Por Alcino Alves Costa
Alcino, Indignado e com razão. |
Fiquei deveras estupefato com as suas colocações. Não tenho dúvida, as mesmas não têm nenhum embasamento e descambam para uma injustiça sem limites. Lamento profundamente que um homem da lisura e do sereno proceder, como foi e é o autor, pessoa que eu tenho grande estima e respeito, tenha sido influenciado e acreditar em tamanhos disparates como se fosse um iniciante e inexperiente “vaqueiro da história”.
O autor é um estudioso do assunto. Todavia, também sofreu a influência daqueles que registram em livros e documentos grotescas e deslavadas mentiras. Inverdades que tem o poder de embaraçar a cabeça até de atilados homens da estirpe de nosso ex-juiz.
O que me deixou admirado foi perceber que um homem que trilhou a sua vida pelos caminhos da justiça e do conhecimento da mentalidade humana, tenha sido influenciado com tanta facilidade. Foi assim que com certeza aconteceu com ele. Em um instante da fragilidade mental se deixou envolver por aqueles que não têm compromisso com a verdade e quase sempre registram em livros e documentos grotescas e deslavadas mentiras.
Dizer-se que Lampião era homossexual e Maria Bonita uma adúltera, e os dois, Lampião e Maria Bonita, coabitavam com Luís Pedro, vivendo assim, em plena caatinga, um triângulo amoroso, é algo que em sã consciência ninguém tem o direito de acreditar. Eu sei muito bem que pessoas descompromissadas com a verdadeira história do cangaço e de Lampião tiveram o desplante de dizerem ou registrarem essas verdadeiras aberrações. Porém, um homem do quilate, da hombridade e da nobreza de caráter do Dr. não merecia participar desse pequenino grupo de pessoas que registraram tão medonhas distorções da história cangaceira.
Lampião jamais foi um gay. Aliás, em toda história do cangaço, desde os seus primórdios não se registra nenhum homossexual nos grupos cangaceiros. Luís Pedro tinha a sua companheira, a cangaceira Neném, morta na fazenda Mocambo, em Sergipe. A afirmativa de que o grande cangaceiro, do povoado Retiro, em Triunfo, Pernambuco, era amasiado com Maria Bonita e o próprio Lampião é uma coisa deplorável, uma mentira monstruosa que nasceu da mente doentia dos mal intencionados.
Quanto a Lampião ser um estilista, afirmação de um dos maiores pesquisadores da história cangaceira, eu contestei essa esdrúxula afirmativa, inclusive em artigo para este jornal, mostrando que o tão considerado escritor estava usando apenas o seu ponto de vista, nunca a verdade sobre o viver e a conduta de Lampião.
O que Lampião fazia, e muitos sertanejos também faziam, era pelejar com couro, fazendo selas, perneiras, gibão e outros acessórios puramente sertanejos. Ser um estilista, bordar peças e indumentárias do cangaço, isto jamais aconteceu. É acinte a história de Lampião. É querer inventar e se mostrar dono da verdade.
Quanto a ele ter sido um feroz bandido, um cangaceiro malvado, com atitudes monstruosas, tudo isto é verdade. Como também é verdade que ele foi e é um dos maiores "heróis" da história do Brasil. E a prova insofismável está nestas discussões sobre o caminhar pelas estradas da vida desse caboclo das barrancas do riacho São Domingos e das fazendas Ingazeira e Passagem das Pedras. Mesmo após 73 anos de sua morte, Lampião é o personagem mais falado e pesquisado em todo Brasil. Este homem é um herói ou não?
Maria Bonita jamais foi chamada de Déa. A Dona Déa que na entrevista diz ser Maria era justamente a mãe de Maria Bonita, que antes de sua ida para o cangaço era conhecida como Maria de Déa. Dona Déa, chamava-se Maria Joaquina Conceição Oliveira e era mãe de muitos filhos, dentre eles Maria Gomes de Oliveira, a segunda filha do casal; inicialmente chamada de Maria de Déa e posteriormente de Maria de Lampião, ou Maria do Capitão.
Não posso e não quero, sob hipótese alguma, desmerecer o trabalho literário do Dr., a quem, repito, tenho uma admiração e um respeito muito grande. Todavia, não tenho como não me manifestar sobre essas monstruosas injustiças. Injustiças que se faz com Virgulino Ferreira da Silva e com Maria Bonita.
Fiquei triste em ter lido a entrevista de responsabilidade de um homem de extraordinária integridade, e por essa razão, os seus escritos irão confundir ainda mais as pessoas que não conhecem verdadeiramente a história do cangaço e de Lampião e o viver do homem sertanejo naqueles tempos do sertão de outrora.
Maria Bonita não era uma adúltera. Lampião jamais foi um gay!
Saudações cangaceiras!
Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo,
Artigo Publicado no Jornal da Cidade, de Aracaju em sua edição de 23 de Novembro de 2011.
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O decano do Poço é autor de vários livros, sendo três dedicados a saga de Lampião. Clique aqui e saiba mais sobre sua obra
Sou juazeirense, moro em Araripina-Pe, e, desde criança pesquiso sobre a vida de Lampião. Especializei-me, ao longo de 20 anos de pesquisa, na biografia do Pe. Cícero.
ResponderExcluirSou, com muito orgulho, inimigo extremista do modus operandi e modus pensandi do cangaceiro Virgulino Ferreira.Por conseguinte,
concordo plenamente com Rodrigues de Carvalho, autor do clássico Serrote Preto, quando afirma que Lampião era um bandido sanguinário, que vivia do crime e para o crime.
Todavia, analisando as afirmações destrambelhadas do juiz em tela,
afirmo sem a menor sombra de erro que o mesmo nunca pesquisou nada sobre o famoso bandoleiro.
Suas assertivas visivelmente desprovidas de fundamentos históricos, põem em dúvida sua posição de homem de justiça, e enseja a conclusão de que ele mente premeditadamente. Prova disso é que, analisando acuradamente tudo escrito sobre o cangaço, e estudando a personalidade de todos os cangaceiros que conviveram com o Rei do Cangaço, quanquer pessoa com mediana cultura perceberá que o jurista jamais leu algum livro sobre Lampião,e, com certeza, passará a desconfiar que o juiz sequer seja nordestino.
Assim afirmo, porque Lampião mesmo sendo bandido, jamais perdoou uma mentira, qualidade esta inerente a todo nordestino que se preza, bandido ou não.
Maria -Picos-PI : Concordo com você Dante. lampião não era gay. E o nordestino não gosta de mentira.
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