conhecimentos científicos!” É o velho impasse vivido pelas Ciências Humanas e Sociais: o estudo dos fenômenos sociais se constitui ciência? Quando me aprofundei na pesquisa sobre o cangaço na cultura sertaneja, para a tese de doutorado, o “hobby” de Melquíades Pinto Paiva foi de importância crucial para a consecução de meus objetivos.

A vastíssima bibliografia sobre cangaço assusta quem deverá rastrear toda uma produção inspirada nos gêneros biográfico, crônica, reportagens, ficção, contos, romances, cordel, memória, história oral, novelas, roteiros, iconografia e filmoteca. Melquíades tem a mais completa biblioteca sobre o cangaço a que alguém possa ter acesso na hora da redação de qualquer trabalho científico sobre o tema. Não emprestando material por medo de ser roubado, ele propicia o paraíso a pesquisadores: hospedagem em sua bela casa no Mury - Nova Friburgo, com acesso à sua biblioteca, tanto nas áreas de suas próprias “pesquisas científicas”, quanto no objeto de seu “hobby”, o cangaço.

De Rachel de Queiroz, passando por historiadores da ciência, advogados, professores de diferentes disciplinas, desembargadores, militares aposentados, médicos, comerciantes e familiares, o Mury de Melquíades e Arair é um centro de conhecimento e lazer, onde podem brotar criações as mais diversas, como a edição do livro de Alcino Alves Costa (Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico – que fiz na Semana Santa de 1996), as dezenas de livros escritos pelo casal e segmentos de minha tese de doutorado em Ciências Sociais (A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão).

Acossada pela urgência do tempo de pesquisa de campo e bibliográfica, com estreitamento de prazos de redação e defesa, vivi muitos dias e noites da friorenta Mury me deliciando com o “hobby” de Melquíades. Ano após ano, numa curiosidade arguta e apaixonada, o cientista leu tudo que lhe chegou ao alcance sobre o tema que eu pesquisava. Generosamente, Melquíades me deu acesso aos seus preciosos fichários, produto ninguém sabe de quantas noites e dias de leitura, análise e catalogação de qualquer texto que trate do sertão e do cangaço. Foi um verdadeiro deslumbramento encontrar a metodologia de um cientista elaborando perfeitos verbetes dos textos catalogados.

Acima de tudo, com um rigor de leitura e classificação de cada texto lido, o que nos dispensa de leituras repetidas ou não direcionadas para nossos núcleos de interesse específicos. As fichas elaboradas sintetizam com maestria o conteúdo da matéria, de tal modo que só utilizei o material por ele classificado como relevante porque todos os testes que fiz, lendo textos fora de sua catalogação valorativa dos conteúdos, redundaram em desperdício de tempo e frustração com os argumentos dos autores. O material das fichas ainda era manuscrito, em letra caprichosa, própria de quem adquiriu o hábito de escrever para ensinar; Melquíades é um criador de conhecimento, sempre preocupado com a sua divulgação e reprodução.

É um professor, até quando trabalha por “hobby”.Timidamente, para um círculo de pesquisadores dos fenômenos do cangaço, Melquíades foi publicando as fichas de cada material de sua coleção, com o título “Bibliografia Comentada do Cangaço”, até organizar este magnífico guia de fontes, que resolveu nominar como “Cangaço: uma ampla bibliografia comentada”. Finalmente temos, os interessados em estudos sobre a violência no Nordeste, um precioso catálogo de verbetes bem redigidos sobre toda a produção dos que se aventuraram a tentar entender e explicar, sob as mais diversas percepções, a história de como um povo num tempo, numa determinada região – o nordeste do Brasil, viveu uma das grandes tragédias da humanidade: a luta pela vida e pelos ideais de construção pelo trabalho de uma sociedade de filhos de Deus, em contraposição aos organizadores do mundo pela égide da violência dos belicamente mais fortes.” Rio de Janeiro (RJ), 5 de agosto de 2011.

Pescado na Coluna de Renato
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Saudações amigos rastejadores. Esse livro do Melquíades Pinto, é sensacional, pois, através do mesmo estão catalogados mais de 90 % dos títulos de livros, jornais, revistas, artigos, e cordéis que tratam do cangaço. É uma excelente fonte de informação para quem pesquisa. Eu já tinha os volumes de  I  a V, e, agora, saiu tudo condensado, numa única obra, e com novas informações. Por isso eu recomendo.

Ivanildo  Alves  da  Silveira
Colecionador do Cangaço
Membro da SBEC e do Cariri-Cangaço
Natal/RN

Capa e sinopse pescadas no site da Imeph

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