quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Lendas do cangaço Lampiônico

Lampião e a Língua de trapo
por Nertan Macedo

Amigos do Lampião aceso: O escritor cearense Nertan Macedo (Autor de 10 obras sobre o cangaço), em seu livro "Cinco Histórias Sangrentas De Lampião”, Editora Monterrey, pags. 105/107 , sem data a edição, nos traz mais um fato interessante, sobre Rei do Cangaço:

“... Ia já avançando o verão inclemente de 1936, quando Lampião chegou com seu bando à cidade de Simão Dias. Aí travou um rápido combate com as tropas do Tenente Osório e foi obrigado a fugir pela estrada velha no rumo de Propriá. Algumas léguas adiante parou, com seu bando, em uma tendinha que a preta Carmolina havia montado na beira do caminho para vender magros cafés com bolachas mofadas aos eventuais caminheiros daquela zona.

Lampião ficou decepcionado com a falta de sortimento da venda e resolveu dar à preta velha um auxílio, em dinheiro, para que melhorasse seu estoque:

- Tome quinhentos mil-réis... - disse o chefe do cangaço. - e compre muita carne de sol e farinha, que na próxima passagem por aqui, eu quero encher o bucho dos meus cabras. Couro de barriga de cabra meu tem que andar tinindo que nem corda de viola.."

E, abalou, em tropel ruidoso, com seus homens famintos, pois a Volante lhe vinha nos calcanhares, sem descanso. Algum tempo depois, o Tenente Osório, seguindo o rasto do bando, foi dar também à vendinha da preta Carmolina.
-Por onde seguiram os bandidos ? - Perguntou ele à mulher.
A velha soltou todas as informações. Contou que Lampião pessoalmente lhe dera quinhentos mil-réis para comprar maiores sortimentos e, pelo visto, pretendia voltar ali, com seus cabras, para encher a pança, quando tivesse outra chance.

A volante do Tenente Osório continuou no encalço do bando e várias vezes lhe deu combate nos povoados seguintes. Muitos meses depois Lampião foi informado, pelos seus espias, de que a velha Carmolina dera com a língua nos dentes e traíra a confiança do chefe. Não soubera retribuir à generosidade do Rei do Cangaço.
- Essa velha língua de trapo não perde por esperar ! - rosnou Lampião - Dei-lhe quinhentos mil-réis e ela me traiu. Pois vai ver, quando chegar o tempo!
Com efeito, quase dois anos depois Lampião voltou à tendinha para ajustar contas com a velha. Mas, que podia ele fazer de pior àquela pobre mulher indefesa ?
- Piedade, Capitão ! - Chorava ela, tremendo, nas mãos dos cabras do bando.
- Pode deixar que eu vou ter piedade, muita piedade ! - Rosnou o bandido. E chamando um dos seus ajudantes: -Traga-me depressa um tamborete, um prego e um martelo.
A ordem foi cumprida. Lampião mandou segurar a velha, abrir-lhe a bôca a força e puxar-lhe a língua para fora. Depois ele próprio, munido do martelo, pregou a língua da preta no tampo do tamborete.

A negra velha urrava de dor. Lampião falou de manso:
- Agora vá usar sua " língua de trapo " para mim delatar aos macacos (policiais), sua burra velha!
Zé Bahiano, usando uma foice, cortou, de um só golpe, o pedaço da língua entre o prego e a boca. E guardou-a, como troféu, no seu embornal, já cheio de orelhas ressequidas de outras vítimas exemplares. À partir dai dona Carmolina deixou de ser informante dos macacos. O bando de Lampião lhe confiscara a língua para sempre.


NOTA: O presente texto foi postado para discussão e conhecimento dos leitores, com a finalidade de aprofundarmos o conhecimento sobre o fato, haja vista, que tal evento, só é citado pelo escritor Nertan Macedo (Foto). Embora haja em seu relato, determinação: Data, Local, Ano e Personagem. Acrescente seus comentários sobre o fato, sem fanatismo, ideologia etc..

Um Abraço.
Ivanildo/Natal/RN

3 comentários:

  1. Creio que um fato destes não passaria em branco pela imprensa (sensacionalista ou não) daquela época. Em cerca de 10 anos de pesquisa em Arquivos Públicos de vários estados, JAMAIS encontrei referência ao episódio narrado por Nertan Macedo.
    Acho que este, como inúmeros outros, são oriundos do folclore ou da exploração irresponsável do 'mito'.
    Vamos por isso em votação? Quem acredita que esse fato teria efetivamente ocorrido?
    Fica a pergunta....

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  2. (O ANTERIOR FOI SEM IDENTIFICAÇÃO. ASSIM, O POSTO NOVAMENTE):
    Creio que um fato destes não passaria em branco pela imprensa (sensacionalista ou não) daquela época. Em cerca de 10 anos de pesquisa em Arquivos Públicos de vários estados, JAMAIS encontrei referência ao episódio narrado por Nertan Macedo.
    Acho que este, como inúmeros outros, são oriundos do folclore ou da exploração irresponsável do 'mito'.
    Vamos por isso em votação? Quem acredita que esse fato teria efetivamente ocorrido?
    Fica a pergunta....
    Sérgio.'.

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  3. Certamente Sergio.
    Essa prosa se configura como uma daquelas lendas absurdas que povoam a mente das supostas testemunhas que aleijam a história.

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