Fato narrado por Maria Aparecida Rabelo.
Em uma noite de 1926, a tropa de Virgulino Ferreira fez parada nessa terra. Foi acolhida na residência de Agda Vicente de Arruda, onde lhe foi servida água, rapadura e cuscuz, iguarias disponíveis da culinária da época. O Sr. Manoel Ferreira Rabelo, por medo de ser morto, chegou a acompanhar os cangaceiros pelo período de 12 meses.
Outro fato ocorreu na vizinhança, no casamento de Doca (pai de Zé de Doca) - Manoel Bezerra de Macena - com a manairense Isabel Ferreira da Luz (tia de Didi Silva). Doca queria casar-se no São José, onde morava. O chefe da localidade mandou um recado a Doca informando que não permitiria que houvesse festa no casamento. Naquela época, casamento tinha que ter sua festa, mas ninguém podia ir contra uma ordem de um chefe local.
Lampião soube dessa notícia e mandou um recado para Doca:
"- Amigo, contrate o sanfoneiro e organize as festividades, eu também vou”.No dia 23 de novembro de 1923, depois do casamento, a música rolou, o sanfoneiro tocou e nada interrompeu a alegria. Atrás da casa tinham várias árvores e, à suas sombras, 40 cabras de Lampião estavam assentados, garantindo a tranquilidade. Lampião levou como presente de casamento uma garrafa de vinho fino, feita em cristal decorado e ainda jogava baralho com a família em uma grande mesa de cedro, localizada na sala em frente à cozinha
REVOLUÇÃO DE 1930 NÃO POUPA ALAGOA NOVA
Em 22 de março de 1930, dia do ataque ao "Casarão dos Patos", seguindo ordem do comando militar paraibano, o Sargento Clementino Quelé e seus policiais, em número estimado entre sessenta para alguns, e entre setenta a cem homens para outros, seguiram atravessando a zona urbana da pequena vila de Alagoa Nova (atual Manaíra-PB) e daí subiram a grande Serra do Pau Ferrado. Ao passarem pela propriedade de Antonio Né, pessoa ligada à família Diniz, no Sítio Pau Ferro, travaram um combate do qual saiu baleado Silvino Cosme, que faleceu dias depois. Esse foi o primeiro manairense a tombar na guerrilha que tomava conta do sertão paraibano.
Em Patos não havia muitos defensores e a força policial de Quelé ocupa o Casarão pertencente ao Coronel Marçal Florentino Diniz, sem maior oposição. Esse Coronel era um poderoso e influente agro-pecuarista da região, que juntamente com seu filho, Marcolino Pereira Diniz, eram parentes e pessoas da inteira confiança do coronel José Pereira, líder da Revolta de Princesa.
No Casarão estavam entre outras pessoas, as mulheres de Marcolino Diniz, Alexandrina Diniz (também conhecida como Dona Xandu, ou Xanduzinha) e a de Luís do Triângulo, Dona Mitonha. Luís do Triângulo era um dos mais valentes e destacados chefes dos combatentes de José Pereira. Os homens se encontravam em uma frente de batalha na região de Tavares.
Outros combatentes e líderes de Princesa conclamam moradores da região para ajudar a retomar o Casarão, enaltecendo a covardia de Quelé, que usava mulheres como escudos. Este chamamento encontra eco entre membros das comunidades de Princesa e Alagoa Nova e estes decidem seguir com o grupo que vai retomar o “Casarão dos Patos”.
Em defesa da família do Coronel Florentino, entre outros, partiu de Alagoa Nova um grupo de combatentes civis, dentre os quais estavam Marçal Cosme, Joaquim Rodrigues e outros.
Construções em ruínas demonstram as consequências da luta armada. A coluna policial comandada pelo Tenente José Maurício da Costa transforma Alagoa Nova (Manaíra) em um posto avançado da guerrilha.
Local onde era instalado o descaroçador de algodão pertencente a José Rosas. Destruído pelos combates ali ocorridos entre libertadores e as forças policiais comandadas pelo Capitão Irineu Rangel. Identifica-se, pelo seu quepe, um policial à esquerda. Ao centro, alguns destroços do "Vapor Velho".
Outro posto avançado da polícia ficava nessa casa no Cajueiro, há 2 kilômetros de Manaíra (Alagoa Nova). Era ponto de apoio da coluna do Tenente José Maurício da Costa.
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