sábado, 30 de abril de 2011

O merecido descanso de Lima Barreto diretor de "O cangaceiro" 

Esta semana, recebi uma matéria jornalística editada pelo matutino “Folha de São Paulo”, do dia 25 de Novembro de 1982, intitulada: “O cinema perde Lima Barreto”.

Atento á notícia, e, após lê-la, fiquei indignado, quando constatei que "Lima Barreto" morreu na miséria e abandonado. O citado diretor / produtor do filme “o cangaceiro”, película brasileira de maior projeção no exterior, ganhadora em 1953, no festival de Cannes, dos prêmios de " melhor filme de aventura " e menção especial pela sua música , no final de sua vida, não teve auxílio nenhum dos órgãos de cultura, e, do governo brasileiro.

Sabe-se, que a "empresa Columbia Pictures”, após adquirir, por uma ninharia, os direitos autorais do citado filme, lançou-o no mundo, arrecadando até o ano de 1970, algo em torno de Us$ 200 (duzentos milhões de dólares), tendo o filme ganho, ainda, 36 prêmios internacionais.

Vejam, logo abaixo, o scan da matéria completa.












Um abraço a todos
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal- RN

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Jesuino em evidencia" Amanhã visse?!

ENCONTRO DE PESQUISADORES DO CANGAÇO EM CURRAIS NOVOS - RN
Coordenação de Dr. Epitácio Andrade e o Dramaturgo Ricardo Veriano 

29 de abril (sexta-feira), estaremos reunidos na Pousada Morada Nova, localizada na zona rural de Currais Novos,RN, a partir das 14 horas, para apresentarmos à imprensa e interessados por cangaço, uma relíquia que pode ter pertencido ao Cangaceiro Jesuíno Brilhante: o seu punhal.



Durante as pesquisas que fundamentaram a elaboração do Auto de Jesuíno, apresentado em 8 edições no período de 2001 a 2008, em Patu/RN, terra natal do cangaceiro, o dramaturgo Ricardo Veriano foi presenteado com a relíquia, passando a utilizá-la como elemento cênico do Auto e a deixou sobre a guarda de um amigo. Posteriormente, folheando o Guia 4 Rodas, este pesquisador do cangaço localizou o objeto, já como constituinte do acervo museológico do antiquário Bina Toscano de Currais Novos, no Seridó Oriental.

Essa possível descoberta histórica se reveste de importância sócio-cultural, por completar o acervo de armas e objetos que pertenceram a Jesuíno Brilhante: a garrucha e a moringa estão na Casa de Cultura de Campo Grande/RN; o bacamarte Bargado está no Museu Lauro da Escóssia, em Mossoró/RN; o bacamarte de cano longo, pertence ao acervo do autodidata Júnior Marcelino, em Martins/RN; e finalmente, o punhal ora localizado.

Ainda sobre a relevância histórico-social da possível descoberta, abrem-se perspectivas para, aprofundando-se as discussões teórico-práticas sobre o cangaço de Jesuíno Brilhante, colocar os seus principais algozes, "Os Limões", como protagonistas desta fantástica epopeia, visto que a relíquia pode ter pertencido a um membro deste clã.

O evento começará com a apresentação do punhal feita pelo antiquário Bina Toscano, seguida da exposição sobre o referencial bibliográfico e cordelístico feita por Epitácio Andrade acerca das passagens históricas das ações cangaceiras de Jesuino utilizando o punhal, para logo em seguida, Ricardo Veriano apresentar as características e a origem do objeto.

Seguindo-se com a estimulação de um debate com operadores de cultura, interessados em cangaço, para testar a autenticidade da descoberta.

O evento vai ser sequenciado com a apresentação da dissertação de mestrado: “Lugares de Memória – Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana”, da Professora Lúcia Souza, defendida e aprovada, no final do ano passado, na pós-graduação de Geografia da Universidade Federal da Paraíba. Após a apresentação, os estudiosos do cangaço Gil Hollanda, Honório Medeiros e Emanoel Cândido do Amaral, dentre outros, farão questionamentos à Professora acerca da aplicabilidade de sua formulação científica.


 Pesquisador Emanoel Cândido do Amaral (Foto: DHNET)

  
A confirmação da participação de integrantes da Família Limão, que ficou notabilizada na literatura do cangaço como os principais algozes do cangaceiro Jesuíno Brilhante, dará um caráter histórico ao evento. O Radialista Stannyslaw Izídio de Lima apresentará dados sobre Preto Limão, que comandou a emboscada fatal que vitimou o cangaceiro no município de São José de Brejo do Cruz/PB, em dezembro de 1879. 

Luiz Soares de Lima, secretário de educação e cultura de Santana do Matos/RN, e Chico Limão apresentarão informações sobre a comunidade negra da Pimenteira (o território atual dos Limões) e sobre o Poeta Zé Limão.

Para concluir esse bloco de discussões, a historiadora Maria do Socorro Fernandes da Cruz anunciará a retomada do projeto de dissertação de mestrado sobre a participação do grupo étnico representado pela família Limão, na resistência ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai e na Revolta dos Quebra-quilos, sob a orientação do Antropólogo Geraldo Barbosa Júnior, especializado em cultura afro-brasileira e indígena.


Epitácio Andrade mostra Limões de Patu aos Limões da Pimenteira 
Foto: Josivaldo Araújo
  
Seqüenciando as discussões o Psiquiatra Epitácio Andrade começará as atividades culturais apresentando um achado do pesquisador Emanoel Amaral, durante as pesquisas para a elaboração final da cartilha “Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos”, cuja autoria é dividida com Aucides Sales, consistindo em peças museológicas coletadas no Sítio Patu-de-fora, nas ruínas da casa do Coronel João Dantas de Oliveira, principal articulador da emboscada que ceifou a vida de Jesuíno Brilhante.

 Peças Museológicas da casa do Coronel João Dantas – Sítio Patu de Fora 
(Foto: Tiara Andrade)
  
A programação do evento ainda envolve a apresentação do Filme “Jesuíno, o cangaceiro”, de William Cobbett; Mostra do Espetáculo Teatral “O Auto de Jesuíno”, de Ricardo Veriano em DVD; Recital com cordelistas; apresentação do Documentário “O Lugar da Morte de Jesuíno Brilhante”, de Epitácio Filho; e a retirada de encaminhamentos para a realização do Fórum Potiguar e Paraibano do Cangaço, que deverá ocorrer na Região Seridó, ainda este ano.

Procurando respaldar o encontro do ponto de vista da política cultural, solicito a Vossas Senhorias o apoio presencial e de outras formas que melhor lhe convier para a viabilização do intento.

Saudações Cangaceiras,
Epitácio de Andrade Filho
Médico Psiquiatra Sanitarista
Pesquisador do Cangaço e sócio da SBEC.



Maiores informações:
epitacioaf@hotmail.com
(84) 9641-1044     

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Memorabilia

Novo "mimo" para o gabinete do Coroné! 

Caros amigos

Venho dividir com vocês a imensa satisfação que tive ao receber como doação da família de meu saudoso amigo Hilário Lucetti , nas pessoas de sua viúva Sra. Meire Lucetti e sua filha Andréia Lucetti, mais uma relíquia sobre o cangaço; o Álbum (LP) “A Música do Cangaço”. Material de estimado valor histórico.

Mais uma vez fico grato e lisonjeado pela deferência que mereci da família Lucetti, quando da doação da sua biblioteca e agora desta raridade em vinil.





Detalhes da compilação lançada em 1984: 
Fotos e textos sobre alguns dos principais fatos e por fim a dedicatória da família do ilustre escritor


Att Ângelo Osmiro.

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LAMPIÃO ACESO EMENDA:
Parabéns a família Lucetti por mais uma louvável atitude. O acervo do "Vaqueiro Cratense" está em boas mãos, quem conhece Ângelo sabe do respeito e apreço por cada folheto herdado. 

Bom proveito Coroné!

Abraço Kiko Monteiro

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Prazer em conhecer:

Lampião Aceso entrevistou o pesquisador e escritor Sabino Bassetti 

Ele tem nome de um dos mais famosos cabras de Virgulino, O Pesquisador e escritor José Sabino Bassetti, 69 anos, é paulista de Piracicaba, representante comercial aposentado na ativa.

Sua entrada no cangaço se deu em 1951. Mergulhou na história através de um empregado do seu pai que havia sido "cangaceiro de Lampião". Um dos vários que migraram para o Sul. Este cabra não esteve em Angico, dizia ter entrado para o bando em 1936 e desertou no ano seguinte. Apesar da intimidade ele não deu maiores detalhes. Nem Sabino nem o pai conseguiram identificá-lo, sabíamos apenas o seu "nome de Batismo" Joaquim dos Santos. Levou o vulgo para o túmulo.


Depois de um tempo mudou -se para a cidade, começou a frequentar as bibliotecas e é quando encontra o Lampião de Ranulfo Prata iniciando um ciclo de leituras que dura até os dias de hoje.

Conheci Sabino no último Seminário em Paulo Afonso onde ele esteve lançando oficialmente seu primeiro livro e o intimei para esta cruzada de peixeira.

Então apresente suas crias!
- Uma apenas. Lampião - Sua morte passada a limpo. Em parceria com  o amigo Carlos César Megale lançado em Janeiro deste ano.



Livro Preferido de outro autor?
- Guerreiros do Sol, de Frederico Pernambucano de Mello. Trata-se do livro mais abrangente sobre o tema.



Com João de Sousa Lima na Casa de D. Generosa

Qual é o primeiro título recomendado para um calouro?
- Lampião - O rei dos cangaceiros - Do norte americano Billy Jaynes Chandler.


Local onde Corisco sacrificou parte da família Ventura.

Com quantos personagens desta história você teve contato?
- Poucos. Sila, Criança, Candeeiro, Joaquim Santos, Antonio Jacó, sargento Elias Marques, Antonio Vieira, Maria Ferreira. E destaco uma testemunha pouco explorada como é o caso do Vicente Nascimento.


Pausa para um café: Sabino, Candeeiro e Elisa.

Qual destes contatos foi, ou foram, os mais difíceis?
- Nenhum. Ou poderia citar o "Criança", ele não respondia a nada do que questionávamos era de um silencio ensurdecedor.

Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?
- Até hoje não consegui conversar com o ex cangaceiro "25" que está vivo residindo em Maceió.


Local da morte de Pedro de Cândido

Com quem gostaria de ter conversado?
- Com o Chico Ferreira.


Ferreira de Melo

Qual é o seu capitulo?
- Angico. Por toda essa polêmica em torno dos fatos. E na possibilidade de uma segunda edição do nosso trabalho prometemos inserir outras fotos e conteúdos de documentos pessoais de alguns dos envolvidos na Volante.


Com Jairo Luiz em Angico.

Um cangaceiro (a)?
- Luiz Pedro.


O fiel Luiz, é quase unanimidade entre os pesquisadores.

Um volante?
- Chico Ferreira.

Um coadjuvante?
- Zé Lucena.


José Lucena de Albuquerque Maranhão

Uma personagem secundária? Parecia ter bom papel, mas não passou de figurante.
- Durval Rosa.


Com seu João na Lagoa do mel. Morte de Ezequiel

Geralmente todo pesquisador é colecionador qual é o foco de sua coleção?
- Não. Nada de importante. Ganhei um punhal de 75 cm. que segundo o doador ele tenha pertencido ao Jacaré  um dos acusados como assassino do Industrial Delmiro Gouveia, e irmão do cangaceiro Moreno.
 


 Antiga sede da fazenda Patos


Entre as peças tem alguma relíquia?
- As primeiras edições de algumas importantes obras (talvez sejam relíquias)


Casa onde morou Pedro de Cândido.

Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?
- Corisco e Dadá. (mas entenda, apenas como comédia, pois, o filme é ruim demais)

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?
- Não gostaria de citar para não ofender o autor, mas, existem várias idiotices escritas.


 
Fazenda Arrasta pé. Berço da cangaceira Durvinha

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: “Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde”, “João Peitudo, filho de Lampião”, “O Lampião de Buritis” e “a paternidade de Ananias”?
- De fato, a paternidade de Ananias me chamou a atenção devido a seriedade de quem levantou a lebre.


Com Antonio Rodrigues, 
atual proprietário da fazenda Patos.

E Lampião: morreu baleado ou envenenado?
- Lampião morreu do jeito que se conta... baleado, mas será que ainda alguém duvida disso? Esse Lampião de Buritis? Foi o maior absurdo que eu já ouvi nos últimos tempos.
  
Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?
- Francamente, gostaria de escrever sobre Sinhô Pereira, pois, pouco se escreveu sobre ele. Mas apenas gostaria.


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O cangaço em Flores, PE.

Sobrinha de membro da Volante fala do encontro com Lampião.

Com tantas evidências, município busca integração na Rota do Cangaço.

Na busca de provar a passagem de Lampião e seu bando no município de Flores, fomos até a casa de Maria Severa da Conceição, conhecida na localidade por Maria Grande. 94 anos. Dona Maria ganhou o apelido ainda jovem, no tempo do cangaço e nos revelou  o porque do apelido , como também do seu encontro com o cangaceiro e como seu tio,  Pedro Ferreira (Paisano), teria matado Livino Ferreira irmão de Lampião.

Confira o vídeo, reportagem de Alberto Ribeiro:



Pescado em:  Flores,PE.net

domingo, 24 de abril de 2011

Fogo da Abóbora - 82 anos

A Morte de Mergulhão 

Por Rubens Antonio

A 7 de Janeiro de 1929 travou-se o combate de Abóbora, povoado de Juazeiro, BA, lembrado pela morte de Mergulhão, (foto) cujo nome real era Antônio Juvenal da Silva, mas que aparece citado também, na literatura sobre o Cangaço como Antônio Rosa. Da visita ao local pode colher alguns depoimentos e bater algumas fotos.

Antecipando algo do material, observo que a povoação está muito mudada, em relação ao contexto de então, mas há muitos elementos reconhecíveis e outros identificáveis através de testemunha ainda viva dos eventos.

Sabemos que o fogo se deu quando a volante chegou e os cangaceiros dançavam em uma casa, num forró.

A causa do forró, na verdade, era alheia aos cangaceiros. Era festejo local pela construção de uma nova "armação" para a feira do povoado, que, na verdade, não passava de uma arranjo descontínuo e desordenado de casas mais esparsas. O cemitério local foi o sítio de maior destaque, onde morreram os dois policiais, soldados José Rodrigues e Manoel Nascimento.

Segundo a autópsia:
"José Rodrigues, com um ferimento com orifício de entrada na região dorsal superior e orifício de saída sobre o mamillo direito; Manoel Nascimento com três tiros; um que penetrava entre a 6ª e a 7ª lombar, com destruição das anças intestinais e orifício de saida sobre a crista illiaca com fractura; outro na região anterior direita do thorax e outro na região cervical esquerda."


Tira-gostos:
"BUM! PÁ! PÁ! Foi papoco pá peste! E isso de que a puliça abriu a cova do cangacêru é mintira! Só tiraram os mininu da puliça mesmu e trabaiaru e colocaru di vorta... O cangacêru mexeram nele não! Ficou a cova lá fechadinha!"
"Aquele Calais! Êta cabra faladô! Mas nas ora dos papôco, mais dispois, ô cabra pra corrê! Faladô prezepêru... mas covarde que nem só ele mesmu!"
"E no tiroteio que teve lá adipsois? Na curva? Foi anos depois... Eu ainda lembro da curva... O Azulão era uma peste muito bom de pontaria... Acertô bem na testa da burra... ô pontaria do cão!"
"Sabe o que eu achei ingraçado? Adispois de muitos anos, aqui, pra fazê esta rua nova, sabe quem trabaiô? o Bem-ti-vi... que foi também cangacêru... Trabaiô pra fazer a terraplenagi... Era muito sorridente... Simpático... Foi até lá.. Oiô a sepultura do Merguião... Falou nada não... Só ficou quietu oiano..."

Os detalhes do evento consegui lá mesmo em Abóboras a partir do relatório do tenente Othoniel.
Sobre as descrições dos cadáveres, a partir do exame do legista Anísio Teixeira.


Edilson dos Santos, proprietário do terreno, aponta a localização da sepultura do cangaceiro Mergulhão.

O esquema que fiz acima é uma indicação relativamente precisa...Posteriormente publicaremos outros depoimentos; Tomei dois, porque agregavam praticamente tudo o que os outros diziam...
São o do senhor "Joãozinho", que presenciou o fogo... está quase cego, mas enxergando o suficiente para, acompanhado do filho, me conduzir e indicar o sítio do cemitério... e o Manoel, que é um jovem que herdou o terreno onde foi sepultado Mergulhão...


 Rochedo em que Lampião e Ezequiel se apadrinharam para disparar contra a volante, que se encontrava no Povoado de Abóboras.  A posição da volante era aproximadamente a da caixa d'água vista ao longe, entrincheirada no antigo cemitério.
 

João Alves Guimarães apontando localização da entrada do antigo cemitério. As pedras diante dos seus pés são do antigo portal.

A terraplenagem e a pavimentação foi feita somente com a retirada das lápides. Portanto, o restos dos sepultos ainda estão aí. Próximo à quina branca que se vê à esquerda estão sepultados os restos de um dos soldados mortos no tiroteio. Seguindo-se em frente, em direção à rua, encontram-se os restos do outro soldado.


 Monumento em praça de Abóbora



 Detalhe da placa


Uma coisa é interessante nas abordagens de campo..

Olhando Abóboras... e andando... localizando os pontos em que se abrigaram os cangaceiros e a volante... percebi o seguinte... A distância entre o cemitério.. e onde Ponto Fino e Lampião estavam, disparando contra eles, é de cerca de 150 a 180 metros... Acertar alguém desta distância é braba...

Luiz Pedro estava disparando deitado em um descampado a cerca de 100 a 120 metros ... Era o que estava menos protegido.

Os outros dois cangaceiros envolvidos, Mergulhão e Corisco, partiram de cerca de 150 metros, em movimento diagonal, até chegarem ao cemitério. Ali, na quina, Mergulhão recebeu o tiro que o derrubou. O tiro seccionou seu húmero e rasgou as veias e artérias do braço, causando a hemorragia que o matou.
Os dois policiais vitimados fatalmente, conforme o depoimento do seu João, foram atingidos quando tentavam pular o muro do cemitério e usá-lo como entrincheiramento... por disparos vindos de Lampião e/ou Ezequiel, daquela distância toda... 150 a 180 metros... Imaginem só... O cemitério tinha muro de madeirado, só tendo em pedra o portal.

Praticamente todos os volantes... além dos dois mortos... mais seis praças, um sargento e o tenente, foram baleados. Entraram em fuga.

O estudo de campo mostra que Mergulhão foi morrer a cerca de 180 a 200 metros de onde foi alvejado...
Foi enterrado praticamente no local em que tombou.

Ele chegou a ser ajudado por dois cangaceiros que o carregaram, e foi assim que os habitantes o viram ser levado e adentrar a caatinga... mas, como visto na distância, não conseguiram ir muito longe...

Quem o encontrou, ainda agonizando, foi um viajante que vinha chegando a Abóboras. O cangaceiro parece ter tentado se esconder atrás de um amontoado de xique-xiques... Olhou o viajante e disse:
- Quem está falando aqui é homem...
Tirou do bolso um canivete e estendeu para o viajante... e expirou.

Abraços!
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Rubens Antonio é Professor e palestrante sobre História Geológica da Bahia, Antropologia, Geologia, Epistemologia, Metodologia do Trabalho Científico, História da Ciência.


CRÉDITOS:
Artigo pescado na comunidade "Cangaço, Discussão Técnica" de compadre Ronnyeri.

*Foto de Mergulhão foi cortesia de Ivanildo Silveira.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Roteiro histórico em Alagoas

Feliz aniversário, Água Branca!

Por Ana Lúcia


Erguida entre belas serras que corriam águas límpidas e claras, com uma altitude de 570 metros a cima do nível do mar e segundo ponto mais alto do Estado de Alagoas, a cidade de Água Branca de clima semi-árido é uma das cidades mais lindas do sertão alagoano.

Desde que o capitão Faustino Vieira Sandes desbravou o município que pertencia à sesmaria de Paulo Afonso Província alagoana conhecida por Mata Grande. 

Água Branca teve sua fundação em 1875. Neste ano de 2011, ela completa 136 anos de História. Antes denominada Mata Pequena, Matinha de Água Branca e finalmente Água Branca, tem em seus entornos belíssimos casarios do século XIX e XX e encantadores conjuntos arquitetônicos que fazem da cidade de Água Branca conhecida pela sua História, cultura, eventos e poesia como também de um povo acolhedor.

É a cidade que cheirava a mel como dizia os mais saudosos, pela produção do mel de engenho e rapadura que bem ao longe dava para sentir o cheiro doce da iguaria.

Cidade historicamente importante, Terra do Barão e da Baronesa de Água Branca, Terra de Corisco famoso cangaceiro, Terra que ceifou a vida do pai de Virgulino o velho José Ferreira, enfim, Terra que serviu como palco de um audacioso assalto cometido por Lampião na residência de Dona Joana Vieira Sandes, viúva do Capitão - mor Joaquim Antonio de Siqueira Torres no dia 26 de Junho de 1922.

 O Solar da Baronesa

Este episódio levou o pouco conhecido Lampião a se tornar o famoso bandoleiro das caatingas sertanejas no homem mais midiático, admirado e odiado desde então.

24 de Abril de 2011, domingo de Páscoa. Mistura de fé e euforia pela passagem da Páscoa e Via Crucis que relembra a vida, morte e ressurreição de Cristo e euforia em comemorar a passagem dos 136 anos do município com as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição, padroeira local.




Diante de tudo isso, é preciso ressaltar que o município só dispõe da Lei Municipal de número 447/71 que rege o tombamento municipal do Centro Histórico e Ecológico e que, a nível estadual ainda não possui esta lei, que ainda caminha para ser promulgada, fato este lamentável  porque a cidade merece uma atenção especial por parte do governo estadual pelo seu merecimento, afinal, Água Branca é um dos cartões postais mais belos do Estado e de valor histórico inestimável por fazer parte da rota do cangaço. 

Preservar e respeitar o Patrimônio Histórico Cultural é indiscutivelmente um dever de todos e de toda a sociedade. Parabéns a todos os aquabranquences!


Ana Lucia Granja de Souza
Historiadora e Pesquisadora

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Achados

Pesquisadores descobrem relíquia de Jesuíno Brilhante 

O Pesquisador do Cangaço Epitácio Andrade e o Dramaturgo Ricardo Veriano descobriram uma relíquia que pode ter pertencido ao cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante, que nasceu no Sítio Tuiuiú na zona rural de Patu, RN, em 02 de janeiro de 1844, e morreu em dezembro de 1879, no lugar denominado Serrote da Tropa, na comunidade Santo Antônio, no município paraibano de São José de Brejo do Cruz.              
        

  Pesquisadores ressaltam descoberta cultural.  
Foto: Cleiton Fernandes    
                
A descoberta começou durante as pesquisas que fundamentaram a elaboração do “Auto de Jesuíno”, de autoria de Ricardo Veriano, apresentado na Feira da Cultura de Patu, no período de 2001 a 2008, quando o autor foi presenteado com um pequeno punhal, que passou a utilizá-lo como elemento cênico da obra teatral.
                 
Durante certo tempo, o teatrólogo deixou a relíquia sob a guarda de amigos. Posteriormente, o pesquisador Epitácio Andrade localizou, no Guia Quatro Rodas, edição de 2008, o apetrecho do cangaceiro, já fazendo parte do acervo museológico da Pousada Morada Nova, do antiquário Bina Toscano, localizada no km 05 da BR 226, na zona rural de Currais Novos, no Seridó Potiguar.
                           

Relíquia do Cangaceiro Jesuíno  
(Reprodução: Guia Quatro Rodas)
                  
Para o psiquiatra Epitácio Andrade, a descoberta deste objeto vem reforçar a estratégia de desenvolver “Lugares de memória” do cangaço, como recomenda a Professora Lúcia Souza, autora da dissertação de mestrado: “Seguindo os Passos do Cangaceiro Jesuíno Brilhante no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana”, aprovada com distinção, na capital paraibana, em dezembro do ano passado, na Pós-graduação de Geografia da Universidade Federal da Paraíba.
                        
Professora Lúcia defende lugares de memória do cangaço.
(Foto: Tiara Andrade)
                   
Defensor do resgate do protagonismo histórico dos algozes de Jesuíno, “Os Limões”, Andrade afirma que a relíquia pode ter sido preservada por descendentes deste clã, por outro lado, o fato de ter feito parte, como elemento cênico, da mais importante obra teatral produzida sobre o mais famoso cangaceiro potiguar, justifica a desenvoltura do Sítio de memória, representado pelo acervo desta pousada rural.
                   
Buscando aprofundar as discussões teórico-práticas sobre a autenticidade da descoberta, os pesquisadores estão convidando a imprensa e interessados sobre cangaço, para um encontro frutífero e realizador, a ocorrer no próximo dia 29 de abril, a partir das 14 horas, na Pousada Morada Nova, em Currais Novos, na região do Seridó Oriental do Rio Grande do Norte.  

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ADENDO:
Independente da autenticidade da peça o Lampião Aceso se regozija com os nobres e empenhados vaqueiros da história de Jesuíno. Solicitamos o apoio e prestígio dos rastejadores mais próximos especialmente os nossos confrades Ivanildo Silveira e Rostand Medeiros e principalmente o não tão próximo, mas por se tratar de um defensor da memória "Jesuinista" o confrade Júlio Schiara na possibilidade se fazerem presentes ao evento.  

Mais uma vez agradecemos a atenção e convite do amigo Dr Epitácio. Lamentando nossa ausência por motivos de compromisso profissional no período. 


Att Kiko Monteiro 

Maiores informações:
Epitácio Andrade
epitacioaf@hotmail.com
(84) 9641-1044

terça-feira, 19 de abril de 2011

Quando as balas lhe alcançaram

Ferimentos sofridos por Lampião + bônus de foto inédita


Cópia de foto original encontrada no bornal de Lampião, após sua morte. A aludida foto, está arquivada no instituto histórico e geográfico de Maceió, e, certamente, foi feita pelo árabe Benjamin Abrahão nos idos de 1936/1937.


Obs.: as "legendas existentes na foto ", foram por nós acrescentadas, para ilustrar, os " ferimentos a bala ", sofridos pelo rei do cangaço, em mais de 200 combates ocorridos com a polícia.

A descrição dos " ferimentos " de Lampião , encontra-se inserida no livro " Quem foi Lampião " pg. 151, do renomado pesquisador/escritor, Frederico Pernambucano de Mello .

1921 - Ferimento a bala no ombro e na virilha , ambos transfixante, com tratamento conduzido por médico ( doutor Mota), tendo a ocorrência se dado no município de Conceição do Piancó/Paraíba.


1924 - Ferimento a bala no dorso do pé direito , transfixante, com tratamento conduzido por dois médicos ( doutores José Cordeiro e Severiano Diniz ), a ocorrência se deu na Serra do Catolé, município de Belmonte, PE.


1926 - Ferimento a bala na omoplata , leve, com tratamento caseiro, tendo a ocorrência se dado em Itacuruba, no município de Floresta, PE.

1930 - Ferimento a bala, no quadril , leve, com tratamento caseiro, tendo a ocorrência se dado em Pinhão, na época distrito de Itabaiana, SE.


Fonte: Depoimentos de ex-cangaceiros e amigos, conforme indicação bibliográfica, mais dados colhidos da caderneta de apontamentos de Benjamin Abrahão, item g.1. (obra citada ) .

Um abraço a todos.

Ivanildo Alves Silveira
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lançado: Lampião, Assaltos e morte em Sergipe 

Na noite de ontem, 14, estivemos prestigiando o coquetel de lançamento da obra póstuma do jornalista Juarez Conrado. Os familiares bastante emocionados e atenciosos agradeceram as presenças e todo o apoio que receberam da imprensa e dos órgãos que proporcionaram a realização deste ultimo sonho do velho "vaqueiro da História".

 Um dos filhos, o jovem Helder Dantas foi quem autografou o nosso e de alguns amigos que encomendaram os seus com respectivas dedicatórias.




 Houve a exibição do filme "A ultima semana de Lampião"
baseado na primeiro livro de Juarez sobre o tema. Com direção e produção de Ilma Fontes ele foi todo rodado em Sergipe vindo a ser editado e considerado a primeira mini série produzida no nordeste.

CANGAÇO E POLÍTICA

Dentre os presentes estava nosso confrade Antonio Porfírio (foto à dir.) pesquisador e escritor que mantém em Alagadiço (povoado do município de Frei Paulo,SE) o museu do cangaço e o Memorial Zé Baiano.

Numa conversa de pé de parede ele nos adiantou alguns de seus mais novos achados inclusive sobre depoimentos de contemporâneos que abriram o jogo sobre umas "saias justas" do passado mas que será divulgado em momento oportuno.

Nos permitiu pelo menos adiantar que é sobre manobras de "outros" chefes políticos e coronéis sergipanos "mancomunados" com coiteiros etc. que garantiam tranquilidade e outras regalias para Lampião e alguns dos seus subgrupos em determinadas regiões do Estado.  Um tem o mesmo sobrenome de um célebre Francês.

Inclusive após o massacre em Angico. Para sorte de alguns dos sobreviventes quando aquele notório interventor lavou as mãos, entraram em cena outros protetores... ele promete citar nomes.

Coroné Severo!!! Fica a dica para uma intervenção no 3º Cariri Cangaço.

Como tínhamos um outro compromisso, permanecemos por pouco mais de uma hora. Na saída do evento eis a grata surpresa de reencontrar a amiga Vera Ferreira, neta de Virgulino e Maria.
 
 Vera, mesmo com a estafa de um longa e "perigosa" viagem foi cumprimentar a família do escritor e amigo. Comadre Vera, desta vez o acocho tende a ser mais frouxo!


O livro é edição do autor com apoio da Fundação Augusto Franco.

Valor na ocasião de Lançamento foi de R$ 20,00 (Vinte reais)

Para aquisição entrem em contato com Helder Dantas através do email heldidantas@bol.com.br 
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