quinta-feira, 5 de maio de 2011

Chico Amarante: Testemunha da "Intentona Comunista" 

No último dia 30 de abril, o Pesquisador Epitácio Andrade visitou o autodidata Francisco Anominondas Filho, “Chico Amarante”, com 94 anos, em Campo Redondo, na Região do Trairi Potiguar. 

Seu Chico Amarante é a principal testemunha do conflito final da Intentona Comunista no Rio Grande do Norte, ocorrido no dia 25 de novembro de 1935, na comunidade Malhada Vermelha, na zona Rural de Campo Redondo, episódio que ficou conhecido como “Fogo na Noite da Serra do Doutor”.
  
Na visita Andrade constatou o que a Assistente Social Aguinelda Souza havia informado, que Chico Amarante é um patrimônio histórico e intelectual do Rio Grande do Norte. Publicou dois livros: “Serra do Doutor e Suas Origens”, em março de 1998, e “Resgate do Brasil Remoto para um Brasil Tecnológico”, em março de 2006.
  
  


 Capas dos livros de Chico Amarante Reprodução
  
No seu livro sobre a Serra do Doutor, trata do episódio final da Intentona Comunista de 1935 no Rio Grande do Norte, mostrando com sua experiência de ex-combatente do Exército Brasileiro, como os comunistas perderam a guerra. “O exército comunista usava fuzis, metralhadoras e granadas, enquanto que a tropa da polícia de Caicó, comandada pelo Tenente Pedro Siciliano, usava fuzis, e os civis sertanejos aliados usavam rifles, espingardas, revólveres e pistolas.
  

 Seu Chico, seu violão e o novo amigo Foto: Josivaldo Araújo
  
Conta Chico Amarante, que estava na Fazenda Boa Vista, município de Frei Martinho/PB, distante 10 km do local do fatídico episódio, aos 17 anos, quando ouviu os estampidos do “Fogo na Noite da Serra do Doutor”. A resistência sertaneja ficou no alto da Serra do Doutor, esperando numa emboscada a passagem do exército vermelho. “Entre os comunistas tinha fuzileiros, atiradores, caçadores e granadeiros, mas não tinha comando porque os oficiais não aderiram à intentona”, apontando a causa principal da derrota comunista.
  

 Monumento à Resistência a Intentona – Campo Redondo/RN Foto: Doniele Airon
  
Estrategista, conhecedor das técnicas de guerra, afirmou ainda Amarante, que o exército comunista podia até ter Telêmaco (Instrumento usado para medir a distância do alvo) e luneta panorâmica (usada para visualizar o alvo), mas não teve planejamento para conduzir canhões. Era um exército de infantaria, sem artilharia. “Os sertanejos foram mais estratégicos, apesar da tradição pacifista, e ganharam a guerra”, concluiu.
  
Para o pesquisador Epitácio Andrade, que ficou impressionado com a acumulação intelectual de Seu Chico Amarante, uma das principais lideranças políticas da Região do Trairi e contemporâneo de seu pai no ramo comercial de medicamentos, “É necessário o Rio Grande do Norte reconhecer a existência deste patrimônio histórico vivo do Estado”, prometendo envidar esforços para promover um encontro de Seu Chico Amarante com o, também ex-combatente Joaquim Limão, de 90 anos, da Comunidade Pimenteira da Serra de Santana do Matos, para se permitir uma troca de informações sobre a Intentona Comunista e o Cangaço de Jesuíno Brilhante.

1ª imagem extraida do Blog: União Nacional Republicana

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