Por Prof. Wescley Rodrigues
"Lampião! Grito de dor, brado de guerra, chocalhar de dentes de tanto pavor, chispa de ódio, gemido de desalento, esturro de vaidade, lampejo de ambição, grandeza de valentia - signo de uma época, fim de uma era". Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros[1]
O bandido, assim como o herói, se fazem cada vez mais presentes no cotidiano dos indivíduos. Muitos desses passam de uma existência real para uma ficcional – ou vice-versa - já que subjetivamente os sujeitos vão atribuindo a eles toda uma gama de narrativas e, sobre essas suas “histórias reais”, são criadas narrativas exóticas, heróicas, covardes, misteriosas, tentando, assim, legitimar o lado bom ou mal do bandido, o heróico ou o cruel.
Fato é que o herói e o bandido são faces de uma mesma moeda e a maior parte deles são admirados no Ocidente. Quem, nos seus tempos de criança, não se viu encantado ou boquiaberto assistindo, no cinema ou na televisão, os filmes de faroeste americano, onde os trajes típicos dos “mal-feitores” e do Xerife fascinavam em meio ao ambiente desértico? A ousadia dos assaltos, o linguajar típico, os constantes roubos de comboios e de “mocinhas inocentes” nos deixavam atônitos nas poltronas, enquanto na tela, entre tiros - às vezes certeiros outros não –, aqueles “camaradas”, que roubavam por longo tempo nossa atenção, iam embora montados nos seus cavalos deixando para trás somente a poeira que levantava quando rompiam rapidamente os caminhos íngremes.
Bestificados ficávamos admirando aqueles “foras-da-lei” e, no nosso cotidiano íamos gradativamente alimentando esta admiração sem sabermos o porquê. Muitas vezes queríamos transportar, das telas, uma figura fictícia para a vida real, quem sabe para que eles pudessem vir a fazer a justiça que tanto almejamos. Mas nem só de figuras do cinema Hollywoodiano vive o homem!
A maior parte das vezes a ficção parte da vida real, de sujeitos que viveram em uma temporalidade específica, bandidos que, no seu tempo, foram amados e odiados ao extremo. Muitos se tornaram, posteriormente, mitos, servindo de exemplo de luta para aqueles que querem ver uma sociedade melhor e contestam a força despótica do Estado. Esses se apropriam da história desses bandidos elevando-os a uma nova categoria, ressignificando-os e usando-os como bandeira de luta.
Outras vezes, o bandido temido torna-se o santo milagroso, aquele que ouve o clamor dos sofredores e intercede ao Sagrado em favor dos “miseráveis mortais”. Tornam-se santos extremamente populares – sem serem beatificados oficialmente – por serem identificados pelo “povo sofredor” como alguém que viveu as agruras e incertezas que cercam a vida humana; que tiveram uma vida sofrida e, mesmo que nela tenham trilhado um caminho errante, mereceram o perdão, alcançado, muitas vezes, devido à crueldade da morte que lhes foi imposta. A morte seria, assim, um meio de purgar todos os seus pecados e erros.
Não sabemos ao certo o que chama a nossa atenção sobre um tema tão violento e regado de sangue como o cangaço, talvez ele esteja tão vivo na nossa subjetividade por representar a coragem que nunca tivemos, a ousadia reprimida, o desejo de mudança de um sistema.
[1] BARROS, Luitgarde Oliveira Cavalcanti. A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos guerreando no sertão. 2.ed. Rio de Janeiro: Mauad, 2007. p. 79.
Açude do confrade: Rodrigues História
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Confrade Wescley note na foto (ripada de vosso álbum).
Um singelo momento de "oportunismo meu" ou como congregar amigos sem que
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