sábado, 26 de fevereiro de 2011

Livros sobre Cangaço novos e usados?

É com o Professor Pereira.

Confiram o catálogo atualizado para o mês de Março. Sempre lembrando que aqui são listados somente livros sobre Cangaço, se você procura por Coronelismo; Messianismo: Canudos, Caldeirão. Por Padre Cícero; Luiz Gonzaga; Secas; Revolução de 30; história do nordeste: Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte basta solicitar uma cópia da listagem completa que lhe o professor lhe envia por email.

   AUTOR                 TÍTULO              VALOR /OBS

  1. Abelardo F. Montenegro Fanáticos e Cangaceiros / 140,00 Regular estado
  2. Adalberto Barreto A Morte de Lampião 95 pag. / 18,00 Envelhecido
  3. Adésio Rangel de Farias Cangaço e Polícia – fatos e Feitos Paraibanos 56 pag. / 18,00 Bom estado
  4. Aglae Lima de Oliveira Lampião – Cangaço e Nordeste 2ª Ed. 1970 / 110,00 Bom estado
  5. Alcino Costa O Sertão de Lampião / 45,00 Novo
  6. Alcino Costa Poço Redondo – A Saga de Um Povo 349 pag. / 45,00 Novo
  7. Aluizio Ignacio de Oliveira Um Cabra de Lampião 1982 155 pag. / 20,00 Bom estado
  8. Ana Cláudia marque e outros Andarilhos e Cangaceiros 1999 233 pag. / 22,00 Novo
  9. Anildomá Willans Lampião – Nem herói Nem Bandido / 35,00 Novo
  10. Anildomá Willans de Souza Nas Pegadas de Lampião / 30,00 Novo
  11. Antonio Amaury C. de Araújo Assim Morreu Lampião / 20,00 Ótimo estado
  12. Antonio Amaury C. de Araújo Gente de Lampião – Sila e Zé Sereno / 15,00 Novo
  13. Antonio Amaury C. de Araújo Lampião e as Cabeças Cortadas / 50,00 Novo
  14. Antônio Amaury C. de Araújo Lampião – As Mulheres e o Cangaço 1984 / 90,00 Regular estado
  15. Antônio Amaury C. de Araújo Lampião, Segredos e Conf. do Tempo do Cangaço / 50,00 Novo
  16. Antonio Amaury e outro Lampião, Herói ou Bandido? / 22,00 Novo
  17. Antonio Amaury/Luiz Ruben Lampião e a Maria Fumaça 2003 84 pag. / 30,00 Ótimo estado
  18. Antonio Barroso Pontes Cangaceirismo do Nordeste 1973 / 35,00 Bom estado
  19. Antônio Vilela de Souza O Incrível Mundo do Cangaço 2 vol. / 35,00 cada Novo
  20. Arthur Shaker Pelo Espaço do Cangaceiro Jurubeba 175 pag. / 25,00 Bom estado
  21. Belarmino de Souza Neto Flores do Pajeú, História e Tradição 2004 500 pag. / 50,00 Ótimo estado
  22. Billy Jaynes Chandler Lampião o Rei dos Cangaceiros / 45,00 Ótimo estado Bom estado: 35,00 
  23. Bismarck Martins de Oliveira Histórias do Cangaço-O Saque de Souza – PB1924 / 28,00 Novo
  24. Oleone Coelho Fontes Lampião na Bahia / 45,00 Novo
  25. Cãmara Cascudo Notas e Documentos para a História de Mossoró / 35,00 Novo
  26. Carlos Lyra (entrevista) Nunca Matei Ninguém- Chico Jararaca / 25,00 Novo
  27. Carlos Newton Júnior O Cangaço na Poesia Brasileira / 25,00 Novo
  28. Cicinato Ferreira Neto A Misteriosa Vida de Lampião / 30,00 Novo
  29. Claudio Aguiar Lampião e os Meninos 1994 125 pag. / 20,00 Bom estado c/ carimbo
  30. Coleção Mossoroense Pequena Cantoria de Mário de Andrade e Câmara Cascudo para Lampião e Jararaca 103 pag. / 30,00 Ótimo estado
  31. Daniel Lins Lampião – O Homem que Amava as Mulheres 25,00 Novo
  32. Élise Grunspan-Jasmin Lampião, Senhor do Sertão 2006 387 pag. / 65,00 Ótimo estado
  33. Élise Jasmin Cangaceiros 2006 / 80,00 Novo
  34. Érico de Almeida Lampião, Sua História 1996 80,00 Bom estado
  35. Estácio de Lima O Mundo Estranho dos Cangaceiros 1965 / 100,00 Bom estado, envelhecido
  36. F. Pereira Nóbrega (pe.Pereira) Vingança Não / 40,00 novo Ed. 1960: / 80,00
  37. Felipe de Castro A Derrocada do Cangaço 1976 217 pag. / 70,00 Necessita encadernar
  38. Fenelon Alkmeida Jararaca: O Cangaceiro Que Virou Santo 1981 91 pag. / 35,00 Bom estado
  39. Fernando Portela e Cláudio Bojunga Lampião, o Cangaceiro e o Outro 1982 88 pag. / 30,00 Envelhecido/miolo em bom estado
  40. Firmino Holanda Benjamim Abrahão / 15,00 Novo (bolso)
  41. Frederico P. de Mello Estrelas de Couro. Ediçao de luxo -Lançamento 1,6kg3 / 100,00 Novo
  42. Frederico Pernambucano de Mello Quem Foi Lampião 1993 151 pag. / 70,00 Ótimo estado
  43. Geraldo Ferraz Pernambuco no Tempo do Cangaço 2 vol. 1.024 pag. / 130,00 Novo
  44. Gilbamar de Oliveira Bezerra A Derrota de Lampião (Mossoró) 2010 104 pag. / 30,00 Novo
  45. Gonçalo Ferreira da Silva Lampião – A Força de Um Líder - / 40,00 Novo
  46. Gouveia de Helias Dias Sem Compaixão 2010 178 pag. / 25,00 Novo
  47. Gregg Narber Entre a Cruz e Espada:Violência e Misticismo no Brasil Rural 206 pag. / 30,00 Ótimo estado
  48. Hilário Lucetti Histórias do Cangaço 2001 115 pag. / 35,00 Bom estado
  49. Honório de Medeiros Massilon / 45,00 Novo
  50. Horaldo Felinto Lampião, Cangaceiros, Contos e Coisas do Sertão 166 pag. / 35,00 Novo
  51. Iaperi Araújo No Rastro dos Cangaceiros 2009 152 pag. / 40,00 Novo
  52. Ilda Ribeiro de Souza Angicos- Eu Sobrevivi- Sila – SP 1997 / 70,00 Ótimo estado
  53. Inês Caminha L. Rodrigues A Revolta de princesa 1981 81 pag. / 10,00 Bom estado-Livro Bolso
  54. Instituto Cultural do Cariri Revistas Itaytera nº 22- 29– 33– 34– 36- 37- 39 / 25,00 Bom estado
  55. Ivan Bichara Carcará- Romance Histórico - Ataque de Sabino Gomes a Cajazeiras em 1926 276 pag. / 25,00 Bom estado
  56. Ivonaldo Guedes Lampião, Corpo Fechado 2007 183 pag. / 30,00 Novo
  57. João de Sousa Lima A Trajetória Guerreira de Maria Bonita / 35,00 Novo
  58. João de Sousa Lima Moreno e Durvinha / 35,00 Novo
  59. João de Sousa Lima e Juracy Marques(Org.) Maria Bonita- Diferentes Contextos Que Envolveram a Vida da Rainha do Cangaço 172 pag. / 35,00 Novo
  60. João Gomes de Lira Lampião, Memórias de um Soldado de Volantes 2006 (2 vol.) 100,00 Novo
  61. José Alves Sobrinho Lampião e Zé Saturnino 16 anos de lutas / 40,00 novo
  62. José Anderson Nascimento Cangaceiros, Coiteiros e Volantes / 25,00 Ótimo estado
  63. José Gastão Cardoso A Heróica Resistência de Princesa 2ª ed. / 20,00 Novo
  64. José Gregório Cangaceiro e Herói - Jesuino Brilhante 1976 123 pag. / 65,00 Envelhecido/ um Furo de traça na parte superior
  65. José Peixoto Júnior Bom de Veras e Seus Irmãos (Os Marcelinos) / 35,00 Novo
  66. José Vieira Camelo Filho (ZUZA) Lampião o Sertão e Sua Gente / 40,00 Novo
  67. Leandro C. Fernandes/Antônio Amaury Lampião a Medicina do Cangaço / 40,00 Novo
  68. Leda Barreto Julião- Nordeste- Revolução / 22,00 Bom estado
  69. Leonardo Ferraz Gominho Floresta, Uma Terra Um Povo 1996 vol. II 373 pag. / 50,00 Bom estado
  70. Leonardo Mota No Tempo de Lampião 2002 / 35,00 Novo
  71. Luitgarde Oliveira C. Barros A derradeira gesta, Lampião e os Nazarenos Guerreando no Sertão 200 260 pag. / 45,00 Novo
  72. Luiz Bernardo Pericás Os Cangaceiros / 50,00 Novo
  73. Luiz Lorena Serra Talhada 380 pag. / 50,00 Ótimo estado
  74. Luiz Luna Lampião e Seus Cabras 1972 / 35,00 Com manchas/ miolo em bom estado
  75. Luiz Rubens F A Bonfim Notícias Sobre a Morte de Lampião 166 pag. / 35,00 Novo
  76. Luiz Rubens F. de A. Bonfim Lampião e os governadores vol I / 30,00 Ótimo estado 
  77. Luiz W. Torres Lampião e o Cangaço / 25,00 Ótimo estado
  78. Manoel Benício O Rei dos Jagunços 1997 / 25,00 Ótimo estado
  79. Maria C. R. da Matta Cachado As Táticas de Guerra dos Cangaceiros / 40,00 Bom estado
  80. Maria do Rosário Caetano org. Cangaço-Nordestern no Cinema Brasileiro 2005 120 pag. / 35,00 Ótimo estado.
  81. Maria Isaura P. de Queiroz História do Cangaço / 20,00 Regular estado
  82. Mariane L. Wieserbron Historiografia do Cangaço e o Estado Atual da Pesquisa Sobre Banditismo a Nível nacional e Internacional (Apostila) 28 pag. Coleção Mossoroense Séria “A” / 20,00 Bom estado. 
  83. Marilourdes Ferraz O Canto do Acauã / 300,00 Capa dura bom estado
  84. Mario Souto Maior Antonio Silvino – Capitão de Trabuco / 40,00 Novo
  85. Melchíades da Rocha Bandoleiros das Catingas 178 pag. 40,00 Bom estado, envelhecido 
  86. Moacir assunção Os Homens Que Mataram o Facínora - 40,00 Novo
  87. Napoleão Tavares Neves Cariri, Cangaço, Coiteiros e Adjacências 2009 131 pag. / 30,00 Novo
  88. Nelly Cordes O Rei dos Cangaceiros 1954 181 pag. / 20,00 Envelhecido
  89. Nertan Macedo Lampião- Cap. Virgulino Ferreira – RJ – 5ªed. 1975 / 25,00 Regular estado
  90. Nertan Macedo Sinhô Pereira-O Comandante de Lampião RJ / 45,00 Bom estado
  91. Nertan Macedo Floro Bartolomeu – O Caudilho dos Beatos e Cangaceiros 217 pag. / 50,00 Regular estado
  92. Optato Gueiros Memórias de Um Oficial Ex-Comandante de Forças Volantes / 70,00 Regular estado
  93. Raimundo Nonato Jesuíno Brilhante - O Cangaceiro Romântico / 40,00 Novo 2007
  94. Raimundo Soares de Brito Nas Garras de Lampião 2006 161 pag. / 40,00 Novo
  95. Ranulfo Prata Lampião / 30,00 novo - Ótimo estado: / 20,00
  96. Raquel de Queiroz Lampeão, a Beata Maria do Egito- Teatro 1995 60 pag. / 20,00 Ótimo estado
  97. Raul Fernandes A Marcha de Lampião,assalto a Mossoró. / 40,00 Novo
  98. Raul Fernandes Ultimato de Lampião e Resposta de R. Fernandes / 15,00 Novo
  99. Renato Phaelante Cangaço – Um Tema na Discografia da MPB 97 pag. / 40,00 Novo
  100. Roberto Tapioca Lampião, o Mito 2004 112 pag. / 25,00 Ótimo estado
  101. Rodrigues de Carvalho Serrote Preto 1961 e 1974 / 70,00 Bom estado
  102. Rodrigues de Carvalho Lampião e a Sociologia do Cangaço / 80,00 Ótimo estado
  103. Rosa Bezerra A Representação Social do Cangaço / 40,00 Novo
  104. Rui Facó Cangaceiros e Fanáticos / 25,00 Bom estado
  105. Sérgio Dantas Lampião- Entre a Espada e a Lei / 55,00 Novo
  106. Sérgio Dantas Antônio Silvino, O Cangaceiro, o Homem, o Mito / 60,00 Novo
  107. Severino Barbosa Antonio Silvino – O Rifle de ouro / 80,00 Reg. Bom estado 100,00
  108. Souza barros A Década de 20 em Pernambuco / 40,00 Bom estado 
  109. Vera ferreira /Antonio Amaury De Virgolino a Lampião 2010 / 50,00 Novo
  110. Vera Ferreira/Antonio Amaury De Virgolino a Lampião 1999 254 pag. / 50,00 Ótimo estado
  111. Vera Ferreira/Antonio Amaury O Espinho do Quipá / 45,00 Bom estado
  112. Vilma Maciel Lampião- Análise de suas Características Líder / 20,00 Novo

Relação de alguns títulos da “Coleção Mossoroense” Série “B” – Que são Plaquetas ou Folhetos, semelhante a uma apostila. São publicações de Palestras, Artigos, Pequenas Biografias, Crônicas, pequenos registros de Fatos históricos, entre outros. Tenho pequeno estoque desses trabalhos, pois a Coleção Mossoroense está em fase de arrumação, por mudança de Sede. Mas em breve terei estoque suficiente para atender a todos.

  1. - Depoimento Sobre Lampião em Mossoró – Laire Rosado - 13 pag. Ótimo estado – 5,00
  2. - Jesuino Brilhante - Câmara Cascudo – 23 pag. – Ótimo estado – 12,00
  3. - Jararaca – Câmara Cascudo – 20 pag. Ótimo estado – 12,00
  4. - A Versão Oficial Sobre Lampião – José Romero A. Cardoso – 12 pag. Ótimo estado – 12,00
  5. - Viajando o Sertão-(RN) Câmara Cascudo – 61 pag. Ótimo estado – 15,00
  6. - Cangaço e Coiteiros – Oswaldo Lamartine – 7 pag. Ótimo estado – 5,00. OBS. Pequeno conteúdo para título tão importante.
  7. - Breve Histórico do Cangaço e das Secas no RN. Gutenberg Costa – 37 pag. Ótimo estado – 15,00
  8. - Bibliografia Sobre Cangaço Cangaceirismo no Boletim Bibliográfico e na Coleção Mossoroense – Isaura Ester F. R Rolim – 10 pag. 5,00
  9. - Cangaço e Organização da Cultura, Caso da 1ª Biografia de Lampião – José R A Cardoso – 30 pag. Ótimo estado – 10,00
  10. - O Frustado ataque de Lampião a Mossoró- Diógenes Magalhães – 8 pag. Ótimo estado – 6,00
  11. - O Mito de Lampião – Visão Histórica e Literária – Kécia B de Figueiredo e Terezinha H M Costa – 48 pag. Ótimo estado – 12,00
  12. - Três Crônicas Sobre o Treze de Junho (1927) Vingt-um Rosado - 11 pag.– Bom estado – 5,00
  13. - Ataque de Lampião a Mossoró Através da Literatura de Cordel – Veríssimo de melo – 6,00
  14. - O Nordeste Brasileiro- Mitos e Contradições – Maurício de oliveira – 5,00
A Coleção Mossoroense tem um grande acervo sobre SECAS no Nordeste. Qualquer informação, estou as ordens.

  LITERATURA DE CORDEL- EDITORA LUZEIRO
  Folhetos NOVOS com 32 páginas. Preço R$ 4,00 unidade.

  1. - Leandro Gomes de Barros - A Confissão de Antonio Silvino - Como Antônio Silvino Fez o Diabo Chorar
  2. - Manoel D’Almeida Filho - Zé Baiano – Vida e Morte
  3. - Antonio Teodoro dos Santos - Lampião, o Rei do Cangaço
  4. - Antônio Teodoro dos Santos – O Encontro de Lampião com Dioguinho
  5. - Antônio Teodoro dos Santos - Maria Bonita a Mulher do Cangaço
  6. - Manoel D’Almeida filho - A Volta de Lampião ao Inferno
  7. - Enéias Tavares Santos - O Cangaceiro Isaias 
  8. - Luiz Gonzaga de Lima – A Chegada de Lampião no Purgatório – Lampião em Serrinha – Justiça de Lampião
  9. - Rodolfo Coelho Cavalcante – A Chegada de Lampião no Céu 
  10. - Nogueira de Acopiara - Lampião e padre Cícero Num Debate Inteligente – Lampião Absolvido
  11. - Antônio Américo de Medeiros – Lampião- A Sua História Contada Toda em Cordel
  12. - Minelvino Francisco da Silva – O Cangaceirismo do Nordeste
  13. - Manoel D’Almeida Filho - O Encontro de Lampião Com Adão no Paraíso – Lampião Fez Justiça.
  14. - Manoel de D’Almeida Filho - Vida, Vingança e morte de Corisco.
  15. - José Pacheco - A Chagada de Lampião no Inferno – A Grande Luta de Lampião Com a Moça Que Virou Cachorra.
  16. - Manoel D’Almeida Filho - Os Cabras de Lampião.
  17. - José Camelo de melo Resende – Uma das maiores Proezas Que Antonio Silvino Fez no Sertão de Pernambuco + A Confissão de António Silvino + Como António Silvino Fez o diabo chorar.
  18. - Jotabarros – Lampião e Maria Bonita no Paraíso – Lampião governo Geral do Inferno.
Estou sempre comprando e vendendo livros, os preços podem variar para mais ou para menos, a qualquer momento. Possuo apenas uma unidade de alguns títulos, então será sempre importante confirmar o estoque do livro desejado.

- O frete não está incluído no preço dos livros
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Os pedidos podem ser feitos por E-mail franpelima@bol.com.br ou pelos Tel. (83) 3531 7352 /(83) 9911 8286 / (83) 8706 2819

Att Professor Pereira
Cajazeiras/PB

  

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sgt. Elias não foi o último

Seu Biano tá vivo! 

Declaração de ex-combatente, que reside em Irará, BA desde 1949, contradiz notícia veiculada pela mídia nacional.

Por Emerson Nogueira Pinho - Mercinho

Seu Biano - 96 anos
Diz ter feito parte da Coluna que matou Lampião

Bibiano Ferreira Dias, 96 anos, conhecido como “Seu Biano”, reside em Irará, no hoje Bairro do Cajueiro, desde 1949. Natural de Uauá – Bahia, Seu Biano veio para o município trabalhar na construção da Estrada de Ferro, que não foi concluída, e por aqui ficou.

No domingo, dia 13 de Fevereiro de 2011, Seu Biano recebeu em sua casa a visita de Emerson Nogueira Pinho, Mercinho. O jovem sentiu-se motivado a procurá-lo após ler, no Portal Iraraense, a notícia de que havia morrido em Alagoas o último integrante da Volante que matou Lampião.

Na entrevista que fez com Biano, Mercinho escutou a afirmativa da qual já tinha ouvido falar. Biano, lúcido e disposto, além de contar ter feito parte da Volante que matou o cangaceiro mais famoso do Brasil, ainda lhe deu detalhes.

Contestação

Seu Biano contou os motivos que o levaram a entrar na polícia e “caçar Lampião”; como foi armada a tocaia, que capturou o cangaceiro; além de algumas atrocidades cometidas pelo “Rei do Cangaço”, que “não era brinquedo”, segundo declarou.

O ex-combatente ainda contesta a data que a mídia costuma divulgar como o dia de morte de Virgulino. Embora não tenha apresentado documentos, ele garante que Lampião foi executado no dia 24 de outubro de 1938 e não 28 de julho do mesmo ano , como é amplamente noticiado.

As informações de Seu Biano contradizem a notícia de que Elias Marques Alencar, falecido no Sertão de Alagoas, na segunda-feira, sete de fevereiro, seria o último sobrevivente do grupo que executou Lampião . Além de contestatórias, as declarações também podem servir como desafio ou inspiração aos historiadores.

Leia, logo abaixo, relato de Mercinho sobre o seu encontro com Seu Biano e as declarações do mesmo.

Quando recebi a agradável incumbência, não imaginava o tamanho da emoção, embora guardasse alguma experiência adquirida na Construção, senti algo diferente, era mais uma missão.

Ao abrir o Portal Iraraense vi a notícia da morte do ultimo integrante da Volante que participou de uma das emboscadas mais marcantes do século XX. Aquela que deu fim a vida de Virgulino Ferreira, o Lampião. Instintivamente reagi, “Biano tá vivo”. E assim passei uma mensagem para o amigo Ró, dando nota a esta menção. Alguns minutos passaram-se e veio a resposta: “Vlw mercinho, agora é v s tem como fazer entrevista. Abs”. No momento fiquei tenso, mas respondi: “valeu”. Em casa Maínha observou-me um pouco inquieto. Comecei a matutar os pensamentos, pedi inspiração, queria logo pegar o rastro do Virgulino.

Uma virose adiou por alguns dias o encontro, mas domingo 13 de fevereiro de 2011, partir logo cedo a pé, não era perto lá de casa, mas, com aquela ansiedade, pouco importava a distância. Já conhecia o velho, há cerca de um cinco anos estive lá junto com meu avô, porém a experiência era nova, não sabia como estava o velho Biano.

Assim que me aproximei da casa avistei de longe alguém sentado. Era ele. Quanta alegria, não sabia se ligava logo o gravador ou se tirava foto. Comecei a fotografar e fui chegando. De longe o velho me mirava e observava tal aproximação. Cheguei no portão e gritei:

-Bom dia Sr. Biano, posso chegar?
- Entra, pode deixar aberto.

Entrei já atirando, queimava sem parar, quando o velho disse:

-Essa foto é pra matar rato, (Risos).




Logo percebi que a irreverência continuava a ser a marca registrada do ilustre personagem Bibiano Ferreira Dias, 96 anos, nascido na Fazenda Sitio Kariri na cidade de Uauá em 02 de dezembro de 1914, filho do Sr. Deloterio José Ferreira e da Srª Domingas Maria Dias, teve dezesseis irmãos. Dez eram do casal.

Cresceu no sertão de sol ardente. De família humilde, sentiu já na infância o ardor da seca que castigava o Nordeste. Ainda criança brincava de cavalinho de pau fazendo pareia, gostava de caçar preás com algo chamado por ele de “bespa”. Tinha muitos primos, um dos tios tinha 16 filhos, a meninada era vasta na família.

Sábado, novembro de 1934, a família de Biano é acordada às quatro horas da manha. Era Lampião e seu bando, o mesmo estava bravo queria saber como chegar à serra do Jerônimo, seu tio e padrinho Gino foi apontado para mostrar o local. Biano conta que Lampião estava com seu cachorro e o fez morder o braço do seu tio, que durante a caminhada parou e falou que o velho Norbertão da Cabeceira sabia bem sobre toda região.

De volta, ensanguentado e surrado, o tio de Biano foi parar no hospital e morreu messes depois.

Foi naquele momento que Biano, aos 19 anos de idade, tomaria uma decisão que mudaria a historia de sua vida. Revoltado com as agressões sofridas pelo seu tio, partiu na segunda-feira, 29 de novembro de 1934, para a “Bahia” (Salvador), estava determinando a entrar na polícia. Disse à sua mãe: -“Só volto pra casa no dia que pisar na barriga de Lampião”.

Em 1935, já era cabra da peste e mandava vê no gatilho. Começou a jornada e logo no inicio foi escalado para lutar na guerra de Olinda. Embarcou junto com 70 saldados em um navio para Pernambuco, onde combateram nos conflitos da região, foi guerra sangrenta. De volta passou seis messes em treinamento no Quartel dos Aflitos. Começou a trabalhar duro, cortar trecho, portava um fuzil. Biano conta que até a morte de Lampião houve muita “rusga”, - “Lampião não era brinquedo”, lembra.

Em março de 1936 Biano foi para Jeremoabo caçar cangaceiros. A volante não levou Soldados de Salvador, “eles queriam cabras do sertão, que sabiam andar no mato”. Alguns rastejavam feito cobra. Eram de varias regiões, entre eles: Chico Sales, que em uma das caçadas ficou três dias no mato, não agüentou e bebeu o próprio mijo; Joazinho de Felix; Silvino Dantas; João de Estevam; Estevão Gomes; Joaquim Bandinha; Zé Peba; Matias; Zé Pretinho; entre muitos outros. Eram de diversas cidades e regiões do sertão nordestino como: Chorrochó, Uauá, Formosa, Curaça, Sítio do Kariri, karataca, Canudos entro outras.

 Os pés de Bibiano andaram muito pelo Sertão .

Lampião já carregava nas costas muitas desgraças. Entre elas, assassinou o prefeito de Uauá, conhecido como Herculano Borges. Esticaram o corpo do prefeito com cordas e lascaram de fora a fora.

Em outra oportunidade, na fazenda Catarina arrancou um anel de uma senhora. A mesma gritou: “Vai o anel fica os dedos”. Lampião então disse: “Ah! Então agora vão os dedos”. Assim colocou a mão da velha no sepo e a decepou. A filha da senhora gritou raivosamente, enquanto segurava o seu bebê de um mês. Eles pegaram a criança e jogaram pra cima. O bebê desceu direto no punhal do cangaceiro, morrendo. Em seguida, atiraram na mãe, matando-a.1

Já em Cumbe, hoje cidade de Euclides da Cunha, pregaram o pênis de Zé da Pedra num balcão, e saíram avisando se ele ainda estivesse no local na volta morria 2 . Zé da Pedra arrancou o que sobrou e correu. Biano re-encontrou o Zé anos atrás em Euclides da Cunha e junto relembraram o fato.

O velho relatou-me que Lampião tinha apoio de gente grande, inclusive do Governo de Sergipe, através do *Dr. Eroldino. “Enquanto agente tinha bala do ano de 37, o bando de Lampião já tinha a do ano de 38”, afirmou Biano. Numa das batalhas, na **Serra da Massaranduba, houve grande baixa de soldados. O pau tava quebrando, nesse dia dezesseis homens foram atingidos, inclusive Biano, dez morreram. Perguntei quantos cangaceiros morreram e o velho respondeu: - “Nenhum. Eles estavam em cima da serra entrincheirados, tinham a visão de tudo”.

O pior estava por vim. O mato tava alto e seco, Lampião tocou fogo na serra e foi embora. Tudo bem planejado. Alguns soldados foram queimados, Biano e outros sobreviventes foram atendidos em Simão Dias. Perguntei a ele onde foi o tiro, o velho arribou a calça e tava lá a marca que ele carregará por toda vida. Tratou-se e continuou na busca, tinha uma promessa a cumprir.

Biano mostra cicatriz na perna. 
"Herança"do cangaço

A prosa tava boa, em meio ao canto de pássaros e cigarras continuei a apertar o velho. Com o recurso que portava ainda fiz filme, fiquei com medo de a munição acabar, o que viria acontecer após alguns cliques. Agora, só com o gravador ligado, o que me restava era registrar a voz. Assim continuei no cangaço, tava protegido, tava com o “saldado Biano”.

“Pegaram o rastro pelo Rio São Francisco, próximos a região da Serra de Pão de Açúcar, lá um dono de uma venda soprou para os saldados que o velho Zé é quem carregava mercadoria para o bando”, seguiu contando Biano. A Volante tava forte, perguntei como era a farda, respondeu-me: -“Que farda nada, a gente ficava era paisana, farda vestia em Salvador”. Foram chegando, até que a peça chave entregou o local exato do acampamento.

Lampião deixava três burros no beira do Rio e um senhor conhecido como Velho Zé era quem tomava conta e levava os mantimentos. Apertaram o sujeito, ou dizia ou morria. Biano era comandado pelo Tenente Fernandes, ele era de Curaçá, na outra ponta tava o Sargento Bezerra e sua gente, ele era de Alagoas. Biano conta que Tenente Fernandes era bravo, miserável.

Na madrugada de 24 de outubro de 1938, Biano acompanhava o agrupamento que subiu a serra na fazenda Angicos, o velho Zé mostrou o local exato. A Volante parecia que não pisava no capim e sim em algodão. Armados até os dentes foram lentamente até o ponto em que os cachorros do bando não percebessem tal aproximação. O sargento Fernandes posicionou uma metralhadora e foram cercando o acampamento. Num piscar de olhos o fogo começou. Foram mais de 20 minutos de bala, ate que tudo foi se acalmando, quando chegaram e olharam a miséria tava feita. 

Ao chegar o local viram que alguns ainda agoniavam. Onze mortos. Duas mulheres e nove homens. Lá também estava o Rei do Cangaço, despachado. Muitos conseguiram escapar, pois estavam em acampamento separado. Os soldados começaram a pegar pertences, dinheiro, armas... rasparam tudo.

Biano pegou um revolver ***parabelo e um punhal de prata. O velho contou ter mexido nas intimidades de Maria Bonita, -“Ainda tava quente”. Foi sangue! Cortaram as cabeças com facão. As mesmas foram levadas e expostas para o povo.

Em nove de novembro de 1938 a tropa veio para Alagoinhas, onde foram recebidos e tiraram fotos. Alguns dias depois, Biano chamou o comandante e manifestou o seu desejo de ir embora, revelando que só entrou na polícia pra matar Lampião. O chefe retrucou e disse: - “Embora nada, você vai é para o Sul”. No dia seguinte Biano prendeu um cidadão. Quando familiares dele foram ao Quartel para soltar o rapaz, um deles apontou para Biano na saída, prometendo-o.

Fotografado em Alagoinhas

À noite Biano foi a um Cabaré e tomou todas... Na volta percebeu uma tocaia. Atiraram! Mas, habilidoso que era, Biano puxou o revolver e mandou bala, acertando e matando um deles. Neste mesmo dia o Sargento Antonio lhe avisou que havia ordens para prendê-lo, aconselhando-o a fugir rapidamente. Biano arrumou as coisas e na calada da noite “pinotou”.

Andando, Biano chegou à Inhambupe. De lá seguiu para Dias Dávilla, onde encontrou um amigo chamado Joãozinho. Biano recebeu um bom prato de comida, além de apoio para prosseguir. Partiu então para Serrinha, passando por Araci. Lá encontrou o saldado João Mota, conterrâneo e amigo. O mesmo levou-lhe a casa de Zé Reis, onde descansou. João Mota mandou-lhe aguardar, pois, iria passar um caminhão com destino a Tucano. Biano então pegou a carona até o destino.

De Tucano seguiu a pé até chegar em Euclides da Cunha. Em Euclides foi à casa de um amigo de seu pai. Este lhe arrumou um burro para ir até a sua terra natal Uauá. Bateu na casa de sua mãe, a promessa tava cumprida.

Passaram-se alguns dias, ate que sua mãe arrumou-lhe dinheiro. Partiu para Bom Jesus da Lapa, onde ficou por dois anos. Depois continuou as andanças, ate que chegou a Jacobina. Sem dinheiro e após tomar umas cachaças, resolveu vender o revolver e o punhal que foram dos cangaceiros. Não imaginava o valor que aquelas peças teriam anos depois, nos dias atuais. Em 1940 a notícia se espalha. Biano fica sabendo que o Tenente Zé Rufino derrubou Curisco em Barra do Mendes, a vida de cangaço deu seu o último suspiro.

Em 15 de outubro de 1944 Biano casou-se com Eremita Maria de Macedo Dias. O casório se deu após muita insistência do apaixonado casal, pois, a família da jovem não queria conta com Biano que, na época, era temido e valente.

Seu Biano e D. Eremita .

No dia do casamento ele tomou alguns conhaques. -“Não vi Igreja, não vi Padre, não vi nada”, diz Biano, revelando que só ganhou sentido apos a cerimônia. Ali então faria uma promessa que ostenta ate hoje. Nunca mais tocou em cachaça.

Biano teve dez filhos, cinco homens e cinco mulheres. No final de 1949, chegou a Irará, através de seu irmão Zé Ferreira, um dos empreiteiros da Estrada de Ferro. Neste tempo, Biano era motorista de caminhão. Aqui sentou praça, depois de algum tempo, comprou a casa de Artur Baleiro onde vive até hoje. Perguntei ao velho:
- Sr. Biano o senhor gosta de Irará.
Respondeu-me:
- Não existe lugar melhor que Irará.

Mandou-me olhar para o lado da casa para ver a plantação. Eram pés de mandioca. Por alguns instantes percebi o velho distante, parecia estar viajando no tempo. Pensei na importância de Biano para a cultura brasileira. Sem palavras, fiquei a contemplar.

Ele levou-me ate o portão, nos despedimos, deu-me um forte aperto de mão, agradeci a Deus pela oportunidade. Seguir em frente, deixando para trás alguns inesquecíveis momentos que estarão sempre na memória do nosso velho Bibiano Ferreira Dias.

Passaram-se três dias e tive que voltar, precisava tirar algumas duvidas. O repertório do velho era amplo. Batemos mais uma grande prosa, desta vez, com a presença mais ativa de Dona Eremita, que disse: - “Ele já não tá se lembrando de tudo”.

Uma das dúvidas que mais me chamou a atenção foi sobre a data da morte de Lampião. Olhando em algumas reportagens, percebi que muitas dão a data de 28 de julho de 1938. Questionei com Biano, o mesmo repetiu-me que foi em 24 de outubro de 1938.

Continuei com o mesmo entusiasmo, prestei atenção naquele belo casal, eram décadas de convivência. Dona Eremita ofereceu-me um cafezinho, estava saboroso. Agradeci mais uma vez, aproveitei e registrei uma foto com os dois. Nos últimos comprimentos me disse que era um prazer estar recebendo uma visita: “Estarei sempre aqui, é só aparecer”.

 Seu Biano e Mercinho Irará, 16/02/2011

Emerson Nogueira Pinho Mercinho, É amante da memória e da história de Irará, é servidor público municipal e escreveu “A Construção – Histórias de Mestre Januário”, livro de memórias de seu avô, o reconhecido mestre de obras Januário.

Sugestão de Ivanildo Silveira
Pescado nos Açudes: Roberto Martins e Portal Iraraense


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Obs. Lampião Aceso e Ivanildo Silveira
1 e 2: Duas das principais lendas sobre Lampião.

* Eronides de Carvalho.

** Talvez esteja se referindo a fazenda Maranduba.
*** Parabellum. 

Há exceções, mas quem busca as fontes vivas sabe que deve relevar as controvérsias e traições da memória destes. Do alto de seus 96 anos, Seu Biano não é diferente, deve ser perdoado pela imprecisão de datas, e alguns detalhes relatados, que não se harmonizam com a bibliografia relativa a morte de Lampião .

Pessoalmente, respeitamos quem pensa de modo contrário, Porém ninguém pode duvidar, que ele foi um policial militar (a foto está lá para comprovar).


Submeto á apreciação dos nossos rastejadores.

Informação atualizada em 25 de julho de 2018: Seu Biano faleceu no dia 24 de maio de 2016.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Achados

 Enedina, a bela Enedina
Olhem que ainda não é 8 de Março, mas justamente neste 23 de fevereiro dedicamos dois artigos a duas senhoritas, personagens da saga de Lampião. 
A primeira foi homenageada pela confrade Aninha e a seguir um artigo comemorativo pela razão de um achado daqueles indeléveis para história do cangaço! 
Quebrando nosso ritmo atual, diria até um protocolo de uma no máximo duas postagens diárias não podia adiar para que vocês assim como eu tivessem a oportunidade de conhecer a figura de Enedina, na única fotografia existente.
Texto e foto: Cortesia do "vaqueiro da história", mestre Alcino Costa

Há muitos anos, dominado pela minha obsessão em pesquisar as coisas do sertão, em especial, as coisas do cangaço, eu vivo à procura de fatos quase que impossíveis de serem encontrados dos tempos de Lampião.

Carrego em meu sentimento uma vontade louca de encontrar fotos daquelas mocinhas que se bandearam para o cangaço. Será que fotografias não conhecidas poderiam ainda ser encontradas? – assim eu imaginava.

Eu tinha quase a convicção que não. Você, meu querido vaqueiro da história, você já imaginou encontrarmos uma foto de Lídia Pereira de Sousa, a famosa Lídia de Zé Baiano, nascida no Raso da Catarina, no lugarejo Salgadinho, o mesmo local do nascimento de Nenê de Luís Pedro e de Naninha de Gavião?

Como se sabe, dizem que Lídia era a mulher mais linda e mais atraente do cangaço. A sua história foi triste e medonha. Em 1934 foi assassinada. O assassino foi seu próprio companheiro, o desalmado “Carrasco de Chorrochó”, o antigo pedreiro Aleixo, celebrado no cangaço com o nome de Zé Baiano. Uma versão dá conta de que ela foi enterrada no Riacho do Quatarvo, nas terras da antiga fazenda Paus Pretos, do coronel Antônio Caixeiro, em terras do município de Poço Redondo.

Será que existem fotos da bela 'Maria de Juriti', nos tempos de sua juvenil mocidade ao lado deste famoso cangaceiro? Quem é de nossos confrades que conhece uma foto de Dinda, a mocinha filha de Poço Redondo que foi para a companhia de seu noivo, João Mulatinho, irmão de Adília de Canário, alcunhado no bando de Delicado?

Quem conhece uma foto de Rosinha, de Mariano e de Adelaide, de Criança, caboclinhas irmãs, filhas que eram de Lé Soares?

Quem antes dessa postagem conhecia uma foto de Enedina, a única mulher casada do bando de Lampião? Com certeza absoluta ninguém.

Pois bem! Meus amigos e companheiros no rastejar a história dos povos sertanejos, em especial a história do cangaço e de Lampião, neste mês de fevereiro de 2011, eu tive uma grandiosa surpresa. Surpresa que me deixou pleno de felicidade. Emocionado mesmo. Conversando com Antônio Neto, um grande artista de Poço Redondo, neto da falecida Maninha, que era irmã de Enedina, a Enedina de Zé de Julião, a Enedina que morreu em Angico ao lado de Lampião, ele me disse que sua mãe, dona Antonieta, tinha uma foto da esposa do cangaceiro Cajazeira de pouco antes dela ter ido para o cangaço. Ainda mais. Que aquela foto havia sido tirada no dia de seu casamento que aconteceu na igrejinha de Poço Redondo, em 15 de Agosto de 1937.

Fiquei atarantado com aquela inesperada novidade. Ter esta foto em minhas mãos era algo de um valor extraordinário. Tonho Neto se comprometeu em ir buscá-la na Pia do Boi, fazendinha do município onde a sua mãe reside.

A minha expectativa era enorme. Eis que no dia 20 deste mês, este meu querido amigo me entregou a foto, esta foto que tenho a felicidade de mostrá-la a todos os que pesquisam e estudam o cangaço.

Enedina, a esposa de Zé de Julião

Vejam meus companheiros o quanto Enedina era bela. Uma menina-moça que carregava em seu corpo e em seu espírito uma lindeza incomparável. E saber que uma jovem e linda mulher, como Enedina, no fulgor de sua mocidade, perdeu a vida, com a sua cabeça esbagaçada por uma infeliz bala, na subida de uma das serras de Angico, é um acontecimento que ainda hoje, após tantos anos, nos deixa tristes e desconsolados.

Olhem devagar e com muito carinho esta foto. O que é que vocês acharam? Que tal! Aí está a prova do quanto a mulher sertaneja era e é bela, linda, maravilhosa.

A beleza da mulher cangaceira era realmente invulgar. Além de Lídia, considerada a mais bela de todas, não podemos desconhecer a beleza de Maria Bonita, de Maria de Pancada, de Dulce, a segunda companheira de Criança; de Sila de Zé Sereno, o jeito trigueiro e belo de Dadá de Corisco e Inacinha de Gato e tantas outras que com sua beleza e seu fascínio alucinavam os jovens cangaceiros que tinham naquelas lindas flores campestres, flores em forma de gente, a essência do amor e do desejo se derramando aos dengos em seus másculos braços, alucinadas de desejos, dominadas por uma volúpia incontrolável, dando e recebendo quase que divinais momentos de felicidade e prazer, mesmo que em um ambiente quase que perene de sofrimento e gravíssimos perigos da própria vida.

A história tem sido injusta com a mulher cangaceira. Elas mudaram o viver do cangaço. Foram verdadeiras heroínas que amenizavam a brutalidade dos cangaceiros. Foram elas as sertanejas que ali estavam, naquele tão perigoso meio, unicamente para estarem ao lado do homem amado, dando e recebendo carinho, arriscando a vida em troca do prazer e da felicidade em acompanhar e estar ao lado do homem de sua vida.

Elas eram lindas. Enedina era uma prova do que estou afirmando. Admirem esta foto que é uma relíquia da história de Poço Redondo e da história do cangaço.


Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo

Ói o homem aí! ói a cara dele
É como se eu estivesse presente vendo a satisfação do confrade em mais um importante achado. 

Parabéns e Obrigado mestre!

Memória

17 anos sem 'Dadá'

Por: Ana Lucia

Neste ano de 2011, em que as mulheres ocupam uma posição de destaque na esfera política, econômica e social, como também mulheres ativamente envolvidas na arte, na música, na cultura, nas ciências e em vários outros setores, não podemos esquecer o centenário de nascimento da Rainha do Cangaço; Maria Gomes de Oliveira; a Maria Bonita. Mulher corajosa, a frente do seu tempo, determinou a enfrentar uma vida nômade, bandoleira, tornando-se a primeira mulher a entrar no mundo do cangaço.

A entrada da mulher no cangaço foi uma necessidade de afeto, de carinho e principalmente apoio e companheirismo diante de tantos atos criminosos praticados por seus companheiros neste sertão nordestino em que a própria sociedade como também por motivos diversos, contribuíram para que esses indivíduos se transformassem em cangaceiros ávidos por mudanças.

Diante desse exposto e recapitulando um pouco de sua história, destacamos a figura de uma outra mulher extraordinária, valente, guerreira... e amável: Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, mulher de Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco. Dadá, a Princesa do Cangaço, também chamada por Suçuarana justamente por sua valentia, tinha habilidades tanto no bordado e na costura como no manuseio de armas que, com muita precisão no atirar, foi à única mulher no cangaço a participar de forma ativa nas lutas e combates.

Dadá era diferente. Foi uma mulher forte, destemida, que seguiu seu companheiro quebrando também paradigmas sociais de sua época. Nascida em Belém do São Francisco, Pernambuco, casou-se oficialmente com Corisco tendo com ele sete filhos, dos quais apenas três sobreviveram. Sobre sua convivência com as outras mulheres e os cangaceiros dentro do bando, ela afirmou em depoimento ao médico Estácio de Lima:

“[...] Era uma convivência maravilhosa, 
todo mundo tinha seu marido, uma amor danado, 
uma costurava, outra ajeitava um vestidinho, uma coisa. 
Uma vida bacana. Com Lampião, ali,
ninguém dava um nome, ninguém se enxeria com coisa
nenhuma. Agora, se ela saísse linha, o chumbo comia,
matavam, como aconteceu com Cristina de Português e Lidia.
Os cangaceiros eram muitos amorosos, tinham tanto carinho, 
eram capazes até de se esquecer das armas.”

Nesse relato, Dadá nos revela que, mesmo possuindo características marcantes como crueldade e hostilidade, por exemplo, os cangaceiros ao mesmo tempo mostravam-se capazes de demonstrar atos de doçura e amor por suas mulheres. Dadá lembra-se ainda que “quando não tinha tiro, tinha alegria, era tudo bom”. Em 1938 o cangaço se extinguiu com a morte de Lampião e de forma definitiva em 1940 com a morte de Corisco, que teimava em continuar para vingar a morte dos seus companheiros.

De pé: Maria do Carmo, sua filha


Entretanto, cabe aqui ressaltar a bravura de Dadá, esta mulher que após uma vida cheia de sofrimentos, alegrias, amor e lutas, morreu pobre na periferia de Salvador em Fevereiro de 1994 aos 78 anos, portanto, são exatos dezessete anos que Dadá não está mais entre nós. Aposentou-se como costureira, casando-se pela segunda vez com um pintor de paredes e uma vida dedicada a família com simplicidade e humildade acima de tudo e por tudo que ela significou para a história, foi uma guerreira notável e admirada por todos que a conheciam.Dadá ainda foi homenageada por sua luta e representatividade feminina em Salvador por sua personalidade forte e grandiosa como mulher, mãe e pessoa dotada de espírito solidário.

Homenagem justa, mas não podemos esquecer a importância desta figura feminina para a história social do Brasil que, no século XX, naquela época, eram tratadas para serem submissas aos maridos, sem valor, sem direitos e muito menos eram proibidas de subverterem contra qualquer injustiça tendo que se comportar de acordo com os padrões que regiam as convenções sociais, mas em pleno sertão rural nordestino, determinadas mulheres corajosas como Dadá, por exemplo, teve o denodo de enfrentar situações diversas e adversas por amor, cumplicidade e companheirismo participando ativamente do cangaço enquanto movimento popular, tornando-se um símbolo feminino contra a resistência política e social vigente.

São dezessete anos sem a nossa querida Dadá. Querida sim, pelos seus feitos, pela pessoa humana que foi, pela sua história de amor e dedicação que sobrepujou diante de todos por suas qualidades.

Ana Lucia Granja de Souza
Historiadora e pesquisadora


Adendo Lampião Aceso

Sérgia da Silva Chagas, a Dadá Morreu de câncer intestinal, dia sete de fevereiro de 1994, na capital baiana, precisamente no bairro de Mussurunga, sobrevivendo com uma pensão deixada pelo seu segundo marido. 


Viveu 12 anos de aventuras e perigos no bando de Lampião. Raptada por Corisco, aos 13 anos, na cidade baiana de Glória, Dadá acabou se apaixonando pelo "diabo louro". Em pouco tempo ela se transformou juntamente com Maria Bonita, a mulher de Lampião, numa das líderes do bando e, entre suas tarefas, no dia-a-dia do cangaço, era a costureira do grupo.
 
Deixou 3 filhos e *32 netos. O corpo é sepultado no cemitério Jardim da Saudade.

  
Fonte: Jornal A Tarde, BA
Foto de Maria do Carmo: Pag. 283 do livro "O mundo estranho dos cangaceiros" de Estácio de Lima.


*Número da época

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

História do Cariri cearense

A Sedição de Juazeiro: "Vem aí desembestada" 

Amigos rastejadores do Lampião Aceso, Estou apresentando para vocês algumas fotos da produção da minissérie Sedição de Juazeiro, realizada pala FGF, Faculdade Grande Fortaleza, tendo na direção Daniel Abreu e na Produção e roteiro Jonas Luiz.

As gravações seguem em ritmo acelerado, com imagens captadas em Quixeramobim, Rio de Janeiro, Juazeiro do Norte e em Minas Gerais.

Eu, como pesquisador das histórias nordestinas e do Ceará, em especial, me sinto extremamente satisfeito em estar co-produzindo esta série, além de ser uma das histórias mais polêmicas do Ceará. Estou certo que os amantes das histórias cangaceiras vão gostar da série, pois tem muitos ingredientes das histórias Lampiônicas.

Fica aqui também o meu agradecimento ao convite feito a mim por Daniel Abreu e Jonas Luiz para a parceria da Laser Vídeo nessa obra vital para a nossa história.






Aderbal Nogueira
Documentarista
Fortaleza,CE

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Que gôta foi isso?
A Sedição de Juazeiro foi um confronto ocorrido em 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência de poder central na política estadual nas primeiras décadas do século XX. Ocorreu no sertão do Cariri, interior do Ceará, e centralizou-se em torno da liderança do padre Cícero Romão Batista.


Saiba mais sobre esta revolução sertaneja e acompanhe passo a passo os trabalhos clicando Aqui

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Outros locais

O "murinho" de Lampião 

por Rangel Alves da Costa*

Quem pretender conhecer Poço Redondo/SE não pode deixar de conhecer também a Praça Lampião, situada bem ao lado da rodovia estadual que corta a cidade e dá acesso ao vizinho município de Canindé do São Francisco.


Em 1988, o então prefeito Alcino Alves Costa, um apaixonado pela história do cangaço e pela figura do Capitão Virgulino, o Lampião, resolveu homenageá-lo dando nome a uma pequena praça recém reconstruída. O que seria uma homenagem virou uma verdadeira celeuma, com pessoas a favor e contra o tributo. Para uns, por ter sido um bandido que havia aterrorizado por muito tempo a região, não merecia nenhuma lembrança na praça. Já outros, na defesa do heroísmo do rei dos cangaceiros, achavam justa a homenagem e até apontavam que aquilo também seria um modo de atrair turistas.

Verdade é que a solução do problema não foi pacífica, envolvendo mais tarde até o Ministério Público estadual no conflito. Contudo, tais fatos são relatados pelo professor e historiador Fernando Sá em dissertação intitulada "O Cangaço nas Batalhas da Memória" (Clique Aqui), conforme a seguir transcrito:

"Dentro das comemorações do cinqüentenário de morte de Lampião, houve um abaixo-assinado para a legalização da praça, com cerca de 300 assinaturas. Liderados por Raimundo E. Cavalcanti e Manoel Dionízio da Cruz, militantes do movimento popular e sindical preocupados em resgatar a memória do cangaço, o documento foi encaminhado à Câmara de Vereadores. Após sua aprovação, a praça foi inaugurada em julho de 1988, com a presença do então prefeito da cidade, Alcino Alves Costa, sendo, então, batizada pela população da cidade como “murinho de Lampião”.

Segundo Raimundo Eliete Cavalcanti, “o Murinho era tão disputado que a população assumiu como sendo (...) um espaço importante da cidade”. Portanto, tornou-se um “lugar de memória” do município.

Campo de disputa em torno da memória do cangaço em Poço Redondo, a Praça Lampião, em 1993, teve sua existência questionada pelo então prefeito Ivan Rodrigues Rosa, sob o argumento de que ela lembrava o nome de um bandido e que não era digna da cidade. Articulado com o juiz de Direito, Pedro Alcântara, o prefeito da cidade convocou um grupo de vaqueiros para uma filmagem da TV Sergipe, retransmissora da TV Globo, no sentido de receber apoio para a derrubada da Praça.

Como forma de se contrapor a esta iniciativa, Manoel Dionízio da Cruz e Raimundo E. Cavalcanti organizaram uma exposição de documentos nacionais e locais, com o intuito de demonstrar a importância do cangaço para a cidade. Com o apoio de estudantes, professores e da comunidade de Poço Redondo, Dionízio enfrentou um debate acalorado com o juiz de Direito, Pedro Alcântara, e o líder político local, Durval Rodrigues Rosa, pai do então prefeito da cidade. Durante a polêmica, Dionízio argumentou que a Praça só seria derrubada se houvesse um plebiscito na cidade.

Vencidos pela mobilização popular em torno da importância do cangaço para a cidade, explicitada pela presença na cultura local de grupos de teatro, de xaxado, além do Centro de Cultura Popular Zé de Julião, os opositores ao monumento realizaram ainda depredações ao monumento. Contudo, ficou mantida a homenagem da cidade a Lampião. Em 1998, na gestão do prefeito Enoque do Salvador foi reinaugurada, toda reformada, a Praça Lampião".

A Praça de Eventos é outro local que merece visitação, principalmente nas datas que marcam o calendário festivo do município: Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição, com festas dançantes nos dias 13 a 15 de agosto, e a Emancipação Política do Município, celebrada no dia 23 de novembro. Desse modo, inaugurada em agosto de 1997, a praça foi construída para sediar as festas promovidas pela administração municipal. O espaço tem aproximadamente 1500 m2. É composto por um palco, um camarim e um bar que funciona nos dias em que acontecem os eventos. Conta com uma área descoberta, em frente ao palco, iluminada por refletores, onde se concentram os espectadores.

A memória cultural do município, principalmente em anos mais recentes, vem sendo objeto de grande preocupação de determinados setores da população. Neste sentido, os jovens do município fundaram o Centro Cultural Raízes Nordestinas e o Grupo de Xaxado na Pisada de Lampião, ambos em intensificando cada vez mais suas atividades. O grupo de xaxado já se apresentou em diversas localidades nordestinas, e até em outras regiões, recebendo também convites para apresentações no exterior. Sobre tais aspectos assim disserta o professor e historiador Fernando Sá:

"Do ponto de vista da influência do fenômeno na esfera cultural, as iniciativas memoriais incentivaram às atividades folclóricas já existentes em torno do tema do cangaço, como foi o caso da criação do Grupo de Xaxado “Na Pisada de Lampião” de Poço Redondo. Sua proposta é desenvolver interessante trabalho de valorização da cultura popular vinculado ao cangaço, com um auto teatral que divulga a memória de Lampião. Em um dos seus cantos, pode se ouvir a exaltação da valentia e a simpatia com os pobres, tal como proposto pelo padre Eraldo em suas missas do Cangaço:
“Quanta saudade invadiu meu coração, ao lembrar de Virgulino cabra macho Lampião/ Foi cangaceiro cabra macho justiceiro correu o sertão inteiro com seu bando a arrepiar/ (...) Roubava os ricos para dar de comer os pobres sertanejos lá do norte que o povo consagrou
(Fernando Sá, "Santos e Demônios: Religiosidade Popular e a Memória do Cangaço no Sertão do Rio São Francisco")".


Capítulo do seu Livro: POÇO REDONDO: ASPECTOS SOBRE O REFÚGIO DO SOL (Terceira viagem)

Rangel Alves da Costa é Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

EVENTOS

Atenção à 1ª Chamada do ano!
 

De 23 à 26 de Março de 2011
Paulo Afonso, Piranhas e Canindé.

Cangaço nos quadrinhos da Disney?

Foi em: O Tesouro de Lampião (1961) - Arte de Jorge Kato

14 páginas Com: João Bafo-de-Onça, Zé Carioca, Mickey e Pateta. Publicada originalmente na revista Zé Carioca nº 493, no ano de 1961, republicada em Anos de Ouro do Zé Carioca nº1 (no mesmo ano) e relançada na edição n° 2355 em janeiro de 2011.



Bafo líder de um bando de cangaceiros que enfrenta Zé Carioca, Mickey e Pateta. No passado era comum misturar personagens do universo Disney em histórias assim, e o Zé nessa época não tinha ainda um universo tão bem construido e consolidado como é hoje (graças a Ivan Saidenberg e Renato Canini), por isso, dá para entender porque ela é tão diferente.


É uma história gostosa de ler, ainda que tosca até onde você puder imaginar, com o Zé fora do Rio de Janeiro, levando Mickey e Pateta de carro pelo Norte do Brasil, onde acabam esbarrando na lenda do tesouro do Lampião, um personagem que você precisa consultar um livro de história para saber de que se trata. (Culpa mais uma vez da falta de um editorial dentro das revistas explicando estes detalhes).

Capa jan. de 2011 




















Fontes consultadas:  
Portallos
HQ Disney Blogspot
Ludy
Edição Extra

*O conteúdo completo foi uma colaboração de Raimundo Gomes, pesquisador e colecionador de Fotaleza, CE.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Locais

Cemitério particular da Faz. Serra Vermelha - Serra Talhada/PE


Aqui Jaz "Zé" Saturnino, 1º inimigo de Lampião.

Cortesia de Tai Nogueira / Serra Talhada, PE.
Créditos: Ivanildo Silveira

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Assassinato de Delmiro

Uma trama estrangeira ou... Cangaceira? 

Por Gilmar Teixeira.

No ano de 2008 iniciei um projeto para realizar um documentário sobre a Usina Hidroelétrica do Angiquinho, encomendado pela Fundação Delmiro Gouveia, que administra o sítio histórico. Durante a organização do acervo histórico enviado de várias partes do Brasil e do mundo, como objetos, jornais, cartas, livros, vídeos e fotografias, tive acesso a algumas informações sobre o assassinato do empresário Delmiro Gouveia, que ocorreu em 1917.

Como historiador e pesquisador do cangaço deparei-me com algumas informações até então desconhecida de todos as literaturas que havia tido acesso. Não que os historiadores do cangaço e biógrafos de Delmiro Gouveia tenham se omitido aos fatos, mas diga-se que os mesmos não tiveram em seu tempo a reunião destas informações como foi a mim oportunizado. E foi destas revelações, obscurecidas pela pouca preocupação no nosso país em preservar a história, que resolvi escrever este livro, fruto da pesquisa e do amor pela cultura e memória do sertanejo.

Pois bem. Ao ler uma matéria do jornal carioca Última Hora que fez a cobertura da saída da prisão do principal acusado e sentenciado pelo assassinato de Delmiro, o pistoleiro Róseo, que concedeu entrevista ao impresso. Na entrevista destacou que quando foi a Água Branca-AL fazer o acerto para assassinar Delmiro, já estavam lá os cangaceiros "Luiz Pedro e Sebastião Pereira" na casa da baronesa Dona Joana Vieira Sandes de Siqueira Torres, prontos para matar o empresário da Pedra. Porém, antes do serviço os mesmos são mandados para Sergipe para fazer um serviço para o Coronel Neco de Propriá, mas chegando lá o serviço é suspenso e ficam por lá trabalhando na usina do coronel.

Como pesquisador do cangaço imediatamente liguei os nomes dos dois cangaceiros citados por Róseo, e através de uma foto tirada na cidade da Pedra, datada de 1917 (ano da morte de Delmiro)...

eram eles Sinhô Pereira e seu primo Luiz Padre; Sinhô foi o chefe de Lampião. A foto em questão foi a única foto destes dois cangaceiros que se tem registro.

Continuando a pesquisa, descubro que os dois cangaceiros são primos do Capitão Firmino, e estiveram hospedados em sua fazenda na Pedra-AL, que havia sido vendida a Delmiro. Não por coincidências os dois cangaceiros saem em fuga para o Estado de Goiás na companhia de Zé Gomes, cunhado de Firmino, logo após o assassinato. O compadre de Delmiro Cap. Firmino é então acusado de ser o mandante do assassinato do amigo, visto a relação com Gomes e sua fuga, e foi preso. A sua prisão e soltura rápida com a influência de Lionelo Iona, sócio de Delmiro, e membros da família Torres, revelou um grande complô, que esse livro, através de documentos, reportagens e fotos da época busca retratar quase um século depois, as motivações, encenações e tramas para o assassinato de Delmiro Gouveia.


  Sinhô Pereira e o primo Luis Padre
Teriam sido eles autores de um dos crimes que abalaram o país
no início do século 20? 

Os fatos documentados apontam que membros da família Torres e Lionelo Iona, orquestram uma trama espetacular, fazendo com que vários desafetos de Delmiro Gouveia, se interessassem após uma reunião, por assassiná-lo, criando diversos álibis para os interesses escusos envolvidos neste crime. Partindo do princípio de que, realmente os assassinos foram os cangaceiros Luiz Pedro e Sebastião Pereira, a sequência dos fatos a seguir permitirão ao leitor identificar em meio aos fatos, o desenrolar deste mistério secular, tornando cada um dos leitores investigadores e, certamente, novos elementos serão revelados a cada leitura. Nesta investigação histórica deve ser observado pelos leitores as seguintes condições:

1.Lionelo Iona, sócio e administrador das empresas de Delmiro, que antes de sua morte deixa testamento, onde Iona seria o tutor da herança deixada para os filhos de Delmiro até completar a maioridade, além de um seguro onde eras beneficiários. Essa fortuna seria administrada por ele. Veja que os filhos de Delmiro eram crianças na época, então imagine quanto tempo o mesmo teria até passar o controle aos herdeiros. Quando finalmente os filhos assumem os bens, depois de anos, Iona volta rico para Itália.

2.A família Torres tem seu poder político na região ameaçado pela presença forte de Delmiro que detém grande poder econômico e influência política. Os Torres participam e influem no julgamento dos acusados, o Juiz era membro da família e facilita para os interessados a condenação dos réus.

3.O Capitão Firmino, amigo e compadre de Delmiro tem sua filha difamada na cidade por conta da sedução de sua filha por Delmiro, e fica responsável pela contratação dos cangaceiros já famosos no Pajéu, Sinhô Pereira que vem a ser chefe de Lampião depois dessa morte junto com seu primo Luiz Padre (pai do deputado federal Hagaus de Tocantins). Seu futuro genro falava para todo mundo que só voltava para casar com sua filha, se ele matasse Delmiro, após a morte ele retorna e se casa. O Cap. Firmino estava na hora do crime com Delmiro e usava uma camisa escura, pois Delmiro só usava branco isso facilitou o alvo, só Firmino viu os três assassinos. Por que três? Era a quantidade que interessava, mas foram cinco, pois dois davam cobertura aos executores.

4.Herculano Soares (fazendeiro) apanhou de Delmiro no meio da rua e prometeu vingança, foi ele juntamente com seu cunhado Luiz dos Anjos que deram cobertura aos criminosos a mando do Cap. Firmino, pois eram amigos e o capitão já havia morado por muitos anos em Água Branca, terra de Herculano.

5. Zé Gomes (cunhado do Cap. Firmino), além de adversário político de Delmiro, tinha uma grande rixa com o empresário que apoiava em Jatobá (hoje Petrolândia) seu inimigo político Lero, que veio a derrotá-lo em eleição para prefeito. Após o crime foge para Goiás na mesma data que os cangaceiros e, passa a morar na mesma cidade.

A partir dos fatos aqui relatados, onde muitas coincidências se tornam suspeitas, toda a relação entre estas famílias e a acusação recaindo sobre Rósea é possível perceber que caso esta história revelada hoje, houvesse sido na época do assassinato muitos interesses políticos econômicos, que perduram até hoje, teriam os rumos alterados. Outros nomes ainda podem ser incorporados a trama, mas ao fim se revela que Rósea não foi o único executor, nem tão pouco o Cap. Firmino o único interessado nessa morte.

Gilmar Teixeira
Pesquisador, escritor e documentarista
Feira de Santana - Bahia