quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Na latada do Cariri Cangaço

O grande fórum do cangaço é inclusive uma ocasião para ampliar as bibliotecas 



São vários os autores que estarão autografando seus rebentos. Eis algumas das novidades e relançamentos que estarão a disposição durante o evento que ocorre de 20 a 25 de setembro no Cariri cearense.



O livro faz uma análise e uma nova versão sobre a polêmica morte do industrial Delmiro Gouveia, com suas contradições e mistérios. Quase 90 anos depois Gilmar Teixeira realizou uma verdadeira odisseia na busca da elucidação dos fatos, confrontando depoimentos e notícias da época, rastreando detalhes que passaram despercebidos quando ainda no calor dos acontecimentos. Vale a leitura e o conhecimento dos registros.

Para falar com o autor (75) 9117-5594.



É uma das mais expressivas obras do grande mestre Antonio Amaury. O livro narra fatos desconhecidos dos estudiosos do cangaço e torna-se obrigatório para quem pretende aprofundar seus conhecimentos.

Com apresentação de João de Sousa Lima o livro sai na sua 3ª edição, mais uma oportunidade para quem ainda não o possui.



Lampião conquista a Bahia. É o mais novo filho de Luiz Ruben. Um apanhado dos fatos registrados nos jornais da época. Noticias vinculadas com informes geralmente fornecidos pelas volantes.
Mais uma ferramenta com capítulos desconhecidos que servirá para compor o intrincado mundo do cangaceirismo.

Contatos com o autor:
(75) 3281-5080 (Graf Tech)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Resgate de fotos históricas 3

Novos achados do "C.S.I." Rubens Antonio 


Complementando este primeiro artigo Clique aqui Eis a única foto existente... de João Biano da Silva um dos matadores do cangaceiro 'Arvorêdo':


Muito chamado por "João Biana" é uma alteração posterior ao evento da morte de Arvoredo. O nome correto é João Biano da Silva. Uma imagem cuja dificuldade para conseguir foi grande, mas, graças ao senhor Raimundo, de Jaguarari, ex-cunhado de João Biano, e a gentileza imensa dos filhos deste valente sertanejo.

No texto de Oleone Coelho Fontes, em seu livro "Lampião na Bahia", aparecem os matadores citados como Xisto e João Martins da Silva... Este erro apenas reproduz o cometido pelo coronel Alfredo Barbosa, de Jaguarary, que, à época do evento, relatou-o, errando no nome de João. João Biano está enterrado na Fazenda Saco, em Jaguarari.

Partícipe, com o amigo João Biano, na morte do cangaceiro Arvoredo, logo abaixo é também a única foto restante de Cícero Ferreira, o Xisto.



Nova dificuldade para consegui-la, mas graças ao sobrinho sr. Messias, e à filha adotiva daquele, a "Neguinha", consegui esta imagem. Xisto está sepultado na Fazenda Mulungu, em Jaguarari.

Viveu para contar história



Sgt. Evaristo Carlos Costa...
sobrevivente do massacre de 22 de Dezembro de 1929, em Queimadas, BA. 



 Pretende explorar a Lagoa do Lino?

Precisei de quatro viagens para localizar esta importante Fazenda. Local da morte dos cangaceiros AZULÃO, MARIA DORA, CANJICA E ZABELÊ, em combate com Zé Rufino em 1933.
 
Ela aparece na literatura como situada nos municípios de Miguel Calmon, Serrolândia, Mairi, Várzea do Poço, Várzea da Roça e Jacobina...
 





A realidade:
 
1 - Ela está na divisa entre os municípios de Várzea do Poço e Serrolândia, em área de litígio entre ambos.
 
2 - Fica mais próxima ao povoado de Maracujá, que pertence ao Município de Serrolândia, mas é mais próxima se acessada pelo Município de Várzea do Poço.
 
3 - Mudou de nome para Fazenda Santa Mônica.



Obs. os cangaceiros, aliás as cabeças destes não estão enterradas lá ok. Foram parar no instituto Nina Rodrigues e desde 1969 juntamente com o grande Chefe para o cemitério Quinta dos Lázaros na baixa das quintas bairro da capital baiana. 

Que visitar os túmulos? Siga o mapa.

 Guia geral do Cemitério Quintas dos Lázaros, 
indicando a localização das sepulturas dos cangaceiros: 

Para se chegar à sepultura das cabeças dos cangaceiros Azulão, Zabelê, Canjica e Maria, inumadas em 1969, segue-se adiante. Passa-se pela capela do cemitério e, após a mesma, vira-se à esquerda. As sepulturas estão na parte inferior do segundo bloco gavetas ou carneiras à direita. 

Eis o aspecto dos túmulos. 




Aproveite e conheça o jazigo do célebre "Corisco".

 Este mausoléu fica logo após a entrada do cemitério, 
virando-se à direita, na segunda fileira de sepulcros

Agora... fica fácil para todo mundo. 

É mais uma iniciativa pró-memória... É uma espécie de salvamento...
 
A velocidade com que as coisas estão se perdendo impressiona..
Acreditem... Tem criança, em sítio importante do Cangaço, que acha que "cangaceiro" é:
- Espécie de passarinho
- Fantasia de folclore... e só... Sem qualquer vínculo histórico...

 
Nadem no açude do confrade Rubens: Cangaço na Bahia

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

De olho em... Isabel Lustosa

Novo livro na praça


De Isabel Lustosa, Companhia das Letras, 120 páginas, R$ 23.

Neste lançamento da série De Olho Em…, voltada a publicações históricas, a pesquisadora Isabel Lustosa oferece informações pouco divulgadas de Virgulino Ferreira da Silva, eternizado como Lampião, o rei do Cangaço.

Além da documentação bibliográfica, a autora divide com o leitor sua pesquisa iconográfica e traz imagens raras do homem que desafiou o poder público para viver sob suas próprias regras no início do século passado.

A publicação propõe traçar um perfil do ser humano por trás do mito histórico.

Pescado em VejaONLINE

sábado, 27 de agosto de 2011

Nesta Segunda-feira, 29 no Shopping Midway Mall de Natal, RN

Lançamento de “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”

O médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio de Andrade Filho, lança seu mais novo trabalho a partir das 18 horas, na livraria Siciliano do Shopping Midway Mall, no centro de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

“A Saga dos Limões” é um ensaio historiográfico que resultou de um consolidado de pesquisas sobre o segmento étnico representado pelos “Limões”, principais algozes do cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante (1844-79), que resistiram ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai e foram agentes proativos na Insurreição dos Quebra-quilos, como afirma o antropólogo da cultura afro-brasileira e indígena Geraldo Barboza de Oliveira Junior, que estará responsável pela apresentação da obra.
 
Maior especialista na obra do folclorista Luiz da Câmara Cascudo, o respeitado jornalista Vicente Serejo encerrará o ciclo discursivo do lançamento de “A Saga dos Limões”, tecendo comentários críticos sobre os aspectos formais do ensaio do pesquisador Epitácio Andrade Filho. O evento será concluído com a sessão de autógrafos, quando será servido um cocktail, tradicionalmente cangaceiro, para o público convidado.

SERVIÇO

O que?  Lançamento do Livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, de Epitácio de Andrade Filho.


Quando? 29 de agosto


Onde? Livraria Siciliano do Shopping Midway Mall, Natal, RN.


Que horas? 18 hs.





Fonte: Gcarsantos, YouTube

Flagrantes

Reunião em Natal/RN para a criação de um novo grupo de pesquisa sobre o Cangaço

Por Rostand Medeiros

Conforme publicado anteriormente, ocorreu em Natal, no ultimo dia 24 de Agosto mais precisamente na praça de alimentação do Shopping Midway Mall, entre as 19:00 e 21:00, a primeira reunião de um grupo de pessoas que gostam do tema cangaço na capital potiguar afim de debater a criação de uma entidade que promova a pesquisa nesta área.



 


Em um clima de extrema cordialidade e franca participação, estiveram presentes o promotor de Justiça Ivanildo Silveira; o Engenheiro João Marcílio; Carlos Alberto; Jomar Henrique Souza de Carvalho; o coronel (PM/RN) Ângelo Dantas; Antonio Ferreira Neto; o advogado e professor Honório de Medeiros e Rostand Medeiros, autor deste post.



Esta reunião, que pessoalmente considero histórica, foi plenamente coroada de êxito e alcançou todos os seus objetivos. Mostrou que existe sim em Natal, um grupo de pessoas que gostam do tema, que desejam debater a questão do cangaço e assuntos correlatos, de maneira séria, participativa, democrática, aberta e que unidos vamos conseguir alcançar patamares mais elevados.



Muitos dos presentes não se conheciam pessoalmente, apesar de manter contatos extremamente positivos via internet há algum tempo.

Neste primeiro momento ficou decidido que o grupo vai se reunir sempre na última segunda feira de todos os meses, buscando manter contato entre os participantes via internet (e-mails e blogs) ou telefone.



Por sua vez, através do apoio do Coronel Ângelo Dantas, o nosso próximo encontro ocorrerá as 19:00, do dia 26 de setembro, nas dependências da Academia de Polícia Militar do Rio Grande do Norte – A.P.M., situada na Avenida Almirante Alexandrino de Alencar, 959, no bairro de Lagoa Nova, ao lado do quartel do Corpo de Bombeiros Militar.  Sintam-se todos convidados.

Como no mês de setembro ocorrerá o “Cariri Cangaço”, o mais importante congresso sobre o tema no Brasil, ficou deliberado que os membros do grupo de Natal que forem participar deste já consagrado encontro farão na nossa próxima reunião uma palestra do que ocorreu de mais importante no respectivo evento.

Apesar de ser um primeiro momento, pessoalmente me chamou atenção como todos os participantes estavam a vontade, de como o nível das ideias e dos debates foi positivo, e como um se colocou a disposição do grupo para ajudar no crescimento da semente que hoje foi plantada.

ADENDO

Amigos:

É como o "Rostand" falou , logo acima.....reunião extremamente positiva, e, com a perspectiva de juntos chegarmos a algum lugar.... O "Dr. Honório", autor do livro sobre o cangaceiro "Massilon", foi muito feliz quando afirmou:
 
"Não sei onde o nosso grupo irá chegar, mas caminharemos juntos..".

A experiência do grupo de estudos do cangaço do Ceará GECC comandada pelo nosso amigo comum, Ângelo Osmiro vem colhendo excelentes resultados, além de fomentar amizades.
 
Não queremos competir com "ninguém" , nem "esvaziar qualquer "entidade" , mas sim, buscarmos a cooperação para um estudo sério do cangaço, e temas afins (coronelismo, messianismo, movimentos...etc..). esse é o nosso objetivo maior..
 
Desde já, convidamos os "interessados" para se fazerem presentes á próxima reunião.

Abraço a todos.
Ivanildo Silveira

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Oasis Nordestinos!

O projeto VEREDAS DO BRASIL é um compilação de imagens de paragens e paisagens do nosso nordeste sob a lente de Aderbal Nogueira.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Extra!

  
"PROGRAMAÇÃO OFICIAL" 

20 Setembro 2011 
TERÇA-FEIRA
 Teatro Municipal Salviano Arraes - CRATO,CE
 
19:00 H - Solenidade Oficial de Abertura
19:30 H - Conferência

 "BÁRBARA DE ALENCAR E A INSURREIÇÃO" 
Professora Salete Libório 

MESA
Carlos Rafael - CRATO - CE
José Flávio – CRATO - CE
Alessandra Bandeira - CRATO - CE
Alexandre Lucas - CRATO -CE



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21 Setembro 
QUARTA-FEIRA
Hotel Passárgada - Crato-CE
 
8:30 H- Conferência 
"ANGICO, O DEBATE FINAL" 
Facilitador: Manoel Severo

 MESA
Amaury Correa de Araujo - SÃO PAULO - SP
Aderbal Nogueira - FORTALEZA -CE
Paulo Gastão - MOSSORÓ - RN
Alcino Alves Costa - POÇO REDONDO - SE
Jairo Luiz - PIRANHAS - AL


Clube Recreativo - Barro - CE
13:00 H - Conferência

"MAJOR JOSÉ INÁCIO DO BARRO"
Jornalista Sousa Neto

MESA
Napoleão Tavares Neves - BARBALHA - CE
Professor Pereira - CAJAZEIRAS - PB
Alfredo Bonessi - FORTALEZA - CE
Carlos Elydio - SÃO PAULO - SP


Salão Paroquial - Aurora - CE
19:00 H - Conferência

 "AURORA – A TRAMA DA IPUEIRAS E A INVASÃO DE MOSSORÓ"
João Bosco André

MESA
José Cícero - AURORA - CE
Geraldo Ferraz - RECIFE - PE
Archimedes Marques - ARACAJU - SE
João de Sousa Lima - PAULO AFONSO - BA

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22 Setembro 
QUINTA-FEIRA
SESC Crato - CE
 
8:30 H - Lançamento e Debate
MINISÉRIE "SEDIÇÃO DE JUAZEIRO"
de Jonasluis de Icapuí

MESA
Renato Cassimiro - JUAZEIRO DO NORTE -CE
Daniel Abreu - FORTALEZA -CE
Renato Dantas - JUZAEIRO DO NORTE - CE
Huberto Cabral - CRATO - CE


Teatro Nelory Figueira - Barbalha, CE
19:00 H - Conferências

"A LITERATURA NA ÉPOCA DO CANGAÇO"
Ângelo Osmiro
"O CANGAÇO EM FOTOS"
Ivanildo Silveira

MESA
Hugo Rodrigues - JUAZEIRO DO NORTE - CE
Pedro Luiz Camelo - CRATO - CE
Paulo Gastão - MOSSORÓ - RN
Napoleão Tavares Neves - BARBALHA - CE


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23 Setembro 
SEXTA-FEIRA
Floresta Nacional do Araripe - IBAMA Crato-CE
 
8:30 H - Conferências
"A SAGA DE DELMIRO"
Voldi Ribeiro
"QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA"
Gilmar Teixeira

MESA
Edvaldo Nascimento - DELMIRO GOUVEIA - AL
Adair Nunes da Silva - DELMIRO GOUVEIA - AL
Wescley Rodrigues - BRASÍLIA - DF
Ana Lucia Sousa - PETROLINA - PE


Câmara Municipal - Missão Velha, CE
19:00 H - Conferências

"AS ESTRATÉGIAS DE COMBATE À ATUAÇÃO DOS CANGACEIROS PELO GOVERNO DA BAHIA"
Capitão Raimundo Marins
"A ILUSÃO DO CANGAÇO"
Aderbal Nogueira

MESA
João Bosco André - MISSÃO VELHA - CE
Honório de Medeiros - NATAL - CE
Juliana Ischiara - QUIXADÁ - CE
Narciso Dias - JOÃO PESSOA - PB


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24 Setembro 
SÁBADO
Ginásio Poliesportivo Luiz Leite - Porteiras, CE
 
11:00 H - Conferência
"CHICO CHICOTE E A TRAGÉDIA DE GUARIBAS"
Napoleão Tavares Neves

MESA
José Cícero - AURORA - CE
Sousa Neto - BARRO - CE
Barros Alves - FORTALEZA - CE
 cel. João Bezerra da Nóbrega - JOÃO PESSOA - PB

Fazenda Piçarra - Porteiras - CE
 
15:00 H - Conferência
"ANTONIO DA PIÇARRA E O CANGAÇO DE LAMPIÃO"
Vilson Leite 

Memorial Padre Cícero - Juazeiro do Norte, CE
 
19:00 H - Conferências
"LAMPIÃO, AS VOLANTES E O MITO"
Inácio de Loyola Damasceno
"DADÁ E CORISCO" 
José Humberto Dias

MESA
Aderbal Nogueira - FORTALEZA-CE
Ângelo Osmiro - FORTALEZA -CE
Renato Cassimiro - JUAZEIRO DO NORTE - CE
Alcino Alves Costa - POÇO REDONDO - SE


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25 Setembro 
DOMINGO
Hotel Pasárgada - Crato - CE
 
8:30 H - Conferencia de Encerramento
"A MUSICALIDADE NORDESTINA"
Múcio Procópio

MESA
Kiko Monteiro - LAGARTO - SE
Kydelmir Dantas - MOSSORÓ - RN
Paulo Moura - RECIFE -PE
Wilson Seraine - TERESINA - PI



O Cariri Cangaço é uma realização Cariri do Brasil com o apoio das Prefeituras Municipais de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Barro e Porteiras; e ainda SESC, CCBNB, URCA - Universidade Regional do Cariri, ICC, Pró Memória, ICVC, Lira Nordestina, Associação de Cordelistas do Crato, SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.

Tu queres ir? Informações no Sitio do evento

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Opinião

SERTÃO INSURGENTE
Por Uberdan Alves

Acredito que numa época de modismos incineradores de nossa identidade cultural por meio da mídia eletrônica, o que deve mover em todos os aspectos uma pesquisa sobre o cangaço é a busca de nós mesmos nos rastos deixados por nossos antepassados, pode se dizer recente, e jamais a vaidade pessoal e egoísta de querermos ser o especialista supremo no assunto que detém as fontes de pesquisas, bibliográficas e de campo, que nenhum outro pesquisador tem.

Muito menos deve se mover pelo dogmatismo das paixões exacerbadas contra ou a favor que tende a fazer sombra à verdade dos fatos. O que não rara vezes tem-se notado em alguns pesquisadores de tema tão cheio de "veredas" contorcidas, de "quebradas" misteriosas, sem esquecer que muitos com suas pesquisas tem nos oportunizado conhecer melhor o que foi o banditismo rural e nele o cangaço em particular.

Procurar saber o que representam sociologicamente e culturalmente na história dos sertões nordestino o matuto, o vaqueiro, o capanga, o cabra, o jagunço, o cangaceiro, o pistoleiro, o fazendeiro, o coronel, o banditismo litorâneo e o banditismo rural, a entrada e participação da mulher no cangaço, e quais as inferências desses tipos humanos e desses fatos em nosso modo de sentir, agir e reagir, é mais do que prerrogativa imprescindível de estudioso do assunto, é uma necessidade que nós do sertão do São Francisco temos sentido toda vez que nos deparamos com o assunto e começamos a nos dá conta que o mito de Lampião, oralmente disseminado, tem ocultado verdades sobre ele e o cangaço, que não podem nos faltar na busca de nos compreendermos para saber quem de fato somos, e daí colhermos um valioso tributo sociocultural e histórico que nos auxilie na preservação do que é virtuoso em nossa identidade sertaneja, sem culto à personalidade, sem vaidade, sem paixões, respeitando a práxis dos fatos, para que possamos dar um tiro certeiro no discurso criminoso do rádio e da TV que nos incute estereótipos modistas comportamentais e habituais, que nada tem a ver com a gente, e possamos crescer nos reconhecendo, nos identificando, buscando eliminar os impulsos traiçoeiros, desonestos, monstruosos, sádicos, e procurando preservar as virtudes do sertão abertos às virtudes de outra regiões.

É preciso que os riquíssimos resultados das pesquisas sobre o cangaço comecem a fazer parte dos currículos de nossas escolas e universidades nas disciplinas de história, geografia, ecologia, sociologia, antropologia e em quantas mais forem cabíveis. Não devem mais ficar secretadas de intelectuais para intelectuais, sem cumprir sua missão. Basta de muito sabermos sobre a geografia, história, economia, política e cultura da Europa, E.U.A., de outras regiões do Planeta, e pouco ou quase nada sobre o sertão nordestino e nossa gente, seus movimentos sociais de resistência em uma terra "sem lei e sem rei" onde a pistola era o juiz de direito...

Por outro lado penso que do cangaço não podemos nos orgulhar nem muito menos nos envergonhar, embora saibamos que é suscetível admiração e desprezo; algumas pessoas interessadas no assunto se sentem movidas para um lado ou para o outro, ou mesmo para ambos. Certamente que se tivesse meios e alternativas, humanamente dignos, de se evitar, não só o cangaço como o banditismo rural em geral, acredito, conhecendo um pouco de tanto conviver e ser um, a índole, modo natural de ser, do homem sertanejo, sobretudo aquele de sécs. anteriores a este, genuinamente matuto, que ele os teria evitado.

Somos valentes e corajosos em todos os sentidos, mas antes somos repentistas, cantadores, emboladores, dançarinos, romanceiros, atavicamente ligados à terra, indigenamente encantados com o esplendor do sol ou da lua, religiosos, de fé inabalável, arabemente apegados a família e ao trabalho, a ponto de algumas vezes termos, sem condição, mais de uma daquelas.

Mas onde impera o afrontamento à dignidade humana, por prepotência, omissão, abandono, isolamento, corrupção, injustiça, seja pelo Estado de uma nação, seja por ações particulares, seja por ambos, cedo ou tarde o braseiro das insurreições se espalha e formas alternativas de sociedades se constituem, a exemplo de Canudos, Caldeirão, Pau-de-Colher, Contestado e Juazeiro do Norte no princípio de sua formação, e rebeldes bandoleiros sem ideologia, feito Jesuino Brilhante, Sinhô Pereira, Antonio Silvino, Lampião, Ciço Costa, Chico Pereira, José Pedro e tantos outros, surgem não por acaso.

*Uberdan Alves de Oliveira é Pres. da UBE- União Brasileira dos escritores - Petrolina. Pós-graduado em Gestão Educacional. 4 livros publicados e um no prelo: "O Furacão do Cariri".

Contato (74) 8829-2174
www.uberdanpoeta.blogspot.com

terça-feira, 23 de agosto de 2011

“A Saga dos Limões” têm lançamento em Natal

Epitácio lança seu livro na capital Potiguar.
Inserido no Projeto Cultural “Diálogos Criativos”, idealizado e coordenado pelo educador e jornalista italiano Antonino Condorelli, o livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, do médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio de Andrade Filho (Foto), será lançado no próximo dia 29 de agosto, a partir das 18 horas, na livraria Siciliano do Shopping Midway Mall, no centro de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

O escritor Epitácio Andrade será apresentado pelo professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) João Batista de Moura, que em 2001, após voltar do mestrado em Tecnologia Educacional na Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos, “desenvolveu frutífera parceria cultural com o Dr. Epitácio resultando na edição do livro ‘Uma Viagem ao Ceará’, de autoria de sua mãe Dona Severina Saraiva de Moura”.

“A Saga dos Limões” é um ensaio historiográfico que resultou de um consolidado de pesquisas sobre o segmento étnico representado pelos “Limões”, principais algozes do cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante (1844-79), que resistiram ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai e foram agentes proativos na Insurreição dos Quebra-quilos, como afirma o antropólogo da cultura afro-brasileira e indígena Geraldo Barboza de Oliveira Junior, que estará responsável pela apresentação da obra.
 
As apresentações orais serão intercaladas por interlúdios musicais a cargo dos instrumentistas Emerson Carpegiane e Reinaldo Sanfoneiro. Separando as apresentações e a intervenção do autor haverá o lançamento do Cordel “O Doutor e o Cangaceiro”, do poeta Gilberto Cardoso, e do Documentário “Cangaço e Negritude”, produzido pela Rede Potiguar de Televisão, sob a coordenação da Jornalista Ana Paula Lopes.
 
Os amigos estão sendo convidados pelas redes sociais, e o casal Júlio-Juliana Ischiara, do grupo Cariri Cangaço, está sendo convidado para colaborar com a crítica literária, que ficará sob a responsabilidade dos jornalistas Emanoel Cândido do Amaral e Vicente Serejo.

O pesquisador Emanoel Amaral foi o responsável pelo resgate da chave e do cadeado da casa do Coronel João Dantas de Oliveira, principal articulador da emboscada fatal que ceifou a vida do cangaceiro Jesuíno Brilhante, constituindo-se em importantes peças museológicas da estação cultural de Patu, no médio-oeste do Rio Grande do Norte, terra natal do “cangaceiro romântico”, como ficou mitificado. Emanoel Cândido do Amaral, que foi um dos consultores da obra de Epitácio Andrade, é um dos maiores especialistas no cangaço pré-lampiônico.
 
Maior especialista na obra do folclorista Luiz da Câmara Cascudo, o respeitado jornalista Vicente Serejo encerrará o ciclo discursivo do lançamento de “A Saga dos Limões”, tecendo comentários críticos sobre os aspectos formais do ensaio do pesquisador Epitácio Andrade Filho. O evento será concluído com a sessão de autógrafos, quando será servido um cocktail, tradicionalmente cangaceiro, para o público convidado.

SERVIÇO

O que?  Lançamento do Livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, de Epitácio de Andrade Filho.


Quando? 29 de agosto


Onde? Livraria Siciliano do Shopping Midway Mall, Natal, RN.


Que horas? 18 hs.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quebrando mitos

Lampião na Furna dos morcegos?
Por João de Sousa Lima (Adendos de Kiko Monteiro)


Eis a entrada da Furna.
Muitos guias tendem a aponta-la como esconderijo de Lampião? 

Um dos relatos mais interessantes deixados pela ex-cangaceira Dadá, foi de ter visto o Zeppelin cruzando o céu quando se encontravam "próximos" a cachoeira de Paulo Afonso, e lembrar que por várias vezes, Corisco ficava apreciando, pelo lado alagoano e de longe, as quedas D´água.

Um capitulo escrito pela escritora Aglae Lima, cita Lampião, Maria Bonita e vários cangaceiros acoitados na Furna dos Morcegos, gruta que se situa ao lado da famosa cachoeira, porém o depoimento é fantasioso. Lampião nunca esteve lá.

Porque: A Usina Angiquinho, fundada pelo célebre Delmiro Gouveia, foi inaugurada em 1913.

Lampião só atravessou para a Bahia em 1928. Na Usina existe um complexo de casas que serviam para moradia dos técnicos e suas famílias e de lá se tem a visão de quem adentrasse a furna. Sem contar que lá tinha também um telégrafo e poderia ser usado para denunciar os cangaceiros. Sem contar que nenhum dos diversos coiteiros da região, cangaceiros que sobreviveram ou ainda as pessoas mais antigas que trabalharam na usina nunca falaram da Furna como sendo um dos esconderijos de cangaceiros.



Em 1962 foi realizado o filme "Três Cabras de Lampião" e talvez baseado nesses boatos a grandiosa Cachoeira foi um dos lugares escolhidos para a filmagem, como podemos ver na foto acima. Um dos atores coadjuvantes foi Campelo, um técnico em laboratório da CHESF, inclusive a companhia contribuiu com a logística para a realização da película.

Estou procurando esse filme para presentear o amigo Campelo pois ele nunca chegou a assisti-lo e cá entre nós também não recebeu o cachê combinado. Consegui essa foto das filmagens na Cachoeira em uma recente pesquisa na cinemateca Brasileira e no acervo da Petrobras.

O cangaço fez história em toda região pauloafonsina, porém na cachoeira de Paulo Afonso, a única verdade é que só se fez presente na ficção.

domingo, 21 de agosto de 2011

Atenção cangaceiros, coiteiros e volantes potiguares

Convite para conversar sobre cangaço e outros temas nordestinos
by Rostand Medeiros

Amigos estudiosos do cangaço, coronelismo, messianismo, estamos aqui marcando um encontro no centro da praça de alimentação do Midway Mall em Natal, às 19:00 horas da próxima quarta-feira, dia 24 de agosto, para criar um grupo de estudo dedicado aos assuntos.

Todos que se interessarem pelos temas são convidados e bem-vindos .

Lá estarão, dentre outros, Múcio Procópio, Rostand Medeiros, Honório de Medeiros, Epitácio Andrade, Ivanildo Silveira, Ângelo Dantas…

A ideia é a criação de um calendário de reuniões, pauta de temas, locais de encontro e ampliação do movimento.

Qualquer dúvida por intermédio do e-mail: honoriodemedeiros@gmail.com, rostandmedeiros@gmail.com

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Opinião

Lampião e seus perseguidores
Quando você participa de encontros e debates acerca do cangaço, ao colher indicações e comentar determinados autores é muito notório e quase "unânime" uma reprovação à obra do cara que intitula o artigo a seguir. 
Talvez pelo poder da sua editora e da excelente distribuição para instituições de todo o país eu deduzo que ele venha a ser um dos, senão o autor mais lido da bibliografia cangaceira. 
O pecado deste cabra é ter sido um dos mais notórios responsáveis pela "romantização" quase imbatível do mito de Virgulino Ferreira da Silva fazendo deste e de seus garotos "heróis marginalizados e incompreendidos" além de deduzir motivos e criar teorias absurdas para vários de seus crimes.
Mas convenhamos, quem leu qualquer um dos seis volumes da série "Lampião Seu tempo e seu reinado", viajou em descrições da paisagem, da alimentação, da geografia de cada pedaço de nordeste, da estética, tudo com uma incomparável riqueza detalhes. 
O pesquisador em questão deve ter seu valor reconhecido. Pisou em quase todos os cenários e esteve frente a frente com personagens e testemunhas oculares que era sonho de muitos de nós. Foi e ainda é fonte de consulta em quase todas as obras posteriores a sua. 

Frederico Bezerra Maciel 
Extraído do GEH - Grupo de Estudos Humanus



Nasceu em Pernambuco em 1912. Grande estudioso, principalmente de temas regionais. Sacerdote, com estudos eclesiásticos em São Paulo, Rio de Janeiro e Olinda, especializados na Europa (Universidade Gregoriana de Roma; França; Suíça; sociologia, parapsicologia, psicoterapia, arte, estudos bíblicos...) e, por último, Técnico Agrícola em Pernambuco.

Além disso, poeta, compositor musical, desenhista mormente arquitetônico e homem de ação e atuação social.

Escritor singular, autor responsável pela impressionante e definitiva biografia - muito embora, ele mesmo, do alto de sua humildade, o negue - , obra épica Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado - em seis volumes.




Conterrâneo de Lampião este assunto surgiu espontâneo e forte em Maciel, ainda menino, e fixou-se nele. Não, porém, como obsessão ou mesmo preocupação. - "Quem é este homem para ser tão perseguido?" - Perguntas como essa voejavam de sua mente e se misturavam ao apito nervoso dos trens bufantes, fumaceiros e poeirentos, transportando tropas volantes, ao toque estridente de cornetas, em demanda do sertão - o campo de batalha da Guerra de Lampião.

Esse interesse, sem objetivo predeterminado, mas inconsciente e repticiamente, foi crescendo nele e aguçando aos empuxos da idade e do cultivo do espírito.

E em junho de 1921, em Poço Branco, o primeiro grande combate de Lampião. Que assombrou o comandante das volantes tenente José Lucena e todo o comando da Polícia Militar, preocupou os governos, abalou os sertões, encheu os noticiários.

Precisamente naquele momento, conscientemente despontou nele, explosivo e muito vivo, o interesse por Lampião através de incessantes notícias, estudos indiretos e leituras fortuitas, agregando-se como constelações, formando uma galáxia.

Muito mais tarde (1952), viajando pelo mundo - percorreu quase toda a Europa, Norte da África, Ásia Menor e América do Sul -, sempre o acompanhava o pensamento do sertão. Realmente, trazia no peito o sertão nordestino! Aquele mundo de catingas caracterizadas por violentos contrastes e seu povo marcado pelo signo da incerteza. Em razão de seu ofício de sacerdote, de 1942 a 1950 palmilhou toda a imensa região precisamente a correspondente à geografia de Lampião, e a respeito dele colheu valiosíssimos depoimentos.

Sertanejos de todas as condições o procuravam solicitando orientação para problemas seus íntimos e inquietantes, de consciência. História puxa história... E assim foi indagando, perquirindo, aprofundando os assuntos e deles se assenhorando. Após a saída de cada consulente, imediatamente anotava tudo, exceto o que pudesse identificá-lo, a fim de salvaguardar o dever do sigilo. Depoimentos de supremo valor! "Invejáveis!" - declarou emérito historiador, depois muito interessado neles.

Em 1969, quando de fato decidiu realizar o trabalho imensamente grande de organizar cronologicamente milhares de anotações sobrevinha a Maciel fortes tentações de desânimo. Arrependia-se de ter começado. Mas tornava a fazê-lo. E assim, para sorte da História e a bem da Justiça, prosseguiu, sempre avante, passo a passo, até o fim.

Pôs -se a par de toda a literatura sobre o assunto, compulsou para mais de 30.000 exemplares de jornais da época, publicados desde o Ceará até São Paulo; esquadrinhou 78 cartas geográficas e 44 plantas de localidades, a fim de traçar mapas-roteiros dos assucedidos lampeônicos. Buscou novos depoimentos em entrevistas, agora tecnicamente dirigidas. Volveu, por várias vezes, aos sertões do Reinado de Lampião à racolta de mais informações de seu tempo. Advertiu-se contra determinados entrevistados:

- "super-heróis", diante de quem Lampião, coitado, só fazia correr...
- "inocentes", mui temerosos de comprometimentos e engenhosamente assessorados para salvaguardar a "honrabilidade" de seus patriarcais patenteados...
- "convencidos, embora honestos: só eles se achavam possuidores da verdade, que deve ser toda sua, lembrando aquela verdade de cada um de que fala Pirandelo: -"Cosi è, si vi pare"...
- "Distorcedores" de fatos, em seu favor, por ódio... Chegou mesmo a divergir de alguns familiares de Lampião.

Conforme suas palavras e reconhecido por nosso Conselho Editorial, semelhantemente às operações das farinhadas sertanejas, todo o material das entrevistas foi espremido para tirar a manipueira tóxica, e devidamente peneirada para separar a farinha pura e fina da verdade.

Ao mesmo tempo em que intensificava as pesquisas, ia redigindo o texto. Nesses entrementes, dois escrúpulos mucicaram sua consciência, como ele diz.

O primeiro reforçado por determinados zelosos fariseus: - "Ser-me-ia condigno escrever sobre um "bandido"? Compulsando, porém, os depoimentos chegou à conclusão: "O "bandido" em Virgulino era apenas um 'acidente'. Sua indiscutível genialidade superaria tudo o mais!

Sabia que o que estava faltando era uma reposição biográfica de molde a enfocar a imagem real e verdadeira de Lampião, que substituísse a imprimidurainconfessáveis propósitos. Os depoimentos e as pesquisas, no entanto, revelaram-no autêntico. E se, a respeito dele, Maciel escreveu com entusiasmo, foi por uma razão de imposição de sua genialidade, que é traço dominante da personalidade de Lampião. E não foi com entusiasmo que Thomas Carlyle escreveu a "Revolução Francesa" e "Heróis"?

Não há nenhum propósito contra ninguém na obra, inteiramente baseada, com imparcialidade, em depoimentos. Nada de imaginação, pressa ou caprichos. Escrito com absoluto critério de honestidade perante a verdade e com infinita paciência: pesquisa de 30 anos, 4.000 horas de redação, mais de 3.000 nomes de pessoas, mais de 2.000 nomes de localidades...Trabalho este que nada mais é do que a tradução, em livro, da mensagem histórico-social - protesto e desafio! - do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião!

Em toda a obra, seguiu o linguajar do povo sertanejo com maestria e simplicidade. Sintaxe e termos. Os vocábulos populares correntes, à medida que iam surgindo das entrevistas, eram simplesmente incorporados, sem aspas ou tipos diferentes, em sua grafia e fonética, dialetais, plebeus, rurais, chulos, arcaicos... Afirma Maciel: "À louvável reforma gramatical se impõe outra, muito maior e mais importante - a linguagem brasileira."

Diante da riqueza e da autenticidade dessa linguagem impressa na obra Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado, procuramos, em nosso artigo Lampião, o Capitão do Nordeste!, manter, na medida do possível, esta mesma linguagem inclusive baseando o artigo e utilizando-nos de trechos na íntegra da obra de Maciel, intercalados com observações e interpretações nossas. Também, simplesmente incorporando-as no artigo, em geral sem aspas ou tipos diferentes, uma vez que a afinidade com seu trabalho sobre o Rei do Cangaço é total, sincera e livre de competições ou pretensa superação literária, mesmo porque, consideramos a referida obra definitiva, conforme já dissemos. Além disso, o presente artigo também se utiliza de vários trechos na íntegra de sua obra já citada.

Cabe aqui um adendo com as palavras de José Rafael de Menezes, Bacharel de Direito, professor universitário em Pernambuco e Paraíba, sociólogo, poeta, polígrafo, 15 obras publicadas, ao receber os três primeiros volumes do épico lampeônico de Maciel, antes de sua publicação:

"Após a leitura, posso afirmar que toda essa peripécia se compensa. O escritor existe e provoca. Haveria de esperar, de um homem erudito, de um historiador, de um sacerdote à antiga, a verbosidade, o rigor clássico, a abundância retórica. Há surpreendentemente uma linguagem, audaciosa. Uma abertura quase insólita, pelo conviver e pelo misturar - como pelo inovar - termos e períodos, frases e conceitos, estrutura do ensaio gigantesco. Nada pacífico. Nada bem comportado. Um desafio ao leitor. Sem ter tido o propósito de seguir nenhum mestre (da literatura), vindo acidentalmente erguendo sua obra, o Pe. Maciel é pródigo como expositor... E sua documentação resiste, conduz a segurança da responsabilidade do autor e se comprova pelas fontes exaustivamente referidas. Estamos então diante de um livro. De um possível grande livro.

Na missão que me foi confiada, de rever e sugerir uma reestruturação da obra, sinto-me vencido. É impossível alterar um trabalho que foi se erguendo em etapas e circunstâncias e que conduz a marca do seu autor, nada acadêmico. Limito-me a ler com proveito e deleito sertanejo. Possuo motivos de discordâncias em alguns pontos, mas na maioria das teses ou das versões, tenho me modificado. Acredito que o livro poderia ser bem menor, desde que há excessivo zelo por anotações, descrições, comprovações. Mas como já afirmei, é difícil alterar o conjunto. É quase impossível podar.

O trabalho do Pe Maciel: Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado é grandioso e desafiante. Polêmico, exaustivo. Mas de uma grandeza que abala o leitor."

A obra é uma festa, assim como a vida de seu protagonista. Viva, bem humorada, envolvente, terna, singela, séria, e, sobretudo, verdadeira. A justiça da História é lenta, mas infalivelmente chega.

Um juízo de valor sobre Lampião, livre de deformações e de preconceitos, através de uma ótica transparente pela imparcialidade e pela veracidade dos fatos e informações bem averiguados, e, além disso, abrangente de acurado e profundo estudo da personalidade inteira de Lampião e do contexto sócio-político de seu tempo, surge na obra de Frederico Bezerra Maciel. Um tema palpitante do desenvolvimento sócio-histórico nordestino, capítulo candente da história do Brasil.

De todos que Maciel ofereceu o material pesquisado ao longo de 30 anos, unânime foi a recusa. Diante disso: "Mobilizei e desdobrei tudo o que possuía de fé e alento, esforço e tenacidade. Trabalho ingente e desafiante: abrir um capítulo novo da história do Brasil através da reposição biográfica real daquele que foi o epicentro do reinado que criou e o manteve até o fim".

Assim, esse imensamente grande material de pesquisas, sobre a impressionante complexa e excitante vida de Lampião, não teria tido nunca força para o empurrar a escrever a seu respeito, não tivesse havido algumas causas determinantes como essa recusa, como resposta de todos aqueles a quem ofereceu o material e o gosto pelos desafios, tônica pessoal de Bezerra Maciel, em tudo, desde a infância.

Não se constrói com lama uma casa, mas com material sólido. Assim também, não se retrata a personalidade de um gênio com seus erros. Mas com seus valores reconhecidos e proclamados. Os erros podem até ser meros acidentes ocasionados por imperativos circunstanciais. Enquanto este relato é a voz da justiça exigida pelo reconhecimento da verdade histórica.

De fato, para um juízo em dimensão adequada de alguém, principalmente de projeção relevante no cenário da história, é necessário antes de tudo conhecer-lhe a vida com objetividade de intenções e sentimentos. A não ser se admita o profetismo - no sentido de especulação e palpite -, como conotação da historicidade.

Sem conhecimento biográfico completo, fica-se perdido no mundo indimensionado das flutuações teóricas, das distinções e subditas especiosas e bizantinas, de manquejantes conclusões enfeitadas de ouropéis vocabulares taxados de científicos. Reprovar ou condenar dá tanta inspiração e eloquência! Haja vista determinados comícios político-eleitorais, determinadas arengas parlamentares, determinados artiguetes jornalísticos, ou livros de lixeratura...

E afirma Maciel:  

"Não há nenhuma assemelhação dos meus estudos sobre Lampião com fantasiosas tentativas de reabilitação, sem base documentária, de Calabar, Barrabás, Judas Iscariotes...Histrionice dizer, sem conhecer, que minha obra é um "endeusamento" de Lampião.

Para a maioria dos brasileiros, trata-se, Frederico Bezerra Maciel, de um ilustre desconhecido, esquecimento esse, a nosso ver, proposital, tal qual uma queima de arquivo histórico-cultural.

Tal indiferença diante de seu esforçado trabalho é uma prova evidente de mais uma tentativa de impedir, de forma covarde, capciosa e confundidora que as pessoas conheçam a verdadeira história do Brasil, que vem sendo distorcida, mutilada e forjada há muito tempo.

Dedicou a maior parte de sua vida a fim de legar à História um dos trabalhos mais bem feitos realizados até hoje. Torna-se impossível alguém repetir ou superar o trabalho realizado por esse corajoso e competente historiador, uma vez que não seria possível, hoje, ter contato direto com a maioria dos personagens que compõem esta fascinante história, conviver com eles, entrevistá-los, sentir e recolher todas as informações diretamente da fonte de forma tão fiel e poética como ele fez.

Ficou comprovado pelo nosso departamento de memória histórica que nenhum autor, consultado entre mais de 40 obras, teve a responsabilidade biográfica do Padre Maciel. Portanto, alertamos que alguns excertos e citações aproveitadas de outros autores em nosso artigo Lampião, o Capitão do Nordeste!, não significa o nosso reconhecimento de tais obras, de forma global, como correspondentes à verdade, mas sim apenas os trechos selecionados. Ficando reservado à Frederico Bezerra Maciel a principal fonte de onde conseguimos obter a água pura e cristalina da verdade histórica que cumpre o dever de resgatar a imagem do ilustre brasileiro Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião.

Não é um paradoxo para nós que um historiador da cepa de Maciel tenha sido banido do rol dos principais escritores e historiadores brasileiros num país onde se inventa e promove um medíocre pigmeu como Euclides da Cunha que distorceu a história do sertão nordestino e seu misterioso personagem Antônio Conselheiro, às custas de centenas de reportagens da mídia do sistema principalmente do jornal o Estado de São Paulo para o qual esteve a serviço, desde sua fundação, como jornalista. Trabalhou, propositadamente, no sentido de transformar a Guerra de Canudos num caso de patologia coletiva.

Demonstrando com isso um reflexo condicionado do seu cérebro de barata. A verborragia empolada de Euclides da Cunha não combina nem com a paisagem do sertão e menos ainda com sua gente. Melhor seria se ele tivesse escrito um livro sobre a Antártida cuja temperatura combina perfeitamente com seu temperamento aguado e gelado. De forma descarada adotou um estilo de escriba europeu para falar do sertão, aonde esteve, em "missão", a serviço da República, vestido à rigor com um guarda- roupas de D. Pedro II, ou seja, de polainas e chapéu alto (cartola). Mantendo-se sempre à pelo menos 5km de distância do conflito e mesmo assim se retirando antes da hora incomodado com a canícula, as cobras e com os pernilongos e os mosquitos, que, com certeza, deviam ser monarquistas.

Voltando a Maciel, além da genialidade, espontaneidade e responsabilidade com que realizou o trabalho sobre Lampião - o que nos motivou a reconhecer sua obra como única e insuperável diante da riqueza dos fatos nela narrados -, para nós, da Humanus, o ponto determinante que fez com que publicássemos esta homenagem à este escritor sensível e ainda um amplo artigo sobre Lampião, que se verá a seguir, foi quando deparamo-nos com um fato revelado pelo autor no 5º volume da obra Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado:

" - ...E até - parece incrível - alguém cujo nome não é possível revelar para não ofender a família "honrada" e "nobre", do tal, fingindo-se surpreso, dizia, "ainda se fala nesse homem?!" (isto é Lampião), propôs, sob sigilo, ao autor desta obra, a troca de uma boa casa dele, proponente, por todo o volumoso material de pesquisas feitas durante mais de 30 anos sobre Lampião. Para que fim? 'Queimar tudo ali mesmo, na hora!'.

Entretanto, se 'nada daquilo prestava', conforme alegava, por que querer comprar e por preço tão alto?"

E encerra ele este mesmo volume: "Todo o que foi respigado, classificado e exposto - (na obra) - atesta o reconhecimento muito vasto e profundo, em todos os ramos do interesse humano sobre o indubitável valor pessoal e histórico-social de Lampião. Que nem o ódio conservado por tradição dos antigos inimigos e nem a caturrice de determinados "mestres", presunçosos donos da verdade e do saber, podem sequer abafar ou escurecer. Reconhecimento este que se elevou em grandioso monumento indestrutível, marcante de sua vida e de sua história, no seu tempo e no seu reinado de ontem e de hoje, de sempre."

Amém.

Frederico Bezerra Maciel teve a hombridade e a coragem de renunciar a descarado suborno de tentar fazer desaparecer da história do Brasil o único e verdadeiro documento fruto de 30 anos de investigação, séria e corajosa que só um espírito sensível e amante da verdade poderia realizar reproduzimos a tentativa de suborno feita ao mais ilustre historiador nordestino:

E é impressionante observar os métodos dos macacos de 1920 com os gorilas dos terceiro milênio: trata-se indubitavelmente de fazer qualquer beato acreditar piamente na reencarnação, ou seja, os macacos de então reencarnados gorilas estão.

Único material encontrado das centenas de livros escritos sobre Lampião a única obra da qual verdadeiramente pode nos ser de real utilidade foram os seis volumes do historiador pernambucano que nós consideramos o maior historiador nordestino que durante 30 anos dedicou sua vida pesquisando e extraindo a verdade dos fatos sem envolvimento emocional e sem temer a ameaças de caráter político, um verdadeiro humanus digno de constar como destaque neste Anuário Cultural.

Extraído do Anuário Cultural Humanus VII - Edição Lampião Clique aqui

Pesquei na CMI Brasil

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Célebres Nordestinos

Chico Heráclio, o último Coronel
Por Maria do Carmo Andrade
Fotos: Geraldo Mori, Revista Realidade





Francisco Heráclio do Rêgo, filho de João Heráclio Rêgo (Pai Laquinho) e Josefa Duarte do Rêgo (Mãe Zefinha) nasceu no dia 3 de outubro de 1885, no município de Bom Jardim, Pernambuco.

Teve onze irmãos: Basílio, Antonio, Jerônimo, José, Maria (conhecida por Mã), Josefa (conhecida por Josefina), Isaura, Josefa (chamada de Finha para distinguir da outra Josefa), Amália, Dorotéia e outra Maria.

Francisco nasceu na propriedade do velho Joca da Salina, seu avô. Posteriormente seus pais se estabeleceram na Fazenda Vertentes, no mesmo município de Bom Jardim, onde permaneceram até o final da vida, ficando este local conhecido como “Vertentes do Heráclio”.

Os pais de Francisco, com sacrifício colocaram todos os filhos, para estudar no Recife, com exceção de Basílio que já havia casado. As filhas estudaram internas no Colégio das Damas da Irmandade Cristã, aprenderam a tocar piano e concluíram o curso pedagógico; Antonio e José concluíram o curso secundário no Recife e se formaram em Medicina no Rio de Janeiro; Jerônimo concluiu o equivalente ao curso científico e abandonou os estudos e Chico mal fez o curso primário e voltou para junto dos pais.

Acostumado com a vida do campo, não se adaptou à vida da cidade grande. Pegou a maxambomba (trem) e voltou para a Fazenda Vertentes, onde se tornou o braço direito do pai.

Para poupar seu pai, Chico ia sempre a Limoeiro fazer as compras a cavalo. Numa dessas viagens, na volta, parou em Bom Jardim e deparou-se com um homem que estava vendendo, por baixo preço, doze garrotes magros. Como não tinha dinheiro, providenciou um empréstimo com Silvio Mota, velho conhecido de seu pai, residente em Bom Jardim.

Quando chegou na Fazenda Vertentes trazendo os animais magros, o pai quis saber de quem era aquela boiada e ele contou os detalhes do seu empreendimento. Três meses depois, os animais já bem nutridos foram vendidos por mais de três vezes do valor comprado. Chico pagou o empréstimo a Silvio Mota e daí em diante não faltou mais dinheiro em seu bolso.

Francisco Heráclio do Rêgo casou três vezes. A primeira, com D. Maria Miguel, no religioso (na época não havia união com efeito civil) que logo morreu e não lhe deixou filhos. A segunda, com D. Virgínia, com quem casou na igreja e posteriormente no civil, dando-lhe quatro filhos: Heráclio Moraes do Rêgo, Francisco de Moraes Heráclio, Luiz (que morreu ainda jovem) e José de Moraes Heráclio. O terceiro casamento, só no religioso, foi com D. Consuelo, que lhe deu um filho – Francisco Heráclio do Rêgo Filho.

Fora estes, Francisco Heráclio do Rêgo ainda teve mais sete filhos fora do casamento: Josefa (Lulito), Walter, José Francisco (Zé Pequeno), Severina, Gerson Alexandre, Reginaldo (Pequeno) e Reginaldo (Meninão). A todos estes foi reconhecida a paternidade, para efeito de habilitação no inventário.




Estava com 18 anos quando durante suas viagens para Limoeiro conheceu a jovem Maria Miguel por quem se apaixonou e casou, porém a mulher adoeceu de febre amarela e morreu ainda na lua-de-mel. Chico ficou muito deprimido e voltou para Vertentes do Heráclio. O pai, para animá-lo, presenteou-o com uma vaca leiteira que, com os cuidados de Chico, logo aumentou a produção de leite e, consequentemente, a de queijo e de manteiga.

Quando chegou o inverno de 1907, Chico Heráclio decidiu voltar para Limoeiro. Levou consigo Manoel Mariano (seu fiel ajudante), duas vacas e algum dinheiro no bolso. Chegando no Cumbe, arrendou um roçado do Dr. Severino Pinheiro, que era um político de prestígio, rico fazendeiro e poderoso comerciante de Limoeiro.

O ano foi bom para Francisco. Choveu quando necessário e fez sol na época certa, possibilitando a colheita de milho, feijão, fava e algodão em abundância. Durante as entressafras, ele saía a cavalo pelos engenhos da redondeza, comprando e vendendo gado, cavalos, burros e, principalmente, ferro-velho, tachos, caldeiras, tubulações, maquinário imprestável.

Francisco tinha um primo, Pompílio, que participava de alguns de seus negócios, emprestando dinheiro e apresentando-o aos senhores de engenho de Nazaré, Aliança, Carpina e Vale do Sirigi, garantindo por ele e arranjando-lhe bons negócios, muito contribuindo para sua ascensão social.
Por outro lado, o homem forte de Limoeiro, Dr. Pinheiro, dava total cobertura a Francisco na região mais agreste, junto a fazendeiros e comerciantes. Já se comentava àquela altura, nas altas rodas da Capital, da existência de Chico Heráclio.

Chico sempre vinha ao Recife vender o ferro-velho aos atacadistas. A sucata era transportada de trem e o carrego era efetuado nas estações de Carpina e Limoeiro. Eram os tempos da Great Western. Na capital, sempre almoçava com Pompílio e outros comerciantes de prestígio, no Restaurante Leite.

Durante sua viuvez, quando estava na Fazenda Vertentes em companhia dos pais, Chico Heráclio se absteve de aventuras amorosas, em respeito à memória de Maria Miguel. Porém, quando voltou a Limoeiro começou a ter relacionamentos e conquistas amorosas. Nas suas andanças pelos engenhos de Nazaré da Mata, Chico Heráclio conheceu Virgínia, moça fina e recatada, filha dos proprietários do Engenho Pagi e sobrinha de Herculano Bandeira, então Governador de Pernambuco.

Francisco Heráclio do Rêgo casou pela segunda vez, em 1911, com D. Virgínia Moraes. Na cerimônia esteve presente a alta sociedade pernambucana, inclusive o Governador, padrinho da noiva. O casal fixou residência em Limoeiro, num pequeno sítio que Chico Heráclio tinha adquirido no Cumbe.

D. Virgínia, chamada de D. Santa, era mãe extraordinária e uma esposa dedicada, o que muito contribuiu para a escalada do marido ao poder.

 Francisco Heráclio do Rego e Virginia Xavier de Moraes Rego
 Foto de L. Piereck. Acervo Fundação Joaquim Nabuco

Por essa época, seu irmão Jerônimo adquiriu uma propriedade ao lado de Francisco, em Campo Grande. Os irmãos já possuíam fama de valentes, o que aumentou ainda mais com essa proximidade. Francisco Heráclio começou a fazer política apoiado por Dr. Severino Pinheiro, que havia sido eleito senador por Pernambuco. Jerônimo Heráclio também tornou-se político em Surubim e Vertentosa.

Na década de 1920, o mundo passava por uma grave crise financeira. Para Chico, entretanto, não houve crise. Adquiriu por 90 contos de réis a patente de Coronel da Guarda Nacional. Jerônimo Heráclio comprou a de Capitão, mas era chamado também de Coronel.

Em 1922, foi eleito Prefeito de Limoeiro, apoiado por Dr. Severino Pinheiro e por Estácio Coimbra, que seria eleito Governador de Pernambuco em 1926, ficando à frente da administração do estado até 1930.

Em 1924, Chico Heráclio comprou a Fazenda Varjadas, que lhe valeu o título de “Leão das Varjadas”. Comprou também os Engenhos São Roque e Santa Cruz.

Em 1930, o presidente da nação era Washington Luiz, que lançou como candidato à sua sucessão Júlio Prestes. Houve o pleito, Júlio Prestes ganhou, mas a oposição alegou fraude nas eleições. A confusão começou e a agitação tomou conta do País. A situação piorou quando, em julho, o candidato a Vice-presidência, João Pessoa, foi assassinado.

Em outubro eclodiu o movimento armado que depôs o Presidente Washington Luiz. O chefe do movimento vitorioso foi Getúlio Vargas, que havia perdido nas urnas, mas ganhou pelas armas o poder, passando a chefiar a nação até 1934, sem que houvesse uma Constituição.



Foram nomeados interventores para os estados. Para Pernambuco foi nomeado Carlos de Lima Cavalcanti, que começou a perseguir os partidários do presidente deposto. Dr. Pinheiro, em Limoeiro, começou a sentir os efeitos dos atos do Interventor. Chico Heráclio, na qualidade de braço direito dele, também foi pressionado.

Com a doença do líder político de Limoeiro, Chico Heráclio assumiu o comando e enfrentou Carlos de Lima. Foi um período difícil.

Quando entrou em vigor a Segunda Constituição da República, promulgada nesse mesmo ano de 1934, a situação melhorou para o lado do Coronel Chico Heráclio.

Em novembro de 1937, Vargas revogou a Constituição e declarou a Carta do Estado Novo. Em Pernambuco Carlos de Lima Cavalcanti foi substituído por Agamenon Magalhães.

Chico Heráclio continuava sem poder, embora durante todo aquele período tivesse somado cada vez mais prestígio junto aos limoeirenses e habitantes de municípios vizinhos. Osvaldo Lima, compadre de Chico Heráclio e amigo pessoal de Agamenon, era quem interferia pelo Coronel, dando boas referências do compadre e amenizando algumas situações.

Para o período pós-Estado Novo, começaram a ser definidos os chefes políticos dos municípios pernambucanos. Com a saída de Getúlio Vargas, em outubro de 1945, Dr. José Linhares ocupou a presidência; Agamenon Magalhães saiu da Interventoria em Pernambuco e para seu lugar foi escolhido Etelvino Lins, depois substituído pelo Dr. José Neves Filho; José Linhares presidiu as eleições para eleger os Deputados Estaduais e Federais, os Senadores e o Presidente da República, que aconteceram em dezembro de 1945.

Chico Heráclio aproveitou o prestígio que desfrutava naquele momento e lançou seu filho mais velho Heráclio, como candidato a Deputado Estadual e, a pedido do seu amigo Professor Antônio Vilaça, apoiou Costa Porto para Deputado Federal, fazendo dobradinha com o filho. Ambos foram eleitos.

Com a redemocratização houve dissidência política na família Heráclio. Chico Heráclio filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD) e Jerônimo Heráclio a União Democrática Nacional (UDN). Em Limoeiro, os Arruda, que faziam oposição a Chico Heráclio, se filiaram a UDN e passaram a ser companheiros do partido de Jerônimo Heráclio.

 Chico Heráclio em 1966. 
Fotos: Geraldo Mori, Revista Realidade 

Os coronéis tinham muito poder, os currais eleitorais eram fechados. A oposição ao PSD ganhava na capital, mas a diferença era tirada quando as urnas do interior eram apuradas.

Foi na década de 1940 que Francisco Heráclio do Rêgo consolidou seu prestígio e prosperidade. Cercou-se de pessoas inteligentes e de prestígio, passou a se relacionar com mais assiduidade com os homens que detinham o poder em Pernambuco.

Por outro lado, o patrimônio de Chico aumentou muito, comprou as Fazendas Carié (1941), Serrinha e Grande (1942), Areias, Baixa Verde, Escuro e Sanbra, onde residia e perto de Cumarú comprou a fazenda Viração. Seu rebanho era formado por mais de 10.000 cabeças de gado. Na política, elegeu deputado o filho mais velho, e um outro filho, prefeito, em 1947.



Era o caminho para o apogeu de sua vida, em prestígio, dinheiro e poder, que se estendeu do início da década de 1950,até 1960.

D. Virgínia Heráclio morreu em 8 de março de 1949. Ao seu enterro compareceram as mais altas autoridades do Estado. Em 1950, morreu Jerônimo Heráclio. Foram duas perdas lamentáveis para o Coronel.

Durante sua viuvez, Chico Heráclio atingiu o ápice do seu prestígio. O ponto culminante foi o brinde com Agamenon Magalhães em 8 de abril de 1951, quando da inauguração da água encanada em Limoeiro.

Chico continuou em evidência por mais dez anos, quando então sua vida começou a declinar.

Depois de dois anos da morte de D. Virgínia, Chico Heráclio casou-se, em cerimônia religiosa simples, com D. Consuelo Salva, uma viúva de 27 anos de idade, mãe de dois filhos do casamento com Severino Salva.

O casamento não deu certo e D. Consuelo saiu de casa levando o filho Francisco, com então quatro anos de idade, o que foi motivo de muitos desentendimentos dela com o Coronel.


 Chico Heráclio praticando tiro ao alvo em Limoeiro/1966. 

Chico Heráclio tinha muitos votos e muito prestígio, consequentemente podia prejudicar e ajudar muita gente com sua influência. Além de tudo, era muito rico, podendo acionar os mecanismos legais e arbitrários para atingir seus objetivos.

Possuía grande presença de espírito, raciocínio rápido e uma resposta na “ponta da língua” para cada situação. Era um homem determinado e de coragem. Nunca deixou de cumprir o prometido.
Francisco Heráclio do ego, coronel Chico Heráclio, o Leão das Varjadas, morreu no dia 17 de dezembro de 1974, com 89 anos de idade.

Revista "O cruzeiro" noticia a morte do Coronel em 1974.

Lápide do túmulo do Coronel. 
Fonte Wikipédia.

Diabético, semiparalítico, com problemas no coração, não tremeu nem chorou, nem na hora final.

ANDRADE, Maria do Carmo. Chico Heráclio. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: .

HERÁCLIO, Reginaldo. Chico Heráclio: o último coronel. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1979

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